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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Deus e o Diabo passaram a ser moda na política, sobretudo para alguns políticos com grandes responsabilidades para com os seus países que aproveitam a fé e as crenças das populações utilizando o nome de Deus em vão. Pretendem fazê-las acreditar que a sua eleição, consequentes procedimentos e condutas foram e serão emanadas da vontade de Deus, símbolo da Divindade principalmente pai, juiz, todo-poderoso e soberano.
Também nas monarquias absolutas (absolutismo) as correntes da teoria política faziam acreditar ao povo na doutrina do Direito Divino dos Reis, que defende que a autoridade do governante emana diretamente de Deus, e que não podem ser depostos a não ser por Deus.
Raramente referem o Diabo também conhecido por demónio, é o símbolo do malvado e simboliza todas as forças que perturbam, ensombram, enfraquecem a consciência e a fazem virar-se para o indeterminado. O seu papel é, segundo a mitologia judaico-cristã, o de despojar o Homem da graça de Deus para o submeter ao seu próprio domínio.
Em Portugal o Diabo estreou-se na política com Passos Coelho a dizer que ele, o diabo, vinha aí aquando do acordo parlamentar do PS como o PCP e o BE. Passos Coelho, aos despedir-se dos deputados do PSD, numa mensagem catastrófica disse-lhes que “Gozem bem as férias que em Setembro vem aí o Diabo”.
Há poucos dias ouvimos António Costa a recuperar o Diabo e a dizer que a: extrema-direita ataca Europa para "reeditar todos os diabos”. Diabo, aqui no sentido alegórico sobre o desentendimento no passado entre as nações europeias que culminaram em guerras.
Bolsonaro no Brasil invocou várias vezes o nome de Deus durante a campanha eleitoral e na tomada de posse. Aproveitou a boleia das seitas evangélicas que utilizam a religião mais para fins lucrativos do que para elevação dos espíritos, e por lá foi dizendo que : "Também quero agradecer a Deus por esta missão, porque o Brasil está numa situação um tanto complicada, com uma crise ética, moral e económica, tenho certeza de que não sou o mais capaz, mas Deus capacita os eleitos", isto é, não é o “mais capacitado, mas Deus capacita os escolhidos”. Depois de ter sido eleito Jair Bolsonaro foi a um culto na Assembleia de Deus Vitória em Cristo do pastor evangélico Silas Malafaia, que o apoiou na campanha e celebrou o seu casamento com Michelle Bolsonaro.
Recentemente Donald Trump em 18 de fevereiro de 2018 no twitter “O lema da nossa nação é em Deus que confiamos”. Donald Trump disse à CNN a Jake Tapper que "tem um ótimo relacionamento com Deus" e com os evangélicos. Isto foi em 12 de janeiro de 2016. Por sua vez, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, disse em 12 de maio 2018 que "a fé na América está voltando a crescer" - graças ao presidente Donald Trump.
Os políticos ao incluírem Deus nos seus discursos sabem que as crenças religiosas têm ainda muita força na consciência das pessoas e que são fatores que ainda atraem eleitores menos esclarecidos. Quando os políticos, incorporam conceitos religiosos, independentemente de estarem a testemunhar as suas convicções e sentimentos religiosos pode ser que estejam também a utilizar a religião como uma instrumentalização para reforçarem um discurso de legitimação. Isso porque a religião, pelo facto de ser um elemento constitutivo da cultura de um povo, tem poder de persuasão.
Na Venezuela temos em presença Deus e o Diabo em luta pelo poder, não literalmente, está claro. A oposição a Maduro liderada por Juan Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino, declarou, perante uma concentração de milhares de pessoas, no leste de Caracas: " Hoje, 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação da Presidência da República, um Governo de transição e eleições livres",
O BE não fala de Deus nem do Diabo, mas quer tudo e mais alguma coisa que só Deus conseguiria dar. O BE quer tudo e mais alguma coisa, mas também não quer. Quer aumentos salarias para toda a função pública, quer a contabilização de toda a carreira para os professores, quer enfermeiros sejam ouvidos e que o Governo ceda a todas a reivindicações. Quer cobrar mais impostos às empresas e às empresas como se já não bastasse o sugadouro do Estado que depois vai para as reivindicações muitas vezes irrealistas da função pública exigida pelos sindicatos. Quer mais saúde, isso todos queremos, enfim, quer tudo, mas não quer tudo. É também contra a “U.E. da austeridade”, não sabemos é se quer outra, é contra os EUA…
Quanto à Venezuela, O BE se por um lado, não quer que Portugal reconheça Juan Guaidó na Venezuela, por outro, também não quer Maduro. Quer defender uma mediação internacional para eleições livres, mas não diz que mediação. Será a dos EUA, da ONU, de Cuba, da China, da Rússia? De todos ao mesmo tempo? Parece que por aqui Deus e o Diabo andam de mãos dadas.
Por último há ainda o oportunismo direitista daquele execrável e tendencioso programa de José Eduardo Moniz na TVI, “Deus e O Diabo” porque chama muito pelo Diabo e muito pouco por Deus. Por isso dizem muitas seitas religiosas que o diabo está em todos o lado causando toda a espécie de mal. Nesse contexto o diabo torna-se ferramenta do poder das Igrejas católicas e evangélicas e do Estado, o diabo adquire consistência explicativo da realidade quando as pessoas não conseguem encarar e superar as dificuldades.
Política e religião parecem ter-se apropriado gradual e reciprocamente uma da outra. As exposições de doutrinação religiosa e sermões feitos pelos clérigos católicos durante as chamadas homilias não raras vezes têm conotações político-ideológicas em combinação com a preleção que deveria ser da serventia religiosa.
Alguns políticos têm-se apropriado da religião e invocam o nome de Deus nos seus discursos políticos como indutores para convencimento político assim como os discursos e preleções de âmbito religioso e de fé cujo lugar é no recolhimento das cerimónias religiosas apropriam-se das narrativas próximas das de partidos políticos para o mesmo efeito.
Veja-se dois exemplos dos mais evidentes nos discursos de Trump nos EUA e de Bolsonaro no Brasil.
Donald Trump no discurso inaugural do 45º presidente dos EUA a 20 de janeiro de 2017 teve várias alusões à religião e a Deus estas são apenas algumas que podem confirmar aqui no site da Casa Branca: A Bíblia diz-nos: “quão bom e agradável é quando o povo de Deus vive unido em unidade”. “Seremos protegidos pelos grandes homens e mulheres de nossos militares e policiais e, mais importante, somos protegidos por Deus”. E, “sim, juntos, vamos tornar a América ótima novamente. Obrigado, Deus te abençoe, e Deus abençoe a América.”. Ainda noutro momento, na conferência da CPAC - Conservative Political Action Conference em fevereiro de 2018 além de várias referências a Deus no mesmo discurso disse “Na América, não adoramos o governo, adoramos a Deus” o que também pode ver aqui.
Bolsonaro, quando da eleição de Donald Trump, apercebeu-se logo do peso das muitas igrejas evangélicas. Jair Bolsonaro verificou que esse peso poderia ser ainda mais claro, e recorre a uma semântica que tende a anular a laicidade do Estado. Vimos na televisão quando ele ganhou as eleições e logo que foi anunciado como tendo sido o candidato eleito fez uma oração de agradecimento acompanhado com naturalidade por um pastor evangélico que muitos consideraram como causa de preocupação. E termina com "Brasil acima de tudo e Deus acima de todos".
Mais recentemente, no discurso na tomada de posse de Bolsonaro verificamos que citou “Deus” 12 vezes. Jair Bolsonaro ao ser empossado deixou claro que há uma preocupação inédita em demonstrar a sua fé em Deus.
Bolsonaro falou em “Deus” 12 vezes. Já “ideologia” e variantes foram mencionadas nove vezes, sempre no sentido negativo. O terceiro termo mais usado foi “família”. Enunciar tantas vezes palavras e assuntos de cariz religioso num estado que, segundo a Constituição, é um Estado laico é de facto, preocupante.
É um Cristianismo tóxico.
Em Portugal dá-se o inverso, também preocupante, em que clérigos com responsabilidades hierárquicas na igreja católica se reservam o direito de, abertamente, fazerem política, genérica, mas sugestiva, nas intervenções durante cerimónias que deveriam ser meramente religiosas, assim como seria também preocupante um político falar sobre sua fé num qualquer comício ou intervenção pública. Púlpito e palanque deveriam estar distantes.
Refiro-me à homília do bispo auxiliar de Braga D. Nuno Almeida que mais pareceu ser um discurso cujas palavras parecem já termos ouvido vindo de um qualquer partido político da oposição de direita, como por exemplo esta afirmação em que houve claramente uma tentativa para influenciar o sentido do voto sem mencionar nomes ou partidos: “Não nos deixemos seduzir com a propaganda política profissionalmente orientada, mas balofa e a fingir; não permitamos que alguns euros a mais na reforma ou no salário comprem as nossas convicções profundas”.
Uma breve análise do conteúdo desta afirmação sugere algumas questões: a quem se está a referir D. Nuno quando fala de “propaganda política profissionalmente orientada, mas balofa e a fingir”? Não será, com certeza, referência à direita porque esta tem feito oposição ao Governo com argumentação idêntica. D. Nuno deixa recados aos fiéis para o tempo eleitoral que se aproxima.
O Bispo auxiliar de Braga não está preocupado com o que se passa no seio clerical da igreja com a pedofilia e de outros crimes que levou o Cardeal brasileiro a denunciar a complacência do Vaticano, devido ao encobrimento pela Igreja de padre que abusou sexualmente dos filhos, a dizer que “Tenho a impressão de que as denúncias de abusos vão aumentar, porque estamos apenas no começo. Estamos a esconder isso há 70 anos, o que foi um grande erro". Podemos de facto afirmar como ele o fez, quando afirma que “corremos o de deixar a política em algumas mãos muito sujas”, assim sendo poderíamos então afirmar que também corremos o risco de a igreja estar entregue, de facto, a mãos também elas muito sujas. Digo isto com amargura por ser católico, mas desconfiar do clero que gere a igreja, apesar de o Papa Francisco ser uma personalidade ímpar que aponta para o caminho do Evangelho com enorme esforço e luta contra o conservadorismo obsoleto de alguns nomeadamente em Portugal.
O bispo auxiliar D. Nuno Almeida não se preocupa com a corrupção na igreja (que também pode ver aqui ou aqui) que o Sumo Pontífice a admitiu, numa conversa com superiores de ordens religiosas publicada na íntegra na revista "Civiltà Católica". Não, com isso, o senhor Bispo Auxiliar não se preocupa em denunciar. Preocupa-se, isso sim, em fazer uma amálgama entre política e religião.
Numa passagem do Novo Testamento, Evangelho segundo São Mateus, 22,16 [1], os fariseus dirigem-se ao Mestre acompanhados pelos seus discípulos e dizem-lhe: “…Mestre sabemos que que és sincero e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, sem te deixares influenciar por ninguém, pois não olhas à condição das pessoas. Diz-nos, portanto, o teu parecer: É lícito ou não pagar o imposto a César?… Mas Jesus, conhecendo-lhes a malícia, retorquiu: porque me tentais, hipócritas?... e mais à frente diz: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Por analogia posso então dizer que “Dai, pois, à religião o que é da religião e à política o que é da política”.
Aliás, o que vemos hoje no século XXI, embora em doses mais subtis, não é novidade dado que a separação de poderes laico e religioso, isto é, Igreja e Estado, é mais aparente do que real. E criticamos nós países como o Irão que são repúblicas teocráticas, nas quais os vários poderes são supervisionados por um corpo de clérigos.
Mais uma vez temos um Cristianismo tóxico.
Podem fazer-se as leituras que cada um entender sobre a homília de D. Nuno, mas esta é a minha, porque não tenho que ser politicamente correto e apesar de saber que, quem se mete com a Igreja leva.
[1] Bíblia Sagrada, Difusora Bíblica, Fátima, maio 2010, p.1606
“Ó gente da minha terra” é um fado que foi escrito por Amália Rodrigues que é interpretado por Mariza. Contrariamente ao que consta por aí não foi ela que o escreveu. O seu mérito deve-se à excecional interpretação. Completando a quadra:
Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi,
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi.
Eu, que não aprecio fado, por que é que inicio este “post” com esta quadra? Recordei-me de autores como Eça de Queiroz e Guerra Junqueiro e de outros tantos escritores e políticos que, nas suas obras, cada um à sua maneira, traçaram perfis dos portugueses.
Para mim o povo português é muito acolhedor, sociável e hospitaleiro e recebe bem tudo quanto é estrangeiro e nos visita. Mostra, a seu modo, a sua subserviência disfarçada. Por princípio é um povo que ajuda o seu próximo quando necessário, é solidário quando se trata de defesa dos interesses da sua comunidade em que se integra. Falsamente pacífico, introvertido apesar de alegre, preocupa-se mais com a vida dos outros do que em expor a sua. Há várias citações sobre os portugueses, algumas delas antagónicas.
A comunidade clerical da igreja católica quando as coisas não lhe correm de feição intromete-se diretamente na política. Neste registo, o cardeal patriarca e os bispos resolveram interferir apoiando a manifestação organizada pela minoria de colégios privados que, segundo a lei, vão perder contratos de associação deixando assim de “sacar” o dinheiro dos contribuintes para manter privilégios de alguns alunos.
Acreditando nos números de pessoas que foram divulgados e estiveram envolvidas na manifestação até parece que todos os colégios participaram. Pensando melhor, e sabendo que há milhares de colégios privados espalhados pelo país, uma minoria tinha contratos de associação e que uns poucos deixaram de o ter pergunta-se donde vieram tantos milhares para o dito protesto sob a proteção dos bispos? A resposta é simples: as maiorias dos “protestantes” que foram mobilizados nada tiveram a ver com as escolas porque, se assim fosse, as ditas escolas privilegiadas que perderam contratos de associação resumiam-se apenas a algumas centenas contando com professores, pais e alunos. Podemos até imaginar as homilias mobilizadoras que, terão sido feitas propagandeando e mobilizando esta operação de ilusionismo. Muitos terão sido recrutados em algumas juventudes partidárias de direita.
A igreja católica é a comunidade dos fiéis da religião católica e os clérigos também a integram, mas estes zelam mais pelo interesse dos seu grupo do que pelo da comunidade, rebanho que dizem apascentar.
Durante o Governo anterior, perante o desastre social que provocou, não vimos a mesma veemência por parte dos clérigos, nomeadamente dos bispos. Antes pelo contrário. Perante os factos deitavam “água na fervura”. Zelam mais pelos interesses que lhes possa trazer, e aos seus satélites laicos, alguns benefícios financeiros às custas da caridadezinha que a tantos estimula o ego.
Não, não sou antirreligioso, nem anticatólico, porque sou um deles, sou antes contra uma mentalidade clerical egocêntrica, egoísta, hipócrita, interesseira da hierarquia da igreja que olha apenas para si e disfarça estes adjetivos com uma falsa caridade e interesse pelo próximo.
Apesar de tudo devemos reconhecer que a igreja católica, enquanto comunidade religiosa, tem prestado contributos em apoios socialmente importantes. Mas num rebanho há sempre ovelhas ranhosas.
"Esta crise é uma oportunidade de bondade, de caridade, de solidariedade. Bendita crise que nos trouxe ao essencial." César da Neves
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Esta vítima da injustiça humana só pode ter perdido a razão…
Agora passarei a ser mais um inimigo que o condena não à morte, mas à tolice mórbida.
César das Neves entrou num estado de espírito que é dominado pelas emoções ou pelos sentidos com perda da noção da realidade circundante, quero dizer, entrou em êxtase. Para o confirmar basta ler o arquivo que escreveu no Diário de Notícias no dia 18 de novembro.
O que este senhor amigo dos pobres, como se pode confirmar pela sua entrevista à TSF no dia 17 de novembro é um pregador, qual bispo da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) que foi predestinado para pregar a redenção das almas pecadoras, qual profeta enviado do reino de Deus se vê cruxificado.
Num dia afirma que "obrigar empregadores a pagar mais pelo trabalho é dificultar a vida aos desempregados com menores habilitações.". Aqui está uma subtil forma de colocar uns contra outros. Pois… Vejamos a ideia: vale mais ter menos ordenado e ter trabalho do que aumentar o ordenado mínimo porque beneficia os têm mais qualificações. Portanto… Tirem as conclusões que cada um quiser. Anda contra a corrente, inclusivamente dos parceiros sociais e da OIT (Organização Mundial do Trabalho) esta que apresentou um relatório onde aborda aquela e outras questões sobre o trabalho.
Se tinha dúvidas agora deixei de as ter, César das Neves é o eleito, e um mandatário de alguns setores do PSD e do governo para dizer aquilo que não podem ou não querem dizer publicamente.
Logo no dia seguinte uma explosão de confirmação do seu credo e profissão de fé (talvez para agradar ao D. Policarpo ex-cardeal de Lisboa). César das Neves considera-se o eleito pelo qual Deus, por Jesus Cristo, morreu para o salvar a ele, a vítima da humanidade. Claro que o artigo é suposto ser uma ironia aos que ele considera como inimigos.
Veja-se esta grande tirada irónica dirigida aos que o criticam a ele, o incompreendido:
"As razões da condenação acumulo-as a cada momento. Pequenas e grandes traições, mentiras e violências, egoísmo e mesquinhez; sobretudo a terrível tibieza e mediocridade em que mergulham os meus dias. De fora não se vê a podridão que tenho dentro. Nem os meus inimigos, que têm tanta razão nos insultos, nem eles sabem do mal a metade. Sou todos os dias muito justamente condenado à morte."
E mais esta:
Mas não sou eu que estou ali pendurado. É Ele. Ele, a única pessoa a poder dizer com verdade não merecer a morte, é Ele que está ali. "Jesus estará em agonia até ao fim do mundo" (Pascal , 1670, Pensées, ed. Brunschvicg n.º 553, ed.Lafuma n.º 919). Ele está em agonia, e a culpa é minha. E graças à morte d"Ele a minha tem remédio. A morte, em si mesma, é definitiva. Quem morre fica morto. Mas porque Ele quis morrer por mim, a minha morte tem saída. A minha morte pode ir para a vida. Se me agarrar a Ele, o único que voltou da morte.
Quem morre fica morto!!? Fez-me lembrar a Lili Caneças que uma vez disse, estar vivo é o contrário de estar morto.
Esta vítima da injustiça humana só pode ter perdido a razão… Agora passarei a ser mais um inimigo que o condena não à morte, mas à tolice mórbida.
A mistura de religião com política e com a economia passou a ser transcendente e, ao mesmo tempo servir para ironizar com o próximo. Ele esqueceu-se do primeiro mandamento que diz "não invocarás o santo nome de Deus em vão".
Em "post" anterior, sob o título "Os polémicos paradoxais", escrevi sobre os comentadores polémicos sem referir quaisquer nomes. Aqui está um, entre muitos, dos que poderiam constar. Penso até mais,ao escrever estas linhas, apesar dos meus poucos dotes para a escrita e um entre muitos desconhecidos, acho que lhe estou a dar a importância que nem sequer merece.
Tenho profundo respeito por quem professa uma religião e tem fé, seja la com base cristã ou não, quando a mesma assenta numa base sincera da sua crença e contribua para a formação de valores espirituais e sociais do Homem. Nada tenho contra quem, de forma ativa e militante, a vive e a pratica.
Em campo diferente mas de certo modo semelhante, situo os apoiantes e admiradores do desporto, nomeadamente do futebol, que, não fazendo parte do domínio da fé como a religião, é vivido pelos adeptos quando se mobilizam para apoiar os seus clubes sem que disso lhes advenha qualquer prejuízo ou vantagem a não ser o prazer de uma vitória ou o desgosto de uma derrota.
As multidões que se movimentam naqueles dois campos são imensas. Veja-se o caso de Fátima nas datas mais comemorativas das aparições para onde se deslocam, em peregrinação ou não, pessoas das mais diversas classe e estratos sociais procurando algo milagroso que cure os seus males espirituais e ou materiais. Numa atitude meramente de fé procuram algo que circunstâncias pessoais fizeram perder, ou a sociedade não lhes concedeu ou retirou, sem qualquer certeza de que, esse algo, venha a ser obtido ou concedido, julgando previamente que o que procuram não está nas mãos do Homem nem da sociedade, mas apenas numa crença que ultrapassa o domínio da razão.
Em contraponto, quando se trata da necessidade de adesão em massa para atos concretos que não sejam meramente de fé, cujo objetivo é reivindicar ou opor-se a algo que contribua para modificar uma realidade social vivida no domínio do concreto, mesmo que cada um se sinta prejudicado em particular, a capacidade de mobilização é menor. Num contexto social, a consciência político-partidária e grupal sobrepõe-se racionalmente, equacionando em cada um temores, incertezas, desconfianças, que condicionam uma participação que poderia contribuir, sem ser somente no domínio da fé, para modificar as suas vidas. A adesão a expressões públicas e coletivas de um sentimento, de um desagrado ou de uma opinião está muita aquém daquelas que são expressas no domínio da fé, do abstrato e do incerto.
Porque será que, no domínio do real e o concreto, a fé de muitas pessoas na sua própria voz deixa de existir?
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