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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Assim como temos a época do natal, a época da páscoa, a época de férias passou a haver também a época dos incêndios, nome pomposo com que, desde maio, os noticiários anunciam pomposa e anualmente o flagelo antecipado.
É uma espécie de publicidade de aviso aos incendiários e aos pirómanos que alguns insistem ser os maluquinhos das aldeias, e aos outros, os que, inadvertidamente e sem querer, fizeram queimadas, lá no alto dos montes circundantes, em locais afastados das suas terras donde retiraram os entulhos secos.
Desde os incêndios na zona de Papilhosa e Pedrógão Grande no distrito de Leiria em 2017 que na “época dos incêndios” as ignições se iniciam estrategicamente em pontos para que, auxiliados pelo tipo de tempo, se encaminhem para locais onde possam por em perigo povoações e pessoas.
Sempre tive uma teoria sobre os incêndios em Portugal. Na sua maioria os incêndios, talvez mais de 90%, são estrategicamente colocados e obedecem a regras e orientações muito bem delineadas no espaço, no tempo, na estratégia e cujo móbil é a desestabilização e a insegurança com intenções pró-política.
Segundo o jornal Público o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, registou este domingo a “estranheza” das autoridades e dos autarcas face à ignição de cinco incêndios “separados por poucos minutos”.
Para os casos em Portugal deve haver uma rede criminosa com objetivos delineados. Terrorismo é, para mim, o termo adequado. Terrorismo não é apenas executado pelos que disparam indiscriminadamente ou os que se fazem explodir com um engenho junto a locais públicos movimentados. Este tipo de terrorismo é uma espécie de guerra de guerrilha que raramente é ganha por quem a combate devido à rapidez dos ataques e da mobilidade dos atacantes.
Podemos considerar o tipo de terrorismo incendiário e em termos mais amplos como um ato de violência com o objetivo de produzir reações emocionais desproporcionais generalizadas, como o medo e ansiedade, que provavelmente influenciam atitudes e comportamentos. Tem uma violência sistémica e bastante imprevisível e geralmente é dirigida contra alvos simbólicos. É uma a violência destinada a transmitir mensagens e ameaças como forma de comunicação para poder ganhar controle social. Estes não são pirómanos, são terroristas incendiários.
Acho que, quer à esquerda, quer à direita do espetro político se sabe que assim é, mas ninguém na política teve ainda a coragem para o denunciar. Será que não seria a altura de colocar alguns incêndios fora do âmbito da negligencia e passar a considerar estes como crime organizado contra a segurança do Estado e da Nação onde o SIS ou o SIED possam ter a sua atuação?
Saído do algarve viajo em direção ao norte. Acima da linha do rio Tejo os cheiros do mar substituem-se ao odor a esturro das florestas queimadas.
Os incêndios devastam serras, florestas, perigam povoações, casas, animais e pessoas que vivem nas redondezas por onde o fogo se propaga sem contemplações iniciado por mãos criminosa aliciadas por dinheiro fresco, ganho apenas com o trabalho de riscar um fósforo destruindo bens e vidas de quem se sustenta com trabalho duro.
Nesta época do ano, parca em acontecimentos políticos que não possibilitam a captação de audiências os órgãos de comunicação social televisivos não têm mãos a medir e as redações aproveitam este filão noticioso.
As notícias sobre a destruição de património florestal pelos incêndios substituem-se aos comentários especulativos e às notícias sobre política tendenciosamente desestabilizadoras.
Na época de incêndios, como se estes fossem uma época, como pomposamente os canais de televisão denominam os incêndios logo no início da primavera e do verão, na sua ânsia de informação, e de “serviço público como tão bem sabem fazer”, convidam toda a espécie de sumidades e personalidades entendidas sobre florestas, incêndios, ordenamentos, para entrevistas e debates sobre o tema. Todos os anos dizem o mesmo, especulam, peroram, defendem, atacam.
Ao longo de mais de trinta anos os incêndios passaram a ser a regra e não exceção. A partir de maio, assim que a meteorologia prevê aquecimento estão eles, os diligentes e atentos das redações dos canais de televisão antecipando notícia do que preveem irá ser notícia. Isto é, preveem aquilo que vai acontecer sem saberem se vai de facto acontecer. Há uma estranha sensação de que preparam, estimulam, aliciam para que aconteça, para que haja notícia.
No calor dos incêndios, as populações acodem, socorrem, apoiam quem acorreu em seu auxílio, os incansáveis bombeiros, quando podem. Os canais informativos primeiro, depois os generalistas, repetem até a exaustão notícias cada vez mais assustadoras e, para acalmar a raiva dos que por toda a parte clamam por justiça avançam com progressos efetuados pelas várias polícias na detenção de presumíveis incendiários. Falam em culpados, suspeitos, indiciados, fazem prisões preventivas, informam sobre números de suspeitos e que as polícias detiveram ou que se encontram em averiguação. Divulgam o perfil dos potenciais incendiários, inimputáveis, uns, outros são geralmente novos ou idosos, desempregados, alcoólicos oue toxicodependentes e, caso estranho, utilizam isqueiros ou fósforos para iniciar o incendio. Estranho seria que utilizassem lança-chamas!
Fazem-se petições para agravamento de penas para incendiários. Juízes sentenciam que os reincidentes pirómanos retornem à prisão durante a época estival. Mas não será isto apenas para acalmar a voz do povo que especula nas ruas, nos cafés, nos bairros que, sem compreender, atribui e aponta as mais diversas as causas para estes atos criminosos?
Na voz de alguns países, nossos parceiros da U.E., somos quase uma espécie de párias, não o dizem, mas de forma mais diplomática lá o vão dizendo de modo a ser politicamente correto. Agora somos um povo de perigosos de incendiários e, neste ponto, temos que lhes dar razão se nos chamarem PIF’s, povo de Perigosos de Incendiários Florestais. Custa-me dizê-lo mas a evidência confirma-o, diariamente, nas últimas três semanas.
Surgem notícias rebuscadas com imagens que mostram incêndios noutros países como em Espanha e em França. É como quem diz: veem não é só cá! E o povo reproduz. Funciona como uma espécie de purga para as consciências face aos desastres premeditadamente provocados por indivíduos ou grupos de incendiários. Não se queira comparar o que é incomparável. Uns, são casos pontuais, outros, os nossos, em Portugal, são sistemáticos, organizados e de cariz marcadamente criminoso. Especula-se sobre as causas que motivam estes atos criminosos que terminam quase sempre em culpados cujo perfil atrás referi.
Se pudéssemos ao longo dos últimos trinta anos, cartografar os dados de áreas ardidas, para um analisar e comparar as suas localizações, dias e horas do início das ignições e dos alertas, a importância económica e ecológica das áreas incendiadas, os locais de importância paisagística para o turismo, a proximidade de reservas naturais para uma análise temporal daquela informação cartografada provavelmente mostraria um padrão que indiciaria que não há aleatoriedade e ocasionalidade dos incêndios mas um planeamento prévio que pressupõe a existência de uma rede de terrorismo incendiário, cobarde e sem rosto, muito bem organizada com objetivos definidos a médio e longo prazo. A média e grande extensão dos incêndios incontroláveis, como o foram os deste verão, mostra exatidão nos locais, a utilização das previsões meteorológicas relevantes para a prática deste terrorismo, o conhecimento da impossibilidade da plena eficácia de meios no combate ao incêndio nas áreas escolhidas a que se junta a seleção de indivíduos que são facilmente aliciados com motivações que vão para além das aparências apontadas ou o maluquinho da aldeia ou o sujeito ou sujeita que resolveu fazer um fogacho para uma sardinhada e que não teve cuidado. Como ouvi dizer o presidente da Cáritas portuguesa, há forças ocultas que estarão por detrás disto.
Funcionam como máfias organizadas onde quem está no terreno desconhece quem é o mandatário do crime ou até a motivação para tal. Um desconhece o agente imediatamente anterior, Não é justificável qualquer que seja a motivação para que portugueses destruam o país onde vivem.
Na Europa temos a fama de sermos um povo que vive acima das suas possibilidades, gastador, acusação que é, como se sabe, falaciosa, agora de sermos considerados um povo perigosamente incendiário é que já não nos livramos.
Hoje é o dia em que o querido líder do PSD Passos Coelho vai dizer as balelas do costume no Pontal o que centrará as atenções dos órgãos de comunicação social que aproveitarão para o “puxar para cima”, e os incêndios passaram à história.
Os últimos acontecimentos têm sido dominados por atos de terrorismo assassino relegando para segundo plano, e temporariamente esquecidas, outras notícias, o que é compreensível.
Assim recordo que na passada semana não foi por acaso que alguns órgãos de comunicação social, nomeadamente televisões, voltaram na passada semana ao caso Sócrates.
Quem tem feito o frete de ler, mesmo que de passagem, os escritos que aqui coloco terá constatado que raramente abordei o tema Sócrates e a dita Operação Marquês. Não comentei nem emiti qualquer opinião a favor ou contra Sócrates pelo desconhecimento que tenho dos reais contornos do processo judicial e, o que é publicado pela comunicação social, posso apenas considerá-las como especulações oriundas de informações dum processo judicial inacabado. A isto acrescento que também não acredito em santidades tendo em conta o que, se tem visto por aí ao longo dos anos ao nível da corrupção.
Mas há uma coisa que sei, é que, em certos momentos estrategicamente escolhidos, seja por artes mágicas ou quaisquer outras formas de ilusionismo, são lançadas para a opinião públicas “novidades” travestidas de narrativas do género faz de conta.
Quem está a dirigir o processo mais parece um salta-pocinhas que vai saltitando de charco em charco de águas estagnadas para se refrescar. Fará algum sentido para o comum dos cidadãos como eu que, passado todo este tempo, se vão fazer buscas na PT e noutros locais para arranjarem matéria sabe-se lá de quê e porquê? Esperará por acaso quem está à frente da investigação que ao fim deste tempo todo, o material comprometedor estivesse à espera que chegassem buscas para o arranjo de novas provas? Isto mais parecem manobras de diversão dos chamados empata f…
Coincidentemente, ou não, o dia 15 de setembro foi anunciado há meses pelo diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, Amadeu Guerra, como prazo limite para a conclusão da investigação do processo "Operação Marquês" e a acusação contra o antigo primeiro-ministro José Sócrates. Mas, lá vamos nós, mais uma vez, em março de 2016 “admite, num despacho, que aquele prazo pode ser alterado por ‘razões excecionais, devidamente fundamentadas’". Aproximando-se o prazo, e já la vão quatro meses, vêm ao de cima novas investigações.
O labirinto é tão confuso que já nem eles (os da investigação) se entendem. Não me admiraria que viessem dizer que este processo tem contornos mundiais na China, Rússia, e de espionagem a favor da Coreia do Norte e que, por isso, é necessário mais tempo. Sarcasmo claro!
Ao fim de tanto tempo, mesmo que não queiramos, podemos começar a desconfiar de que algo não está a bater muito certo.
Passos Coelho continua na senda da política patética e da parvoíce. Ganhou eleições sem maioria absoluta e formou um Governo minoritário instável que foi derrubado na Assembleia da República. Agora vem dizer numa entrevista que lhe roubaram o poder. Deixe-se de brincar à política do disparate. Demita-se com a sua trupe da liderança do PSD a quem causaram males que chegue.
Pacheco Pereira diz que há um neo PSD. Até concordo. É um PSD de características neoliberais que se desvirtuou. O PSD necessita duma reconstrução correndo o risco de ficar sempre a ser considerado como um partido fora do centro radicalizando-se para o lado da direita donde até o CDS, mimeticamente, se esforça por afastar embora nem sempre o conseguindo.
Será que procura uma carreira profissional como Durão Barroso. Desengane-se Passos porque mesmo na arte do engano, da patranhice e do mimetismo Passos não consegue igualá-lo.
A tragédia de Nice, perpetrada seja lá por que for está no grupo das patologias sociopatas não genéticas, induzidas por influência do ambiente social e exploradas por extremismos religiosos, e o golpe na Turquia, ainda com contornos desconhecidos, vieram abafar o caso Durão Barroso.
O ex-presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso enfrentou uma onda de críticas após conhecimento de que irá ser conselheiro o banco de investimento norte-americano Goldman Sachs sobre o Brexit.
Barroso um videirinho, (classificação interessante de Pedro Marque Lopes), foi primeiro-ministro de Portugal que, depois de assustar o país com o célebre “o país está de tanga”, (não está em causa o facto mas a forma) colabora com a falcatrua de G. W. Bush que deu lugar à guerra no Iraque, abandona o barco, qual ratazana, seguindo célere para ocupar o lugar de Presidente da Comissão Europeia entre 2004-2014 que lhe foi oferecido de bandeja fosse lá porque motivo fosse. Agora vai tornar-se um presidente não-executivo da Goldman Sachs International (GSI), braço internacional do banco, com sede em Londres.
A Goldman Sachs esteve fortemente envolvida na venda de produtos financeiros complexos, incluindo hipotecas de alto risco que contribuíram para a crise financeira mundial em 2008.
A conversa promocional costumeira surge: "José Manuel traz imensos conhecimentos e experiência para Goldman Sachs, incluindo uma compreensão profunda da Europa," disseram num comunicado os executivos, Michael Sherwood e Richard Gnodde Resta saber conhecimentos e experiência de quê?…
Durão Barroso não hesitou mas sua nomeação atraiu críticas de todo o espectro político, exceto do PSD em Portugal.
Pedro Filipe Soares, líder em Bloco de Esquerda disse: "Esta nomeação mostra que a elite europeia de que Barroso faz parte não conhece a vergonha."
O ministro de comércio exterior da França Matthias Fekl escreveu no Twitter que "Servir o povo mal, servindo-se do Goldman Sachs. Barroso é uma representação obscena de uma velha Europa que o nosso representante diz mudar".
Colegas de Fekl no Parlamento Europeu também condenaram a chamada de Durão Barroso denominando-a de "escandalosa".
É um “Boom para euro-fóbicos” dizem outros.
Ao mesmo tempo, franceses, membros socialistas do parlamento europeu pediram mudanças legais para bloquear a possibilidade de utilizar os cargos como "porta giratória" para se lançarem para empregos lucrativos no setor privado depois de os deixarem. Num comunicado conjunto afirmaram: "Fazemos um apelo para as regras serem alteradas para impedir a nomeação do ex-comissário europeu," e acrescentam que "no sistema de porta giratória parece haver muito de conflito de interesses".
Durão Barroso, disse ao jornal Expresso que "Depois de ter passado mais de 30 anos na política e na administração pública, é um desafio interessante e estimulante que me permite usar as minhas competências para uma instituição financeira global".
O jornal de esquerda francês Libération descreveu a nomeação de Barroso como "o pior momento para a União e uma benção para os euro-fóbicos”.
Até Marine Le Pen, líder do partido francês da extrema-direita Frente Nacional (FN), aproveita o caso para atacar a Europa, escreveu no Twitter que a nomeação não era "nada de surpreendente para as pessoas que sabem que a UE não serve as pessoas, mas a alta finança".
São sujeitos como este que se infiltram na vida política e dizem defender os interesses do seu país mas que apenas se servem dele para construir a sua carreira. São os videirinhos. E ainda há quem não quer abrir o olhos apoiando este tipo de gente.
Uma breve referência ao que se passou em Paris. Foi um exemplo lamentável do terror praticado contra a democracia e as culturas europeias que causou indignação mundial. Que mais se pode esperar de quem não respeita a sua própria cultura e regressa a um estado de barbárie? Esperemos que estes atos de extrema violência não sirvam de pretexto para que alguns ditadorzecos que por aís andam comecem a gritar aos quatro ventos, agitando os papões da segurança, dando oportunidade para porem em causa a liberdade democrática.
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Vamos então voltar à nossa República começando pela expressão "ter dois pesos e duas medidas" segundo os Novos Dicionários de Expressões Idiomáticas – Português, Lisboa, Edições João Sá da Costa, 2006, «diz-se de pessoa que não usa de imparcialidade, isenção, equidade em seus juízos, atos, decisões», isto é, julgar de forma parcial duas situações iguais. Aquela expressão aplica-se na íntegra ao atual Presidente da República que tem demonstrado a sua aplicabilidade na prática corrente da sua política.
É o exemplar perfeito da falta de carácter político. Revanchista, tendência para ditador que, infelizmente para ele, não pode exercer como acha que deveria. Utiliza o poder que lhe foi concedido pelos eleitores para impor a sua vontade e do seu partido.
Nas suas intervenções proclamava a instabilidade governativa como prejudicial a Portugal sugerindo esse facto como prejudicial caso a coligação de direita não ganhasse maioria absoluta que agora parece ter deixado de ter qualquer importância. Num regresso ao passado relembra agora que ele, quando primeiro-ministro, e que no tempo de José Sócrates, que agora já serve de exemplo, também houve governos de gestão.
Ainda hoje numa missão de propaganda do ex-governo que protegeu voltou a elogiá-lo e regressou mais uma vez ao passado. Este Presidente não é mais do que uma pouca-vergonha para Portugal. Uma mancha na história da nossa democracia.
Os mercados, os credores já não são relevantes. Provavelmente, Cavaco Silva estaria interessado em que reconhecessem que havia instabilidade governativa para poder justificar as decisões políticas mal-amanhadas que viesse a tomar. Parece que os tais mercados não até hoje não o demonstram porque Lisboa dispara 2,5%. A melhor sessão desde as eleições. Isto também foi devido ao anterior Governo ou ao de gestão de Passos Coelho?
Onde estão agora os superiores interesses da nação? O que diz e o que faz são antagónicos. "Agrei sempre…, mas sempre de acordo com os interesses superiores de Portugal...", proclama. Mas será? A prática não o confirma.
Cavaco Silva, enquanto Presidente, diz que não é político. Mas que afirmação mais disparatada. Não terá a função de Presidente da República, um dos órgãos de soberania, uma função também política. É um político até de mais agravado pelo seu partidarismo porque age como um Presidente partidário.
A apresentação de diferentes pontos de vista sobre veracidade de factos políticos e a crítica a políticas que estão a ser seguidas deve servir para reforçar a democracia e não para a destruir.
Durante as campanhas eleitorais e, não raras vezes, durante debates parlamentares, partidos políticos das diferentes áreas, à direita e à esquerda acusam-se mutuamente de intervenções populistas. Mas será o populismo algo que deva ser rejeitado mesmo quando vai de encontro ao que o povo sente e pensa?
A utilização corrente do termo populismo pretende defender e ir de encontro aos anseios do povo em contraste com as elites do poder. Combina ideias de direita e de esquerda e frequentemente é hostil aos partidos socialistas e ou trabalhistas. Todavia, também são bem conhecidos populismos exacerbados por partidos ditos socialistas e comunistas durante a revolução soviética e cultural chinesa.
Na França o partido de Marine Le Pen, Frente Nacional, tem sido o mais mediático, intitulado de populista, nacionalista e de extrema-direita.
Onde começa e acaba o populismo de Marine Le Pen parece ser um tema de reflexão para quem passou a desconfiar desde as últimas eleições duma direita que se instalou em Portugal, apoiada por liberais, neoliberais e conservadores de toda a espécie, e de um partido socialista atrofiado que tem vindo a demorar a brotar do terreno de desconforto onde se aninhou.
Marine Le Pen moderou o discurso radical e extremista do seu pai, Jean Marie Le Pen, e hoje não se identifica com sendo nem de direita radical, nem nacionalista quando diz "não me sinto como sendo da direita radical. No plano económico não me sinto mesmo nada da direita. Não sou por menos Estado, não sou por mais privatizações, não sou pelo ultraliberalismo, não sou por essas leis do mercado que eu considero deverem ser controladas porque, caso contrário, conduzem ao esclavagismo...".
São políticas de esquerda mas quando confrontada com esse rótulo responde que é de extrema-esquerda para Nicolas Sarkozy e de extrema-direita para o Partido Socialista e afirma-se como sendo nem de esquerda, nem de direita, mas que é de França.
À data em que publico este "post" a FN de Le Pen ficou em segundo lugar nas eleições departamentais em França, com 25,2% dos votos na primeira volta das eleições.
Na entrevista concedida e publicada na Revista do jornal Expresso Marine Le Pen apresenta-se como representando o patriotismo, a defesa da França e do seu povo. Cá está. O apelo ao povo e contra a União Europeia e a globalização. Não há quem não reconheça que a União Europeia está a atravessar uma crise grave e, como se sabe, com problemas económicos e políticos de vária ordem. A austeridade tem tornado descontentes e céticos relativamente à Europa, cidadãos de vários países, nomeadamente os países do sul e o caso muito especial da Grécia.
Le Pen não esconde que tem o apoio de portugueses imigrantes em França porque "são respeitadores das leis francesas e criticam os abusadores estrangeiros delinquentes, os fundamentalistas islâmicos e os que abusam do nosso generoso sistema social".
O multiculturalismo para ela não tem que existir e defende a assimilação dos estrangeiros e não a integração e o ensino de línguas e culturas dos países de origem. "A escola deve fabricar franceses de corpo inteiro e não remeter as crianças para as suas diferenças". Pensamento nacionalista exacerbado e xenófobo com laivos de violência assimilacionista que não é mais do que uma assimilação forçada pela cultura dominante das culturas de povos que emigraram para um país.
Toda a filosofia e princípios multiculturalistas que foram construídos há mais de trinta e cinco anos na Europa são postos em causa. Mas Le Pen vai mais longe ao defender que "as sociedades multiculturais são sociedades, a prazo, multiconflituosas" e dá como exemplo "o desenvolvimento do islamismo radical".
O aproveitamento das emoções pessoais multiplicadas na sociedade devido aos ataques terroristas que geram o descontentamento popular é a cama para arranjar causas que sustentem e validem a tese da existência de um fundamentalismo islâmico, rejeitando o comunitarismo que está centrado nas sociedades, nas comunidades e nas suas tradições e culturas. Argumenta que a justiça não as pode levar em conta. Neste campo é este o pensamento de Marine Le Pen. O Nacional-socialismo numa primeira fase também escolheu os judeus como a causa de todos os males que afligiam a Alemanha.
O multiculturalismo nasceu com o aprofundamento duma União Europeia multicultural e multifacetada.
A indignação do povo francês sobre o atentado de janeiro é aproveitada por Marine Le Pen para despertar sentimentos populares primários de racismo, xenofobia e punição de tudo o que seja imigrante em França o que se depreende quando diz que "As autoridades não atacam as causas, apenas atacam as consequências. Quer dizer: metem na prisão os que apanham e que podem estar ligados a atentados. Mas não atacam as raízes desse mal para que não continue a disseminar no país os frutos podres do terrorismo islamita. Contra essas causas nada se faz. Perante as múltiplas reivindicações político-religiosas, de vestuário, alimentares, contra o código do trabalho, etc., nada tem sido feito. Pelo contrário, essas reivindicações comunitaristas tem-se intensificado".
Estas afirmações vão ao encontro do sentimento de alguns setores descontentes do povo. O discurso de Le Pen é claro, incisivo e de fácil assimilação para quem a escuta, condição essencial para fazer passar a sua mensagem.
O tema União Europeia capta as atenções dos que se opõem a uma austeridade imposta à França que Marine Le Pen aproveita para fazer a apologia da saída do euro como condição necessária para se assegurarem os interesses dos povos e explica a existência de tensões entre os povos europeus e exemplifica com as relações atuais entre a Alemanha e a Grécia afirmando que os fortes tratam os países do sul como "parasitas, gastadores, preguiçosos".
Há uma guerra económica que está a decorrer na UE através de um dumping social. Quando Le Pen fala de dumping social está a referir-se ao preço do trabalho que está a ser comparado com a venda de produtos abaixo do praticado no mercado, isto é, as empresas procuram eliminar a concorrência à custa dos direitos básicos dos trabalhadores. Os empregadores violam os direitos dos trabalhadores com o objetivo de conseguirem vantagens comerciais e financeiras justificando a necessidade de competitividade.
É evidente a sua posição é coincidente com opiniões de muitos políticos ao dizer que, "Quanto mais se avança mais a UE se transforma num palco… onde também decorre uma guerra psicológica que não une os diferentes povos mas sim, ao contrário, os divide cada vez mais e os põe em confronto. Penso que as nações são a estrutura mais adequada para ao mesmo tempo assegurarem a defesa dos interesses dos seus povos sobretudo para criarem relações equilibradas entre as diferentes nações".
Para Le Pen, Angela Merkel é a "patroa de tudo" a "diretora da prisão" que é a União Europeia e Durão Barroso era "o chefe dos guardas da prisão".
A atitude quanto à questão grega é muito próxima das posições da esquerda, pelo menos em Portugal. O que é imposto à Grécia sobre o que deve e como deve, ou não, fazer nada tem a ver com a soberania do povo grego é devido ao que ela apelida de "ditadura europeia". A "eurosteridade" é a ligação indissolúvel entre o euro e a austeridade.
Sobre este ponto merece a pena registar o que Marine Le Pen disse sobre Junker quase defendendo uma teoria da conspiração baseada no livero Clube Bilderberg de Daniel Estulin: " É o chefe dos guardas prisionais que sucedeu ao antigo chefe da guarda prisional, que era Barroso. Faz exatamente a mesma coisa. Eis dois exemplos de pessoas que vão para Bruxelas precisamente com urna ideologia do mundialismo porque eles nem sequer defendem os interesses da Europa. Passaram a vida a assinar acordos de trocas livres com o mundo inteiro. 0 objetivo deles não é defender os interesses dos europeus é o de criar um mercado único mundial. Vemo-lo com o Tratado Transatlântico[1], no qual os mais fortes ganharão, as multinacionais ganharão, e os fracos morrerão. E isso está a ser feito pagando o preço de sofrimentos horríveis. No vejo onde está o progresso, por exemplo na situação em que se encontra a Grécia ou Portugal, com as perdas de direitos das pessoas, os recuos de vantagens sociais, as perdas salariais, as privatizações forçadas. Mesmo com muita imaginação não consigo encontrar um pingo de progresso nessa situação. Apenas vejo regressões e recuos".
A questão das nacionalizações da banca que, ao longo dos tempos tem sido uma das bandeiras das esquerdas mais ou menos radicais, é recuperada por Le Pen ao defender que "Se um banco tem problemas é preciso nacionalizá-lo, mesmo de forma temporária… Por muito liberal que seja a Grã-Bretanha compreendeu que o Estado-estratego deve defender o interesse dos seus compatriotas e não hesitou em nacionalizar bancos quando foi necessário".
A troika, é um organismo tripartido que "está a reenviar os países para a idade média económica" e "cujo único objetivo é defender os interesses dos bancos das grandes instituições financeiras, dos credores dos países e de modo algum defender os interesses dos povos".
Se não conhecêssemos a autora destas ideias poderíamos atribuí-las a um partido de esquerda radical.
Os milhões de euros transferidos para Grécia não chegaram à economia através do povo que nada recebeu, foi para salvar os bancos, especialmente franceses e alemães que transferiram os riscos para os estados. Aliás isto já foi confirmado por Philippe Legrain.
A saída do euro é uma hipótese que ela coloca, voltando não ao velho franco mas a uma moeda que será o novo franco. Concorda que não é fácil acabar com o euro de forma pacífica e afirma que tal é antidemocrático porque são os povos que decidem. Dá o exemplo do que se tem passado com a Grécia que demonstra que a europa diz que os povos devem votar mas que "o seu voto não tem qualquer importância nem influência, quer dizer que estamos numa ditadura" que ela denomina "euroditadura". Diz ainda que "não é o povo grego que é soberano na Grécia. É a ditadura europeia que impõe à Grécia o que deve ou deve fazer".
Aqui em Portugal a direita e a esquerda vão apelidando o pensamento de Le Pen de populista, de acordo o que lhes interessa ou não. A linguagem política de Marine Le Pen é direita e de esquerda tendo como objetivo agradar e captar votos à esquerda, à direita e ao centro. Tudo quanto vier à rede são votos.
Muitas pessoas podem ser tentadas a reverem-se nas posições tomadas por Marine Le Pen que muitos dizem ser populistas. Sê-lo-ão de facto ou serão realistas face ao atual contexto europeu? O problema não está em saber se o discurso e as mensagens que transmite são ou não populistas, se algumas são ou não aceitáveis sejam de direita ou de esquerda mas, antes de mais, tentar perceber onde tudo isso poderá levar. Experiências de discurso idêntico, divergindo o seu conteúdo apenas no contexto histórico em que foram pronunciados foram de má memória.
Poderemos ser levados a pensar que, se o populismo defende os interesses do povo dum país e segue os preceitos dos regimes democráticos em liberdade, então seremos também populista. Mas quem garante que para cumprir o prometido e sua execução não seja lançado o germe de pré ditadura a reboque de implementação das tais medidas populares. Tanto mais que afirmações do seu pai, Jean Marie Le Pen, foram demasiado graves para que isso não possa acontecer.
Se os 25,2% que o populismo de Marine Le Pen da Frente Nacional conseguiu são um facto inegável, então, deve tornar-se numa preocupação para os próprios franceses. Porque muito do que defende Marine Le Pen é o sentir de muitos, mas ditaduras também se geram aproveitando-se de regimes democráticos. Há oradores eloquentes e ardilosos que podem atrair um grande número de seguidores desesperados por mudanças.
Em 1932 os nazistas tiveram 33% dos votos, mais do que qualquer outro partido. Em janeiro de 1933, Hitler foi nomeado chanceler, o líder do governo alemão, e os alemães acreditaram que haviam encontrado o salvador de sua pátria.
Nós, por cá, ainda não nos preocupamos muito com partidos como a FN por que as direitas unem-se e as esquerdas dividem-se. Nunca se sabe quando poderá surgir alguém que se coloque entre as duas, não rigorosamente ao centro, mas aproveitando o que ambas possam ter de bom e poderemos ser levados por populismos.
Mas há sempre quem, em Portugal, com discursos desajustados à realidade venha dizer em público que "Polémicas político-partidárias não criam um único emprego". O debate político e o confronto partidário de ideias não servem para nada. É este tipo de pensamentos que revelam potenciais ideias de partido único. A apresentação e a discussão de diferentes pontos de vista sobre veracidade de factos políticos devem servir para reforçar a democracia e não para a destruir.
Um Presidente da República que se cola clara e descaradamente a um partido, neste caso que está no Governo, deve estar com uma qualquer pedra no sapato, esperando em troca uma proteção sabe-se lá sobre quê.
[1] O Acordo de Parceria Transatlântica (APT), negociado desde Julho de 2013 pelos Estados Unidos e pela União Europeia, é uma versão modificada do AMI. Prevê que as legislações em vigor dos dois lados do Atlântico se verguem às normas do comércio livre estabelecidas por e para as grandes empresas europeias e norte-americanas, sob pena de sanções comerciais para os países infractores ou de reparações de vários milhões de euros em benefícios dos queixosos.
Os disparates de responsáveis políticos têm proliferado por aí, os meus também, mas tenho desculpa porque não desempenho qualquer função política nem exerço qualquer cargo nessa área, pelo menos até ver… Nunca digas desta água não beberei.
Comentando o hediondo crime praticado em Paris perpetrado por assassinos a soldo de "seitas" que dizem praticar ideais muçulmanos que, neste e noutros casos de impulso jihadista ou semelhante, revelam são ser mais do que assassínios.
A este propósito veio uma deputada europeia do PS, Ana Gomes, afirmar no Twitter que "o terrorismo é um dos resultados da austeridade". Criando polémica, esta afirmação veio logo a ser por ela "explicada" tentando justificar o injustificável.
Apenas lhe faltou associar a austeridade à criação de um pseudo estado islâmico (EIIL-Estado Islâmico do Iraque e do Levante) e do seu líder califa Abu Bakr al-Baghdadi que veio ressuscitar a idade média dos califados, e, já agora ao que se está a passar no Iraque e na Síria.
O disparate não paga imposto mas devia, e bem alto.
¿Por qué no te callas
Este mês de agosto tenho andado arredado da política nem sei bem porquê talvez desiludido com uma direita que nada resolveu, mas antes agravou os problemas que diz serem sempre e todos dos outros e de uma esquerda receosa de propostas e estacionada para ver em que param as modas.
Entretanto vários diplomas têm vindo a ser preparados enquanto os portugueses embriagados pelo sol e pelos banhos talvez como preparação para as banhadas que irão apanhar até final do ano vindas a todos o vapor por esta direita desgovernada por um primeiro-ministro também ele com os comandos desgovernados.
Veio agora o tempo das universidades de verão do PS e do PSD. Fantochadas que, sob o pretexto de aulas, não são mais do que meras propagandísticas partidárias, está bem de ver. O título de universidade de verão com que aqueles partidos resolveram pomposamente designar os seus comícios restritos que nada têm a ver com o trabalho isento e metodologicamente científico que se faz nas universidades. Dali nada sai como contributo válido para a resolução dos problemas do país e obviamente das pessoas que nele vivem. São meras lavagens inconsequentes que apenas servem para regar as cabeças dos que ainda têm paciência para tomar a injeção ideológica vinda especificamente de uma direita neoliberal que, desastrosamente, nos tem desgovernado e que servem apenas para comunicação social divulgar.
Quanto ao PCP e ao BE continuam com o seu já habitual discurso panfletário e comicieiro este, diga-se, mais do lado do BE na voz da sua cabeça feminina.
E assim vai a política nacional num final de verão com Portugal dominado por terroristas incendiários, que ceifaram várias vidas no combate às chamas e aos quais o Presidente República não ser referiu tal qual fossem gente sem a importância que lhe merecesse. Ninguém tem a coragem de investigar a fundo e de apontar o dedo aqueles terroristas incendiários, limitando-se as autoridades a prender os suspeitos do costume como sejam o bêbado do lugar, o idoso que se quer vingar do vizinho, o maluquinho da aldeia que sobe encostas íngremes de uma serra para lançar fogos em várias frentes coincidentemente na mesma área, e outros que tais.
Houve ainda o infeliz desaparecimento do Dr. Borges que lamentamos apesar de em nada concordarmos com o seu contributo com pontos de vista radicais que, enquanto conselheiro, muito ajudaram Passos Coelho a destruir o tecido social fazendo-nos aproximar a passos largos de alguns países do leste europeu para, segundo eles, podermos ser competitivos. O que não podemos esquecer é que, quando aí chegarmos, os investimentos por que tanto ansiamos partirão para outros locais ainda mais competitivos.
Considero qualquer tipo de terrorismo cobarde, criminoso, abjeto e outros adjetivos similares. A morte de pessoas e a destruição de bens pelo terrorismo é lamentável e os culpados deveriam ser exemplarmente punidos. Este tipo de terrorismo a que me refiro, quando tem fins políticos, religiosos e ideológicos é, por norma, reivindicado por organizações clandestinas que querem ter protagonismo pensando assim que defendem causas. É como se dissessem, somos de tal organização, defendemos isto, estamos aqui e fizemos aquilo.
Todavia há outro tipo de terrorismo que prolifera no nosso país que é o dos incêndios das nossas florestas na época de verão, alguns cobardemente provocados, outros por negligência que não deixa de ser também criminosa.
Do meu ponto de vista estes incêndios são também atos de terrorismo premeditado tanto ou mais cobarde do que os anteriormente referidos porque destroem riquezas florestais colocam em risco pessoas e bens, não são reivindicados por ninguém, desconhecem-se quais os objetivos ou quaisquer organizações a que eventualmente pertençam. É um terrorismo sem rosto sobre o qual se tem especulado muito e descoberto pouco. Que tipo de gente é esta que obtém vantagens com este tipo de terrorismo cujas causas e origens não são conhecidas nem identificáveis, que destroem o país onde os seus filhos e netos irão viver, condenando-os a um deserto de montanhas e áreas escalavradas e onde irão surgir eucaliptos e outros “projetos” destruidores do ambiente? Afinal o que pretendem? Quem pretendem atingir?
Portugal é o quinto país do mundo com a maior área de eucalipto plantada. Esperemos, já agora, que a “fúria” das exportações, nomeadamente as da madeira para pasta de papel e o incentivo à plantação de eucaliptos que o Ministério da Agricultura, Mar e Ordenamento do Território, pela mão da sua ministra, não vá estimular os incêndios de matas de pinheiros onde depois se plantarão eucaliptos que crescem rapidamente com o consequente lucro rápido e fácil, porque este é o país do vale tudo!
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