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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
A coligação esconde-se numa espécie de poço escuro com as medidas que pretende tomar se voltar a ser poder.
Após uma mudança no ritmo de publicação de "posts", devido a uma espécie de letargia intelectual, regresso com alguns temas da atualidade, alguns deles que, com a passagem de Sócrates a prisão domiciliária, têm seguido o caminho do esquecimento mas que é sempre bom recordar.
Sócrates continua a ser uma boa campanha publicitária de venda que os media têm vindo a aproveitar. Não fosse Sócrates e entrariam num marasmo informativo mesmo com a campanha eleitoral a decorrer. A passagem de Sócrates a prisão domiciliária exatamente a um mês da data das eleições foi mais uma das várias coincidências oportunas.
A vedeta televisiva da pantomimice política que é Marcelo Rebelo de Sousa não terá ficado nada satisfeito com a ofuscação do anúncio no passado domingo na TVI da sua candidatura presidencial lá para novembro.
Sócrates, mais uma vez, foi a vedeta preferencial dos media.
Um dos temas que a passagem de Sócrates a prisão domiciliária desde o dia 4 de setembro, tem lançado para o poço do esquecimento foi a intervenção de Paulo Rangel na léria da autodenominada universidade (?) de verão, clube propagandístico do PSD, onde, implicitamente, afirmou que tem havido partidarização e governamentalização da justiça, pelo Governo que apoia diga-se.
Afirmava Rangel, sobre a forma pergunta: "Alguém acredita que se os socialistas estivessem no poder haveria um ex-primeiro-ministro sob investigação?". E afirmou perentoriamente que "O ar democrático hoje é mais respirável." Mas a ligação que ele fez da política com a justiça foi ainda mais descarada quando, referindo-se a Sócrates, afirmou "não estou a dizer se ele é culpado ou não é" para justificar a sua afirmação como se isso fosse um elemento essencial que justificasse aquela sua afirmação da não independência da justiça perante o poder. Em ditadura é que o poder político e o poder judicial andam intimamente ligados. Rangel, sem querer, veio dar razão a Sócrates quando este disse que é um preso político. Na afirmação de Rangel há uma ligação de causa efeito entre partidos e justiça. Isto é, o seu partido no poder interferiu na justiça. Rangel dá assim como adquiridos e provados, antes da acusação e do julgamento, os indícios de que Sócrates está a ser acusado.
Comentadores e deputados do PSD que por aí proliferam veem apressadamente escrever nos jornais em defesa de Rangel dizendo que o que ele disse não foi isto, mas aquilo, e que é tudo uma questão de retórica. Retórica ou não o que ele disse foi literal e bem claro. Não nos façam de estúpidos por favor.
Falando em justiça e em política resta saber onde estão arguidos como Dias Loureiro no caso BPN, como o próprio se considerou em 2009. Já lá vão seis anos! Mais ou menos o tempo deste Governo e de Cavaco Silva na Presidência da República. Coincidências?
Rangel, claramente partidarizou a justiça. Isto é, acabou literalmente por dizer que um partido no Governo pode facilitar ou dificultar a ação da justiça de acordo com os seus interesses. O primeiro-ministro Passos Coelho, timidamente, tentou desculpar Rangel enquanto elemento da sua tribo política alojada no PSD e, ao mesmo tempo, fazer propaganda de elogio à ministra da justiça. Até onde chega o desespero para, à falta de programa eleitoral, propostas concretas (onde estão que não as vejo) e ideias para debater lançar mão a tudo.
Sobre temas importantes para o país há um silêncio de morte na coligação, assim como está morta a sua campanha no que se refere a propostas para o país porque nada de novo têm para oferecer a não ser mais do mesmo. Sem ideias, sem programa, sem esclarecimentos, sem explicação das medidas que pretende tomar, sem nada dizer sobre a segurança social, os 600 milhões que disse vir a cortar, etc..
A coligação esconde-se numa espécie de poço escuro com as medidas que pretende tomar se voltar a ser poder.
Estes senhores têm-nos mostrado que apenas sabem governar sem instituições democráticas, caso contrário não mostrariam tanta incompetência nas decisões que tomam. Será ainda possível que alguém acredite que a incompetência deste governo e deste primeiro-ministro sejam tantas que desconheçam a inconstitucionalidade de que enfermam os diplomas que enviam para promulgação?
Há uma premeditação nisto tudo com o objetivo de fazerem desacreditar as instituições democráticas e para colocar a população contra a Constituição da República e o Tribunal Constitucional que, para esta gente, são uns empecilhos à governação caótica que têm feito. Servem-se de tudo para dividir os portugueses. Tudo deveria ser permitido para eles próprios se poderem governar sem críticas e obstruções da justiça. É um governo e um partido que o sustenta que apenas sabe governar em autocracia. Para eles as instituições democráticas deviam ser dispensadas. Como não sabem o que fazer enviam propositadamente leis inconstitucionais para posteriormente poderem vir a público dizer que não os deixam governar.
Basta ler nas entrelinhas as afirmações dessa cambada, perdoem-me a expressão, a que chamam juventude social-democrata que, se os deixassem, extravasariam toda uma verborreia idêntica que caracterizavam as juventudes hitlerianas. A última que estes emplastros ouviram foram as afirmações, desta vez proferidas por um parente de Relvas, Alexandre Relvas, na fantochada da universidade de verão do PSD, foi a inteligente afirmação de que neste país são os filhos que estão a sustentar os pais. Mas, todos eles se perfilam para num futuro tomarem de “assalto democrático” o poder para lá conseguirem os cargos políticos que o dinheiro dos impostos dos pais deles e de todos nós lhes paga.
Afirmações como esta diz Carlos Barbosa no seu blog “acirram o combate intergeracional inqualificável, própria de um escroque, mas explica a razão de haver cada vez mais filhos a bater/ matar os pais” ou abandoná-los nos hospitais digo eu. Só lhes falta afirmar que, em consequência, matem-se os pais e avós. E abrem estes indivíduos a boca para formar uma juventude destruindo valores universalmente reconhecidos. São uns parasitas e oportunistas que, com certeza, são eles que viveram à custa de pais e avós ou deles herdaram o que têm. Esta gentalha de juventude que bate palmas a afirmações como estas, quando forem eles mesmo pais e avós, se algum dia o forem, saberão, oportunisticamente, fazer leis que os protejam, como aliás atualmente já o fazem.
Será esta gente que os portugueses querem que nos governem? Será esta gente que os portugueses querem ver nas autarquias? Se assim for então Portugal anda totalmente perdido e desorientado!
Este mês de agosto tenho andado arredado da política nem sei bem porquê talvez desiludido com uma direita que nada resolveu, mas antes agravou os problemas que diz serem sempre e todos dos outros e de uma esquerda receosa de propostas e estacionada para ver em que param as modas.
Entretanto vários diplomas têm vindo a ser preparados enquanto os portugueses embriagados pelo sol e pelos banhos talvez como preparação para as banhadas que irão apanhar até final do ano vindas a todos o vapor por esta direita desgovernada por um primeiro-ministro também ele com os comandos desgovernados.
Veio agora o tempo das universidades de verão do PS e do PSD. Fantochadas que, sob o pretexto de aulas, não são mais do que meras propagandísticas partidárias, está bem de ver. O título de universidade de verão com que aqueles partidos resolveram pomposamente designar os seus comícios restritos que nada têm a ver com o trabalho isento e metodologicamente científico que se faz nas universidades. Dali nada sai como contributo válido para a resolução dos problemas do país e obviamente das pessoas que nele vivem. São meras lavagens inconsequentes que apenas servem para regar as cabeças dos que ainda têm paciência para tomar a injeção ideológica vinda especificamente de uma direita neoliberal que, desastrosamente, nos tem desgovernado e que servem apenas para comunicação social divulgar.
Quanto ao PCP e ao BE continuam com o seu já habitual discurso panfletário e comicieiro este, diga-se, mais do lado do BE na voz da sua cabeça feminina.
E assim vai a política nacional num final de verão com Portugal dominado por terroristas incendiários, que ceifaram várias vidas no combate às chamas e aos quais o Presidente República não ser referiu tal qual fossem gente sem a importância que lhe merecesse. Ninguém tem a coragem de investigar a fundo e de apontar o dedo aqueles terroristas incendiários, limitando-se as autoridades a prender os suspeitos do costume como sejam o bêbado do lugar, o idoso que se quer vingar do vizinho, o maluquinho da aldeia que sobe encostas íngremes de uma serra para lançar fogos em várias frentes coincidentemente na mesma área, e outros que tais.
Houve ainda o infeliz desaparecimento do Dr. Borges que lamentamos apesar de em nada concordarmos com o seu contributo com pontos de vista radicais que, enquanto conselheiro, muito ajudaram Passos Coelho a destruir o tecido social fazendo-nos aproximar a passos largos de alguns países do leste europeu para, segundo eles, podermos ser competitivos. O que não podemos esquecer é que, quando aí chegarmos, os investimentos por que tanto ansiamos partirão para outros locais ainda mais competitivos.
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