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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Coloquei há dias no Facebook um comentário dizendo o seguinte:
Não vale a pena gastar mais do que 80 palavras, e já são demais, para falar da intervenção do Presidente Cavaco Silva sobre a dívida de Passos Coelho à Segurança Social. Afirmar que dívidas do cidadão que é primeiro-ministro são querelas partidárias está tudo dito. Não é o cheiro a pré-campanha eleitoral é o cheiro a um presidente politicamente moribundo. É já um presidente em fase terminal da função. É como um pneu gasto de um carro em segunda mão.
Mas a provocação que Cavaco Silva, el presidente, faz às nossas inteligências é tal que não resisti a gastar o meu tempo com mais algumas palavras. Se este senhor continuar assim até às eleições não vou conseguir conter-me e lá vou que quebrar a minha promessa.
Bem pode Cavaco Silva, o Presidente da República do Governo e de Passos Coelho, vir declarar publicamente, com o seu sorriso mais ou menos hipócrita, que interpretaram mal a leitura que fizeram do prefácio do Roteiros IX quando dizem que definiu um perfil para o próximo presidente da república que não engana ninguém. Não nega que o fez lançando as culpas para a má interpretação que dele fizeram. Treta do costume.
O que o Presidente disse está bem claro quando escreve "É por tudo isto que, nos tempos que correm, os interesses de Portugal no plano externo só podem ser eficazmente defendidos por um Presidente da República que tenha alguma experiência no domínio da política externa e uma formação, capacidade e disponibilidade para analisar e acompanhar os dossiês relevantes para o País.".
Repare-se na frase onde o advérbio "só" o verbo "podem" seguidos de "ser eficazmente defendidos" a que se segue "por um Presidente da República que tenha" repare-se sobretudo no presente do conjuntivo do verbo ter "que tenha".
Penso que fica bem claro que Cavaco Silva estabelece um perfil, mais do que óbvio, julgando-se um monarca que quer passar a sucessão a um outro que terá em vista dentro seu alinhamento político. Haverá muitos em quem possamos pensar no perfil por tecido? Vale a pena que façam um exercício, porque eu recuso a colocar aqui o nome em que estou a pensar.
Fica mais do que evidente no mapa seguinte que o jornal Público publicou na sua edição impressa de 10 de março do corrente a experiência externa de Cavaco Silva.
Veja-se como o ministro Miguel Relvas aproveitou a licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais tirada numa universidade que lhe creditou dezenas de unidades curriculares pelas suas competências e conhecimentos na área.
Segundo uma notícia veiculada pelo Jornal i de 15 de Abril de 2011, Miguel Relvas, na altura secretário-geral do PSD, afirmou ao Jornal Sol que, "Enquanto produzirmos como marroquinos não podemos viver como alemães. Este é o problema de Portugal e essa é a realidade com que somos confrontados pelo euro."
Esta afirmação revela total desconhecimento da realidade política e económica de Portugal e de Marrocos porque, nos últimos anos, Marrocos cresceu economicamente muito mais do que Portugal. Em Portugal entre 2003 e 2010 a economia cresceu em média de 0,6% ao ano mas Marrocos crescia 4,8%. No momento da afirmação de Miguel Relvas o FMI estimava um crescimento para Marrocos de 3,9% em 2011 e de 4,6% em 2012. Pelo contrário para Portugal previa-se, em Abril de 2011, a entrada em recessão com contração entre 1,5% e 0,5% respetivamente. Para aquela instituição internacional só em 2016, Portugal crescerá apenas 1,2%, enquanto Marrocos prevê crescer 5%.
Refira-se agora a responsabilidade diplomática das afirmações visto que Portugal, excluindo U.E., é o oitavo país para onde mais exporta.
As competências do ministro e a equivalência a unidades curriculares e a créditos para atribuição de uma licenciatura pela universidade, parece que não eram assim tão sólidas. Ou será que no plano curricular do curso que lhe foi atribuído não deve constar aquele tipo de competência para quem tira uma licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais.
Já tinha afirmado neste blog que: "Para a maior parte desta geração de políticos que nos governa, salvaguardando algumas honrosas exceções, é tudo incontornável, o que sempre serve para justificar incompetências, falta de valores e sentido humanístico que não lhes foram dados nas escolas e universidades públicas e privadas pós 25 de abril onde, muitas vezes, se reivindicaram passagens administrativas." Ver em http://zoomsocial.blogs.sapo.pt
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