Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Deixem de ser cromos e otários. Vão, mas é ao teatro
(in afrutamaisacida.blogs.sapo.pt, 18/01/2020)
Ontem fomos ao teatro coisa que fazemos não tantas as vezes as desejadas. A peça “Casal da Treta” com José Pedro Gomes e Ana Bola está em exibição em Lisboa no Teatro Villaret até março.
O texto de Filipe Homem Fonseca, Mário Botequilha e Rui Cardoso Martins e encenação de Sónia Aragão, é inferior ao das peças anteriores como a Conversa da Treta e filho da Treta. Apoiada na suposta vida em comum do casal brinca com várias questões da atualidade como a “igualdade de género”, com as telenovelas, com "o bairro onde vivem” e com alguns traços de humor e crítica política passando por temas como fitness e sexo que fazem desprender gargalhadas.
Olhando para a assistência lamenta-se a exígua assistência da juventude que parece ter apostado em abandonar o teatro de qualidade nas suas diversas vertentes.
Os jovens parecem preferir a bandalheira dos espetáculos de “stand-up” onde o riso fácil é soltado pela ordinarice das asneiras sucessivas e descontextualizadas com base em anedotas soltas teatralizadas, sendo algumas apenas clichés e déjà vu.
Esses pseudoatores e pseudo-humoristas de stand-up que começaram a proliferar por aí, alguns deles promovidos por alguns canais televisivos que não primam pela qualidade cultural. Este tipo de espetáculo não é inovação em Portugal, já foi protagonizado em vários sketches desde 1961. Enchiam-se salas de teatro para ver, ouvir e rir a bandeiras despregadas sem o recurso à ordinarice desbragada.
Não eram anedotas tiradas daqui e dali e interpretadas a belo prazer do intérprete, eram textos escrito com princípio meio e fim.
Se pensam que sou militante dum puritanismo com moralismos empedernidos estão muito enganados(as). Sou pela qualidade e pelo apoio aos bons atores e não aos atores de esquina e de café de bairro que contam “anedotas porcas” para fazem rir os seus amigos lá do sítio. Não menciono aqui nomes para não me falhar algum e não pretendo ofender outros que terão com certeza qualidade e que saem do grupo a que me refiro.
O que lamento é que a juventude siga esses forjados atores/humoristas(?) enquanto atores credenciados procuram, por vezes, em desespero trabalho.
Meus meninos e meninas deixem de sustentar essa gente oportunista que se lançam pelo youtube e pensam que são os maiores do humorismo português lá por que lhes colocam likes e fazem visualizações aos milhares. Deixem de ser cromos utilizados por esses autointitulados humoristas e vão ao teatro verdadeiro.
Vejam só, até pipoqueiras nomeadamente a autodenominada “A Pipoca Mais Doce” em setembro, para aí mais ou menos, lançou-se novamente a fazer comédia Stand-up. Atritos houve na altura por causa desta treta porque foi notícia no meio que, devido ao nome que a dita pipoca resolveu dar ao nome do seu “show” a ideia parece “não ter sido na altura bem recebida por dezenas de internautas, que se mostraram desagradados com o nome que ela escolheu para o seu espetáculo - 'Sou Menina P'ra Isto'. A causar revolta está o facto de Ana Garcia Martins ter optado por um nome muito semelhante ao de uma recente websérie de Salvador Martinha - 'Sou Menino Para Ir'.
Enfim, é uma forma de ganhar a vida à custa da piada fácil e corriqueira que certo de tipo de público corre a pagar para que o seu(sua) ídolo viva bem. Há ainda as moderníssimas webséries, outra forma de ganhar a vida com apenas algum tempo e esforço. Há sempre quem pague para ver. Há gente para tudo!
P.S.: Não incluo nesta crítica os poucos e bons autores humoristas e intérpretes de stand-up de Portugal, felizmente também os há, dos quais me escuso de dizer os nomes para não causar ciumeira aos outros. Cada um que assente a carapuça que lhe sirva.
Teatro, do mau Miró-O cantor
Esta gente inculta que surgiu no PSD, e também no CDS, desejosa de viver à mesa dos impostos que o Estado nos cobra e do esbulho duma grande parte da sociedade portuguesa que não tem poder reivindicativo, na sua maior parte sofre de distorções culturais e sociais que contrariam os princípios que deveriam ter adquirido nas escolas que frequentaram ou que não lhes foram incutidos no seio familiar. A resistência que têm em romper com as barreiras da sua incultura social e política apenas são comparadas à resistência que houve em admitir as observações de Galileu que na altura punham em causa a Bíblia. Um exemplo da sua incultura revela-se através do caso do leilão das obras de Miró que, para eles, não são arte mas apenas uns rabiscos sem interesse a não ser para alguns pretensiosos intelectuais que são um peso para o país.
Não aceitam a realidade com que se deparam e, por isso, não renunciam às suas práticas tecnocráticas que aprenderam nos manuais por onde estudaram por não terem a capacidade suficiente para proceder à sua aplicação. O pensamento deles situa-se numa atitude do este povo não presta, devíamos era substituir o povo para que tudo desse certo.
Escudam-se em argumentos, por vezes contraditórios para justificarem a sua incompetência e, ao mesmo tempo, atacam tudo quanto mexe que saia fora da realidade virtual que eles criaram a partir do que simplesmente assimilaram sem reflexão em universidades privadas, por vezes de credibilidade duvidosa, com um corpo docente de pensamento vincadamente unilateral e de mente cientificamente pouco aberta.
Infelizmente, muitos daqueles fazem parte de grupelhos isolados com tendências protofascistas infiltrados em partidos democráticos de direita, são o resultado de uma pequena parte da geração do antes 25 de abril de 1974 que nunca aceitou esta data como uma realidade no que reporta à cultura e prática política democrática.
O pensamento liberal radical desta gente radica na premissa de que para haver justiça social é necessário sacrificar o povo, todos nós leia-se, para que a economia resplandeça como um milagre. Pouco importa que alastre, ou não, a miséria, que a saúde regresse ao passado e a doença seja algo que é benéfico para que muitos idosos morram, que a educação seja um privilégio para alguns, disfarçando-a de ser para todos.
Propagam-se as ideias de fé, de esperança, aa falsas promessas e, sobretudo, pretendem expandir a caridade praticada por instituições, embora dignas de apreço, às quais são concedidas verbas dos impostos pagos por todos e pelos cortes sociais retirados aos que deles necessitam para, depois, irem estender a mão à tal caridade.
Esta gente faz teatro, do mau, diga-se, e no teatro tudo se finge. Mas neste teatro que tristemente representa a pobreza, a miséria, o sacrifício dos mais fracos, continuamente açoitados pelas mãos duras dos carrascos, são reais. Esta frase, inspirada na leitura da Cidade de Ulisses, adequa-se perfeitamente à atitude política dos que atualmente fazem de conta que governam o nosso país.
O chefe desta canalhada que governa Portugal tem uma resiliência ilusória, qual metal oxidado há muito por exposição ao ar mas que, ao ser dobrado quebra mas ao mesmo tempo suja as mãos de quem lhe pegou com a cor ocre da ferrugem.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.