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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Após uma primeira fase bem-sucedida, na fase atual parece-me que António Costa e o seu Governo adotaram o modelo sueco para contenção da epidemia, isto é, nada fazer, fazer pouco ou fazer de conta. Como se sabe primeiro-ministro sueco, Stefan Löfven, defendeu que o seu país escolheu a estratégia “correta” contra a pandemia, apesar de o número de mortes na Suécia ter sido muito superior ao resto dos países escandinavos.
O jornal Público de 27/08 anunciou que “A ministra do Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, confirmou nesta quinta-feira que o Governo irá prolongar a actual situação de alerta que está no continente, com excepção da Área Metropolitana de Lisboa, que continuará em situação de contingência.” Alegou a ministra que “as novidades” surgirão a 15 de setembro, com a elevação das restrições em todo o território. A ministra justifica que viveremos por essa data “um contexto mais difícil dado o contexto internacional, mudança de rotinas e a chegada do outono”, uma vez que um pouco por toda a Europa registam-se aumentos de novos casos de infeção “e o Governo não pode ficar indiferente a esse aumento” pelo que atuará "preventivamente relativamente à mudança de contexto”.
No mesmo dia 27/08 foram também conhecidos os novos casos detetadas: 399 infeções em Portugal nas últimas 24 horas, o maior número de 402 novos casos desde 10 de julho. Dos novos casos, 186, 47% foram identificados na região de Lisboa e Vale do Tejo, No Norte há 161 novos casos, o que corresponde a 40% do total e é o valor mais elevado desde 8 de maio.
Portugal registou hoje sexta-feira 28/08 mais seis mortes e 401 casos de infeção pelo novo coronavírus, o que corresponde a um aumento de 0,7%. Este é novamente o maior número de casos diários desde 10 de julho sendo o RT de 1,00 o que significa que cada pessoa infetada infeta outra.
Contudo as notícias insistem apenas nos lares de idosos como se esses fossem os grandes transmissores da doença esquecendo que a doença vem do exterior para dentro dos lares provavelmente levada pelos assintomáticos mais jovens que, em cadeia transmitem aos seus familiares.
O Governo tem a perceção de que tudo vai piorar não apenas pelas razões que a ministra apontou e que atrás foi referido. O Governo durante o período de férias abriu quase todas as janelas para a covid-19 entrar. A partir de outubro é que vamos sentir as consequências da abertura. Emigrantes portugueses que resolveram vir a Portugal, desconhecendo se poderiam ser potenciais portadores, assim como estrangeiros, sobretudo ingleses, que têm vindo a entrar ultimamente sem qualquer controle sanitário, apesar de tudo com contentamento da indústria turística algarvia que, de facto, se encontrava e encontra numa crise sem precedentes.
Há também grupos de procedência fora da europa, países de elevado risco que para Lisboa se têm dirigido com o intuito da obtenção de nacionalidade portuguesa para posteriormente darem o salto para outros países. São grupos, normalmente mais jovens, que se juntam e convivem em ambientes pouco salubres e que se espalham por vários locais das grandes cidades, sobretudo em Lisboa, e dos quais não se tem qualquer informação.
Para muitos de nós, portugueses, o contributo será o aumento do número de infeções consequência imediata das decisões de abertura quase sem limites, sendo Lisboa o concelho com maior crescimento de casos na última semana diferença entre o n.º de casos registados até dia 17 e até dia 24 de Agosto.
O Governo em vez de ter em conta a perigosidade de férias resolve contentar a população e contribuir para o descuido. Vendo a coisa a agravar decidiu agora pelo recuo, adotando uma estratégia preventiva em relação ao combate à propagação da pandemia da covid-19 em Portugal e abandonar a estratégia de aprovar medidas reativas em função da evolução dos dados epidemiológicos. O que deveria ter sido feito prevendo e por isso antecipando o que agora faz ao arrepio do controle da situação. A mudança de tática foi previamente comunicada ao Presidente da República.
Sempre fomos um povo de acolhimento sem restrições, mas neste momento gravoso para a nossa saúde pública, um pouco de contenção talvez fosse mais inteligente.
Não venham depois argumentar que foi o começo das aulas, o regresso ao trabalho, a falta de cuidado das pessoas, etc. sim, será isto tudo agravado por todo o resto causado pela obsessão do Governo pela abertura das portas e janelas. Somos os maiores, esperemos que não venhamos a ser os piores por ultrapassarmos a gravidade do que se passa em Espanha, França, Itália. Pretendem fazer-nos acreditar que é uma segunda vaga. Não há segundas vagas, o que há é o descuidado comportamento de todos e de quem nos governa.
Para Ventura do Chega num documento que entregou hoje, sexta-feira, um projeto de resolução no parlamento para revogar a decisão do Conselho de Ministros de declarar a situação de contingência. Ventura está naquela em que MORRA QUEM MORRER, FIQUE INFETADO QUEM FICAR, QUE MORRA, PIM! QUE VIVA A ECONOMIA, PUM! Parodio claro com "O Manifesto Anti Dantas" de José de Almada Negreiros.
À custa disso estamos a abrir demasiado as “portas” e o perigo é estarmos a traçar o caminho para que Portugal venha a ser considerado um Corredor do Covid-19.
Portugal pode ser excluído da lista de países considerados seguros pelo Reino Unido. Segundo o The Times, a lista inclui países como França, Espanha, Grécia, Itália e Turquia, mas Portugal é objeto de um “debate intenso” devido ao recente surto no Algarve.
O que se tem vindo a passar na RLVT - Região de Lisboa e Vale do Tejo após o alívio do confinamento especialmente no concelho de Lisboa tem colocado em causa as medidas que foram tomadas inicialmente no ataque à Covid-19 e cujo poder, através do primeiro-ministro António Costa, tanto elogiou o povo português pelo seu comportamento durante o confinamento.
Como a economia não pode parar durante tanto tempo, e bem, após ter terminado o confinamento parece ter-se entrado numa desbunda a que chamam as medidas para entrada numa nova realidade em que as medidas tomadas são plenas de contradições.
Ontem no Jornal da Oito da TVI foi entrevistado o presidente da Câmara de Lisboa Fernando Medina sobre as diversas questões relacionadas com o aumento de infetados pelo Covid-19 na Região de Lisboa e Vale do Tejo e no concelho de Lisboa. Medina teve um desempenho inseguro e pouco convincente nos seus argumentos sobre o controle da epidemia e sobre a vinda da “Champions League”. Sobre este último o argumento de Medina foi o de Portugal e Lisboa passarem a ser conhecidos no estrangeiro. Resta-lhe perguntar à custa de quê?
Foi ainda infeliz ao comentar o pedido de cerca para Lisboa dizendo que “Salvador Malheiro estava com saudades de ir à televisão”. Salvador Malheiro até pode ter exagerado, mas o argumento de Medina foi fraco. O líder do PSD, Rui Rio, veio criticar as palavras do presidente da Câmara de Lisboa. Em causa está o desafio lançado pelo autarca de Ovar, que defendeu a criação de uma cerca sanitária na Área Metropolitana de Lisboa para conter a propagação do vírus.
A realização da final da Champions League em Lisboa, onde nos últimos tempos surgiram vários surtos de Covid-19, está a causar polémica. No entender do primeiro-ministro, Portugal foi o escolhido entre outros para a realização do evento por ser seguro. Eu tenho outra leitura, Portugal foi escolhido porque outros países o terão rejeitado e porque Portugal abrindo as portas sem controlo e a quem quiser entrar e sem quaisquer medidas de segurança à entrada seria fácil calcular que Portugal iria receber o evento de braços abertos.
António Costa acrescentou que o evento "é também um prémio merecido aos profissionais de saúde", que demonstraram que Portugal tem um Serviço Nacional de Saúde (SNS) "robusto para responder a qualquer eventualidade". Esta frase caiu como uma afronta em alguns profissionais de saúde.
Todos sabemos, pelo menos os mais conscientes do problema que não estão em causa liberdades democráticas como muitos e muitas comentadoras a que se associam comentadores de traseira nas redes sociais nos querem fazer acreditar. O problema real está na economia e concretamente no turismo que se esvaiu. À custa disso estamos a abrir demasiado as “portas” e o perigo é estarmos a traçar o caminho para que Portugal venha a ser considerado um Corredor do Covid-19. Será possível que apenas a freguesia de Santa Clara seja a única que fica em situação de calamidade por ser limítrofe de outras fora do concelho de Lisboa? Será garantido que não haja freguesia no centro de Lisboa que não representem situações de risco até devido a agrupamentos de imigrantes ou refugiados que habitam em grupos que estão sem controle sanitário?
A quantidade de novos casos na região de Lisboa e Vale do Tejo, que há várias semanas é o "motor" da pandemia no país, preocupa as autoridades. A anunciada reunião de ontem da ministra da Saúde, Marta Temido, com António Costa, autarcas e com o presidente da Área Metropolitana de Lisboa foi mais um paliativo para mitigar a crise do aumento dos contágios nos concelhos da Região de Lisboa e Vale do Tejo.
Para ajudarem a desdramatizar e a tornear a questão os noticiários televisivos centram-se, mais uma vez, nos lares de idosos como se o real problema da expansão da pandemia estivesse aí. A pedagogia deve ser dirigida aos potenciais transmissores que são os dos grupos etários mais jovens como se mostra no gráfico seguinte.
O que se verifica é que a taxa de 4% de letalidade global por Covid-19 e de 17% acima dos 70 anos como afirmou a ministra da Saúde em conferência de imprensa. Está bem e então!? O que acontece é que são eles, os mais jovens, quem contagia os mais velhos e de outras idades mais novas com quem contactam.
Estive nos Estados Unidos da América, mais propriamente em Nova York, em 2003. Foram quinze dias inesquecíveis que me souberam a pouco. Era o tempo em que George W. Bush era Presidente do mais poderoso país do Mundo, aliás muito criticado, não por ser republicano, mas pela sua política disparatada e que, por isso, será lembrado. Muitos dos seus atos políticos serão difíceis de esquecer. O mesmo aconteceu com as suas frases, que eram motivo de risos e de constante perplexidade. Relembro uma das muitas frases malucas que Bush Júnior proferiu ao longo de sua carreira política tais como esta: "Os nossos inimigos são inovadores e engenhosos, mas nós também. Eles nunca param de pensar em como prejudicar nosso país e nosso povo. Nós também não" (Washington, 5 de agosto de 2004).
Podemos chamar-lhe trocadilho, lapso, ou quer que seja, mas em nada se comparam às contradições, mentiras, provocações malévolas, negacionismo do atual e pouco estadista presidente Donald Trump.
Peritos de saúde nos Estados Unidos têm ainda estado em desacordo com Donald Trump, que tem feito uma série de afirmações questionáveis, ou simplesmente falsas, a propósito do coronavírus. Disse que a taxa de mortalidade da gripe comum é “muito mais alta” do que 0,1% (depois de ter confirmado que era 0,1%, como dizem os especialistas); que “ninguém sabia o que era o Ébola antes de 2014” (o Ébola foi descoberto em 1976); desvalorizou o perigo e a progressão da doença, falando da possibilidade de uma vacina aparecer rapidamente (estima-se que leve um ano a ano e meio a estar pronta); mencionando os efeitos económicos do coronavírus, declarou: “Vai passar. Tenham calma.”
Segundo a BBC e dados do Censo, com valores referentes ao mês de março, mostram que mais de 27,5 milhões de americanos não têm acesso a seguros de saúde, o que terá feito com que muitos que apresentam sintomas ou requerem tratamento não recorram a hospitais por medo dos custos elevados. Mas para muitos que têm plano de saúde, o dinheiro com a coparticipação ou franquia têm de desembolsar uma quantidade de dinheiro que as seguradoras não cobrem e que em algumas ocasiões pode ser de milhares de dólares e também pode fazer com que muitos descartem a possibilidade de ir ao médico. Segundo dados da ONG Commonwealth Fund, mais de 44 milhões de pessoas encontram-se neste último grupo de "seguro insuficiente".
Com a conivência do partido Republicano Trump encara os EUA como se fosse o seu condomínio privado, um qualquer espaço de recreio infantil sujeito aos seus caprichos momentâneos e aleatórios dizendo tão rapidamente quanto desdiz. O que em uns dias seria uma verdade absoluta deixa de o ser na semana ou mês seguinte. Uma postura ridícula de poder é notória quando mostra para as câmaras a sua assinatura que lembra uma peça publicitária de mau gosto.
Em 2003 tinham passado somente 3 anos dos atentados do 11 de setembro, trauma na altura ainda fresco, mas respirava-se naquela altura a agitada vida nova-iorquina, a cidade sem descanso. Hoje Nova Yorque está e a passar por uma catástrofe humana, social e económica nunca vistas, nem vividas desde a destruição das torres gémeas por grupos de criminosos terroristas. Hoje é o “terrorismo” da pandemia do novo coronavírus sobre a saúde pública americana que ataca selvaticamente a população de Nova Yorque e os EUA a que Trump assiste impávido e sereno dizendo trivialidades nas conferências de imprensa.
Trump, com manifesto desprezo pela vida humana - que não a dele, claro – inicialmente, e ainda continua a fazê-lo, desdramatizou, adiou, retardou ao extremo, não se sabe se propositadamente, medidas para salvaguardar a saúde pública que se impunham como necessárias. Se não tivesse sido pressionado não tomaria quaisquer medidas para proteção da população. Para ele a economia e os lucros das grandes empresas que o têm mantido no poder valem mais do que a vida dos seus concidadãos americanos.
Nos EUA a questão do aumento do emprego e do desemprego relacionam-se com as empresas e a política. Quando uma presidência lhes é favorável, e porque sabem que liberalização dos despedimentos os protege, contratam pessoal facilmente e as estatísticas do desemprego diminuem, mostrando assim a virtude das políticas da administração que então se encontre na Casa Branca. Tem sido assim que, com Trump, o emprego nos EUA tem aumentado, mas agora em altura de crise o desemprego aumenta para níveis assustadores.
Como é que Trump justifica agora aos americanos o que está a acontecer com o Covid-19? Muito simples, arranjam-se culpados para justificar a sua inépcia. Primeiro chamou-lhe o vírus chinês que era apenas uma pequena gripe, em março de 2020 Trump acusa UE de falhar na resposta ao Covid-19 e promover infeções nos EUA, agora acusa a OMS – Organização Mundial de Saúde de não ter o avisado e de ser pró-chinesa. Mas, então, a OMS não avisou há meses e quase diariamente o que estava a acontecer e assim como as previsões. Está a chamar indiretamente aos seus compatriotas e ao resto do mundo imbecis. Ao que chegou o Partido Republicano que sustenta gente como esta, é coisa nunca vista, tanto quanto se conhece da história e da política dos EUA mesmo em anos maus.
Trump está a perder o respeito no palco mundial, ou melhor, já o perdeu, que o afasta cada vez mais das diversas realidades. Vive num mundo só dele e dos que ainda o continuam a apoiar. Por outro lado, os países da U.E. com as suas tricas internas devidas a egoísmos nacionalistas encobertos e à falta de solidariedade parecem não ter percebido que estão a ajudar Putin e Trump que aproveitam todas as oportunidades para a desmoronar, aliás como Trump parece ter feito durante o seu mandato. Não é novidade que Trump aconselhou o Reino Unido a sair da União Europeia. Emmanuel Macron, em maio de 2019, denunciou haver "uma convergência entre nacionalistas e interesses estrangeiros" para destruir a União Europeia, referindo-se a Steve Bannon, ex-estratega político de Donald Trump, e à Rússia. "Só podemos estar perturbados e não podemos ser ingénuos", disse Macron numa entrevista a 41 jornais regionais em que afirma, sem dar pormenores, que "russos e outros" estão a financiar partidos extremistas na Europa".
É curioso que até nesta fase das nossas vidas alguém protesta com tudo, diz mal de tudo, parece sugerir a desobediência, a revolução já. Denuncia erros do passado e diz que tem propostas que já apresentou, mas a que ninguém liga. Elogia uns, ataca outros, aponta o dedo a mais alguns, sejam pessoas, sejam governos, partidos e tudo o mais o que escolher como alvo. Normalmente quase ninguém lhe escapa. Nem agora abrandou face aos graves perigos para a saúde em que temos todos que estar em consonãncia em relação a este combate.
Propostas? Que propostas? A sua finalidade é dizer sempre mal de tudo e de todos, exceto apoiar greves, quaisquer que sejam, mesmo em tempos de ansiedade e perigosos para o povo, para todos, enfim.
Os seus trabalhos merecem todo o mérito académico, mas são de diagnóstico e as soluções que diz apresentar são inexequíveis na prática, mesmo a longo tempo. São considerações teóricas baseadas em dados estatísticos que, apesar de tudo têm virtude esclarecedora. Todavia, as suas propostas, se as houvesse de facto com possibilidade de concretizar, decerto seriam de âmbito marxista. Isto é, nacionalizar, estatizar, destruir, reconstruir com uma base populista. Reconstruir a partir da terra queimada com uma revolução feita segundo a sua ideologia que ainda não vislumbrei qual seja, exceto a sua admiração e obsessão pelo marxismo e quiçá pelo leninismo mais radical.
O seu trabalho em investigação tem a segurança de quem trabalha para o Estado que tem o seu salário garantido, por isso pode achar tudo o que quiser sem correr riscos. É tão bom falar quando se tem segurança e não estamos metidos no barulho, não é?
Diz que no programa da televisão onde participa teve há dias quase um milhão de visualizações, mas quem lhe diz que foi por sua causa e pelos seus pontos de vista no diz respeito às suas propostas para vencer a crise da saúde pública devida ao novo coronavírus? Presunção e água benta não lhe faltam...
Neste momento deve estar, como eu, a escrever os seus artigos em sítio seguro, e é tão bom falar em sítio seguro onde nada nos possa atingir! Talvez gostasse, com certeza, de ser convidada para deputada ou para uma qualquer pasta ministerial, qualquer que fosse, de um qualquer partido que estivesse no governo e ainda não foi. Isso dói-lhe!
Entretanto, vai procurando alguns argumentos, os mais simplistas, o que de si nunca esperava, para defender alguns dos seus pontos de vista que faço questão de não mencionar.
Parece ser uma constante a defesa de greves de camionistas, estivadores, entre outros, apesar das suas razões, seja em que circunstâncias for, mesmo que pudessem provocar instabilidade social acrescida à ansiedade provocada pela crise e, eventualmente, bloquear a chegada de bens essenciais às populações. Isto é revolucionário para a classe trabalhadora e operária por quem tanto zela.
Diz mal de todos os governos, sejam quais forem, mas, então, qual o tipo de governo e com que base ideológica tornaria viável, na prática, as suas ditas propostas e soluções? É isso que nos falta saber!
O mal é que aproveita esta grave crise para a saúde pública e para a economia que nos atinge a todos para fazer propaganda panfletária com os seus escritos. É pena!
Desejo-lhe boa sorte para as suas teses... revolucionárias a aplicar em tempo de grave crise para o povo como eu já afirmei anteriormente.
Textos como os seus também os escrevi sucessivamente e em abundância no tempo de Passos Coelho, tipo obsessão compulsiva. Achei eu, depois, que talvez tivesse tido a síndrome do "coelho". Com o tempo acabei por me curar dessa síndrome, mas continuo a manter tudo o escrevi nessa altura sobre ele e a sua governação.
E, já agora, para que saiba, não sou marxista nem antimarxista, considero-me numa espécie de limbo destas duas teses o que me coloca numa posição de expetador crítico das duas posições. Uma espécie de não é carne ne peixe, posição cómoda para poder dizer o que está mal, mas, também o que está bem. A teoria política marxista relativa ao Estado e ao Direito incide sobre a necessidade e a inevitabilidade da ditadura do proletariado, como forma de Estado do período de transição do capitalismo para o comunismo. Assim, a essência revolucionária do marxismo tem, no que se refere à ditadura do proletariado, a sua expressão mais saliente.
As crises, segundo Marx, são acontecimentos que fazem parte do processo de acumulação capitalista, inerentes ao mesmo. As crises têm uma função essencial, necessária para que a reprodução capitalista se alargue, restaurando as taxas de lucro, como contrapartida da desvalorização do capital. Embora as crises tornem o capitalismo mais fraco, permitem, por outro lado, a criação de oportunidades para novo investimento e novos lucros, permitindo, também, a concentração de capital em grandes empresas e grupos económicos.
Claro que as crises a que Marx se refere são de outra categoria e não me parece que seja o caso desta crise causada pela pandemia destes novo coronavírus, mas quando as nações saírem deste pesadelo as pessoas irão abanar os neoliberalismos em todo o mundo, lá isso irão, ou talvez não…
Bem podem o ministro da saúde, Paulo Macedo, chamar tolices aos estudos sobre a saúde em Portugal recentemente divulgados pelo INE, e Passos Coelho dizer que as estatísticas publicadas pelo mesmo instituto têm que ser justificadas, apenas porque os números não lhes agradam, que a realidade não se altera. Caiem no costumeiro ridículo de quererem que a realidade não seja a que pretendem.
A bola da tolice está do lado deles por julgarem que os portugueses são tolos. Foram-no sim, quando, levados ao engano, votaram numa gente sem escrúpulos sociais que se esconderam sobe a capa da “troika” para fazer mais do que o memorado previa.
Muitos dos que por aí peroram nos órgãos de comunicação social tentam salvaguardar a imagem de Paulo Macedo, louvando a sua competência e relevando o facto de ter feito um bom trabalho em governos anteriores ao reorganizar as finanças enquanto Diretor Geral dos Impostos entre 2004 e 2007. É a prova do ditado popular “cria fama e deita-te a dormir”.
Cá para mim nada de confusões. Paulo Macedo, com a sua voz calma, tenta convencer os “tolos” dos portugueses que o escutam, (julga ele que o são), lançando para o ar ideias falsas sobre melhoria, reorganização e eficiência do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos hospitais. Para ele há mais camas nos hospitais, há consultas mas rápidas, há mais intervenções cirúrgicas, há mais de tudo…
Claro que Paulo Macedo e quem como ele fala não tem necessidade de recorrer ao Serviço Nacional de Saúde porque têm as suas medicinas privadas. Mas, mesmo que tivessem que recorrer a um hospital público de urgência, porque são figuras públicas teriam de imediato prioridade mesmo que tivessem que parar tudo o que houvesse em mãos.
Aqueles mesmos senhores quando se referem ao SNS falam como se alguma vez o tivessem utilizado. Seria bom que fizessem uma apreciação nos locais sem avisos e preparações prévias. O que vemos nas televisões sobre visitas do ministro ou dos secretários de estado a hospitais e centros clínicos não são mais do que fachada. Todos sabemos como isso funciona em termos de propaganda. O gabinete do senhor ministro ou do secretário de estado, ou seja lá de quem for, quando toma uma decisão dessas, o departamento de comunicação do ministério previne antecipadamente essa ou essas instituições ou unidades hospitalares da respetiva visita. O que acontece depois já é conhecido. É preparada uma encenação de pessoas e de ambientes, do género teatro para ministro ou secretário de estado ver e para televisões captarem imagens. Mas a realidade com que os utentes se confrontam diariamente é bem diferente.
A qualidade da assistência pública de saúde recuou cerca de vinte anos senão mais. A finalidade está bem clara, isto é, degradar o SNS para que utentes que, apesar de pagarem impostos elevados, mas não pertençam a outros subsistemas de saúde e não possam ter seguros de saúde, fiquem sujeitos a um serviço público de saúde sem condições que se vai progressivamente degradando, obrigando-os a pagamentos em serviços privados por vezes incomportáveis. A organização do SNS está a ser feita de forma a possibilitar a transferência de verbas do setor público para o setor privado da saúde.
O que está subjacente é que no acesso aos serviços de saúde haja um serviço público de saúde de primeira, para os que podem pagar, e outro, de segunda, com serviços públicos de saúde sem condições, a ser utilizados pelos mais carenciados e pelo grupo que referi anteriormente.
É bom recordar que o ministro Paulo Macedo entre 2003 e 2004, integrou a Comissão Diretiva da Seguros e Pensões e que entre 2001 e 2004 foi administrador da Médis, Companhia Portuguesa de Seguros de Saúde. Para bom entendedor meia palavra basta.
Durante a anterior campanha eleitoral para as legislativas de 2010 quando o então primeiro-ministro José Sócrates disputava as eleições com Passos Coelho alertava para o facto ao dizer que estava em curso a criação de “dois sistemas de saúde, um para pobres e outro para ricos”. A confirmação tem estado à vista.
Eu sei do que estou a falar.
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