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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
As sanções a Portugal, são um tema arrastado, com o entusiasmo da maior parte dos órgãos de comunicação social. Embora não avancem nada de novo vão especulando e oraculizando medidas, intenções, punições, cumprimento rigoroso das regras europeias apenas para alguns, é claro emparelhando com os partidos da direita, agora sentados no banco da oposição.
As declarações dos partidos sobre as ditas sanções, cujos trâmites se arrastam quais barqueiros rebocadores dos barcos do Volga, mais parecem treinadores de bancada a falar.
Os treinadores de bancada gritam para o ar, e para os seus vizinhos de bancada mais próximos, orientações aos jogadores, faz isto e não aquilo, se eu lá estivesse haviam de ver, vai para a rua e outras censuras. Quando o seu clube perde gritam que foram roubados e a culpa é do árbitro, do treinador e do selecionador.
Assim parece Assunção Cristas líder do CDS e a antiga Ministra das Finanças do Governo de Passos Coelho que apoiam uma direita europeia que está a pressionar o Governo português assim como outros políticos portugueses de outros quadrantes que gostariam de ver descarrilar a estabilidade governativa e social que até agora se conseguiu, vendo nas sanções uma oportunidade para colocar pauzinhos na engrenagem para conquistarem a hegemonia perdida.
Peroram sobre as sanções que têm como base o défice dos anos de 2013-15, que se refere ao passado, o deles, mas vislumbrando causas para tal no presente e no futuro.
Fazem o mesmo exercício que os treinadores de bancada. Gritando que a culpa é do atual Primeiro-Ministro e do ministro das Finanças que não souberam negociar, deduz-se que deve ser sobre aquilo que eles próprios prometeram e não conseguiram. Se eu estivesse lá não seria assim, grita agora da bancada Maria Luís Albuquerque, etc..
O patriotismo de lapela serve agora como justificativa para prejudicar o país.
Segundo o jornal Público até Cavaco Silva, “estraga unanimidade do Conselho de Estado sobre sanções”. Independentemente do cumprimento rigoroso do que está determinado pelas das regras do Tratado Orçamental, pelo menos internamente há que haver algum decoro na defesa do interesse de Portugal que está a ser palco de experimentações de regras que, até hoje, não foram aplicadas a nenhum país que estivesse em incumprimento.
Claro que a Cavaco, visto não haver um Governo da sua preferência, apoia as sanções, numa tentativa frustrada de aparente imparcialidade. O que fica por provar é se, nas mesmas circunstâncias, e com um Governo da sua fação, tomaria a mesma posição.
Acrescem ainda sábios comentadores de economia como José Gomes Ferreira da SIC, que diz que as sanções vão implicar austeridade e mais medidas que já constam. Se não constam agora irão constar. Lança achas para a fogueira em vez de ajudar a acalmar o fogo em nome de todos. Mas a obsessão da desculpabilização da herança das sanções sobrepõe-se ao interesse e à defesa do país. Não há plano B, mas tem que haver. Se não é agora, é amanhã. Se não for amanhã será no futuro. Mas será. Que desejo mais obsessivo e pleno de contentamento!
As instituições da U.E. mais parecem grupos semelhantes a “bullies”. Estes, como cobardes que são, rodeiam-se de outros, e escolhem sempre os mais fracos para exercer a sua violência, seja ela física, moral e, ou, emocional sobre outros seus pares nos espaços que ambos frequentam.
Muitos, como eu, estarão fartos e exaustos das políticas da U.E. apesar de sabermos da inoportunidade e perigos que poderão advir duma saída daquele agrupamento de países que pretendem impor um pensamento único de cariz ortodoxo.
A U.E. é uma espécie de Cérbero, cão de três cabeças que guarda as portas dum mundo no qual não se impede a entrada, mas impede-se a saída.
Quando alguém chega, Cérbero faz a festa, tece elogios. Quando alguém quer sair desse mundo ele impede sua saída a todo o custo. Cérbero torna-se assim um cão feroz e temido por todos. A U.E. é uma espécie de diretório multicéfalo com orientação de pensamento único de maioria dominante que pretende impor regras e submeter os mais fracos. Neste clube que domina o Parlamento Europeu encontram-se o PSD e CDS-PP que apoiam medidas mesmo que elas vão contra os interesses de Portugal, até quando se encontravam no poder.
Tudo funciona como uma espécie de bullying contra um aluno que se tem esforçado e tem conseguido, em parte, ser cumpridor embora, ultimamente, tentando um caminho diferente.
Quem manda na U.E. vê as coisas deste modo: há vários caminhos mas o único a seguir é aquele que nós impomos mesmo que, no fim desse caminho, seja a queda num precipício.
Nesta última semana o Brexit deixou de ser o prato do dia apesar das técnicas da confeção do cozinhado serem mais difíceis do que o problema português. Todavia, Portugal passou a ser um fator de de distração para os problemas de que enferma a U.E..
É mais do que evidente que as declarações sobre Portugal oriundas dos responsáveis máximos desta união de pensadores pretendem que não seja posta em causa a teoria do pensamento único. No livro, “A Realidade é Real?”, que li há muito, mas cuja leitura recuperei, Paul Watzlawick, escrevia no prefácio da página 7 o seguinte axioma: “A ilusão mais perigosa de todas é a de que existe apenas uma realidade.”
Os defensores dos argumentos do chamado “pensamento único” num mundo globalizado tanto a nível económico como a nível da informação, e, a sua inevitabilidade como fator de desenvolvimento, esquecem o conceito de democracia emergente nos finais do Século XX.
A filosofia do “pensamento único”, está a impedir, deformar, destruir, o livre pensamento, a discussão de ideias, a democracia participativa, a soberania e estados nacionais, a promover o controlo da comunicação social, caminhando para a restrição dos direitos humanos, etc., criando nos atores secundários que são as populações de países soberanos uma visível sonolência.
Em termos ideológicos os impositores desta “nova doutrina” na U.E. pretendem ser os apóstolos da única verdade impingindo aos países a crença de que ela é irreversível e que ou se adere a ela ou se fica à margem da História e do desenvolvimento.
Caso paradigmático é o que se tem passado nos últimos meses com adiamentos sucessivos sobre as ditas sanções a Portugal e a Espanha, neste último caso justificando o adiamento da decisão devido às eleições. Podemos tirar inerentes conclusões. Se a direita ganhasse por uma maioria confortável, o que não foi o caso, tudo ficaria solucionado e o caso encerrado com as desculpas do costume. Como assim não foi há que castigar o infrator, o povo espanhol, que votou contra o pensamento único votando numa maioria de esquerda, embora sem entendimento a nível das cortes espanholas.
No caso de Portugal a coisa é mais complicada e causa frenesim nos senhores “donos” da U.E. por ter sido possível um entendimento para uma maioria de esquerda parlamentar que sustenta um Governo do Partido Socialista no poder. Isto não agrada aos senhores da direita da U.E., onde se encontram o PSD e o CDS, portanto, há que castigar o povo que votou fora do pensamento dominante.
Apenas ensaístas, comentadores e políticos da cegueira neoliberal sabem que ficaria comprometida a política da ortodoxia vigente na U.E. se vier a ter sucesso outra política, colocando em causa o princípio do não há alternativa.
Para constatar o facto, basta analisarmos as declarações dos ex-governantes e representantes do calhambeque que forma agora a oposição ao Governo em Portugal.
Maria Luís Albuquerque fez afirmações que apenas constatam o que escrevo. Disse ela que “Se eu fosse ministra das Finanças a questão das sanções não se colocava”. Isto é, se Passos Coelho fosse ainda primeiro-ministro não haveria sanções mesmo que o défice do 3%fosse ultrapassado? É a comprovação de que há, de facto, uma retaliação da U.E. porque Portugal deixou de ter um Governo que deixou de seguir a via do pensamento único e da subserviência.
Outra pressão intencional, especulativa, com base numa falsidade, veio há dias do ministro das finanças alemão Wolfgang Shäuble ao afirmar que Portugal está a pedir "um novo programa" e que "vai consegui-lo". Claro que veio de seguida a corrigir dizendo que "Os portugueses não o querem e não vão precisar de um segundo resgate se cumprirem as regras europeias". O que é isto senão uma forma de pressão causando instabilidade nos mercados e sobre a dívida portuguesa. A justificação, para além de distrair sobre o Brexit devido é a de em Portugal não estarem no poder partidos de subserviência e seguidores de pensamento único, tão do seu agrado.
Há uma justificação que se pode avançar: se em Portugal a aplicação de outro caminho e de outras políticas alternativas tiverem eventualmente sucesso isso poderá comprometer a credibilidade dos defensores do não há alternativa a da aplicação de austeridade cega, extrema e contínua em países mais vulneráveis. A Wolfgang Schäuble isso não interessará que fique no seu “currículo”.
Não é admissível que responsáveis da U.E. ponham publicamente em causa a credibilidade e a confiança dos mercados sobre um país, membro de pleno direito, que tem feito os possíveis para cumprir as regras, interferindo ainda que indiretamente na sua política interna.
A Alemanha sempre teve e continua a ter ambições hegemónicas na U.E.. O final da guerra fria, (que agora passou a estar, outra vez, parece, em cima da mesa), com o desmantelamento da eis União Soviética veio facilitar-lhe aquela ambição de dominação.
Na ótica do desvio ao pensamento único, os meninos desestabilizadores, mal comportados, entenda-se que não escolham os seus governos de acordo com a linha dominante, devem ser repreendidos e castigados de forma persecutória. Não de verifica o mesmo empenho dos dirigentes da U.E. a criticar quando são eleitos governos de extrema-direita que limitam liberdades nos seus países.
Na U.E. a liberdade democrática através do voto popular está estabelecida e garantida, mas desde que esteja em linha a orientação oficial dominante, caso contrário o caldo está entornado.
A Alemanha e países alinhados terão pretensões de caminhar para uma U.E. menos democrática. Senão, leia-se o documento preparado por Wolfgang Schäuble, ministro das finanças alemão, publicado pelo jornal alemão Handelsblatt que pretende que uma entidade independente, separada da Comissão Europeia faça a análise dos orçamentos dos Países-membros da EU entre outras reformas ainda pouco claras quanto aos intuitos.
Afinal, o que se pretende é a ingerência nos Estados de modo a limitar cada vez mais a soberania de (apenas de alguns!) países apesar de membros dum clube de ricos.
Na política, e no Euro 2016 que ganhe Portugal!
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