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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Imagem de http://calcorreando-ideias.blogspot.pt/2011/11/manipulacao-mediatica-final.html
Estou farto que me tentem fazer lavagens ao cérebro efetuadas por comentadores políticos através de vários canais de televisão que, com o seu “look” intelectual de independência face ao governo, mas, ao mesmo tempo, militantes no partido que o apoia, tentam fazer-nos passar palavras de ordem oficiais, à boa maneira das ex-união soviética, chinesa e coreana do norte, mas com a sofisticação das técnicas mais modernas da psicologia social para a manipulação de massas.
Para que estes arautos possam demonstrar independência e credibilidade também criticam umas poucas vezes algumas medidas e os seus pares partidários no governo. Na primeira oportunidade aí estão eles a tecer louvores a outras medidas que, supostamente, farão esquecer as anteriores. Técnicas de manipulação que, aos mais atentos, não escapam.
A psicologia de massas e a sua manipulação é uma matéria que se estuda na psicologia social em que alguns “adviseres” contratados, isto é, consultores, são especialistas.
Vejamos, por exemplo, o caso de um jornalista comentador económico que aparece alguns dias da semana num conhecido programa da manhã dum canal generalista da televisão que, numa simulada atitude pedagógica, tenta explicar por palavras simples a necessidade das medidas aplicadas pelo executivo, numa ótica que lhe seja mais ou menos favorável, sem que haja qualquer outro esclarecimento ou explicação alternativa.
Poderemos ainda exemplificar algumas situações em que se podem criar problemas para depois se tomarem medidas para serem apoiadas pelo público. É um método denominado problema-reação-solução. Cria-se um problema e uma situação para produzir no público uma reação de modo a apoiar medidas que se desejam fazer aceitar. Por exemplo, fazer passar a ideia de que não há dinheiro para salários, para se fazer passar uma medida de corte dos mesmos. Ou, ainda, criar uma crise económica para fazer aceitar, como mal necessário, a redução dos direitos sociais e desmantelamento dos serviços públicos. Provocar falsos distúrbios em manifestações pacíficas para se justificar cargas policiais e colocar o público contra as manifestações.
Outro tipo manipulação de massas pode ser também adequado quando se pretende fazer com que o público aceite medidas impopulares. Um exemplo é fazer passar a mensagem de que as medidas são “dolorosas e necessárias” para se obter a aceitação do público para uma aplicação futura e que, com o sacrifício exigido, poderão ser evitados males maiores. Isto porque está estudado que as pessoas aceitam mais facilmente o sacrifício futuro do que um imediato, ao mesmo tempo que há uma tendência para elas esperarem ingenuamente que tudo “irá melhorar no futuro” e que, “num futuro próximo irá haver crescimento e emprego” aceitando assim, as medidas a tomar com resignação.
Quando nos dizem que não há dinheiro e que temos que arranjar 4 mi milhões de euros estão a tentar convencer-nos de uma inevitabilidade porque o dinheiro existe foram contudo tomadas outras opções políticas de orçamentação e para haver para umas coisas não há para outras. Criam-se até à exaustão, através da comunicação social, falsas necessidades ou situações que levem à desmobilização das pessoas. Se cinco comentadores, cada um per si, forem a favor de uma medida, se aparece algum que tenha outro ponto de vista contrário à tendência é previsível que, a maior parte do público, reaja de modo a julgar que este último está desfasado da realidade. O objetivo é, então, atingido. Não é por acaso que se quer controlar a televisão.
Termino com a sugestão para que estejamos todos mais atentos e alerta a tudo quanto dizem os senhores comentadores pseudoindependentes, políticos e outros, afetos ao governo, (a este ou a outros), para podermos perceber quando e como estamos a ser manipulados.
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