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Época piscinal

por Manuel_AR, em 04.08.17

Piscinas.png

Tempo de férias. A política da oposição de direita anda torta e baseia-se oportunisticamente em obter créditos partidários com as tragédias dos incêndios e do assalto ao paiol de Tancos. Apercebo-me que a direita não acrescenta qualquer valor que credibilize a sua política de oposição, antes pelo contrário.

Neste tempo de férias a ver o mar da varanda, sem o bulício e a barulheira infernal e ruidosa da comunicação social que, também ela, oportunisticamente, aproveita o que pode para captar audiências. Cria quando lhe convém ruído informativo, sabe-se lá com propósitos. Neste tempo dedico-me a observar o que por aí se diz que não seja política desligando-me dos infinitos e enfadonhos noticiários televisivos de mais de uma hora e tal.

Conduzo o meu pensamento para o turismo vindo de fronteiras que o  Espaço Schengen  diluiu que este ano afluiu ao Algarve e verifico no local onde me encontro que superou em muito o dos anos anteriores. Entre eles, também portugueses, vindos de outros lugares do país para estas bandas onde me encontro e que se contam pelos dedos, aos quais se juntam alguns autóctones das zonas limítrofes.

Sem que faça por isso, da varanda donde contemplo o mar, chegam-me aos ouvidos conversas, frases, ruídos, telefonemas. Destes apenas consigo ouvir um dos participantes da conversa: o do lado de cá.

- Sabes lá, estou aqui na piscina do apartamento. Brutal. Os miúdos estão delirantes. A água está espetacular. Passamos os dias aqui.

_ ????

Ah! Claro, sim… isto aqui é ótimo!

- ???

- Estamos fartos de dar mergulhos.

- ???

- Não, ainda não fomos à praia.

-???

- Vamos ficar aqui mais uma semanita. Isto aqui na piscina está espetacular. À noite vamos até à cidade próxima tomar um copo.

- ???

- Os miúdos? Claro que não vão tomar copos! É uma forma de dizer…

A conversa continuou, mas o meu interesse dispersou por outras vias. Como é que há pessoas, e não são poucas, acreditem, que vêm passar férias ao Algarve indo para hotéis e aldeamentos, e até aqui tudo bem, para ficarem “mergulhadas” à volta e dentro duma piscina quando têm à disposição um mar com águas quentes e calmas e também mais saudáveis do que o cloro e o suor em águas paradas onde se refrescam.

O que afirmo para os portugueses serve também a muitos dos estrangeiros que vêm para o Algarve procurar sol e mar, mas que se enfiam nas piscinas dos hotéis quando nos seus países do interior norte da Europa as têm em abundância de verão e de inverno.

Não frequentam a beira-mar a não ser para dar uma voltinha ao fim da tarde. Para estes frequentadores de alojamentos com piscina, vir para o Algarve e passar os dias na piscina deve ser uma espécie de estatuto.

Em Agosto, para passar férias em empreendimentos turísticos com piscina não é necessário ir para o Algarve. Em qualquer ponto do país, quer próximo, quer afastados da costa, há sítios agradáveis onde, quem quiser, pode fazer turismo piscinal fora da confusão do sotavento algarvio.

Gostos! Cada um tem os seus.

Eu, cá por mim, sigo para o interior norte onde o calor aperta, mas onde a vegetação cada vez mais rara ajuda a retemperar forças apesar de sujeitos dominados por obsessão ou fúria fazerem dos incêndios a sua prática.  

 

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publicado às 16:36

Portugal envergonhado e subserviente

por Manuel_AR, em 08.10.14

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Este outono, após um verão muito pouco estival, resolvi dar uma vista de olhos pelo barlavento algarvio. Nesta época do ano esta zona não é muito procurada pelos lusitanos veraneantes que, em agosto, descem em magotes em direção ao sul.

Nesta altura do ano as praias vazias de portugueses são compensadas por ingleses e outros frequentadores do norte da europa, na sua grande maioria idosos não abastados, cujas pensões dignas lhes possibilitam visitar e estacionar no país do sol e dos "preguiçosos". Vêm ocupar os empreendimentos turísticos que lhes são oferecidos a preços mais baratinhos nesta época do ano. Portugueses são uma espécie “rari nantes in gurgite vasto” o que, numa tradução livre, significa serem raros num mar imenso.

Os estrangeiros que nos visitam são uma companhia agradável nas praias e nos habituais locais de consumo e restaurantes, porque não “chateiam” e não a fazem algazarra. Sentem-se tão à vontade como se estivessem nos seus países. Imagino que no seu subconsciente acham que parte deste território também lhes pertence graças ao programa de assistência que sofremos e continuamos a sofrer e à subserviência que Passos Coelho demonstrou no exterior superando a própria "troika" na austeridade. A tal coisa do "bom aluno". E claro a arrogância alemã com que fala do país do sol e da preguiça.

Mas o que é preocupante é a subserviência com que os portugueses se reverenciam a tudo quanto é estrangeiro desfazendo-se em obséquios. Precisamos do turismo estrangeiro como forma de sobrevivência, mas eles não precisam de nós para nada, e, se não bastasse, também são nossos credores e, por isso, devemos estar gratos, segundo a mensagem que comentadores e políticos afetos ao governo têm feito passar.

A subserviência portuguesa também se mostra pelo desprezo pela língua materna ao adotarem nomes estrangeiros, nomeadamente ingleses com a desculpa da internacionalização e com os quias pensam dar pompa e credibilidade às desiganações. Veja-se apenas o caso das universidades como exemplo, Católica Lisbon School of Business & Economics; Católica Global School of Law; Nova School of Business and Economics.

Já era assim, mas com os exemplos dados por este governo agravou-se. Isto revela-se a vários níveis. Países como a França e a Espanha raramente adotam anglicismos. Quando é necessário a introdução de um novo termo, para preservarem a sua identidade linguística, adaptam-no à sua própria língua.

Não tenho qualquer espécie de preconceito contra a língua inglesa que é uma língua universal de comunicação entre povos, mas já não basta estarmos a vender Portugal ao desbarato desde que este governo tomou posse (veja-se o que já foi vendido ao estrangeiro sem qualquer critério de seletividade), resta agora que a nossa língua passe a ser hibrida passando a ser uma mistura de vocábulos ingleses com interpenetração de sintaxes. Somos um país que de colonizador de povos passou a ser colonizado por línguas.

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publicado às 16:31


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