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O que vou escrever não foi movido pela inveja porque nada tenho a invejar a Cristina Ferreira, não sou da profissão, nem que o fosse, não  pertenço ao seu grupo de amizades, não a conheço pessoalmente o que dela sei é somente e apenas pelos programas que ela protagoniza e o que a comunicação social vai dizendo sobre o que se passa nos bastidores dos canais onde trabalhou ou trabalha.

Pacheco Pereira pessoa que considero ser séria como escritor e que também admiro pelo seu estilo de comentário de opinião escreveu no jornal Público um artigo em defesa de Cristina Ferreira. Em epígrafe escreve “O ódio dos covardes que anda por aí” e “Sim, este elogio da denúncia de Cristina Ferreira é para vosso escarmento, vosso opróbrio, vosso desluzimento, vossa vergonha e, se tiverem de ir ao dicionário para perceber algumas palavras, ao menos ganha-se alguma coisa.”

Concordo com Pacheco Pereira unicamente enquanto elogio da denúncia que Cristina Ferreira faz no seu livro do esterco de comentários por alguma gente que se movimenta pelas redes sociais. Devemos, todavia, separar algumas águas quando se trata de pessoas a que se resolveu chamar figuras públicas, que, por princípio, têm mais visibilidade através dos canais televisivos porque a carência de protagonismo que é o seu alimento poderá conduzi-las aos mais variados e falsos altruísmos que, apesar de tudo não deixam de ser altruísmos quando praticados.

Pacheco Pereira elogia Cristina pelo seu livro porque também se indigna, com plena razão e direito, com os discursos de ódio, grosseria, de ameaças, de violência que passam impunemente pela rede sociais

O título deste meu texto “Oportunismo com oportunidade” vem mesmo a propósito e vem a propósito da publicação do livro “Pra Cima de Puta” da autoria de Cristina Ferreira, (tê-lo-á escrito?), editado em novembro de 2020 pela Contraponto Editores. A esta publicação seguiu-se, quase de imediato, a petição contra o cyberbullying para levar à Assembleia da República o que ao mesmo tempo veio servir de marketing para a promoção do livro e, sobretudo, da sua autora. Parece-me ser uma motivação exclusivamente pessoal, mas que pretende transvasar para a generalidade. Enfim, coincidências! O título do livro é sugestivo e pode levar muita gente não apenas as que frequentam as redes sociais a comprá-lo, e é isso que interessa.

As audiências dos programas por ela geridos, e alguns também apresentados, estão em baixa,  pelo que todo este movimento marketing à volta de Cristina possa vir a exercer uma espécie de alavancagem para os seus programas televisivos na TVI que  tem vindo a ter maus resultados devido à sua interferência e que, por isso, encontra-se fragilizada segundo consta nos bastidores da estação televisiva.

Os seus sorrisos para as câmaras e a aparente simpatia, que seduzem muitos espectadores, não são mais do que mera representação porque, dizem, ao vivo e em trabalho de bastidores é do piorio gritando e insultando os seus colaboradores.  

O livro, ao transcrever comentários a ela dirigidos e por ela transcritos para o seu livro poderá ser uma forma de Cristina Ferreira se vitimizar perante o público. Transformar ameaças e crises numa boa oportunidade de negócio é atributo de empreendedorismo e praticado em algumas empresas, e Cristina é uma empresa. É isso que Cristina Ferreira tenta fazer.

As ameaças que advêm da utilização imprópria das redes sociais não é de hoje, embora se tenha agravado, vem desde o seu lançamento. Ameaças, ciberbullying, notícias falsas, difamação, falsidades, maledicências, maldade, machismo, mulheres que rebaixam mulheres e outros impropérios idênticos, para tal a imaginação não falta têm sido várias vezes denunciados e objeto de debate. Esta situação tem vindo a gravar-se e o exemplo é encorajado por alguns altos responsáveis de alguns países bem conhecidos de muitos.

Não é de hoje que as redes sociais têm sido utilizadas para fazer ataques pessoais em que as emoções, boas ou más, extravasam o limite do possível. O tema ciberbullying não é novo e tem sido debatido internacionalmente, nomeadamente na União Europeia cujo Parlamento tem abordado. Tentar resolver ou mitigar o problema dos conteúdos nocivos ou ilegais online e, ao mesmo tempo, proteger a liberdade de expressão é uma das questões fundamentais que os eurodeputados querem abordar assim como a da proteção dos utilizadores contra aquele tipo de conteúdos.

A legislação sobre a informação que circula pelas redes sociais vai apresentar até final do ano uma nova legislação (‘Digital Services Act’ – Lei de Serviços Digitais) para regulamentar melhor os gigantes tecnológicos, em termos de gestão de dados, desinformação e discurso do ódio, em particular.

A Comissão Europeia está a trabalhar numa legislação para garantir que os conteúdos ilegais sejam retirados com as salvaguardas necessárias para proteger a liberdade de expressão porque o ódio não conhece fronteiras. A União Europeia tem, desde 2016, um código de conduta contra o discurso do ódio, de base voluntária, que foi assinado pelos grupos e redes sociais Facebook, Microsoft, Twitter, Youtube, Instagram, Snapchat, Dailymotion, Jeuxvideo.com e Tiktok.

Na Internet e nas redes sociais há gente infame ou que sofre de alguma psicose que difama e se alimenta destilando ódio, agredindo com facilidade e sem pudor pessoas que consideraram tomar como alvo, quer sejam políticos, quer sejam outros que se expões publicamente e Cristina Ferreira é uma dessas muitas pessoas que se expõe assumida e publicamente nas redes sociais.

Fico perplexo quando famílias e muita outra gente que, mesmo não sendo figuras públicas, se expõem através de imagens em família estimulando até os filhos a promoverem-se através de fotografia nas redes sociais. Assusta-me perceber que isso acontece sem qualquer controlo e autocrítica e que depois de serem alvos lamentam-se e julgam-se agredidos.

Não sei se o que mais preocupa Cristina se será sentir-se “Pra cima de Puta” ou se é sentir que está abaixo de puta nas redes sociais. Não percebo a metáfora, mas eis que descobri uma interpretação. Ao escrever aqui abaixo de puta, pensei que teria sido original, mas não fui porque há quem já utilizasse o termo no mesmo contexto que passo a citar e que também podem ler aqui:

 “I. Que Cristina Ferreira use a expressão como título de um livro seu, eis uma escolha inevitavelmente curiosa, tendo em conta que a autora quer evitar qualquer arbitrariedade metaforizante, esclarecendo que se trata de uma "provocação", no sentido em que o seu objetivo primordial é uma "chamada de atenção". Atenção para quê? Para uma "análise sociológica" das "agressões" nas "redes sociais" — a começar por aquelas a que ela tem sido sujeita, incluindo a classificação "pra cima de puta". 

III. Somos todos pavlovianos, eis a questão. Por um lado, Cristina Ferreira é uma personalidade pública do espaço televisivo, em grande parte apoiada nas chamadas redes sociais, o que ajudará a explicar o seu natural interesse pela sociologia. Identidade, sistema moral e estratégia empresarial, tudo nela existe arquitetado e exponenciado através de tais circuitos. Por outro lado, pressente agora que a utopia "social" que tão empenhadamente tem protagonizado pode ser uma ilusão cruel, convocando os seus seguidores "para percebermos que mulheres e homens atacam ferozmente".

Cristina é em grande parte apoiada nas chamadas redes sociais, mas desconhecem tudo quanto faz a não ser os risos e sorrisos para as câmaras, mas, do que tem vindo a público (consultar revista Sábado de 25 de novembro), é sintoma nítido de megalomania egocentrismo.

Pegar no que lhe chamam nas redes sociais, convencida, traidora, vergonhosa, manipuladora, exibicionista, gananciosa e tentar colocá-los como vantagem para si própria é o objetivo de Cristina para se vitimizar. A vitimização por vezes dá resultados face à queda das audiências.

Quem frequenta redes sociais como o Instagram pode confirmar que Cristina se expõe a tudo quanto sejam abutres do cyberbullyng e ela sabe disso porque não é nem parva, nem estúpida.

O discurso de ódio algumas vezes tem motivações induzidas por quem é o alvo movidas por comportamentos, atitudes, opções partidárias e ideológicas e que se revelam em ataques de todas as espécies que servem aos seus autores de escape que a liberdade de expressão das redes sociais proporciona.

O que me parece estranho é que Cristina Ferreira só agora tenha descoberto os ataques verbais de que tem sido alvo ache também agora que vem em auxílio de outros estão a ser alvos da mesma situação. Estranho é ainda que só ao fim alguns anos venha a insurgir-se contra as injurias, e muitas outras formas de ódio de que tem sido vítima através do cyberbullying e se atribua a si própria a grande defensora de todos e todas que dele têm sido vítimas quando o tema na sua generalidade tem sido abordado não raras vezes.

Há pelas redes sociais milhares de figura públicas, ou não, que são insultadas, enxovalhadas e vilipendiadas que não se queixam e que, com elevação moral não dão resposta a essas provocações que circula nas redes sociais, em vez de se focarem e darem valor a essa gente abjeta que se embrenha no anonimato. Todavia não são apenas insultos há também manifestações de indignação.

Há os que se põem a jeito e Cristina põe-se demais a jeito. O que dizer de quem publica vídeos e fotografias no seu Instagram fotografias com um seu protegido por ela relançado passeando-se num iate apresentando a ideia de alguma cumplicidade entre ambos para alimentar a imprensa. “Na montra do Instagram apresenta sorrisos e uma vida despreocupada financeiramente que contradiz o que se passa nos bastidores. Quem tem contacto com ela na estação descrevem a tensão que se vive na estação. Em público Cristina disfarça a desolação com as derrotas e não baixa a guarda… As fúrias são à porta fechada, fora dali…” Ler aqui.

A megalomania e declarações de “eu é que mando”, “eu é que escolhi” é uma necessidade de transmitir para se auto compensar revelam um egocentrismo patológico. Aquando da XXIV cerimónia dos Globos de Ouro da SIC recorde-se o seu discurso que recebeu críticas vindas de vários setores: "Cristina, a rainha da humildade"; "Presunção e água benta..."; "Que convencida e arrogante", foram alguns dos comentários ao discurso da apresentadora, que ganhou o prémio 'Personalidade do Ano' na área do Entretenimento.

Num fragmento do discurso que não está descontextualizado afirmava que "Eu dizia não quero, isto não faz sentido nenhum, estou lá a apresentar e depois vou lá receber o prémio... e depois percebi que quero. E quero, porque é justo", afirmou, como autoelogio e arrogância que lhe é habitual.

Ser figura pública e ambicionar por visibilidade e protagonismo para benefício próprio tem, e sempre teve os seus riscos, mesmo antes das redes sociais. Publicações como tabloides e revistas cor de rosa e outras lançavam para o público, amores, casamentos, escândalos e outros “tesourinhos” sobre vedetas ou personalidades mais conhecidas.

Portanto, não nos admiremos, Cristina Ferreira não é a vacina que vai salvar o “mundo” do discurso de ódios nas redes sociais.

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publicado às 18:40

Botão da sabedoria

por Manuel_AR, em 02.04.20

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Oscar Wilde escreveu que um cínico é um homem que sabe o preço de tudo, mas o valor de nada. Um cínico segundo os dicionários é alguém que age com sarcasmo. A ideologia trocou-se pelo cinismo e a desconfiança que alastraram especialmente sobre a política e os que na política se aproveitam de tudo, para si próprios. Veja-se o nível da corrupção que grassa em todo o mundo onde uns poucos aproveitam a política para “comer” à vontade o que quiserem. Há outros que anseiam por protagonismo e que, quando deixam de o ter por que já não têm a visibilidade num partido político, tendo-o feito talvez por motivos estratégicos, conseguem um “tacho” num qualquer canal de televisão que lhes dá a visibilidade e o protagonismo de que tanto necessitam para estimular o seu ego e também como estratégia para mais altas  e futuras  possíveis acometidas no mundo da política.

A propósito de cinismo recordei-me neste momento dos comentários do antigo líder do CDS, Paulo Portas, que arranjou um lugar cativo no jornal da 8 da TVI onde comenta tudo e mais alguma coisa, é uma espécie de homem

do Renascimento, qual Leonardo da Vinci, que tudo sabia e tudo conhecia. O Paulo Portas é tudo, é matemático, epidemiologista, especialista em saúde pública, estatístico, economista, cientista…, enfim, é um sábio homem que tudo sabe, tudo conhece e tudo crítica sempre com os olhos virados para o umbigo da sua visão ideológica. 

Mas, o que mais me impressiona é forma e a frequência com que olha para a câmara com aquele olhar e sorriso que nos faz percebê-lo como um trocista cínico como que a dizer que estou a rir-me para ti, mas estou a tramar-te. Ó dr. Paulo Portas, desculpe lá, mas é isto o que me parece. Apesar de não pertencer à sua banda ideológica nem partidária eu apreciava mais as anáforas que utilizava nos debates quando o senhor estava no Parlamento, mais do que aprecio ouvi-lo comentar todo o universo do saber na comunicação social.

Há ainda os tais das opiniões publicadas como a de João Miguel Tavares que exigem uma data ao fundo do túnel como se os governantes tivessem uma bola de cristal e antecipassem uma data para o fim da epidemia, mesmo que estimada. Uma data estimada, qualquer que fosse, teria duas consequências: uma, seria a possibilidade de a luz não se vislumbrar e adiar novamente a data do regresso dessa luz; quando novamente se vislumbrasse voltar a dizer nova data e assim sucessivamente. Se essa data fosse fixada e a pandemia não abrandasse iria decerto haver um agravamento e então a luz seria extinta, sabe-se lá até quando. Mas claro, isto de ser contra ou a favor das datas para se verem as luzes é uma forma de fazer oposição aos governos quando não pertençam à nossa área de preferência ideológica.

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publicado às 15:25

O simbólico na política

por Manuel_AR, em 04.02.19

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Deus e o Diabo passaram a ser moda na política, sobretudo para alguns políticos com grandes responsabilidades para com os seus países que aproveitam a fé e as crenças das populações utilizando o nome de Deus em vão. Pretendem fazê-las acreditar que a sua eleição, consequentes procedimentos e condutas foram e serão emanadas da vontade de Deus, símbolo da Divindade principalmente pai, juiz, todo-poderoso e soberano.

Também nas monarquias absolutas (absolutismo) as correntes da teoria política faziam acreditar ao povo na doutrina do Direito Divino dos Reis, que defende que a autoridade do governante emana diretamente de Deus, e que não podem ser depostos a não ser por Deus.

Raramente referem o Diabo também conhecido por demónio, é o símbolo do malvado e simboliza todas as forças que perturbam, ensombram, enfraquecem a consciência e a fazem virar-se para o indeterminado.  O seu papel é, segundo a mitologia judaico-cristã, o de despojar o Homem da graça de Deus para o submeter ao seu próprio domínio.

Em Portugal o Diabo estreou-se na política com Passos Coelho a dizer que ele, o diabo, vinha aí aquando do acordo parlamentar do PS como o PCP e o BE. Passos Coelho, aos despedir-se dos deputados do PSD, numa mensagem catastrófica disse-lhes que “Gozem bem as férias que em Setembro vem aí o Diabo”.

Há poucos dias ouvimos António Costa a recuperar o Diabo e a dizer que a: extrema-direita ataca Europa para "reeditar todos os diabos”. Diabo, aqui no sentido alegórico sobre o desentendimento no passado entre as nações europeias que culminaram em guerras.

Bolsonaro no Brasil invocou várias vezes o nome de Deus durante a campanha eleitoral e na tomada de posse. Aproveitou a boleia das seitas evangélicas que utilizam a religião mais para fins lucrativos do que para elevação dos espíritos, e por lá foi dizendo que : "Também quero agradecer a Deus por esta missão, porque o Brasil está numa situação um tanto complicada, com uma crise ética, moral e económica, tenho certeza de que não sou o mais capaz, mas Deus capacita os eleitos", isto é, não é o “mais capacitado, mas Deus capacita os escolhidos”.   Depois de ter sido eleito Jair Bolsonaro foi a um culto na Assembleia de Deus Vitória em Cristo do pastor evangélico Silas Malafaia, que o apoiou na campanha e celebrou o seu casamento com Michelle Bolsonaro.

Recentemente Donald Trump em 18 de fevereiro de 2018 no twitter “O lema da nossa nação é em Deus que confiamos”. Donald Trump disse à CNN a Jake Tapper que "tem um ótimo relacionamento com Deus" e com os evangélicos. Isto foi em 12 de janeiro de 2016. Por sua vez, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, disse em  12 de maio 2018 que "a fé na América está voltando a crescer" - graças ao presidente Donald Trump.

Os políticos ao incluírem Deus nos seus discursos sabem que as crenças religiosas têm ainda muita força na consciência das pessoas e que são fatores que ainda atraem eleitores menos esclarecidos. Quando os políticos, incorporam conceitos religiosos, independentemente de estarem a testemunhar as suas convicções e sentimentos religiosos pode ser que estejam também a utilizar a religião como uma instrumentalização para reforçarem um discurso de legitimação. Isso porque a religião, pelo facto de ser um elemento constitutivo da cultura de um povo, tem poder de persuasão.

 Na Venezuela temos em presença Deus e o Diabo em luta pelo poder, não literalmente, está claro. A oposição a Maduro liderada por Juan Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino, declarou, perante uma concentração de milhares de pessoas, no leste de Caracas: " Hoje, 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação da Presidência da República, um Governo de transição e eleições livres",

O BE não fala de Deus nem do Diabo, mas quer tudo e mais alguma coisa que só Deus conseguiria dar. O BE quer tudo e mais alguma coisa, mas também não quer. Quer aumentos salarias para toda a função pública, quer a contabilização de toda a carreira para os professores, quer enfermeiros sejam ouvidos e que o Governo ceda a todas a reivindicações. Quer cobrar mais impostos às empresas e às empresas como se já não bastasse o sugadouro do Estado que depois vai para as reivindicações muitas vezes irrealistas da função pública exigida pelos sindicatos. Quer mais saúde, isso todos queremos, enfim, quer tudo, mas não quer tudo. É também contra a “U.E. da austeridade”, não sabemos é se quer outra, é contra os EUA…

Quanto à Venezuela, O BE se por um lado, não quer que Portugal reconheça Juan Guaidó na Venezuela, por outro, também não quer Maduro. Quer defender uma mediação internacional para eleições livres, mas não diz que mediação. Será a dos EUA, da ONU, de Cuba, da China, da Rússia? De todos ao mesmo tempo? Parece que por aqui Deus e o Diabo andam de mãos dadas.

Por último há ainda o oportunismo direitista daquele execrável e tendencioso programa de José Eduardo Moniz na TVI, “Deus e O Diabo” porque chama muito pelo Diabo e muito pouco por Deus. Por isso dizem muitas seitas religiosas que o diabo está em todos o lado causando toda a espécie de mal. Nesse contexto o diabo torna-se ferramenta do poder das Igrejas católicas e evangélicas e do Estado, o diabo adquire consistência explicativo da realidade quando as pessoas não conseguem encarar e superar as dificuldades.

 

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publicado às 18:33

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Na proximidade de anos de eleições e as redações dos principais jornais e, sobretudo os canais de televisão preparam novas grelhas e novos programas de opinião política. Convidam novos diretores, quer porque estes saem de livre vontade, quer porque são substituídos por outros. Basta ver alguns casos como exemplo, mas com certeza que haverá outros.

Em outubro de 2018 a jornalista Maria Flor Pedroso foi escolhida para substituir Paulo Dentinho no cargo de diretora de informação de televisão da RTP. A substituição surge depois de Paulo Dentinho, anterior diretor de informação da televisão, ter colocado o seu lugar à disposição. Este foi um caso especial de substituição.

Em julho de 2108 o jornalista Manuel Carvalho é o novo diretor do PÚBLICO, que substitui David Diniz. Diretor do Público até 2 de agosto, David Diniz iniciou no mês de setembro uma colaboração com o jornal online ECO dedicado à informação económica ao qual também pertence António Costa, jornalista de economia, neoliberal convicto, (desculpe o epíteto). Diniz vai iniciar uma “colaboração regular” que incluirá não só uma coluna de opinião semanal, mas também “outros trabalhos jornalísticos, como reportagens e entrevistas sempre que a atualidade e interesse editorial o justificarem”. Recorde-se que o jornalista se demitiu da direção do Público, que ocupava desde outubro de 2016, na sequência do despedimento do seu adjunto, Diogo Queiroz de Andrade.

Luís Montenegro sai da “sombra política” a que se remeteu quando da eleição de Rui Rio, e surge, em finais de 2018, como comentador relâmpago no jornal das 8 da TVI.

Miguel Sousa Tavares como comentador político e editor do Jornal das 8 às segundas feiras na TVI. José Eduardo Moniz ergue-se novamente nos ecrãs da TVI com o programa das segundas feiras “Deus e o Diabo”.

O programa humorístico da RTP1 TDT dos sábados à noite acabou e, por outro lado, na TVI, na hora nobre do Jornal da 8, inicia-se outro programa com Ricardo Araújo Pereira. Se bem se lembram em 2015, também ano de eleições, Ricardo no mesmo horário teve um programa de humor.  A Quadratura do Círculo da SIC Notícias vai também sair de cena, o que virá  a seguir.

Estes são apenas casos, que, de certo, poderão ser coincidências. Mas que houve alterações, lá isso houve com o aproximar a entrada de um ano eleitoral muito especial e com característica que não se verificaram noutros anos. Compreende-se, é que este é um ano em que o partido que está no Governo é o PS que tem tido o apoio parlamentar do PCP e do BE. Esta geringonça não convém à direita e, como tal, há que fazer tudo para que o PS reduza substancialmente os valores que as sondagens lhe atribuem, nem que tenham de pedir ajuda ao diabo, mesmo que tenham de renegar a Deus.  Mas há um segundo alvo e também uma pedra no sapato que, para essa direita é António Costa.

A propósito, também Centeno tem sido alvo de algumas críticas e provocatórios subtis ataques, quer à direita do PS por uns motivos, quer à esquerda por outros, desvalorizando até, o ser presidente do Eurogrupo, assim como outros aspetos relevantes. Viu-se por declarações que eurodeputados da direita José Manuel Fernandes e Paulo Rangel, do PSD, que foram particularmente críticos da atuação de Mário Centeno, durante um debate com o presidente do Eurogrupo no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, acusando-o de inexistência e insucesso. Esses homens foram um desprestígio para Portugal e o para os portugueses.  Será que teriam feito o mesmo com o desempenho incompetente de Durão Barroso? A direita que temos esta. É assim!

Recordo-me dos elogios e relevo que a direita fez da importância que teria para Portugal quando da “escolha” de Durão Barroso para a presidência da Comissão Europeia, o que foi enormemente festejado e elogiado. Há portugueses que são assim, afagam as invejazinhas que têm de alguns e fazem o elogio de outros, mesmo que estes não convenham.

Enfim, tudo são suposições da minha parte, nada disto é assim, são meras coincidências, disparates sem lógica, tudo faz parte das programações das televisões que nada têm a ver com ser ou não ano de eleições. Tudo isto não é mais do que a acidez do meu limão.

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publicado às 18:59

Mário Machado2.png

Imagens TVI24 e jornal i

A frase do título deste post que penso ter sido atribuída a Óscar Wilde fez-me recordar Donald Trump que, para uns, sofre de autoritarismo, é fascizante e tem falta de senso político, e, para outros, é o melhor político como, por exemplo, para Bolsonaro no Brasil que gosta de o imitar o que me levou a refletir sobre os avanços na U.E. da extrema-direita e dos seus tentáculos. O crescimento destas ideologias é um dos assuntos mais sérios que tem vindo a público e não pode ser desvalorizado pela U.E. apesar de que alguns em Portugal digam estarmos livres. Não, não estamos livres. Não há dúvidas do começo do seu despontar embora que, ainda, timidamente.

São as tendências autoritárias e extremistas que vivem sob a capa de democratas no seio da própria democracia que a estão a minar. São os nacionalismos exacerbados, as xenofobias, os racismos, o ódio, o apelo à segurança por causa da insegurança, o ser contra tudo quanto é diferente que se vai amplificando no seio das democracias.

Por cá, invocam-se recordações saudosistas dos tempos de Salazar que alguns, os mais velhos, na sua instabilidade e insegurança que a idade avançada lhes vai trazendo, recordam e acham que um regresso a esse espírito lhes faz falta. Outros, os mais novos, eventualmente angariados por estes extremismos, os que não viveram aqueles tempos e que dizem não haver agora liberdade de expressão por não poderem clamar hinos rácicos e xenófobos, reclamam por novos tempos que acabam por trazer, novamente, a falta dela como se pode confirmar por afirmações de André Ventura (ainda no PSD?) ao semanário Sol.

É muito fácil fugir a perguntas, ao diálogo e à controvérsia com mensagens curtas e inteligíveis, com frases e discursos redondos e bacocos, feitos à medida, sem coerência argumentativa, convencer um povo e desencadear as suas emoções mais primárias. Um povo menos culto, com algum défice de literacia política, impreparado e desavisado, recebe e assimila rápida e facilmente essas mensagens e dá-lhes crédito. É o endeusamento dos que falam direto e fácil, por serem compreendidos com um mínimo esforço.

Aqueles que anseiam por um novo homem ele aí esteve, na televisão, identificando-se como sendo uma nova pessoa, um novo homem após libertação, terminada a prisão por violência racista. Se a prisão recupera aí está a prova manifestada pelo arrependido. O passado de violência e assassinatos por motivos raciais, as cruzes gamadas tatuadas nos braços, as saudações nazis, nada disso interessa, foram coisas do passado, coisas de juventude. Mas esse novo homem diz precisarmos de um Salazar que nada teve a ver com fascismo e que no seu tempo havia liberdade de expressão coisa que atualmente não existe. Salazar salvou Portugal da guerra e recebeu judeus fugidos dos nazis, não era fascista e nessa altura havia segurança.

Hoje, que já não há um Salazar precisarmos de um, ou mais do que um. Quem o diz é o novo homem que saiu da prisão e é contra a imigração e os negros porque a violência vem dos africanos, provado que está nas prisões, onde se encontram em maioria, devido a crimes violentos. Compreende-se, é uma nova pessoa, um novo homem como afirma categoricamente, talvez escondendo tatuagens reveladoras dessa nova pessoa debaixo da manga comprida do casaco que traz vestido.

Claro que já adivinharam de quem estou a falar. É desse novo homem, Mário Machado, líder do movimento Nova Ordem Social, várias vezes condenado por crimes de ódio racial, mas que não tem nada contra os homossexuais. Quando no programa "Você na TV", Manuel Luís Goucha lhe perguntou no final da entrevista:

- Vivo há vinte anos com um homem, tem alguma coisa contra mim?  - perguntou Luís Goucha a Mário Machado.

A resposta veio de imediato:

- Claro que não, senão não estaria aqui - responde o entrevistado.

Esta foi mais uma novidade que nos trouxe este novo homem!! 

Goucha levanta-se muito rápido e, com uma expressão de regozijo por esta afirmação, sentindo-se talvez “aliviado” dos ataques que lhe terão feito nas redes sociais pelo convite dirigido àquele novo homem, encaminha-se, porventura envaidecido, para o ecrã gigante onde passa uma mini reportagem, espécie de vox populi. Foi, porventura, a sua forma de vingança.

Gostava que me explicassem por desenhos este fenómeno de recuperação que levou Mário Machado a transformar-se num novo homem uma vez que, em 2016, apenas há dois anos, foi noticiado que “Comunistas, negros, muçulmanos e homossexuais foram violentamente espancados por skinheads entre 2013 e 2015, no centro de Lisboa. A motivação político-ideológica das cabeças rapadas, que pertencem à fação mais perigosa do movimento internacional de extrema-direita Hammer Skin Nation, levou à intervenção da Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da PJ, que deteve ontem 20 suspeitos.”. “Os cabecilhas do grupo agora detido fizeram parte do núcleo duro do ex-líder dos Portuguese Hammer Skins (PHS), Mário Machado, detido desde 2007, data da última megaoperação da UNCT contra os crimes deste movimento neonazi.”, que pode ler aqui.

Esses, como Mário Machado, que falam em censura e em falta liberdade de expressão que dizem atualmente não existir, cortariam, sem hesitação, este texto se fosse escrito, sob um regime como o que ele defende.

A polémica e os protestos instalados sobre o dito programa da TVI, na rubrica "Diga de Sua (In)Justiça" da autoria de Bruno Caetano, deu lugar a uma quantidade de artigos de opinião que talvez tenham sido exagerados, porque "a única coisa pior do que ser falado é não ser falado". E Mário Machado foi falado, e até de mais! Neste preciso momento ele está a ser falado e você está a ler. Terá sido esse o objetivo que a TVI teve em mente?!. . . 

Para além da tentativa de branqueamento do seu passado, a TVI ofereceu ao nazi que agora diz ser nacionalista e um outro homem, a publicidade gratuita que intentou elevar os telespectadores ao nível de consumidores do produto enganoso que é Mário Machado.

E termino com uma citação de Vasco M. Barreto no jornal Público:

“Independentemente do que possamos pensar sobre a liberdade de expressão, qualquer texto que mencione o mais famoso neonazi da pátria deve incluir uma referência a Alcindo Monteiro, Manuel Domingos Silva, Contreiras Ferreira, Alberto Adriano, Fausto Soares, João Soares e Matias de Almeida, entre outros, que a 10 de Junho de 1995 foram agredidos à paulada e aos pontapés no corpo e na cabeça por skinheads.”.

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publicado às 09:53

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José Eduardo Moniz no novo programa da TVI Deus e o Diabo tentou demonstrar que a paz social terminou e apresenta a enunciação das greves a decorrer atualmente no país e faz elogios implícito a Passos Coelho porque, durante o seu governo, não houve tão elevado e diversificado número de greves.

Na TVI José Eduardo Moniz dedicou o seu último programa do dia 7 de dezembro a ajudar a direita a fazer oposição ao tentar demonstrar  que, afinal, Passos Coelho tinha razão quando disse em julho de 2016 aos parlamentares do PSD: “Gozem bem as férias que em Setembro vem aí o diabo”, tendo em conta as pressões internas e externas ao Governo que podem estar associadas à proposta Orçamental daquele a Em novembro de 2107 Morais Sarmento, o mandatário nacional de Rui Rio à liderança do PSD defendeu que Portugal tem de "ultrapassar a escolha curta" entre o "vem aí o diabo" e o "chapa ganha, chapa distribuída", numa referência a Passos Coelho e António Costa.

Está, portanto, visto, que o Diabo não chegou em setembro de 2016, mas acabou por chegar em 2018, embora com outra aparência, o que, afinal, acaba por dar razão ao oráculo de Passos Coelho. Se há alguém responsável pela sua chegada são os sindicatos em especial os afetos à CGTP cujas orientações são emanadas do PCP, o que está a ultrapassar os limites do tolerável. Acabados os compromissos com base parlamentar o PCP agudiza a luta e o ataque. E, como anos de prática no terreno lhe deram o saber como mobilizar o povo e como a mobilização ideológica já não é eficaz acena com mais dinheiro e é aí que os sindicatos apostam. Mais e mais dinheiro, venha ele donde e sob que forma vier.

O PCP com escaços votos, na ordem dos 7%, sabe que não tem força partidária conta por isso com a CGTP para demonstrar a sua força. 

A greve é um direito a que todos os trabalhadores têm direito estando consagrado na nossa Constituição. Não vou agora referir-me aos termos nem às condições em que uma greve pode ou deve ser declarada e que haja trabalhadores que, por inerências das suas funções, tenham algumas restrições como por exemplo as desempenhadas no âmbito de órgãos de soberania. A Constituição Portuguesa garante aos sindicatos o monopólio da representação coletiva dos trabalhadores no processo negocial (artigo 56º).

Afinal para que devem servir os sindicatos em Portugal? Apenas para fazer greves. A forma convencional de determinar empiricamente o poder negocial de um sindicato consiste em aferir a sua capacidade mobilizadora apenas pela visão de conseguir para os trabalhadores mais dinheiro.

Quando em outubro foi apresentado o Orçamento de Estado para 2019 sindicatos e outras ditas organizações de trabalhadores, como por exemplo a Ordem dos Enfermeiros, cuja missão não deveria ser idêntica à dos sindicatos, reforçaram as greves e manifestações de protesto cujas finalidades são sempre com as mesmas.

Não vou mencionar especificamente que grupos de trabalhadores têm sistematicamente aderido às convocações grevistas e a uma delas, a dos professores, já me referi anteriormente em outros “posts”, mas há uma condição que todas têm em comum: todas serem na sua maior parte convocadas por sindicatos com trabalhadores filiados que pertencem a empresas públicas ou à função pública, isto é, trabalhadores do Estado. Compreende-se, têm emprego certo, e seguro e, por isso, podem dar-se ao “luxo” de poderem andar constantemente a fazer greves. Este é um atributo do poder de mobilização dos trabalhadores. Não é por acaso que para partidos da extrema-esquerda como o PCP quanto mais trabalhadores houver na função pública tanto melhor.

As greves a que estão sistematicamente a recorrer causam prejuízo sobretudo aos utentes dos serviços públicos, especialmente a saúde, e têm tido o seu apoio implícito, quer pelo silêncio, quer por velada aprovação dos partidos da direita, o que não é de estranhar já que o objetivo é prejudicar o Governo. Até a líder do CDS/PP, Assunção Cristas, tem tomado posições de esquerda acompanhando, até no caso dos professores, a retórica leninista do líder da FENPROF (desculpem-me o epíteto de leninista, mas não resisti) e, já agora, podemos juntar também o líder da CGTP Arménio Carlos.

As greves convocadas pelos sindicatos e centrais sindicais como a CGTP têm o beneplácito do BE, e, sobretudo do PCP. Elas são aproveitadas pelos partidos da direita como “lança” para fazer oposição. Uma prova chegou hoje, dia 7 de dezembro, através do novo e execrável programa da TVI “Deus e o Diabo”, apresentado pelo não menos execrável José Eduardo Moniz, esta adjetivação não é pessoal, mas é-a enquanto apresentador do programa. Utilizou as greves que proliferam, grassas aos sindicatos, como arma de arremesso contra António Costa e, veja-se, até, contra o Presidente da República por terem apreciado, em tempo, a existência de paz social no país. José Eduardo Moniz tenta demonstrar que é mentira enunciando as greves a decorrer atualmente e insinua elogios a Passos Coelho quando compara com o seu governo quando não houve tão elevado e diversificado número de greves.  

Este tipo de programas apesar de não ter como característica notícia falsas têm como objetivo bajular certos instintos e intoxicar o espaço público da informação sendo executores dos desejos políticos de alguns cidadãos. É o tipo de programas oportunista demagógico para convencer sem reflexão.

Nos anos em que se aproxima eleições surgem sempre programas de televisão de orientação manifestamente favorável à direita, como este que mencionei. Mas há um outro que passa na SIC, “A Procuradora” cujo objetivo é favorecer a direita e fazer oposição ao Governo, apresentado pela esposa do senhor José Eduardo Moniz, Manuela Moura Guedes. É uma espécie de pré-campanha eleitoral da direita transportada para as televisões. 

Na minha opinião o grande responsável por dar material à direita para fazer oposição é o PCP, e o BE não foge à regra. O PCP, mesmo sabendo que não aproveita em votos as eventuais perdas do PS prefere que eles voem para a direita porque, dessa forma, o PS não conseguindo maioria absoluta, será obrigado a negociar novamente à sua esquerda na próxima legislatura como o fez até ao momento.

Há problemas de trabalho que não podem ser resolvidos no meio da algaraviada de pressões imediatas como os sindicatos e ordens profissionais pretendem. Todos querem mais salários, mais promoções, mais carreiras, mais contagem de tempo de serviço, mais e mais… Todos querem, e eu também, assim como muitos outros que não dependemos dos salários da função pública pagos com os impostos de todos que para termos bons serviços públicos, mas que as sucessivas greves nos retiram. Não nos esquecemos que em 2011 o PCP deu o seu contributo para colocar a direita com Passos Coelho no poder.

Disse Jerónimo de Sousa em setembro de 2018 que "na negociação do OE não de discutem aumentos salariais", até porque os partidos não se substituem aos sindicatos. Pois não, mas sabemos que a maioria dos sindicatos tem uma orientação próxima das teses leninistas do PCP como se ainda vivêssemos no início do século passado. Por outro lado,  Jerónimo de Sousa disse, referindo à greve dos enfermeiros, que promover angariação de fundos para financiar uma paralisação é subverter o direito à greve. Numa iniciativa do PCP, em Almada, o secretário-geral comunista criticou indiretamente os enfermeiros que, recentemente, recolheram 400 mil euros para pagar a quem aderir ao protesto. Será que esta posição do secretário geral do PCP é apenas porque não controla através da CGTP o Sindicato Democrático dos Enfermeiros que não está filiado naquela central sindical? Outra pergunta que devemos colocar é a de saber se a paralisação convocada pela Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) não estarão a ser controlados pela direita.

O povo não quer mais “troikas”, nem mais desemprego, nem mais emigração, nem mais pobreza que é para onde nos podem conduzir, a prazo, os aventureirismos sindicais.

E já agora os sindicatos da CGTP refletem-se no que Lenine escreveu em 1899 no artigo  “Sobre as Greves”: “Cada greve lembra aos capitalistas que os verdadeiros donos não são eles, e sim os operários, que proclamam seus direitos com força crescente. Cada greve lembra aos operários que sua situação não é desesperada e que não estão sós. Vejam que enorme influência exerce uma greve tanto sobre os grevistas como sobre os operários das fábricas vizinhas ou próximas, ou das fábricas do mesmo ramo industrial. Nos tempos atuais, pacíficos, o operário arrasta em silêncio sua carga, não reclama ao patrão, não reflete sobre sua situação. Durante uma greve, o operário proclama em voz alta suas reivindicações…”, e mais adiante “Durante cada greve cresce e desenvolve-se nos operários a consciência de que o governo é seu inimigo e de que a classe operária deve preparar-se para lutar contra ele pelos direitos do povo.”

E ainda “Amiúde, basta que se declare em greve uma fábrica para que imediatamente comece uma série de greves em muitas outras fábricas. Como é grande a influência moral das greves, como é contagiante a influência que exerce nos operários ver seus companheiros, que, embora temporariamente, se transformam de escravos em pessoas com os mesmos direitos dos ricos!”.

E agora chamem-me de direita, capitalista e reacionário!

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publicado às 15:48

O que procura a procuradora?

por Manuel_AR, em 15.10.18

Moura Guedes.png

Regressei de São Vicente, Cabo Verde, onde estive durante duas semanas ausente das costumeiras notícias das televisões de Portugal. Foi um alívio que serviu para a manutenção da sanidade mental. Mas, não indo mais longe, logo no dia 8 do corrente, dia do meu regresso deparo-me com a desagradável surpresa da presença da Manuela Moura Guedes no noticiário da SIC como comentadora. O título pomposo de “A Procuradora” oportunisticamente escolhido, leva-nos a duvidar e a conjeturar sobre as intenções da SIC e da comentadora, ausente dos ecrãs por motivos que só alguns conhecem. Manuela Moura Guedes é um chamariz para quem gosta do jornalismo ao estilo dos  tabloides do escandalo numa pornográfica mistura entre entretenimento e comentário político. 

A SIC tem vindo, nos últimos anos, a ser uma espécie de canal oficioso de uma certa direita em estado de decomposição com alguns laivos e combinações de pretensa isenção. São públicas as dificuldades financeiras do grupo Impresa a que o canal pertence. Assim, havia que mudar as regras do jogo substituindo o “interesse público” que sacrifica ao que é suposto ser o “interesse do público”, do negócio e do partido a que pertence o dono do grupo, deixando para trás a isenção e a deontologia.

Manuela Moura Guedes que foi deputada independente pelo CDS-PP entre 1995 e 1996, é uma dita jornalista digna de jornais como O Diabo, protótipo do mau jornalismo especializado na destruição de caráter, na condenação prévia sem julgamento fazendo o falso parecer verdade absoluta no mexerico para induzir distorcidos pontos de vista sob a capa da isenção e da credibilidade. Não informa, desinforma e nada acrescenta do que já foi dito que baralha e torna a dar. “A Procuradora” da SIC é um atentado ao comentário televisivo jornalístico e político de qualidade; é o comentário do facciosismo gerido por estados emocionais e pessoais como se de um qualquer blogue pessoal se tratasse. O próprio título escolhido pelo canal para o momento do comentário, sendo igual ao de um Grau hierárquico intermédio da magistratura do Ministério Público, é um atentado ao bom nome de uma instituição que deve ser credibilizada.

No Twitter foi dito: “Debitando banalidades genéricas, sem adicionar informação relevante aos temas que comenta, o espaço de Manuela Moura Guedes na SIC, hoje, destacou-se pela crítica às mulheres que se manifestaram contra Bolsonaro. Ao pescoço, usou um dos símbolos de campanha do fascista”.

“Manuela Moura Guedes acusou Pinto Monteiro e Cândida Almeida de "terem feito tudo para abafar" os casos que envolviam o antigo primeiro-ministro José Sócrates, que acusou de "controlar a Justiça" e solicitou uma investigação ao Ministério Público”. Apercebemo-nos logo da intencionalidade pessoal fazendo acusações sem prova denegrindo, sem direito a contraditório, imagens e carateres.

Quando ao serviço da TVI investigou vários casos relacionados com José Sócrates, acusando na altura sem provas que "tudo o que não era controlado era abafado". A vinda de Moura Guedes foi cirurgicamente escolhida pelo canal SIC, já que o próximo ano é decisivo na atividade política para no culminar de processos judiciais em curso. Ano em que as redes sociais irão instilar veneno, mentiras, insultos e notícias falsas que, a não serem validadas, poderão influenciar decisões através de campanhas negativas. Ser polémico não é sinónimo de mau jornalismo e do desvirtuar a ação jornalística com o intuito da obtenção de audiências.

Portugal já tem mau jornalismo que chegue e a SIC, em maus lençóis e desespero de causa, faz uma fuga para a frente para competir com a TVI na obtenção de audiências com um contrato como este para comentário político.

Manuela Moura Guedes recorre ao mau jornalismo para defensa de causas, as suas causas, para libertação das suas frustrações e ódios pessoais. Emerge do ostracismo para montar uma espécie de teatro burlesco onde, com pontos de vista que confinam o extremismo, pretende reorientar e reinterpretar a política. O comentário de Manuela Moura Guedes é o contrário do bom comentário político onde subjaz uma demência obsessiva-compulsiva provocada pelo revivalismo de mau caráter que faz transparecer.

Não gosto de utilizar as características fenotípicas de uma pessoa como arma de arremesso, mas, Manuela Moura Guedes, sugeriu-me, por analogia, a encarnação do Joker, também apelidado de “Príncipe palhaço”, personagem vilão da banda desenhada Batman. A analogia não se resume apenas ao fácies, mas aos objetivos perpetrados, centrados na destruição do Batman símbolo da justiça e da luta contra o mal. Ela consegue hipocritamente defender o “bem” que, com astúcia, transforma em “mal”. Para ela nada há de bom na democracia e na política e, assim, procura o enxovalho, a falta de ética que, com a sua errada falsa conceção de justiça, tudo reduz à noção de mau.  Moura Guedes faz política pela negativa e pela falsidade, não fosse ela uma grande defensora de Bolsonaro, resultado de ódios e frustrações do seu passado profissional e político que persistem no seu íntimo digno de um personagem maléfico como o Joker do Batman.

É disto que alguns dos seus fãs pertencentes ao seu espetro ideológico gostam: condenação prévia na praça pública e sem culpa formada, a denúncia fácil e falsa, o escândalo, a maledicência, o julgamento e condenação na praça pública, recorrendo até a factos, quaisquer que sejam e que sirvam os seus intentos e os do canal onde agora reza.

Se queremos um símbolo do que não deve ser o jornalismo e o cometário político ele está presente na Procuradora da SIC. 

 

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publicado às 17:43

Teoria da conspiração.png

Segundo alguns dicionários um saco é uma "espécie de bolsa de pano, couro, plástico ou outro material, aberto em cima, geralmente com asas para facilitar o transporte". Há vários tipos de sacos: os sacos para batatas, os sacos de plástico, os sacos de papel, os sacos para dormir, etc., mas também há os sacos azuis e os sacos da política e do jornalismo donde se tiram peças para aproveitamento político.

Aqui entram hipotéticas teorias da conspiração cujo atributo é a crença de que certas forças poderosas, são responsáveis ​​por adversidades e infortúnios de outro modo inexplicáveis e cujo alcance se estende a governos, finanças, cultura e educação, e a ausência de evidência real da sua existência ou influência é simplesmente tomada como prova.  Algumas são baseadas na política e compartilham da crença de que uma “mão oculta e sinistra” pode estar a manipular eventos para o benefício dos conspiradores em detrimento de todos os outros.

No que respeita a estes últimos existem os que, como os incêndios de outubro na região de Pedrógão Grande e outros próximos, causaram lamentáveis vítimas, dezenas delas que terminaram em mortes trágicas de gentes indefesas daquelas regiões violentadas pelas chamas por assassinos a soldo de alguém.

Escrevi em tempos neste mesmo blog a minha opinião sobre a causa daqueles e de outros incêndios que me pareceram muito estranhos e arquitetados com bastante pormenor.  E, como resultado, o oportunismo com todo o fulgor da oposição de direita aproveita a tragédia. Em política nada acontece por acaso. Certas reportagens ditas de jornalismo de investigação da TVI, como foi por exemplo o caso das adoções pela IURD, presumivelmente ilegais, de crianças, são desenvolvidas e debatidas até à exaustão e outras como a reportagem sobre as presumíveis caudas dos incêndios, feita pelo mesmo canal, ficam-se pelo caminho.

Ao longo dos últimos meses noticiários e reportagens nos canais de televisão resplendecem com peças sobre os incêndios numa amalgama de acontecimentos trágicos e chamas. É uma espécie de cadinho onde se misturam episódios, atrás de episódios, que já não são notícias, são antes uma edição de construções ficcionadas aproveitadas a partir da triste realidade. Bem podiam dar um aviso aos espectadores, como naqueles filmes de ficção e em novelas, que alerta para que qualquer semelhança com personagens da vida real é pura coincidência. São imagens acompanhadas de palavras refeitas para públicos com iliteracia imagética.

Já afirmei em anteriores postes que até às próximas eleições a oposição de direita revisitará, sempre que lhe convenha, o mesmo tema atualizado e melhorado. Assim está a acontecer. Com a ajuda da comunicação social, cuja quebra de vendas a torna sedenta de más notícias, aos poucos vai tirando do saco o que lá vai guardando para ocasião oportuna.

É um cadinho onde se vão colocando casos da política relacionados com presumíveis corrupções misturados com químicos diversos, tendo Sócrates como catalisador, ou misturando outros elementos da química política que, eventualmente, possam reagir com o ingrediente Partido Socialista.

A pergunta que me tenho feito várias vezes é: porque será que, quando a direita está envolvida em corrupção o caldo não é aquecido à mesma temperatura e é colocado na gaveta mais fria do frigorífico da comunicação social, mas quando se trata da área da esquerda o caldo da corrupção é posto a ferver?

Tudo isto pode parecer mania da conspiração. Se há conspiração é a comunicação social que acompanho com frequência, e não as redes sociais, que me fornecem a informação e as notícias que me levam a colocar as hipóteses de conspiração.

Em março do corrente ano João Miguel Tavares chamou palermas aos que defendem teorias da conspiração dizendo que, “É precisamente porque o escrutínio do poder é um mecanismo de vigilância insubstituível que as teorias da conspiração só servem para entreter palermas “. Se lesse este artigo eu ficaria no seu rol de palermas.

Para o escritor e jornalista liberal João Miguel os que apresentam opiniões a partir de evidências ou pressupostos causais sobre algo que se relacione com a direita são teorias da conspiração para entreter palermas, mas, quando, pelo contrário, os pressupostos têm em mira a esquerda que governa não são teorias da conspiração, são escrutínio do poder.

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publicado às 00:21

O preto

por Manuel_AR, em 18.01.18

Vestido preto (1).png

 

A grande atriz Ivone Silva numa das séries de humor que passou nos anos oitenta na televisão onde protagonizava a rábula Olívia Patroa e Olívia Costureira dizia "Com um simples vestido preto eu nunca me comprometo!"

O tema do assédio sexual, sem que tal conceito seja devidamente esclarecido, quer na sua veemência, quer nas circunstâncias, tem estado na ordem do dia da comunicação social. O assédio sexual, é uma violência sobre as mulheres seja a que classe social pertençam. Sobre este ponto de vista sobrescrevo as palavras de João Miguel Tavares no jornal Público apesar de, politicamente, termos pontos de vista opostos:

“A importância do movimento #MeToo é indiscutível, e desta vez não estamos a falar de picuinhices identitárias, nem dos insuportáveis trigger warnings que ameaçam a liberdade de expressão em todo o lado. O assédio sexual é um problema gravíssimo e transversal às várias classes sociais. É impressionante como nós ouvimos as maiores estrelas de Hollywood contarem histórias de assédio que poderiam ser relatos de agressões sexuais sofridas por uma qualquer trabalhadora a ganhar o salário mínimo numa fábrica do Vale do Ave. Denunciar o assédio sexual é urgente, é necessário e é absolutamente justo.

Tal como é necessário e justo criticar aquilo que se quer fazer passar por assédio sexual quando, de facto, não o é”.

O vexame a que uma mulher é sujeita para poder arranjar trabalho passa todas as marcas e não apenas a da decência. Desde que veio para a opinião pública a primeira denúncia de uma vítima de assédio sexual proliferam na comunicação social denúncias, em Portugal inclusive. Ainda hoje o jornal Público traz hoje mais uma notícia sobre um deste casos.

Como protesto, na entrega dos Óscares em Hollywood, as estrelas decidiram vestir-se de preto. Portugal nestas coisas faz questão de imitar seja a propósito ou a despropósito, e se não há motivo para a imitação inventa-se um. Pega-se, por exemplo no caso da rede de adoções ilegais de crianças da IURD em Portugal que a TVI denominou por «O Segredo dos Deuses» que revela uma rede de adoções ilegais de crianças da IURD em Portugal para imitar a “moda” do preto.

Se igrejas como a IURD que exploram a crença de cidadãos indefesos através de burlas fazendo-lhes autênticas lavagens cerebrais, e se servem da sua organização para proceder a outras ilegalidades, tanto pior e há que denunciar.

Outra coisa é a partir daqui umas “senhoritas” que à moda de Hollywood resolvem vestir-se de preto e criam um movimento e fazem uma campanha publicitada pela TVI destinado a emocionar a opinião pública exigindo comissões independentes para investigar as ditas adoções ilegais e exigir que o Governo intervenha sem que ainda se tenham quaisquer provas provenientes das investigações judiciais leva-me a desconfiar da seriedade da coisa e do que verdadeiramente estará por detrás deste pretenso movimento.

Resta a inspiração imitadora pelo dito movimento que também se veste de preto. O vestuário preto ficou agora mais na ordem do dia desde a última edição da entrega dos Óscares em Hollywood para quem quiser fazer movimentos do que é preto.

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publicado às 17:37

Miguel Júdice.png

Após estas últimas eleições no seio das direções de informação começaram a perfilar-se novas composições na área do comentário político. A estreia foi iniciada com a TVI. O comentário político que José Miguel Júdice fazia às terças à noite na TVI24 passa a ser agora às segundas feiras no jornal da oito da TVI. Não é por acaso porque neste canal, e a àquela hora, apanha mais audiência a nível nacional. A TVI convidou Miguel Júdice, que andava há alguns anos afastado, para comentador algum tempo após o acordo parlamentar do PS com o PCP e o BE.

Como já várias vezes tenho escrito os comentadores de direita proliferam pelos canais de televisão falando com isenção duvidosa. Basta ver o perfil de Júdice para se compreender esta mudança. Anti esquerda convicto e com ódio às esquerdas mais radicais, talvez porque foram elas que ajudaram a apagar do mapa político português a influência da extrema direita.

Quem consultar documentos da época da revolução do 25 de abril ficará a saber que Júdice, embora não diretamente, esteve envolvido em conspirações antidemocráticas, com gente e partidos da extrema direita no norte do país que arquitetaram a rede bombista de 1976 causando a morte a várias pessoas. A história fará recordar aos mais novos a constituição do ELP (Exército de Libertação de Portugal) e do MDLP (Movimento Democrático de Libertação de Portugal), o primeiro mais militar do que político. O MDLP, a 17 de fevereiro de 1975, ensaiou um golpe de Estado. A 5 de maio de 1975 era oficialmente constituído o MDLP, uma força política de extrema-direita ficando a área da Política ao cuidado de José Miguel Júdice, na altura saudosista assumido do salazarismo. Em princípios de 1980, José Miguel Júdice aderiu ao PPD hoje PSD, onde militou. Em 2006 desfiliou-se do PSD e apoiou a candidatura de Cavaco Silva a Presidente da República. Em 2007 aceitou ser mandatário da candidatura do Partido Socialista, encabeçada por António Costa, à Câmara Municipal de Lisboa.

É agora comentador prime time na TVI. Nada contra, a democracia é assim mesmo, deve dar oportunidades de regeneração e ainda bem. Nada contra. Mas o que também acho é que devem ser dadas oportunidades para o contraditório a comentadores de esquerda residentes, que são escassos ou até, em alguns canais, muito incipientes ou disfarçadas em debates, aparecendo só em situações especiais.

Imagem tirada de http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/judice-novo-banco-vai-comprado-pelo-preco-da-uva-mijona-90073

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publicado às 19:55


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