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Histórica obsessão do triunvirato

por Manuel_AR, em 21.04.15

Triunvirato.pngAo longo dos últimos quatro longos anos de governação de Passos e Portas, abençoados pelo Presidente da República Cavaco Silva, muitos têm pretendido, através de afirmações contrárias à verdade, reescrever a história recente da política portuguesa para justificarem as medidas que tomam contra os portugueses que os elegeram e que, segundo eles, conheciam o programa. Será que conheciam?

É necessário que fique claro que nada justificou alguma da despesa exagerada do anterior Governo chefiado por José Sócrates, apesar das políticas de então, procedidas da Europa, fossem no sentido do investimento público que mais tarde veio a recuar que em Portugal não foi travado atempadamente mantendo-se uma política despesista.

Para o confirmar basta um pouco de tempo e paciência para consultar o que se publicou deste então na imprensa sobre o tema do pedido de ajuda internacional a Portugal que foi efetuado a 6 de abril de 2011 para se perceber a falta à verdade e a hipocrisia com que alguns senhores que por aí andam a tentar, mais uma vez, enganar os portugueses.

Se não vejamos.

Pouco dias antes Portugal tinha proposto um programa de austeridade denominado PEC 4 (Plano de Estabilidade e Crescimento 4, agora chamam-lhe apenas PE) que dias antes tinha sido elogiado por Angela Merkel. Com o seu apoio e o do presidente da Comissão Europeia Portugal poderia ter obtido um resgate mais suave.

Sobre este facto José Sócrates dá conhecimento disso ao líder da oposição Passos Coelho. Nessa altura era bem conhecido o apoio partidário, poder e a influência que José Relvas exercia sobre o líder do PSD. Diria que Passos Coelho era dependente de Relvas e por este influenciado, e por tal não deixa passar o PEC 4 justificando que já tinha havido vários PEC’s, alegava desconhecimento e que não queria que os portugueses passassem mais sacrifícios. É bom atentar nesta ideia e compará-la com as ideias posteriores de Passos.

Objetivo principal, óbvio e oportunista era a queda do Governo e a tomada do poder através de eleições antecipadas, cujas sondagens devido às medidas já tomadas pelos PEC’s anteriores davam uma maioria ao PSD.

No discurso da tomada de posse como Presidente da República, a 4 de abril, Cavaco Silva faz um ataque ao então Governo de Sócrates afirmando que não havia espaço para mais austeridade, “Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadão”, dizia. Nesta altura começou a ser notado o alinhamento do Presidente da Repúblicacom o Governo e a sua falta de isenção e independência.

Entretanto os bancos pressionavam o ministro das Finanças da altura, Teixeira dos Santos que sem consultar José Sócrates anuncia publicamente que Portugal precisava de recorrer a ajuda financeira externa. Sócrates pede a intervenção da “troika”.

Angela Merkel que também desconhecia aquele facto mostra-se surpreendida e desconfortada com tal medida.

Claro que os partidos da oposição, obcecados pelo poder, e os comentadores neoliberais extremados e alinhados com o potencial futuro Governo de maioria, sem o mínimo espírito crítico, dão vivas ao memorando de entendimento que foi assinado como sendo o melhor que poderia ter acontecido a Portugal.

Esta parte da história termina aqui. Mas quais foram as consequências daquela obsessão pelo poder, da intransigência em não reconhecer os erros cometidos, continuando com a mesma orientação e o apoio dado a esta política pelo Presidente Cavaco Silva sem o mínimo pudor político de alinhamento com o Governo?

Basta ler o memorando de entendimento ou o relatório de ajustamento 2011-2014 da altura e verificar as projeções para a economia portuguesa.

A austeridade seria de um ano. Passou a três. Não, agora já de quatro e continua até 2019

Recessão inferior a 4%. Real próximo de 8%.

Ajustamento previa 2/3 pelo lado da despesa e 1/3 pelo lado da receita. A realidade mostrou que o aumento de impostos foi muito superior à redução da despesa.

Desemprego previsto 13%. A realidade mostrou que atingiu mais de 17%. E assim continuaria se não fossem as manobras artificiais para a sua redução tais como os subsídios dados a empresas que aceitem desempregados através de estágios.

O memorando não aborda a questão da emigração, mas foi superior a 250 mil.

Previa-se uma forte recuperação da economia com base nas exportações e no investimento, mas a recuperação foi muito fraca e com solavancos, mais baseada no consumo interno e nas exportações também estas com oscilações face à oscilação dos mercados externos.

O sistema financeiro estava sólido garantiam. A realidade mostrou bancos a irem à falência e outros a recorreram à linha de capitalização de dinheiros públicos previsto no memorando. Outras instituições recorreram a aumentos de capital.

Financiamento nos mercados foi a única coisa aceitável mas, mesmo assim, continuamos a estar com a dívida pública nas zonas do lixo das agências de rating. Quando falam obtidos a juros mais baixos, estes não foram devidos ao bom comportamento de Portugal, aconteceu o mesmo em todos até com a Grécia.

Não previam crédito às pequenas para que as pequenas e médias empresas funcionassem com base nesse financiamento. A realidade foi o corte na concessão de crédito a estas empresas, logo, falências e aumento do desemprego.

Desconhecimento da realidade económica e social do país demonstrado pelo próprio memorando resultou na realidade mostrada pela destruição da economia e o aumento muito elevado de problemas socias e de pobreza.

Privatizações: venda a quem calhou, neste caso a chineses, (leia-se ao estado chinês) de empresas como a EDP e a REN tendo-lhes sido garantido que os otários dos portugueses continuariam a pagar a energia a preços elevados.

E, por aí fora…

Não digo mais, porque eram tantas as coisas que até me fartei e já tinha consumido muito tempo em pesquisas.

Repito, basta ter paciência para reler os jornais. Coisa chata aliás agravada por ter que voltar a encontrar os disparates que esta gente que nos desgovernou disse ao longo destes quatro anos. Quatro anos até parecem ser cinquenta, como os do outro, os de Salazar.

 

Fontes principais: Jornal Expresso, Nicolau Santos.

Outras fontes: jornais diários como Público, jornal i, revista visão, revista Sábado, Diário de Notícias.

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publicado às 17:55

Schauble_Passos_Maria Luis.png

 

  1. Diz-se que Portugal e a Espanha tentaram bloquear o acordo com a Grécia. Houve um desmentido muito pouco convincente. O presidente do Eurogrupo veio tentar dizer o contrário, mas não o disse nem, desdisse. "Por sua vez o ministro Varoufakis defende que Portugal e a Espanha tenham a política interna como preocupação. Ver vídeo.
  2. Cada qual assume as suas dores e as suas curas. A direita, preconceituosa pela vitória arrasadora da esquerda que eles dizem radical, afirmam categoricamente da sua cátedra, que a Grécia capitulou e retrocedeu, outros com pensamento mais moderado e claro afirmam que a Grécia tem um plano estratégico para ultrapassar este primeiro embate e que depois logo se verá. É isto que preocupa a direita. Portugal país governados por acólitos pró-germânicos já nem sabe o que há de dizer. E, cada vez que falam, afundam-se mais.
  3. Passos defendeu a criação de um Fundo Europeu para "retirar a fratura política" dos programas. Se bem me lembro isto do Fundo Europeu já foi proposto em tempos, não por ele, solução com que na altura não concordou. Mas quem se julga ele e que peso político e credibilidade pensa ele que tem na europa para ter a veleidade de propor seja o que for. Ele é apenas um joguete da Alemanha. Se não dá conta disto falta-lhe qualquer coisa…
  4. A bailarina acrobática, Paulo Portas, afirmou que Portugal mudou o ciclo económico. Está a defender uma das suas pastas gerida por Pires de Lima. Gostaríamos de saber qual a estratégia para pagar uma enorme dívida que um crescimento incipiente não vai ajudar. A recessão ficou para trás diz ele e que Portugal já passou pelos anos "mais difíceis". As aldrabices são tantas que se a coligação vier a ganhar as próximas eleições já sabemos com o que podemos contar. Só se deixa enganar mais do que uma vez quem quiser. A Grécia foi um exemplo de políticas idênticas postas em prática por sucessivos governos que seguiram a mesma linha. O povo grego foi enganado mais do que uma vez e fartou-se. A radicalização foi a solução.
  5. Façamos uma leitura atenta e interpretativa das seguintes palavras do ministro das finanças alemão Schüble: "Os gregos certamente vão ter dificuldades em explicar este acordo aos seus eleitores.". Conhecendo nós as declarações, pressões, e até ameaças, que alguns dos representantes do Eurogrupo fizeram sobre os representantes do governo grego, nomeadamente o ministro das finanças alemão, compreendemos bem onde este pretendeu chegar. O objetivo foi o de levar Varoufakis e Tsipras a ceder às exigências e às pressões de modo a provocar uma deceção nos eleitores quanto às promessas eleitorais do Syriza, pondo em causa o partido que os elegeram. Isto é um preconceito antidemocrático revelador das políticas de Merkel e Schäuble. Apenas os partidos que aprovem são os legítimos mesmo que o povo pense o contrário. Fartos como estão os gregos dos partidos que os governaram antes subservientes com uma austeridade sem resultados duvido que vão noutra direção.
  6. Passos Coelho diz que a dignidade nunca esteve em causa. Saberá por acaso o que isso é? Ele que sacrifica o povo aos números, assim como o que com mais gravidade aconteceu na Grécia, desconhece que a dignidade é o valor que tem todo o ser humano enquanto ser racional e livre e o respeito como pessoa, em si mesma e nos outros. Uma parte substancial da população lançada na pobreza donde nunca mais sairá não foi traduzida em perda da dignidade? Não admira que um político inculto como Passos e o seu governo não saibam o que significa o conceito do valor dignidade. A quase submissão cega e acrítica a um país estrangeiro não será perda de dignidade?
  7. Passos refugia-se no passado dizendo que, a com a entrada da troica, Portugal é que perdeu a dignidade. E, quando afirmou que o programa da troika era o seu programa e que tinha que ir para além daquele programa não pôs em causa a dignidade dos portugueses? Passos tem que rever princípios essenciais sobre valores humanos e sociais que um político tem por obrigação conhecer. Já houve alguns políticos que, no passado, os rasgaram e deitaram para o lixo. Recorde-se no que resultou. Estamos na agora a passar pelo mesmo mas em "modo soft".
  8. Diz Passos Coelho "temos hoje mais camas, mais médicos, é factual, mais atos praticados, mais assistência garantida" no SNS. A que país se está a referir? Será à Alemanha? Terá ele necessitado de frequentar o SNS e constatado o facto? O facto é: "hospitais públicos com menos de 430 camas em três anos". O facto é: haver médicos de família dos centros de saúde com receio de passarem exames auxiliares de diagnóstico. O facto é: corredores cheios de doentes em macas esperando horas para serem atendidos, alguns até falecendo de permeio. O facto é: diretores a demitirem-se nos hospitais por falta de meios. O facto é: redução de camas e queda de internamentos de 844 mil em 2012 para 687 mil em 2014 (ver Público p. 5).
  9. Num artigo de opinião embaixador da Alemanha em Portugal, Ulrich Bradenburg, vem ajudar o Governo de Passos Coelho e, ao mesmo tempo passar um detergente pela face da Alemanha dizendo que no "saldo comercial bilateral com a Alemanha, Portugal consegui abrir novos mercados" e que "jogamos todos ma mesma equipa: Europa". Claro que faz o seu papel tecendo elogios as seu país, contrariamente a Passo que faz o papel do bom aluno subserviente.
  10. Passos Coelho disse ontem no Parlamento a um deputada do Bloco de Esquerda que estava obcecada com a Alemanha. Face à subserviência e vénias ao ministro Schäuble quer do primeiro-ministro, quer da sua ministra da finança não será caso para isso? Diria mais, não é obsessão é antes preocupação. Penso que não se trata de ser ou não antialemão mas há limites para o que se diz e para a forma como se defende a política nacional na Europa. 
  11. Maria Luís aceitou acordo com a Grécia mas exige informação para acompanhar o processo. Governo "desmente categoricamente" ter estado contra o acordo. Ministra foi "exigente nos procedimentos" e quer conhecer compromissos gregos. Varoufakis alega "boas maneiras" para não comentar. Será que Maria Luís se enxerga para pensar que é um peso chave nas decisões em contexto europeu?
  12. A bacoca ministra das finanças Luís Albuquerque numa entrevista ao jornal alemão Handelsblatt explicou simploriamente a questão da dívida, tal e qual um aluno do nono ano de escolaridade, da seguinte forma: “Se eu pedir um crédito a um banco, eu tenho de reconhecer a obrigação de pagar o dinheiro de volta. Tenho também de oferecer garantias. Não funciona de outra forma”. A seguir explicou que é do interesse de todos que as regras sejam cumpridas. Se assim for, “são bem-vindos no clube”. A senhora bem se pode esforçar para explicar como faria com o crédito pedido para a sua casinha. A complexidade de um país é mais do que isso. O que não explicou foi como faria se, perdendo a capacidade de cumprimento porque a obrigaram a perder o emprego, lhe negaram a possibilidade de crescimento (leia-se não arranjava outro emprego), os impostos altos lhe levavam as poupanças e o negócio que ainda tinha em mãos não dava para o pagamento dos juros que consumiam o que lhe restava dos recursos. Pretendendo mesmo assim cumprir os compromisso perante o banco o que faria a senhora em elação a isso?

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publicado às 20:32


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