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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Recordo-me em novembro do Governo propor uma contribuição extraordinária sobre as telecomunicações para aliviar os cortes nas pensões e reformas para que houvesse uma distribuição mais equitativa dos sacrifícios. O que aconteceu entretanto? Esta medida que foi anunciada em novembro, na altura da preparação do Orçamento de Estado para 2014, foi logo contestada. Pressões surgiram do setor tecendo argumentos contra esta contribuição. Quem apareceu de forma muito subtil também a opor-se àquela medida foi o Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações intervenção no 23.º Congresso da APDC-Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, de forma velada, veio em defesa do setor das telecomunicações.
Mais uma vez, e como sempre tem feito, o Governo amedrontou-se, recuou e cedeu perante as pressões dos mais fortes que deveriam saber ser uma contribuição extraordinária e de repartição de sacrifícios. Este Governo espezinha apenas os que sabe de antemão não terem força de protesto. Isto demonstra o caráter de quem nos governa. Procura sempre os alvos mais fáceis.
Para animar a "malta" o Ministro da Economia Pires de Lima veio hoje dizer que o ano de 2014 vai ser o ano da recuperação económica e que vamos sair da crise. Talvez, esperemos bem que sim. A pergunta que se impõe é quem vai sair da crise? Não são, com certeza, os que já foram muito prejudicados. Parece-me ser mais uma preparação para as próximas eleições europeias de maio. Preparam-se, mais uma vez, para enganar os portugueses porque creem que eles têm memória curta. A minha não é curta e está bem presente e espero que os milhões de eleitores que o governo tem sacrificado a outros interesses financeiros se recordem do passado. É que as eleições para o Parlamento Europeu podem ter influência na nossa política interna.
Tenho um enorme respeito pelo Banco Alimentar contra a Fome e pela obra desenvolvida e muitas vezes tenho contribuído quando e conforme posso. Deste modo, tudo quanto venha a dizer a seguir trata-se apenas de um comentário ao artigo de opinião de Henrique Raposo intitulado “O Banco Alimentar e o Ódio” publicado no jornal Expresso de 7 dezembro último e em nada tem a ver com a minha posição sobre
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"Esta crise é uma oportunidade de bondade, de caridade, de solidariedade. Bendita crise que nos trouxe ao essencial." César da Neves
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Esta vítima da injustiça humana só pode ter perdido a razão…
Agora passarei a ser mais um inimigo que o condena não à morte, mas à tolice mórbida.
César das Neves entrou num estado de espírito que é dominado pelas emoções ou pelos sentidos com perda da noção da realidade circundante, quero dizer, entrou em êxtase. Para o confirmar basta ler o arquivo que escreveu no Diário de Notícias no dia 18 de novembro.
O que este senhor amigo dos pobres, como se pode confirmar pela sua entrevista à TSF no dia 17 de novembro é um pregador, qual bispo da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) que foi predestinado para pregar a redenção das almas pecadoras, qual profeta enviado do reino de Deus se vê cruxificado.
Num dia afirma que "obrigar empregadores a pagar mais pelo trabalho é dificultar a vida aos desempregados com menores habilitações.". Aqui está uma subtil forma de colocar uns contra outros. Pois… Vejamos a ideia: vale mais ter menos ordenado e ter trabalho do que aumentar o ordenado mínimo porque beneficia os têm mais qualificações. Portanto… Tirem as conclusões que cada um quiser. Anda contra a corrente, inclusivamente dos parceiros sociais e da OIT (Organização Mundial do Trabalho) esta que apresentou um relatório onde aborda aquela e outras questões sobre o trabalho.
Se tinha dúvidas agora deixei de as ter, César das Neves é o eleito, e um mandatário de alguns setores do PSD e do governo para dizer aquilo que não podem ou não querem dizer publicamente.
Logo no dia seguinte uma explosão de confirmação do seu credo e profissão de fé (talvez para agradar ao D. Policarpo ex-cardeal de Lisboa). César das Neves considera-se o eleito pelo qual Deus, por Jesus Cristo, morreu para o salvar a ele, a vítima da humanidade. Claro que o artigo é suposto ser uma ironia aos que ele considera como inimigos.
Veja-se esta grande tirada irónica dirigida aos que o criticam a ele, o incompreendido:
"As razões da condenação acumulo-as a cada momento. Pequenas e grandes traições, mentiras e violências, egoísmo e mesquinhez; sobretudo a terrível tibieza e mediocridade em que mergulham os meus dias. De fora não se vê a podridão que tenho dentro. Nem os meus inimigos, que têm tanta razão nos insultos, nem eles sabem do mal a metade. Sou todos os dias muito justamente condenado à morte."
E mais esta:
Mas não sou eu que estou ali pendurado. É Ele. Ele, a única pessoa a poder dizer com verdade não merecer a morte, é Ele que está ali. "Jesus estará em agonia até ao fim do mundo" (Pascal , 1670, Pensées, ed. Brunschvicg n.º 553, ed.Lafuma n.º 919). Ele está em agonia, e a culpa é minha. E graças à morte d"Ele a minha tem remédio. A morte, em si mesma, é definitiva. Quem morre fica morto. Mas porque Ele quis morrer por mim, a minha morte tem saída. A minha morte pode ir para a vida. Se me agarrar a Ele, o único que voltou da morte.
Quem morre fica morto!!? Fez-me lembrar a Lili Caneças que uma vez disse, estar vivo é o contrário de estar morto.
Esta vítima da injustiça humana só pode ter perdido a razão… Agora passarei a ser mais um inimigo que o condena não à morte, mas à tolice mórbida.
A mistura de religião com política e com a economia passou a ser transcendente e, ao mesmo tempo servir para ironizar com o próximo. Ele esqueceu-se do primeiro mandamento que diz "não invocarás o santo nome de Deus em vão".
Em "post" anterior, sob o título "Os polémicos paradoxais", escrevi sobre os comentadores polémicos sem referir quaisquer nomes. Aqui está um, entre muitos, dos que poderiam constar. Penso até mais,ao escrever estas linhas, apesar dos meus poucos dotes para a escrita e um entre muitos desconhecidos, acho que lhe estou a dar a importância que nem sequer merece.
Ainda me recordo quando, no tempo dos governos de Salazar, a mendicidade e qualquer demonstração de pobreza em Lisboa era reprimida, quer nas ruas, quer em quaisquer locais públicos. Pedir esmola nas ruas de Lisboa e nos transportes públicos era uma vergonha para o Estado Novo, pelo que as autoridades estavam sempre atentas para intervir e até para levar para o “calabouço” quem exercesse aquelas práticas.
Não vou discutir quais as consequências visíveis e prejuízos para os cidadãos e para as cidades que advém do fenómeno, nem as suas causas, que são muito profunda e definem o tipo de sociedades que estamos a criar em Portugal, enquanto país de uma Europa que já foi, e deveria continuar a ser um exemplo para o mundo. Limito-me à constatação.
Não é que isto me afete diretamente ou que me cause profundas preocupações, porque elas não iriam, por certo, resolver o problema. Veio-me à memória porque na nossa Europa, sim na U.E. os sem-abrigo (retirando deste grupo os que fazem disso um modo de vida, porque os há) estão a ser há muito alvo de repressão e multas para quem dorme nas ruas, o que foi denunciado durante a II Convenção Europeia contra a Pobreza e Exclusão Social no dia 5 de dezembro, a decorrer em Bruxelas, onde se denunciou que, em vários países europeus, nomeadamente na Bélgica, Reino Unido, Hungria e a França, que são apenas alguns dos países que aprovaram leis para que os municípios possam editar regulamentos que preveem multas para quem dorme sistematicamente nas ruas. A maioria dos países da Europa tem leis semelhantes que não se referem especificamente aos sem-abrigo mas a mendigos e vagabundos. Justificam que não se trata da criminalização do fenómeno, porque não são acionadas leis penais mas apenas regulamentos municipais e locais.
À beira de se começarem a ultrapassar os limites da austeridade, será que, aplicar multas a estes grupos, será uma solução para resolver um sério problema social que, também em Portugal, se está a agravar cada vez mais? Será que o ministro da solidariedade e segurança social irá, mais uma vez, pedir esforço suplementar ao grupo dos menos pobres e remediados da sociedade, já esgotados até quase à medula e também aos que ele considera ricos, para resolverem este problema que se tem vindo a agravar nos últimos anos? Enquanto não olharem com olhos de ver para a economia bem podem esperar sentados que estes e outros os problemas se resolvam.
Para saber mais pode consultar o Jornal Público ou http://europa.eu/rapid/press-release_SPEECH-12-909_en.htm?locale=en
Já agora, para terminar, porque será que, quem reflete sobre estes problemas é sempre rotulado como sendo de esquerda? Será que cidadãos posicionados politicamente ao centro ou à direita, não se podem libertar dos pontos de vista monolíticos e exclusivamente partidários, problematizando, questionando, refletindo, discutindo e criticando o que está mal? Se a esquerda tem que fazer uma autocrítica e repensar os seus pontos de vista, a direita tem, por muito mais razões, essa difícil tarefa por fazer, ou acabará por apanhar apenas o combóio rápido para o deserto do subdesenvolvimento. O retrocesso não conduz a nada. A resolução para o problema do estado social não é a sua destruição mas a sua reconstrução tendo como inspiração países onde a direita social-democrata o matém vivo e com saúde.
Fonte: http://galeriacores.blogspot.pt/
Os verdadeiros patriotas e com sentido de responsabilidade somos todos nós os portugueses que aguentam tudo o que nos impingem sem lamúrias. Se todas as medidas tomadas por esta maioria que pusemos no governo do país os afetasse não seriam tão lestos a tomá-las, e, mesmo assim, se algumas há que os possa afetar conseguem sempre contorná-las em seu benefício.
Estão a conseguir e vão continuar a pôr ainda mais este país de tanga sem quaisquer objetivo bem definido e esperando que do céu caiam investimentos que milagrosamente criem postos de trabalho.
O CDS bem pode disfarçar e por-se de lado assobiando e vir dizer, através de um ou outro seu deputado, indigitado para o efeito, e passo a "traduzir" em português corrente e popular, que não concordam... e que... até se opõem a algumas medidas..., mas que, enfim,.... temos que fazer este sacrifício de apoiar por uma questão estabilidade política. Quer dizer dá uma no cravo e outra na ferradura.
Claro está que a estabilidade política a que se referem é a deles porque desde o tempo de Santana Lopes que não ocupavam o espaço do poder e, por sinal, muito mal ocupado e cheio de trapalhadas, basta ler a imprensa da época (refiro-me ao CDS). Portanto não poderiam perder esta outra grande oportunidade.
Uma aliança para que haja uma maioria parlamentar não tem que ser obrigatoriamente concretizada pela pertença a um governo. Ela pode funcionar do mesmo modo e sem que haja compromissos governativos, mas o poder ofusca este tipo de partidos anciosos pela ocupação e distribuição de cargos, como se, de um pagamento de dívida de serviços prestados às suas clientelas partidárias se tratasse.
Veja o caso do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de Mota Soares que foi ocupado para estimular a caridadezinha que, segundo ele, deve ser feita pelos cidadãos que em nada contribuiram para a pobreza e, tudo isto para cativar as populações mais desfavorecidas de modo a poderem colher dividendo eleitorais no futuro nem que, para isso, tenha que tomar medidas demagógicas que depois difundem pela comunicação social dizendo que "nós aumentámos as pensões mais baixas que estavam congeladas há vários anos...", resta saber quanto e à custa de quem! E não será que ele, o sr. ministro, retirou verbas aos desempregados e a outros também necessitados para essa habilidade política?
E muitos portugueses ainda continuam a acreditar nestes senhores! É preciso ser mesmo muito clubista!
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