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Se há alguém que tem que mudar são os táxis. Os taxistas ainda não perceberam que tudo está em mudança, incluindo os transportes e a mobilidade urbana.

A manifestação dos taxistas por boas razões que tenha não é mais do que um protesto que apenas serve para protelar um problema que, mais tarde ou mais cedo, terá apenas um fim, o reconhecimento de empresas do tipo Uber e Cabify ou quaisquer outras que se instalem no mercado. Os taxistas estarão sempre contra qualquer legislação desde que não seja a manutenção dum monopólio cujas traves mestras da lei que os regulamenta, como sejam contingentes, limites geográficos, viaturas caracterizadas que data dos anos 40 fazendo de conta que desconhecem que o mundo está a mudar. Por mais que se justifiquem alegando que o problema é da lei injusta o que na realidade pretendem é continuar com o monopólio deste tipo de transporte. A classe constituiu-se numa espécie de máfia dos transportes individuais que destrói propriedade alheia (a dos concorrentes que não fazem parte do grupo) para manter o controle dos transportes públicos individuais dos espaços urbanos.

Os estabelecimentos de venda direta ao público de bens e serviços deveriam também manifestar-se contra as vendas dos mesmos online, porque estes estão também em manifesta vantagem em relação aos tradicionais.

O que os táxis pretendem é o que, naturalmente, o comércio e serviços das grandes cidades gostaria também pretenderiam. Numa economia de mercado que todos desejamos a competição é salutar para melhoramento dos serviços prestados.

Não são os taxistas que ditam o que é bom, ou o que é mau, nem a qualidade dos serviços que uns e outros prestam, é o cliente que sabe o que quer, e que, quando não quer, ou não lhe serve, possa escolher.

As desculpas das obrigações e os encargos que uns têm e outros não, são determinados pela legislação. Poderão os taxistas ter razão, mas o problema não é esse, é que mesmo que assim fosse arranjariam novos argumentos para contestar qualquer novo modelo de serviço prestado.
Eles têm direitos e obrigações de serviço público, como sejam os benefícios fiscais na compra dos veículos, o uso das faixas BUS, o exclusivo das praças de táxi, a simplicidade de formar um contrato de transporte com o cliente a partir de um simples braço no ar na via pública. Estas vantagens que são (e serão) exclusivas dos táxis têm obrigações correspondentes. O preço é “dado” pelo taxímetro, os condutores são profissionais, as Autarquias decidem qual o número de táxis no seu território.

O que pretendem é manter o monopólio dos transportes individuais nas cidades.

As novas tecnologias que a Uber ou qualquer outra empresa utilizam facilita a vida aos cidadãos deste modo os taxistas deverão responder adaptando-se, arranjando novas soluções para poderem competir. Vivemos num mercado de livre iniciativa e a concorrência é salutar para o consumidor.

Recordo-me há alguns anos que os taxistas na altura se insurgiram contra o alargamento do acesso a novos alvarás. É uma classe conservadora do seu monopólio, sem capacidade de inovação, acomodada a uma legislação que, de certo modo, sempre os protegeu apesar de lhes exigir demasiado.

Claro que o PCP aproveita a oportunidade política para mostrar o seu conservadorismo no que se refere à evolução e ao mercado da livre concorrência. Revê-se na corporação taxista por ser uma espécie do sempre sonhou, o mercado controlado por monopólios geridos pelo Estado. Por outro lado, protege cooperativas de táxis que lhe são mais ou menos afetas.

Não é justo que os táxis tenham de pagar alvarás e licenças e os condutores da Uber não, mas os táxis devem arranjar alternativas de concorrência com a Uber fornecendo serviços de transporte público, individual, que também o são, com inovação e competindo em qualidade.

A Uber não é um táxi é um serviço de condutor e viatura que eu contrato particularmente para me transportar para onde quero. Os taxistas não querem perder o controle da cidade, não querem mudança que sirva para melhorar o serviço aos utentes.

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publicado às 16:27

O taxista

por Manuel_AR, em 25.03.15

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Hoje de manhã desloquei-me de táxi na cidade de Lisboa para uma distância relativamente curta. Como não era hora de ponta, não chovia, nem havia greve do metro não foi difícil mandar parar um.

Entrei, disse bom dia e indiquei ao taxista a localização para onde pretendia dirigir-me O rádio do táxi estava ligado para uma estação que me pareceu ser a TSF onde um dirigente duma associação de estudantes duma universidade falava com voz enrouquecida, talvez opela gritaria na manifestação do dia anterior..

Raramente converso com os taxistas que me transportam, sejam eles jovens ou idosos. Alguns são reformados cuja reforma recebida não chega para a sua sobrevivência. Outros fazem parte do grupo dos que trabalham ainda complementarem a reforma que lhes foi cortada. Quando deviam estar a gozar os últimos anos de vida despreocupadamente vêem-se na obrigação de arranjar um biscate, tirando lugar aos mais jovens.

Este argumento até parece o de Passos Coelho e do seu antigo ministro Relvas quando diziam aos que tinham ainda tinha trabalho que estavam a tirar a oportunidade de emprego aos jovens.

O meu ponto de vista é outro. Passo a colocá-lo sob a forma de expressão interrogativa.

Sou pelo envelhecimento ativo, mas se muitos dos reformados tivessem pensões que lhes permitisse viver condignamente estariam eles a tirar lugar aos mais jovens? Com grande probabilidade que não?

Tentava descortinar o tema que saía da rádio que me paraeceu relacionado com os estudantes que ontem, dia do Estudante, se manifestaram em Coimbra e em Braga quando o senhor taxista, sem que eu o solicitasse ou "provocasse", iniciou um monólogo  sobre o assunto.

- Pois claro, disse-lhes para se irem embora mas agora diz-lhes para voltarem para e a outros para ficarem por que têm oportunidades aqui em Portugal.

A minha resposta foi o silêncio.

- Cortou em tudo - continuou o taxista - muitas famílias não puderam continuar a ter os filhos a estudar, retiram-lhes até as casas.

O meu silêncio foi a resposta.

- O que ele anda é a caçar votos. Pensa que somos todos parvos! Mas não somos!

Tinha vontade de encetar um diálogo mas isso iria contra a minha abstenção de falar com os taxistas que me transportam.

Voltou à carga.

- Anda a ver se consegue enganar as pessoas. Caçar votos é o que ele quer.

E eu nicles. O destino que lhe tinha indicado aproximava-se. O táxi começou a abrandar.

Como homem do povo ainda teve tempo para mais um desabafo sincero.

- Andou para aí a dizer que se lixassem as eleições…

Desligou o taxímetro.

- Ele anda mas é a caçar votos. O pior é que ainda há muitos que estão a ir na conversa dele. O que ele quer é votos!

- São 4,35 euros, se faz favor.

Era o que o taxímetro marcava.

Tirei cinco euros e entreguei-lhos.

- Fica assim - disse-lhe.

- Muito obrigado.

- Sabe o que lhe digo - respondi-lhe - o senhor tem toda a razão só não vê quem não quer.

Foi a primeira e a única vez que dei resposta a um taxista.

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publicado às 15:17


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