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Tesourinhos deprimentes

por Manuel_AR, em 23.03.17

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Ultimamente tenho evitado persistir em comentar e dar opiniões sobre Passos Coelho, salvo algumas situações pontuais, mas, ao fim deste tempo não aguentei mais, tantas são as disfunções no exercício político na oposição que tem revelado.

Não queria comentar demasiado as preleções que faz para dentro do seu clube de amigos do partido que a comunicação social tem feito o favor de divulgar. Não, não estou ainda a referir-me à escolha da Teresa Leal Coelho para a Câmara de Lisboa.

O que ele anda por aí a propagar são autênticos tesourinhos deprimentes que ao mesmo tempo são reveladores duma amnésia política artificial e infantilizada, qual criança que pretende intrujar o adulto com medo de se sentir atormentada por ter feito uma maldade.

Diz aquela candeia que ilumina o PSD que o PS tem “uma retórica infantilizada” sobre a austeridade, dizendo que está a acabar quando, na verdade, está a ser redistribuída com um orçamento restritivo.”. Pois, até parece que sim, mas aqui a amnésia de Passos Coelho é muito evidente. Acusa outros de estarem a fazer o que ele esqueceu que fez, mas pior.

O líder do PSD acusa o PS de se “ajoelhar” perante a Comissão Europeia. Como como num sketch de Herman José, “fantástico Melga!”. E isso que dizes é verdade Melga? E, Melga, tu garantes-me que testaste isso na Comissão Europeia, Melga?

Passos, referindo-se ao tema do fecho dos balcões da CGD, afirma que, sendo pública, não pressupõe “até certo ponto” um nível de serviço público. “Até certo ponto”? Qual o sentido disto? Mas qual ponto? Quem fala assim não é gago e manifesta uma amnésia seletiva pois foi ele e o seu governo quem fechou mais serviços públicos. Passou a ser agora amigo dos trabalhadores da banca quando no tempo dele a banca privada fechou balcões em catadupa. E mais, foi quando o PSD esteve na governação que a Comissão Europeia aprovou o fecho de 150 balcões da Caixa Geral de Depósito.

Acho que todos se recordam de quando lhe foi imputada responsabilidade no caso das transferências para offshores, o que considerou inaceitável. O líder do PSD parece sofrer de aterosclerose política de prognóstico grave quando se coloca no papel de virgem ofendida, por haver um primeiro-ministro que “não pede desculpa por tentar enlamear as pessoas que estiveram no seu lugar”. Esta frase é outra que faz parte dos tesourinhos deprimentes de Passos complementados pelas fugas para a comunicação social onde, numa reunião, chamou ao atual primeiro-ministro vil, soez, reles e outros mimos de boa linguagem política.

Para a Câmara de Lisboa foi escolher uma candidata que apesar de ter responsabilidades no partido, é vice-presidente, não passa ela própria também dum tesourinho deprimente que foi apenas escolhida pela confiança e amizade. A confiança não confere qualidade e a amizade muito menos.  Nem sempre as pessoas de confiança podem ser sempre as melhores escolhas. O PSD de Passos é um grupo de amigos que giram à sua volta e que ainda o apoiam sendo eles próprios tesourinhos deprimentes.

Passos Coelho pode falar muito bem, mas só convence quem se quer deixar convencer. Fala “como se um cangalheiro a tenter salvar o país com o discurso de um cangalheiro…”. Não sou eu que o digo, é alguém dentro do PSD que o disse.

Muitos mais tesourinhos haveria para recordar, mas não me quero alongar para não martirizar os seus amigos mais próximos do partido que eventualmente leiam este “post”.

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publicado às 17:32

O parente pobre do jornal "SOL"

por Manuel_AR, em 29.11.14

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O Jornal i parece ter passado a ser o parente pobre do jornal "Sol" desde que foi comprado pela Newshold, SGPS, SA. Note-se que esta empresa é detentora do jornal "Sol" e agora também do jornal "i". Tenho seguido o percurso deste jornal desde o seu aparecimento em termos de independência e estatuto editorial que tem vindo a sofrer alterações ora mais ao centro, ora mais à direita, ora mais à esquerda. Continuo a ler o jornal mais por ter em consideração muitos dos(as) jornalistas que lá trabalham.

A Newshold, detentora do jornal "Sol" tem 15% da Cofina que é dona do "correio da Manhã" e do jornal de "Negócios" e 1,7%.

Nos tempos áureos de Relvas, dezembro de 2012, saiu uma notícia no "Jornal de Negócios" que divulgava a intenção de Álvaro Sobrinho divulgava nas páginas de hoje do jornal "Sol" a lista de acionistas da Pineview Overseas, a sociedade que detém a Newshold, que era candidata à privatização ou concessão da RTP.

Álvaro Sobrinho é um empresário angolano, antigo diretor do Banco Espírito Santo (BES) em Lisboa e do banco BES Angola até pelo menos dezembro de 2013.

Este empresário detém, a título individual, 5% do BES Angola, assim como cerca de 3% da Espírito Santo International, através de várias sociedades detidas maioritariamente por si. A Espírito Santo International controla, por sua vez, a maior acionista do Banco Espírito Santo, a Espírito Santo Financial Group, a qual, por sua vez, controla o Banque Privée Espirito Santo (BPES) na Suíça, entre outros. Como presidente do BES tinha sido chamado ao Banco de Portugal para dar explicações sobre uma comissão de € 8,5 milhões que teria recebido de uma consultoria dada a um cliente em Angola.

Os editorais do jornal "i" de Luís Rosa que, após a compra, é diretor do jornal, passaram a ser, como já eram, de um neoliberalismo feroz, tacanho e enquistado e pleno de propaganda implícita ao regime, diga-se do governo, que ele mostra defender mais do que comentar políticas.

Fala este sábado da questão da lei do enriquecimento ilícito que tem sido adiada, segundo ele, por falta de consenso por parte do PS. Fala dos casos de corrupção que tem havido, porque mal seria se não o fizesse, mas foca sobretudo o caso de Isaltino de Morais, deixando em branco casos como o do BPN e outros que estão em águas estagnadas. Termina dizendo que temos que ter uma lei do enriquecimento ilícito, o que, para qualquer um parece óbvio, para "não termos mais Isaltinos", diz, como se este caso fosse o máximo do enriquecimento ilícito, esquecendo outros que apenas enuncia mas que estão na base da corrupção e branqueamento de capitais.

Salienta a ideia de Teresa Leal Coelho, uma galinha do PSD que cansa qualquer cidadão por monopolizadora de diálogos, de "passar alargar o crime a todos os cidadãos, permitindo abranger, além dos funcionários e titulares de cargos políticos o setor privado". Quem não está de acordo com esta ideia? O problema é que tudo terá repercussão apenas para o futuro. E todos os casos de enriquecimento ilícito do passado ficam todos a salvo porque, entretanto, ninguém mais lhes vai tocar. Estarão a salvo.

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publicado às 16:05

A galinha cacarejante

por Manuel_AR, em 12.06.14

 

Teresa Leal Coelho é a galinha cacarejante do PSD cuja verborreia é bem conhecida nos debates televisivos. Não lhe chamaria debates mas antes monólogos cansativos cuja densidade nem sequer deixa prender a atenção do telespectador.

O mais grave é que os jornalistas mediadores não conseguem conter a azáfama da galinha cacarejante. Esta coelha não fez mais do que, dando um entrevista ao Jornal Público vir defender o outro coelho sobre o que disse sobre a mesma matéria.

Tem vindo desta vez cacarejar tecendo autênticas animosidades contra o Tribunal Constitucional e colocando em cheque os próprios juízes ao afirmar que deveria ser escrutinado e que os juízes escolhidos não foram leais aos partidos que os escolheram. Mas, desde quando é que os juízes de um tribunal, como o constitucional, têm que ser fiéis política e ideologicamente aos partidos de um governo que os escolheu.

Um regresso ao passado do Estado Novo seria para esta senhora e para o seu partido o ideal. Que gente é esta que se tem formado na Universidade Lusíada para gerir Portugal. Falou-se muito na credibilidade da Universidade Lusófona por causa de Relvas, mas seria curioso investigar aquela outra…

A galinácea Teresa Coelho justificou-se na TVI24 refugiando-se numa linguagem técnica cuja maioria dos portugueses que a ouviram não entendeu. Baralhou tratado orçamental com a Constituição e chegando veladamente afirma que os tratados europeus se deveriam sobrepor à Constituição da República. Isto é como se dissesse que deveria meter-se a Constituição na gaveta.

Não se coloca aqui a questão de críticas que todos nós podemos ou não fazer ao TC, apoiando ou desaprovando as suas decisões mas a da gravidade das afirmações que ultrapassam qualquer crítica que se possa fazer. Admitir sanções jurídicas quando decidam contra matérias decididas pelos governos. Mais, defende esta coelha que "os juízes do TC estejam sob uma avaliação pública sobre o seu pensamento filosófico-político" (o sublinhado é meu). Então os juízes do TC devem ter opções ideológicas, pensamento filosófico e políticos em consonância com os governos? Este é o espírito que sai da leitura das suas afirmações. O que ela propõe são opções como as dos estados totalitários, sejam eles de base soviética ou fascista.

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publicado às 23:47


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