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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Mário Nogueira da Fenprof, ao longo dos anos em que tem estado à frente desta organização sindical, tem sido um dos que tem contribuído, e muito, para a degradação da imagem da escola pública que diz defender. É um revolucionário do tipo leninista aplicado ao grupo dos professores fazendo jus ao nome que lhe atribuo como sendo o “Pequeno Lenine dos Professores” e o “Grande Educador do Professorado”.
Mário Nogueira em nada tem contribuído através da sua ação sindical para a melhoria da qualidade do ensino por parte dos professores. É o herói do mais e do menos: mais dinheiro, única coisa que ele sabe que move os professores, mais regalias, mas menos tempo de trabalho, menos avaliação, menos horas de serviço, mais e menos etc., etc.. Lenine, personagem querida ao PCP, disse que “Se você não é parte da solução, você é parte do problema”, de facto, Mário Nogueira tem sido a parte do problema e não a parte da solução.
Mário Nogueira à semelhança dos partidos da direita tem acusado António Costa de ter feito um golpe de teatro. O que António Costa fez foi bater o pé com a ameaça da demissão fazendo com que o PSD e o CDS fossem obrigados a recuar. Se Costa fez um golpe de teatro, Cristas do CDS e o PSD mostraram a sua arte circense ao fazer contorcionismo e explicarem com incoerência e confusão que não voltaram atrás. Mário Nogueira não faz teatro, prefere as artes circenses e a especialidade de trapezista, elevando-se no ar cada vez com mais risco e se pensava que tinha rede que lhe detivesse uma queda acidental, António Costa retirou-lha. E parece que o seu partido, o PCP, também.
Talvez, por isso, Nogueira, nos últimos tempos, tem andado numa agitação com a visibilidade com que os media o estão a contemplar. Mostra-se enervado por não ter o apoio das famílias que sofrem indiretamente na pele o descalabro da sua luta reivindicativa irrealista e prejudicial para as finanças sustentadas pelos nossos impostos.
As intervenções, comunicados, cartas aos professores, ameaças várias, ultimatos e, coisa espantosa, até a hipótese que considero remota, de “estar a pensar desfiliar-se do PCP devido à posição agora assumida por este partido”, tendo o líder da Fenprof comentado que ainda não teve “tempo para pensar nisso”, mas também não descartou esta possibilidade.” Esta afirmação veiculada pelo jornal Público foi ontem desmentida por Mário Nogueira.
O que Nogueira disse foi: “Pelo contrário, apesar de a pergunta ter sido feita, o que foi respondido foi que não estava a pensar nisso, pois enquanto eu estiver num partido com que concordo no essencial, apesar de haver posições com que possa não estar de acordo, não iria sair.” Que pode conferir aqui. O certo é que “também não afirmou, em nenhum momento da conversa que manteve com o PÚBLICO, que a possibilidade de se desfiliar do PCP estava posta de lado.”. Enfim, Nogueira, baralha e dá de novo.
Tudo isto porque o PCP recusa “enganar os professores” e aprovar propostas de PSD e CDS que “Mais cedo ou mais tarde, os professores vão assumir que fizemos bem”, como disse Jerónimo de Sousa.
Também em declarações à TSF nesta terça-feira, o antigo secretário-geral do PCP Carlos Carvalhas disse que só entende o apelo aos partidos de esquerda feito por Nogueira na véspera “pelo desespero”. “A certa altura, as pessoas agarram-se a qualquer coisa”, acrescentou.
Este afã de Nogueira faz-me lembrar o canto do cisne. Pressente que o seu ego de sindicalista revolucionário incentivado pelo seu partido pode vir a estar em causa caso venha a perder esta luta que tem travado como os seus fiéis cavaleiros, havidos por mais dinheiro, pela enorme contagem do tempo de serviço congelado, que arrasarão caso vá para a frente o erário público durante anos seguidos.
O que exaspera Mário Nogueira porque o pode deixar fragilizado tem duas componentes: por um lado, a perda desta luta que o deixará sem força, tal como Sansão a quem Dalila cortou o cabelo, e, por outro, a votação do PCP e do BE contra as propostas da direita.
Tempo de serviço dos professores: Foto da reunião de trabalho na Comissão de Educação no Parlamento entre PSD, CDS, PCP e BE*
Tal como os treinadores de futebol são os bodes expiatórios dos fracassos das equipas ou os maiores no caso das vitórias, a função da oposição de direita é permitir que possamos culpar alguém pelos seus próprios fracassos.
Parece-me ter sido Winston Churchill quem disse que “a arte da previsão consiste em antecipar o que acontecerá e depois explicar o porque não aconteceu”. Foi isto o que aconteceu quando António Costa ameaçou demitir-se e ao Governo. A sua capacidade de previsão e de antecipação.
A causa foi a oposição à esquerda e a oposição à direita que se uniram para fazerem passar a reivindicação da contagem de todo o tempo de serviço devido à congelação das carreiras que o radical Fernando Nogueira andava há muito a pedir mostrando uma posição inflexível e incompreensiva.
Se há uma inteligência política ela consiste mais do que num conhecimento profundo na capacidade de tomar conta da situação, coisa que a oposição de direita não conseguiu. Pelo contrário, a esquerda que se manteve coerente arrastou para o seu lado a direita com um voto comprometedor organizando-se numa chamada coligação negativa.
A direita, ao contrário da esquerda, não compreendeu que estava em jogo um pouco de coragem para poder correr o risco da perda de alguns votos dos professores, coisa que o partido no Governo, através de António Costa compreendeu preferindo perder alguns votos dos professores em nome da exigência orçamental futura. Isto é, optou por Portugal e pelos portugueses mostrando, ao contrário da coligação negativa que não tinha propósitos eleitoralistas como a direita dizia. Quem afinal tinha intenções eleitoralistas.
O PCP disse recusar “chantagens e ultimatos” e até acusou o PS de calculismo a que o “acorrentado” Mário Nogueira se juntou pegando no discurso da direita do golpe de teatro e da criação de crises artificiais.
Jerónimo de Sousa e o PCP parecem estar a esquecer-se das táticas leninistas. Então o calculismo não faz parte das estratégias políticas de qualquer partido em democracia. O que se observa do Paramento não são tudo estratégias bem calculadas?
António Costa fez chantagem? Claro que sim. E se não a fizesse o que aconteceria? Deixar-se-ia arrastar para uma espécie de abismo caso fosse governo na próxima legislatura mesmo que minoritário.
A estratégia eleitoralista do PSD e do CDS ao avançarem pelo caminho que seguiram de fazerem aprovar uma lei para a contagem integral de todo o tempo de serviço dos professores, (os tais 9 anos e mais), mesmo a partir de 2020, para além da captação de alguns votos dos professores, poderia levar ao seguinte raciocínio:
Há uma grande probabilidade de o próximo governo saído das próximas eleições legislativas ser do Partido Socialista.
Caso seja minoritário, poder vir a ter o apoio parlamentar do PCP e do BE.
Logo, o próximo governo irá encontrar dificuldades, devido aos encargos orçamentais provocados pela despesa aprovada e destinada aos professores e a outros grupos profissionais que, também tendo direito, se colocariam na fila reivindicativa, facilitaria à oposição de direita a argumentação necessário para acusar o governo de descontrole da despesa pública devido às esquerdas unida, termo este muito querido a Assunção Cristas.
Resta-nos perceber como é que a direita, se ganhasse as próximas eleições, iria resolver o problema da excessiva despesa para a qual teria contribuído e se iria fazer cortes em salários e pensões e aumentar impostos?
* Só falta o Mário Nogueira
1. A educação, com a participação de todos os seus agentes e atores, especificamente os professores, é o eixo fundamental para a continuidade dos valores e da cultura de uma sociedade democrática em que a relação professor-aluno, em parceria com as famílias, é geradora de responsabilidades mútuas no desenvolvimento das crianças e jovens.
A escola é corresponsável pela educação global dos alunos desenvolvendo-lhes competências, de participação democrática, responsabilidades coletivas e pela organização de funções pedagógicas e sociais que se projetam na área envolvente, isto é, a comunidade enquanto conjunto dos pais, famílias, encarregados de educação, juntamente com instituições locais e globais ao nível país. É neste meio que a escola executa a sua ação educativa, e a sua imagem projeta-se através dos professores; são eles que lhe dão visibilidade, a valorizam ou descredibilizam.
O modelo de escola democrática não é o conjunto das salas de aula, vai mais longe na sua dimensão, traz à luz novas e inesperadas dimensões e características nas práticas quotidianas do professor. Assim, é importante refletir sobre o paradigma que defende que o professor deve ocupar-se exclusivamente dos conteúdos programáticos deixando o desenvolvimento das competências sociais para momentos isolados da prática letiva e/ ou para outros profissionais, separando-os do conjunto das competências que são parte integrante do processo de desenvolvimento do aluno.
A crescente complexidade da profissão docente não se compadece com a enunciação sindical do papel do professor com o risco da normalização que não se adequa à complexidade das mudanças sociais que se operam.
O professor é confrontado com dificuldades da sua realização profissional e pessoal, condição base para o exercício da profissão e do sentido da sua ação, (preocupação canalizada pelos sindicatos apenas para o nível financeiro por si só mobilizador).
A complementaridade da ação educativa dos professores com outros profissionais da educação (psicólogos educacionais, assistentes sociais educacionais, entre outros) é a chave para a reorientação do papel do professor.
Aqui parece-me poder haver espaço para uma contribuição positiva por parte dos sindicatos que, nas últimas décadas, apenas se preocupam e mobilizam os professores para reivindicações desapropriadas e desajustadas através de movimentos grevistas de diferentes tipos que prejudicam a comunidade educativa no seu todo.
Considera-se que o sistema de ensino, nomeadamente o ensino básico e secundário, pode constituir-se como um “campo social”, ou seja, um sistema onde se confrontam oposições entre diferentes classes e frações de classe que concorrem entre si e desenvolvem práticas que visam defender ou conquistar lugares na estrutura social operando através de “condutores sociais” de características reivindicativas para materializar a recomposição social desse campo.
A classe dos professores é um campo recetivo a lutas sociais e de reivindicações salariais, regalias, direitos, carreiras e outras de vária ordem de interesse corporativo que oneram o Estado desajustando-se de outros campos sociais do trabalho pela fatia do bolo do Orçamento que pretendem lhes seja distribuído.
Como deixei inicialmente transparecer a profissão professor não pode simplesmente ter por missão transmitir conhecimentos aos discentes e, por isso, é exigível uma formação profissional e avaliações adequados que deva passar apenas pela obtenção de uma licenciatura que lhe confere um posto de trabalho no Estado garantido para toda a vida.
2. Após o 25 de Abril de 1974, nomeadamente nos anos 80 e 90 do século passado, a mobilidade social ascendente intergeracional pelos descendentes de classes sociais e profissionais mais baixas realizou-se pela via da obtenção de um diploma de um curso superior que, aparentemente, fosse fácil e desse rendimento, status e consequente prestígio: ser professor (a) ou educador (a) de infância era passar a fazer parte duma classe média adquirida via profissão e, muitas vezes, complementada pelo casamento. É evidente que a partir desta análise não podemos generalizar.
No antigo regime, não havia a massificação do ensino e à profissão de professor apenas tinham acesso os oriundos das classes superiores. Após os anos 80 e 90 o acesso a esta profissão passou a ter acesso qualquer classe por mecanismos de condições salariais e sociais. Dado o aumento dos níveis de escolaridade e a antecipação de risco de potencial desemprego a estes fatores podemos acrescentar ainda uma potencial apetência pela profissão de professor(a), nomeadamente por parte do sexo feminino que, devido a uma tacanhez cultural socialmente herdada do passado se adequava mais a esta profissão. Não é por acaso que o sexo feminino é quem domina a profissão de docência no ensino básico.
Tudo isto me leva a refletir sobre as autodenominadas lutas dos docentes do básico e secundário do ensino público que se agravaram na altura do ministério de Maria de Lurdes Rodrigues em 2008 quando Mário Nogueira, o líder da Fenprof, iniciou o seu protagonismo contra a avaliação dos professores que aquela ministra queria introduzir. E, como outra coisa não seria de esperar, a classe colocou-se contra a medida. Afinal quem gosta de ser avaliado? Os professores acham que a obtenção dum curso, mesmo que para a docência, estão avaliados por natureza para toda a vida e que a avaliação foi feita na devida altura (argumento ouvido na altura por sindicalistas), como se nada evoluísse. O que estava em causa era a insegurança gerada pela avaliação devido às frágeis competências dos professores em vários domínios. As progressões nas carreiras e os salários têm de ser obtidos por mérito. Os professores não devem, não podem ser um bando de irresponsáveis que apenas olham para o que recebem e, se possível, sem esforço.
Se recordarmos as razões das greves estas têm sido contra os despedimentos (emprego no Estado, quais?), contra o horário de trabalho de 40 horas. Pelo direito ao emprego (reivindicação abstrata e subjetiva). Pela dignificação da aposentação. A estas misturam-se, para dissimular interesses corporativos, a luta pela qualidade do ensino e pelo futuro dos alunos, como se estes dependessem daquelas reivindicações e pela defesa da Escola Pública. Uma amálgama de reivindicações que se cingem apenas às que aos professores interessam: mais dinheiro, menos trabalho e menos responsabilidades.
3. Os professores têm como missão muito especial a educação de gerações de crianças que é de grande responsabilidade e, mais do que qualquer outra profissão, exige sacrifício e dedicação, coisa que os líderes sindicais esqueceram há muito: estar à frente dos alunos. O seu intuito é terem sempre à mão massas de professores contestatárias com promessas de aumentos salariais e redução de responsabilidades.
Os professores têm uma responsabilidade acrescida, e a mensagem que devem passar aos alunos não é o da defesa dos seus interesses, mas a da qualidade do serviço público que não é consentânea com boicotes a avaliações e faltas às aulas. Haverá, com certeza, outras formas de luta sem prejuízo dos alunos. Eles não são “patrões” são formandos em aprendizagem, também social.
As crianças em idade escolar para além das matérias reportadas às disciplinas estão também a fazer uma aprendizagem social por modelagem. Assim, quando o observador tem um modelo que, no caso, é o professor trata as pessoas que estão ao seu redor com respeito e consideração, o observador mesmo em situações novas irá apresentar comportamentos idênticos ao do seu modelo, tratando todos com respeito e consideração.
A aprendizagem por observação permite a aquisição de regras, conceitos e estratégias de seleção. Os professores são modelos para as crianças. As crianças ao observarem modelos de comportamento e atitudes inferem as regras de classificação e as generalizam em novos estímulos.
Os alunos avaliam o seu modelo enquanto professor: faltou às aulas para fazer greve; a nossa professora fala, durante as aulas, na defesa dos seus direitos; não tenho avaliação porque o professor faltou porque está em greve às avaliações por mais direitos e salários. E têm o direito de questionar se também podem fazer greve quando a professora falta aos seus compromissos. E o meu pai que faz sacrifícios para me manter na escola e não tem possibilidades de pedir aumento nem restrição de obrigações? O pai comentará lá em casa: é uma imoralidade!
Desta forma a modelação vai gerar um comportamento de respostas apropriadas quando o observador se encontrar em situações de padrões semelhantes. Demonstrou-se que a modelação no ensino de regras pode ser maior que a experiência direta.
4. O que está em causa não é o direito à greve a que os professores devem ter, mas não como quaisquer outros porque o prejuízo cai sempre nos alunos. Estes não são os patrões e não podem servir de meio de pressão. Os alunos não podem ser o meio pelo qual os professores se servem para atingir objetivos de classe e exercer “força” sobre a sua entidade patronal que é o Ministério da Educação.
Uma greve terá de causar prejuízo sem o qual não terá o efeito pretendido, mas no caso dos professores prejudica terceiros que nada tem a ver com a reivindicação. Em vez de se atingir a entidade com quem o sindicato está em luta atinge ainda mais os que se encontram à margem da greve, como é o caso dos alunos e das famílias, cujos elementos são trabalhadores e que também são os prejudicados.
A próxima greve está prevista para os dias 1 a 4 de outubro. Nada mais conveniente, já que o dia 5 é feriado e coincide com uma sexta feira. Uma semana inteira sem aulas sendo-lhes descontados apenas 4 dias devido à greve. Mas salve-se a situação nesse dia há manifestações! Para a maioria dos alunos, nesta fase inicial do ano letivo a falta dos professores às aulas pode ser uma festa, o mesmo não o será para as famílias que terão de arranjar soluções para que os seus filhos não fiquem á “solta” fora das escolas, com os consequentes prejuízos nos locais onde trabalham e onde terão de pedir dispensas.
O que os professores pretendem no que se refere à contabilização dos tempos de serviço é uma medida que, pelas contas do Ministério das Finanças - contestadas pelos sindicatos - implicaria um aumento de 31% na massa salarial dos docentes até 2023, ano em que os custos com os vencimentos seriam superiores em 635 milhões de euros aos atuais. O sindicato diz fazer outras contas, mas o que sabem eles sobre as finanças públicas no seu todo? Terão eles a noção do impacto financeiro na despesa pública do eventual reposicionamento dos professores do tempo que lhe foi retirado por anteriores governos, mas que até agora mantiveram em silêncio absoluto? Ainda não fez quatro anos que estivemos sobre pressão duma troika imposta e colaboracionista com os neoliberais do PSD e CDS e, por isso, ainda não estamos a fim de libertar recursos financeiros sem controle.
5. O último número junho/julho da revista do SGPL - Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, Escola Informação, apresenta um extenso dossier sobre a greve às avaliações. Os artigos são uma espécie de panfletários de inspiração leninista aplicados à atualidade. Esta gente parece não entender o problema que existe em Portugal saído de uma grave crise financeira da qual está ainda longe de ser debelada. Os professores parece não quererem entender que ainda há uma larga maioria de portugueses que vive em situação difícil e que, indiretamente, estão a prejudicá-los com as suas reivindicações.
Os sindicatos e a Fenprof não ajudam com a procura dum remédio. Querem a cirurgia mesmo que ela possa vir, a prazo, causar a morte do paciente. Para a Fenprof e para Mário Nogueira tudo se resume à questão de poderem vir a gritar vitória aos quatro ventos.
A Fenprof faz comunicados tentando responsabilizar os partidos através de avisos ao exemplo de ultimato alertando que os professores estão atentos à postura que os partidos vierem a assumir no futuro próximo. Escreve-se no comunicado: “será com expetativa que, agora, os olhos dos professores se dirigirão para os partidos políticos, tanto os que negociaram e votaram o orçamento do Estado do ano em curso, como os que, não o tendo feito, têm assumido posições que reconhecem as razões da reivindicação dos professores." Isto é, vejam lá que as eleições estão á porta e nós somos muitos a votar.
Talvez os professores votem todos á direita para que ela lhes resolva o problema umbilical.
6. Já é bem conhecida a política do fartar vilanagem de partidos como o PCP e o BE quando se trata de distribuir dinheiro, com o pretexto da defesa dos trabalhadores. É a política do tudo pode ser dado e tudo é possível. Sabem que nunca terão responsabilidades governativas e, como tal, sacodem os pingos da chuva do capote quando calha. Todavia, no que se refere a este caso, parece haver por parte daqueles partidos alguma lucidez. Resta-nos esperar que sim.
7. Não era necessário o estudo da OCDE para sabermos que os professores, são das profissões mais bem pagas e valorizadas face à riqueza do país. Os salários dos docentes portugueses estão abaixo dos colegas estrangeiros, mais ricos e cujo nível de vida é bastante superior, mas acima dos outros trabalhadores nacionais com cursos superiores. Bem podem os sindicatos e Mário Nogueira fazer ginástica com os números, rebuscando aqui e ali aquele dado que está fora por baralho que são exceções que já não convencem ninguém.
As vozes de professores ululantes, atiçadas pelo seu líder Mário Nogueira, far-se-ão ouvir sem a tomada de consciência dos prejuízos causados que, com intransigência, querem ver satisfeita com avidez.
O que Mário Nogueira está a ver colocado em causa não são os direitos dos professores, mas ele próprio e a sua credibilidade. Daí a insistência no que ele sabe ser impossível de obter pelo menos no seu todo. Como já referi ele gostaria de cantar vitória porque isso iria colocá-lo-ia num pedestal esquecendo-se de que há outros milhares de trabalhadores, aposentados e reformados que aguentam em silêncio as mais variadas injustiças. Para os sindicalistas da Fenprof e para Mário Nogueira quando lhes convém o Estado somos nós (frase de Lenine), noutras circunstâncias o Estado é o patrão explorador.
Regressado duma viagem por Espanha e por França deparo-me mais uma vez com as reivindicações duma classe, dita de professores da função pública, manipulados pelo seu grande educador e líder sindical Mário Nogueira que já nem se recorda do que é dar aulas. É o exemplo do líder sindical, que leva os professores a serem uma espécie de mercenários da educação que querem trabalhar o mínimo por mais dinheiro. Lutam pela manutenção de alguns dos seus privilégios, mas têm aos poucos vindo a roubar à profissão o prestígio, a autoridade e a simpatia que ela deveria ter junto da comunidade que é suposto servir.
Temos ainda tantos setores sociais, como o da saúde, educação (salários dos professores não incluídos) carenciados que necessitam de verbas e exigem-se agora verbas astronómicas para manutenção de privilégios que poderia ser feita gradualmente.
Quantas famílias vivem neste país que trabalham com um ordenado mínimo e fazem os possíveis por manter o seu emprego trabalhando horas a fio observam, atónitos, aqueles que deveriam estar mais preocupados e centrados nas avaliações dos alunos em vez de reivindicações impossíveis de satisfazer de momento. para conseguirem ainda mais dinheiro obtido com a contagem integral do tempo de serviço desde há nove anos, que até poder ser legal e de justiça, mas esquecem-se, estes intitulados professores, de que estamos ainda a sair duma crise que sacrificou muitos trabalhadores e que, decerto, não foram eles, os do ensino público, os mais atingidos. Reconheço e dou valor ao trabalho dos professores, os que merecem esse epíteto e que são, felizmente, a grande maioria, cujo trabalho não é muitas vezes devidamente reconhecido por alunos e encarregados de educação.
Não discuto se a luta reivindicativa de reconhecer os 9 anos 4 meses e 2 dias é ou não legalmente justa. Naturalmente sê-lo-á. Mas há nove anos estávamos em 2007 e no governo encontrava-se José Sócrates como primeiro-ministro, que continuou até 2011. De 2011 a 2015 esteve no poder o governo de coligação de direita PSD-CDS chefiado por Passos Coelho e Paulo Portas. O senhor Mário Nogueira, tirando uma escaramuça aqui e ali durante todo aquele tempo, não abriu a boca sobre o tempo de serviço que lhes foi retirado, mas agora reclama. Porque só agora esta luta desenfreada, com ameaças de greves a exames e prejuízo da abertura do próximo ano letivo que apenas prejudica alunos, encarregados de educação e famílias?
A classe dos professores é aquela que, quer em regalias, quer em remuneração média, é das mais elevadas na função pública e até do setor privado. O manipulador sindical Mário Nogueira faz mover os professores acenando-lhe com mais euros para os seus bolsos e arrasta agora outros para a sua luta de prestígio pessoal e sindical que o leva já ao culto da personalidade pelos ditos professores ululantes no que toca à obtenção de mais dinheiro.
A classe professoral sabe que tem um patrão, o Estado, que não os pode despedir por mais que prejudiquem a educação. O outro patrão, o da política, é o Nogueira, é a ele que prestam vassalagem para obterem o possível e o impossível. É uma espécie de ditadura professoral que não tem quem lhe faça frente. Quem poderá vir no futuro tirar vantagens com este tipo de movimentações?
Só alunos, pais e encarregados de educação poderão barrar atitudes de ditadura professoral colocando de lado opções políticas e partidárias e unindo-se numa grande manifestação nacional contra o boicote que Mário Nogueira e outros como ele pretendem fazer aos exames, às notas e à abertura do ano letivo levando consigo uma classe que deveria ser um prestígio para o país. Pais e encarregados de educação são os únicos que poderão travar este boicote e acabar de vez com atitudes ditatoriais de um líder sindical que desprestigia uma classe.
Embora esteja sempre, ou quase sempre, em desacordo com os pontos de vista e as ideias políticas de João Miguel Tavares vejo que, mais uma vez, estou de acordo com o que escreveu no jornal Público que podem ler aqui.
Alguns textos de opinião que por aí circulam na imprensa diária têm-se insurgido com quem se tem manifestado contra o oportunismo dos professores do ensino público mobilizados pela Fenprof e também de outros setores da função pública que reivindicam os mesmos direitos de reposição integral das carreiras congeladas com a respetivas retribuições remuneratórias, isto é, querem que lhes sejam pagos cerca de nove anos de remunerações devidas ao congelamento das carreiras.
Entre aqueles encontra-se Domingos Lopes ex-membro do Comité Central que abandonou o PCP após uma carta enviada à direção datada de 7 de Setembro último, em que deixa violentas críticas ideológicas e políticas e também de atuação pessoal no partido e que, sobre o tema e que escreveu um artigo de opinião no jornal Público do último 25 de novembro.
O artigo padece de alguma confusão de factos causados pelo anterior governo e que o autor compara com as reivindicações dos professores da função pública. Comecemos ponto por ponto:
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