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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Na gíria popular quando alguém faz algo de atrevido que não agradou diz-se "que tem uma grande lata", "é preciso ter muita lata para…". Este termo utilizado no português informal tem o significado de ausência de vergonha, atrevimento, descaramento.
Ao Governo dos doze dias, agora cessante, não lhe faltou lata para o que fez na sua reta final. Após a campanha pré eleitoral e eleitoral passou à fase da campanha pós eleitoral. Como quem diz: afinal nós até seríamos um Governo de direita com propostas de esquerda só que não nos deixaram nem nos deram maioria absoluta.
O ex-secretário de estado da saúde Leal da Costa a quem atribuí na altura, em alguns "posts", a alcunha de carniceiro e agora ministro da saúde com duas semanas de mandato veio nestes últimos dias de estertor e num frenesim publicar portarias. Qual será a intenção? Para além de mera propaganda cria dificuldades ao próximo governo. Vejamos então:
As taxas moderadoras que o Governo PSD-CDS aumentou descaradamente para os 10,30 euros foram extintas, agora esta taxa nas urgências nos serviços de atendimento permanente (SAP) passam para os anteriores 5 euros.
Mas há mais. A nova rede de Urgência e Emergência também foi aprovada à pressa na passada semana quando esteve há vários anos para ser redefinido. Em 2012 tinha sido objeto dum relatório que, por vários motivos tinha ficado na gaveta. Para ler mais…
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A ministra da Educação Margarida Mano, ministra das três semanas, decidiu revogar a prova obrigatória para todos os professores contratados com menos de cinco anos de serviço. Uma decisão que acontece três dias antes de o Parlamento aprovar a revogação da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC), através das propostas do Bloco de Esquerda e do PCP, e numa altura em que o Presidente da República já decidiu indigitar António Costa como primeiro-ministro. Mais propaganda pós eleitoral.
Que bom seria este Governo se continuasse em funções! Passos Coelho no seu Governo anterior pura e simplesmente desconsiderou quaisquer propostas vindas da oposição, agora está a aproveitar tudo. Teve a sua oportunidade quando devia, agora soa a remendo dos rasgões que causou.
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A maioria parlamentar do PSD e CDS e o cessante Governo, num desvairo de ganhador minoritário das eleições e impregnados fazem "reloads" e regressam ao passado da história remota da democracia portuguesa comemorando o 25 de novembro que fez parte da revolução democrática que a direita, nessa altura, deseja como um milagre para regresso ao passado que, se não fosse o Partido Socialista ter travado ambas as fações teria de certo acontecido. A direita nessa altura apostava num retrocesso a um passado que tinha terminado. Não nos podemos esquecer que foi no Governo em que Paulo Portas era vice primeiro-ministro que puseram fim a feriados tão importantes da nossa história, senão mais do que o 25 de novembro como são do 1º de dezembro e do 5 de outubro.
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A direita, pelo menos uma parte da direita ainda não se compenetrou do facto de ter perdido a maioria absoluta no Parlamento e de que a repetição até à exaustão do argumento da ilegitimidade política já não conduz a nada. A direita não se pode esquecer que foi um pedido do Presidente da República Cavaco Silva que exigiu "uma maioria estável e duradoura no Parlamento", palavras dele mesmo. Que o tipo de maioria não lhe agrade isso é outra coisa.
A direita e os argumentos da golpada e da ilegitimidade política estão a tornar-se tão batidos que, já ninguém a escuta. Recorde-se que isto resultou de um pedido do Presidente da República que exigiu, repito, uma “maioria estável e duradoura no Parlamento.
A indignação e a perceção divinatória de ameaças catastróficas irão reforçar o Governo e atirar a coligação PSD/CDS para fora do centro político, local da área partidária a que, nos últimos quatro anos e meio, deixou de pertencer.
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Na passada sexta-feira foi publicado no Diário da República um despacho no sentido do encerramento total das urgências no Hospital dos Covões, Agora o atual Ministério da Saúde das três semanas voltou atrás e com a desculpa de inexatidão foi publicada em 23 se novembro uma retificação a esse despacho, onde se refere expressamente que “a existência de um polo da Urgência do CHUC no Hospital dos Covões fica dependente, quanto ao horário e tipologia, de orientação da ARS Centro”. Força…, Força…, companheiros da coligação!
Segundo conta a lenda, as bruxas participavam de uma festa chefiada pelo próprio Diabo. Elas jogavam maldições e feitiços em qualquer pessoa, e causavam todo tipo de transtorno.
Arménio Carlos anunciou em conferência de imprensa uma concentração, em Lisboa, junto à Assembleia da República, realizada pela CGTP no dia em que serão votadas as moções de rejeição ao Governo de direita. Assim, o dia das bruxas da política será comemorado mais tarde. Não havia nexexidade, ham…ham…!
Não facilita, apenas complica e favorece os argumentos da direita contra o acordo em que o PCP está envolvido para viabilizar um governo apoiado pela esquerda.
Ah! Mas a CGTP não é o PCP. Não é, mas….
O PCP não desarma e não abdica de querer ser o protagonista do vanguardismo da classe operária, desculpem, dos trabalhadores. O PCP tem muitas ilusões, e mantem-nas, esquecendo-se que foi um dos que contribuiu para que a direita, em 2011, viesse a ganhar as eleições com maioria absoluta e não conseguiu, com o seu vanguardismo, tirá-la do poder.
Acho ser inoportuna esta concentração que, diz Arménio Carlos, serve para "reafirmar a recusa popular e a determinação de fazer com que este seja o último programa de Governo da autoria da coligação PSD/CDS" e "exigir resposta positiva às reivindicações dos trabalhadores e das populações e reclamar uma alternativa política…".
Mas essa alternativa está a ser já negociada e, segundo parece, está a decorrer em sentido positivo para quê agora manifestações de rua para forçar o que já está determinado pelos partidos proponentes da(s) moção(ões) de rejeição.
A resposta virá célere da direita com os argumentos do costume apresentados sobre a convergência da esquerda acusando o PCP de não ser de confiança.
Sou pelas negociações à esquerda mas esta concentração só pode servir para invocar as bruxas da política.
Se a coligação PPD-PSD.CDS-PP ganhar bem pode agradecer de todo o coração às televisões e a muitos dos seus comentadores e jornalistas. Todos os canais, sem exceção, mostraram uma parcialidade de tratamento nunca vista em eleições de anos anteriores. Foi uma espécie de retaliação contra o Partido Socialista. Resta-nos saber porquê.
Mas não foram só as televisões, estas serviram como veículo de partidos de todos os quadrantes para fazer campanha baseada no ataque ao Partido Socialista esquecendo grande número de vezes a coligação de direita PPD-PSD.CDS-PP que governou durante mais de quatro anos. O objetivo era simplesmente fazer com que o PS não tenha maioria o que servirá apenas para beneficiar a direita.
Dizia Eduardo Cintra Torres em janeiro de 1998 (p.168) que "Cabe aos mensageiros, (os jornalistas, os órgãos de informação) e aos recetores (os leitores, os espectadores) estarem atentos para que a realidade vista por cada um seja sua e não "deles". Essa vigilância é particularmente difícil no caso da televisão, porque as mensagens de propaganda se espalham temporalmente e se diluem em inúmeros blocos informativos - mensagens que são como pontos invisíveis, mas vão formando uma imagem, não no ecrã, mas dentro de nós, subliminar."
Cintra Torres, agora comentador no canal de televisão CMTV, escreveu isto quando no Governo em Portugal estava o Partido Socialista com António Guterres. Resta saber se hoje em dia ainda tem a mesma opinião com o Governo PSD/CDS ainda em funções.
Como os portugueses estão agarrados aproximadamente quatro horas por dia a olhar para a televisão, é como se utilizassem uma ferramenta para mudança social, alterando a forma de pensar. O governo e a coligação PPD-PSD.CDS-PP seriam ingénuos se ignorassem o seu efeito.
Assim como a televisão pode motivar através da publicidade para comprar roupas, música, jogos e por as pessoas dentro e fora de moda, o mesmo pode ser feito ao modo particular de pensar sobre quem governa.
A televisão através de informações selecionada e tratada com muito cuidado pode motivar e até manter um povo enganado através da seleção de temas e condicionamento de opiniões para servir a critério dum governo, dum partido ou outros.
O elemento principal do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica de contínuas distrações e de informações insignificantes.
A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir o público de prestar atenção ao que verdadeiramente interessa e se passa na política. Manter a atenção do público distraído, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real.
Usar aspetos emocionais é uma técnica para causar uma espécie de curto-circuito na análise racional e no sentido crítico dos indivíduos. Além do mais, a utilização das emoções permite abrir a porta de acesso para fazer entrar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos. Esta última fez parte da campanha da coligação de direita PSD/CDS.
A estratégia passa pela divulgação preferencial de conteúdos medíocres, e pela coroação de ícones políticos popularuchos que em geral não apresentam demasiada cultura, nem inteligência mas que a televisão transforma.
Se a coligação PPD-PSD.CDS-PP ganhar bem pode agradecer de todo o coração às televisões. A todas sem exceção. Diretores de informação, alguns jornalistas, comentadores mostraram uma parcialidade nunca vista em anos anteriores. Foi uma espécie de retaliação contra o Partido Socialista.
Colocavam no ar tudo o que era bom da campanha PAF e horas a fio de Passo Coelho a falar monocordicamente e por outro lado quase tudo o que era mau na campanha do PS. Não havia censura, mas a forma como a informação é tratada e alinhada para ir para o ar pode também ser uma espécie de censura no sentido de avaliação negativa. Se, de facto, se acreditar em conluios, esta campanha foi bem disso a prova de como a direita teve uma influência que penetrou em todos os canais de televisão, mesmo naqueles cuja informação se diz ser independente. Somos livres de pensar de por portas e travessas não terá havido promessas a esses canais, alguns deles não são mais do que "canis" que abrigam cães rafeiros da desinformação.
Uma análise ao conteúdo das campanhas comprovaria o que acabo de dizer. Porque não é apenas o que dizem a quantidade do que dizem nem a quantidade do que passam é, também, a seleção tendenciosa das imagens e os comentários por vezes sem isenção e ao belo prazer e interpretação livre do jornalista que os faz
Tirando alguns frente a frente onde por vezes estavam políticos de partidos à esquerda do PS (também era o que faltava que assim não fosse) os comentadores de serviço em todos os canais generalistas e de informação eram conhecidas figuras do PSD. Onde estava o contraditório?
Eu não acredito da independência e isenção de militantes sem contraditório quando comentam política nas televisões.
Para a maior parte das pessoas a fonte de informação é a televisão mais do que de qualquer outra fonte de notícias e daí há sempre uma maior preocupação pela forma como os canais cobrem uma campanha política. Estudos em outros países têm demonstrado a predisposição para a cobertura de notícias que se concentram mais na imagens dos candidatos, e para um jornalismo direcionado para quem está a ganha, quem está a perder, divulgação dos resultados das pesquisas de opinião, do que numa apresentação séria sobre as propostas que os partidos candidatos têm para oferecer. Veja-se o caso da discussão do programa da coligação PSD/CDS que na prática nunca foi conhecida e votado a um ocultismo propositado.
A cobertura televisiva das campanhas dos partidos dependeu quase exclusivamente em quantidade e extensão de "soundbites", trechos de mensagens de candidatos ou de excertos de comentário que tiveram especial atenção nos candidatos da coligação que tiveram tempos de antena privilegiado em tempo e qualidade de captação de imagem. No último dia da campanha até o Bloco de Esquerda foi contemplado em tempo e imagem.
Além de dependência de "soundbites" a cobertura de notícias das televisões da campanhas também foi caracterizada por "peritos" comentadores quase sempre do mesmo quadrante partidário que interpretaram os eventos para os telespectadores moldando, dirigindo, e centrando-se observações para favorecer mais um lado do que outro.
Houve um excessos de enviesamento político na campanha direcionada mais para o lado dos partidos do governo havendo diferenças entre os canais sobre a atenção privilegiada que davam a uns candidatos.
Além do enviesamento político-partidário imediato as notícias das televisões colocaram demasiada ênfase em alguns dos candidatos. Para uns, discriminação positiva, para outros, discriminação negativa pelos extratos da campanha que eram escolhidos durante a edição de imagem assim como o tratamento que era dado pelos jornalistas que acompanham as campanhas dos partidos.
A cobertura televisiva pode ajudar a determinar como os candidatos são percebidos pelo eleitorado que pode influenciar o sucesso ou insucesso. Esta capacidade de provocar a retenção da atenção é vista como a influência da televisão no processo político duma forma muito decisiva, uma vez que um candidato que não se sai bem enfrenta não só uma batalha difícil mas podem ter dificuldade em levantar-se para continuar. Daí que é muito importante a leitura que se deve fazer de tudo quanto se vê.
Cobertura política pelas televisões não se limita a uma simples cobertura dos candidatos e atividades de campanha, os noticiários de televisão também tem desempenhado um grande papel na cobertura de outros aspetos do processo político pode por exemplo ajudar os eleitores a compreender melhor o processo de seleção política através do já referido enviesamento.
A campanha eleitoral da coligação PaF do PPD-PSD e do CDS-PP no que reporta ao seu programa a aplicar no futuro caso venha a ser governo é uma espécie de ciência oculta. O ocultismo consiste no estudo e prática de ciências que se rodeiam de mistério. O programa de governo para a próxima legislatura é uma coisa sobre a qual se vai reger a coligação PPD-PSD e CDS-PP ainda não foram explicadas. É um conhecimento destinado apenas para certas pessoas e que deve ser mantido escondido. Isto é, oculto
Passos Coelho antes de ir para o Governo mentia, agora oculta.
A dita coligação passou o tempo todo a falar do programa de outros partidos que há muito se conhecem e não apresentou claramente o seu. Criam medo com os outros partidos mas ocultam o que aí vem se eles ganharem. É o culto do ocultismo.
Parece que até o Presidente da República Cavaco Silva já aderiu a esta nova ciência do ocultismo político. Passo Coelho diz que o Presidente da República "é transparente" e rejeitou qualquer desconforto pelo facto de o Presidente não ter sido mais explícito para si sobre o que vai fazer no pós-eleições. Mas o próprio Presidente diz saber "muito bem aquilo que vai fazer" mas não diz. Oculta. Todos els praticam uma ciência que se rodeia de mistério.
Os textos que tenho vindo a escrever neste blog são uma espécie de cruzada política empreendida contra Passos Coelho, enquanto primeiro-ministro, e o seu Governo neoliberal e não subjugada a quaisquer interesses partidários. Uma cruzada, mesmo que no sentido figurado, não é um empreendimento de defesa mas de ataque para libertar algo ou alguém.
Durante os últimos anos de governação de José Sócrates já tinha feito o mesmo empreendimento. Só após a sua queda e após ter entrado em funções o Governo de Passos Coelho reconheci que tinha sido enganado e incorrido num erro grosseiro ao associar-me àquela expedição contra Sócrates devido a influências exógenas imanadas dos seus opositores e órgãos de comunicação a elas veiculados.
O meu arrependimento chegou quando afundei a minha cabeça entre as mãos e lamentei que tivesse havido desde o 25 de abril de 1974 um homem na política que me conseguiu enganar com o requinte com que Passos Coelho o fez. Como se costuma dizer, "comi gato por lebre".
Os próprios "ditos" de Passos Coelho que, ao negá-los afirma serem, como diz "mitos urbanos" que se criaram. Saberá ele por acaso o que é um mito urbano ou ter-lhe-ão soprado ao ouvido este conceito e ele apenas resolveu debitá-lo para a plateia que, como eu, ainda tem paciência para o ouvir.
O conceito de mito é complexo e tem várias formas de entendimento. O étimo da palavra tem origem grega (mythos) que significa narrativa ou lenda. O conceito mais genérico e comum de mito e, no caso mito urbano é uma crença imaginária baseada na credulidade daqueles que a aceitam. Isto é, o que foi dito por Passos Coelho sobre emigração dos jovens segundo o próprio não foi dito e não foi mais do que uma lenda e crença imaginária. Os órgãos de comunicação que replicaram o que ele disse não produziram mais do que uma narrativa dum acontecimento duvidoso, fantástica e inverosímil. Para bem da informação aquela ideia foi desmontada com as palavras do próprio primeiro-ministro.
Há afirmações que me ocorrem proferidas por ele ou outros do seu Governo que tinham a pretensão de colocar jovens contra pais, avós e idosos em geral, empregados contra desempregados, trabalhadores públicos contra trabalhadores privados baseando-se em postulados falsos. Será que tudo o que foi dito e ouvido por muita gente serão também mitos urbanos?
O meu empenho nesta cruzada aconteceu a partir de 2011 e levou-me a estar mais atento ao que se passava na política e a arriscar-me a todas as críticas contra os meus escritos que, por mais violentas, virulentas e contundentes, não me afastaram do meu objetivo.
Não se pode dizer que nada sabia e que inventava os assuntos porque o que soube, e sei, foi, e é, pelos órgãos de comunicação social. E das duas uma, ou estão todos errados ou eles próprios desconhecem os factos e os assuntos.
As minhas fontes não são os meandros da política são os órgãos de comunicação social, das conversas de café, dos taxistas e opiniões de conhecidos e desconhecidos.
Na pesquisa social há outros métodos para obter dados que não envolvem recolha direta de informação a partir de algo investigado. É o que se denomina em ciências sociais métodos não interferentes. As entrevistas, os questionários e as sondagens criam atitudes por parte das pessoas alvo porque os que respondem tentam na generalidade suscitar impressões de si próprio a fim de manter o seu estatuto aos olhos do entrevistador mesmo que este não esteja na sua presença.
Estudos sobre comportamento eleitoral concluem que há pessoas que declaram nos inquéritos, mesmo que telefónicos, ter votado, ir votar num sentido ou não ter votado não o tendo feito de facto.
Era meu objetivo percorrer todos os anos de governação PSD/CDS até 2015 mas o tempo escasseou e não saiu mais do que uma tentativa de síntese incompleta, diga-se, do que se passou nos primeiros dois anos do Governo PSD/CDS. Fiquei por alguns factos que, embora sem uma sequência temporal, do meu ponto de vista, julguei serem mais relevantes. Correndo o risco de saturar e esgotar a paciência, até dos mais curiosos, resolvi anexar o ficheiro com a parte descritiva de partes dos referidos anos.
Coloco em baixo um pequeno extrato dos apontamentos que podem podem ser consultados na íntegra em Política vista por um cidadão comum_final.pdf
Pouco dias antes daquela data 6 de abril de 2011 Portugal tinha proposto um programa de austeridade denominado PEC 4 (Plano de Estabilidade e Crescimento IV, atualmente chamam-lhe apenas PE - Plano de Estabilidade) que tinha sido elogiado por Angela Merkel. Com o seu apoio e o do presidente da Comissão Europeia, Portugal poderia ter obtido um resgate mais suave.
Sobre este facto José Sócrates dá conhecimento disso ao líder da oposição Passos Coelho. Nessa altura era bem conhecido o apoio partidário, o poder e a influência que José Relvas exercia sobre o líder do PSD. Podemos afirmar que Passos Coelho era dependente de Relvas e por este influenciado, e por isso não deixa passar o PEC IV.
Passos Coelho, justificando que já tinha havido vários PEC’s, alegava desconhecimento do que se passava e que não queria que os portugueses passassem mais sacrifícios. É bom considerar este seu pensamento e compará-lo com as posições posteriormente efetuadas durante a campanha eleitoral e também com as depois já no Governo as posteriores de Passos.
Objetivo principal, óbvio e oportunista era a queda do Governo e a tomada do poder através de eleições antecipadas, cujas sondagens devido às medidas já tomadas pelos PEC’s anteriores davam uma maioria ao PSD.
No discurso da tomada de posse como Presidente da República, a 4 de abril, Cavaco Silva faz um ataque ao então Governo de Sócrates afirmando que não havia espaço para mais austeridade, “Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadão”, dizia. Nesta altura começou a ser notado o alinhamento do Presidente da Repúblicacom o Governo e a sua falta de isenção e independência.
Entretanto os bancos pressionavam o ministro das Finanças da altura, Teixeira dos Santos que sem consultar José Sócrates anuncia publicamente que Portugal precisava de recorrer a ajuda financeira externa. Sócrates pede a intervenção da “troika”.
Angela Merkel que também desconhecia aquele facto mostra-se surpreendida e desconfortada com tal medida.
Claro que os partidos da oposição, obcecados pelo poder, e os comentadores neoliberais extremados e alinhados com o potencial futuro Governo de maioria, sem o mínimo espírito crítico, dão vivas ao memorando de entendimento que foi assinado como sendo o melhor que poderia ter acontecido a Portugal.
Passos Coelho regressa às falsas promessas de 2011 e aos trocadilhos do costume agora com outra imagem e a inclusão da conjunção "se" e na crença. Se acontecer o que prevê, o que é raro, serão devolvidos 35% da sobretaxa do IRS, isto baseado no crescimento da receita fiscal, especificamente do IVA e do IRS.
Vamos lá ver se consigo acompanhar o raciocínio de Passos Coelho que, para mim, é uma armadilha. Estamos endividados até à ponta dos cabelos, a dívida aumentou substancialmente e o défice não chegará no final do ano abaixo dos 3 ou 4%, isto se o Novo Banco não vier ainda a contribuir para o seu aumento. Os juros a pagar aos credores são mais do que muitos e estamos a pedir empréstimos que, embora a juros mais baixos, têm que ser pagos a médio prazo. Sendo assim, como pensa o governo PSD/CDS, se for eleito, mantendo a mesma política (o mesmo programa do passado) e com um fraco crescimento da economia que poderá ainda derrapar, arranjar dinheiro (folga como dizem) para tudo o que anda a prometer distribuir?
No passado recente dava com uma mão fechada e tirava com as duas. O dinheiro para o cumprimento destas e doutras promessas, sabemos donde virá se o PSD/CDS ganharem as eleições: do bolso dos mesmos de sempre. Cortes nos salários dos funcionários públicos, prestações socias, reformas e pensões a pagamento, despedimento de funcionários públicos, de professores, criação se uma ou outra taxinha, aumento do imposto de alguns bens essenciais que ainda se encontra com taxa de IVA de 6% ou outros que a imaginação lhes ditar. Argumentará ainda que devido a condições inesperadas do défice devido a causas exteriores a economia não reagiu bem e, como tal não poderá cumprir o que prometeu. A culpa nunca será deles.
Pensando um pouco é por isso que o PSD/CDS não apresentaram o seu programa detalhado nem quaisquer quantificações sobre o que e como e com que base pretendem governar. Contudo dizem para quê apresentar um programa quando todos os portugueses já conhecem a credibilidade e a estabilidade do Governo deles. Lá isso é verdade, já conhecemos muito bem!
O ilusionismo sempre foi a "arte" circense preferida de Paulo Portas e continua a sê-lo nesta campanha eleitoral. Para Paulo Portas está tudo bom e nem sei se os dedos das mãos, e já agora dos pés, chegarão para enunciar todo o sucesso do bom que o Governo fez e ao qual pertence.
Fiz um esforço para conseguir apurar o que o governo de Passos e Portas fizeram. Foi tanto que não o vou enunciar na íntegra porque seria tão exaustivo que até os que são contra a PaF desistiriam de ler. Então vejamos:
Os funcionários levaram cortes; redução de horas extra; perda de parte da pensão; congelamento de promoções; anulação de ascender a uma chefia; instalada uma ameaçadora possibilidade de despedimento. Tudo isto para que adjuntos e assessores sem competência ocupassem funções nos serviços; abertura de concursos que abrem para tapar os olhos que acabam por selecionar os três melhores e que um dado ministro acaba por escolher outros, os boys do PSD-CDS. Estes boys em vez da competência revelam a arrogância da incompetência que vai substituir a legitimidade pela pressão política que alastra sobre os serviços.
Os políticos que ocupam o Governo têm assim pessoal mais submisso, amigos que lhes cuidam da casa e arranjam sempre dinheiro necessário para pagar a esses tais assessores sem experiência que, nestas lides ainda precisam de "dodots" mas mostram-se como sujeitos experimentados que utilizam automóveis pretos e usam iphones que tocam a toda a hora.
Podemos perguntar para que serve esta gente toda nomeada para assessorar quem e o quê e onde a tal dita reforma do Estado não tocou, antes agravou? São varejeiras de propaganda que entraram pelas janelas da agência de emprego em que a PaF do PSD-CDS transformou o Estado.
Cada um que pense por si deixando de acreditar na ilusão vendida por Passos Coelho e Paulo Portas que não são mais do que ilusionistas da feira em que transformaram o Estado e a política.
A coligação PSD/CDS (PaF - Portugal à Frente) tem a vida facilitada nesta campanha porque o trabalho que deveria fazer fica a cargo dos partidos à esquerda do seu adversário mais direto.
A esquerda radical abriu assim a caça aos votos e aos votinhos ao centro-esquerda deixando território livre para a direita penetrar sem muito esforço de progressão no terreno da caça ao voto.
Pelo andar da pré-campanha eleitoral e pelos debates podemos antecipar como vai decorrer a campanha que tem início no próximo domingo.
São quinze os partidos que se apresentam a disputar as eleições alguns apenas em todos os círculos eleitorais.
Há partidos e partidinhos para todos os gostos e opções, muitos deles, sabem à partida que não estarão em condições de eleger deputados e não terão na prática expressão eleitoral. Num regime democrático e multipartidário todos devem ter o direito de se apresentar a eleições. Quanto a isto nada a dizer. O já o mesmo não se pode afirmar ao que respeita à publicitação das suas campanhas cuja visibilidade não lhes é dada na comunicação social.
Num sistema multipartidário há partidos que concorrem às eleições que pertencem a vários espetros políticos e, em princípio, todos vêm uma hipótese de eleger deputados separados ou em coligação. Ao apresentarem-se a votos muitos daqueles partidos vão contribuir para a dispersão de votos, especialmente à esquerda, reduzindo a probabilidade de eleição de deputados.
Os eleitores ponderam mais fortemente quando existem diferenças claras nas propostas entre os partidos.
Se os partidos não apresentam alternativas concretas e efetivas sobre determinado tema a preferência dos eleitores por um dos partidos não terá nenhum efeito sobre os resultados esperados daa política porque a política seguida será a mesma não importa qual o partido que vença as eleições. Supostamente os eleitores votam em propostas ou programas quando o sucesso de um partido sobre o outro resultará em políticas diferentes. Como os candidatos e os partidos clamam por atenção e disputam o apoio popular, o veredicto do povo pode não ser mais do que um reflexo seletivo por entre as alternativas e perspetivas claras que lhes apresentam.
A voz eleitoral do povo é uma espécie dum eco recebido que tem uma inevitável e invariável relação com o emissor. A clareza com que os candidatos e os partidos articulam a sua política e as suas posições influenciam a capacidade do eleitor para escolher entre candidatos e partidos com base em pontos-chave.
Outro aspeto igualmente importante é a quantidade de escolha dada aos eleitores pela diversidade de temáticas e alternativas propostas pelos partidos. Consideremos os eleitores motivados por apenas dois fatores: o estado da economia e as mudanças de política.
Se os eleitores são solicitados a escolher entre dois partidos que oferecem posições idênticas sobre a questão política, mas têm propostas diferentes sobre a economia, então não se pode prever qual foi o comportamento dos eleitores quando optaram pela questão política ou pela de economia para escolherem entre os dois partidos e poderem recorrer a critérios alternativos de seleção.
Quando votam têm que escolher entre os partidos disponíveis, utilizando informações sobre as diferenças económicas desses partidos, e serem capazes de distinguir quais os que forem substancialmente diferentes e entre os que oferecem posições muito semelhantes. Os eleitores podem tomar as suas decisões apenas se as partes apresentarem distintas plataformas ao eleitorado.
Isto conduz-nos a um ponto crucial que é o de os eleitores conhecerem claramente as propostas e programas dos partidos que se candidatam às eleições.
Nesta campanha nem a coligação PSD/CDS nem os partidos mais pequenos apresentaram ainda um programa credível e mais ou menos detalhado e quantificado. Limitam-se a lançar para o ar chavões que proferem até à exaustão no sentido de captar a atenção dos eleitores mas cujo resultado prático, caso fossem governo, não poderiam concretizar e então enganariam que os elegeu.
Dos quinze partidos que vão constar nos boletins de voto, a maior parte deles, uns mais à direita da coligação PSD/CDS e outros mais à esquerda do PS, batem-se por captar aqui e ali uns votinhos dos partidos à sua direita ou à sua esquerda respetivamente.
Os que mais proliferam são os partidos à esquerda do Partido Socialista cujo objetivo é retirarem alguns votinhos a este último. Aliás, a argumentação destes partidos tem sido na prática não combater a direita mas em ir buscar votos onde acham que podem ser bem-sucedidos. Não se está a ver que partidos como o PCP e o Bloco de Esquerda e outros como eles possam ir buscar votos à direita e ou ao centro, logo, por uma questão de proximidade, tomam como alvo preferencial o partido onde poderão ir conseguir uns votinhos.
Para atingirem estes objetivos, e com a demagogia do costume e à falta de um programa coerentemente exequível, gastam o seu discurso fazendo passar mensagens, mais ou menos falaciosas, com base em interpretações livres dos programas dos seus adversários políticos mais próximos.
A coligação PSD/CDS (PaF - Portugal à Frente) tem assim a vida facilitada nesta campanha porque o trabalho que deveria fazer fica a cargo dos partidos à esquerda do seu adversário mais direto. A esquerda radical abriu assim a caça aos votos e aos votinhos ao centro-esquerda deixando território livre para a direita penetrar sem muito esforço de progressão no terreno da caça ao voto.
O debate de António Costa e Passos Coelho deve ter sido um pesadelo para os adoradores do segundo. Passos não conseguiu despir a veste dum primeiro-ministro que quase destruiu o país. Portou-se como um tecnocrata que fala "economês", frio, despido de qualquer sensibilidade social como se estivesse a governar apenas para o cumprimento números, sem contudo apresentar quaisquer proposta quantificável, Sem programa para apresentar e falando uma linguagem sem qualquer interesse para a maior parte das pessoas que fazem parte do país real falou sem dizer nada e sem que a maioria do povo o perceba.
A coligação representada por Passos Coelho à falta de projeto ou de um programa concreto e explícito, que não seja a continuidade do que executou durante quatro anos, refugiou-se no passado e em Sócrates, como se isso fosse de interesse para o que pretende fazer se ganhar as eleições.
Foi oportuna a prisão de Sócrates para direita tentar para esconder com o passado o que nos oculta sobre o futuro se esta direita for novamente governo. Pelo que de viu e permitam-me aqui que especule um pouco, até parece que, o que Paulo Rangel disse sobre a justiça e governo parece haver algo de coincidente, ver um dos blogs anteriores. Para não debater projetos para o futuro e não abrir o jogo refugia-se em Sócrates e no passado.
Caso a coligação PSD/CDS venha a ganhar as eleições de outubro o que acha que o espera a si?
Se pudéssemos fazer uma sondagem com esta pergunta as respostas seriam de vários tipos. Imaginámos três que poderão ser representativas do universo das respostas obtidas. Uma, poderia ser - é indiferente, são todos iguais, para mim continuará tudo na mesma seja quem ganhar. Outra seria - fizeram tudo bem, nada me afetou e até tenho tido vantagens, por isso só espero o melhor. Uma outra seria - espero o pior porque irão fazer o mesmo que já fizeram, por isso espero tempos pouco favoráveis. Não há esperança de qualquer melhoria para as pessoas como eu.
Todas as respostas são válidas no que respeita às expectativas sobre o que o futuro lhes reserva se a coligação ganhar as eleições.
Podemos classificar as respostas do primeiro tipo com sendo a de potenciais abstencionistas que contribuem para que nada mude.
Os que dizem que tudo melhorou são os habituais eleitores desta direita e os que professam uma política clubista, fiéis que vestem a camisola mesmo que ela tenha contribuído para os destruir. Os do terceiro tipo têm sempre um partido em que votar que não seja a coligação PSD/CDS.
Para quê esta conversa? OK. Aqui vai.
Se as eleições forem ganhas pelos que, passo a passo como os zombies regressados das tumbas, matraqueiam os nossos ouvidos com palavras vãs como estabilidade e continuidade não nos enganam porque já todos os portugueses pensantes sabem o que irá acontecer.
O discurso oficial fala muito no crescimento da “economia”, daquilo que eles chamam “economia” na sua visão tecnocrática pode resolver a questão social e alterar as estatísticas sociais. Palavras de ilusionista. Se não houver mecanismos de distribuição, a não haver equilíbrio nas relações laborais, a não haver reforço dos mecanismos sociais do estado – tudo profundamente afetado pela parte do programa da troika que eles cumpriram com mais vigor e rapidez – o “crescimento” de que falam tem apenas um efeito: agravar as desigualdades sociais.
Passou a haver "novos donos disto tudo", "são os do lado do poder, do poder que aparece nas listas dos jornais económicos, os chineses, angolanos, profissionais das “jotas” alcandorados a governantes, advogados de negócios e facilitadores, gestores, empresários de sucesso, a nova elite que deve envergonhar a mais velha gente do dinheiro, que o fez de outra maneira.".
Recomendo a leitura do artigo de Pacheco Pereira no jornal Público que me inspirou este "post"
Dizem por aí alguns CEO´s de empresas que "Portugal não se pode dar ao luxo de ter instabilidade governamental". Não se pode deixar de concordar. Felizmente são poucos os defensores das teses da coligação PSD/CDS. O apelo é um pedido informal para votação na coligação que tem vindo a apregoar a estabilidade governativa, explorando receios e medos ancestrais ainda presentes em alguns portugueses, induzindo-os a votar neles e, deste modo, dar-lhes um cheque em branco para uma maioria absoluta.
Não deixa de ser curioso que a estabilidade governamental que pretendem seja para consumo próprio, a das elites que querem defender a todo o custo os seus lugares e privilégios, ficando os restantes obrigados a renderem-se e a ficarem sujeitos à instabilidade das suas vidas, no seu trabalho, na sua saúde, na sua educação, nas suas reformas, aos impostos agressivos, e por aí adiante. Estabilidade para uns e instabilidade para outros é o que, em síntese, os apoiantes da coligação PSD/CDS defendem, como se mudar de Governo fosse, em democracia, sinónimo de instabilidade. Salazar também a combatia através de todos os meios que criou dizendo ser para defesa da estabilidade e integridade nacional.
Passos Coelho e a sua tribo de corifeus alojados no PSD, alguns vindos da JSD, conseguiram dividir Portugal em dois com o objetivo bem definido de dividir para reinar sendo o seu percursor Miguel Relvas que vai sendo desenterrado aos poucos do silêncio a que estrategicamente se remeteu. Uma das partes em que dividiram Portugal e que o PSD/CDS propagandeiam, é a dum Portugal virtual. A outra parte é a do Portugal real que tentam esconder e lançar para o esquecimento.
O PSD e o CDS culpam o Partido Socialista, Sócrates e o FMI da troika, esquecendo-se que Passos Coelho, após ter ganho as eleições através de várias e já bem conhecidas promessas e mentiras, acarinhou a vinda do FMI requintando-se no agravamento do memorando assinado fazendo dele o seu próprio programa de Governo.
A coligação PSD/CDS apresenta para a próxima legislatura umas linhas indefinidas de programa, sem novidades nas propostas de governação. Nesta campanha surgem como uma espécie de mortos vivos que, de vez em quando, recorrem ao passado para justificarem a vampirização a que sujeitaram e pretendem continuar a sujeitar os portugueses durante mais quatro anos.
A campanha de Passos Coelho e de Paulo Portas não têm apresentado propostas de governo preferindo acenar aos portugueses com o medo da instabilidade, com novas e piores "troikas" que podem vir. Preocupam-se mais em comentar as propostas do PS do que divulgarem as suas porque não lhes interessa que se saiba quais são de facto, mas os portugueses sabem bem o que farão se, por mero acaso, chegarem novamente ao poder. Não cumprir as promessas e continuar e agravar a obra iniciada há quatro anos, desta vez sem a desculpa da "troika". Aliás, Passos Coelho já afirmou várias vezes que seguirá o mesmo trajeto. Por isso só se deixará enganar quem quiser.
A propaganda da coligação tenta alimentar no povo falsas esperanças e, ao mesmo tempo alenta, com a ajuda dos seus corifeus, hostilidades contra tudo e todos os que apresentem uma pequena possibilidade que seja de mudanças de natureza política e que proponham vias alternativas, demonstrando a insensibilidade e a frieza que os anima sobre tudo quanto seja de natureza social. Para incauto ver vêm agora mostrar-se muito preocupados com os vários problemas socias por eles criados.
As propostas que esta gente e os media que os apoiam defendem perante o eleitorado são alimentadas pelo engano, pela mentira, pela ocultação ardilosa e pela deturpação premeditada dos factos do Portugal invisível, traçando sobre ele um muro espesso e opaco de silêncio.
As estatísticas selecionadas para divulgação são demonstração do que acabo de dizer. Divulgam-se as que lhes interessam e escondem-se as que não lhes interessa que sejam conhecidas. Das estatísticas económicas apenas as que lhe são favoráveis são mencionadas, as sociais não existem. Para comparação escolhem anos, apenas de interesse para estudo da evolução histórica, que lhes sejam favoráveis para demonstrarem que os indicadores estão a subir, todas a subir ou com tendência para subir.
Quanto às privatizações é o que se tem visto, comparam o mau com o pior que poderia ter acontecido. É do tipo de partiste uma perna? Olha, poderia ter sido pior se partisses as duas.
A venda do Novo Banco irá ser apresentada como sendo uma venda lucrativa e de excelência comparada com uma suposta venda que nunca esteve em cima da mesa das negociações mas que seria uma alternativa muito pior. É a estratégia para consumo popular; apresentar o mal feito como um mal menor.
É este o discurso de propaganda da coligação PSD/CDS; este tem sido o seu programa de governo; este é o programa que os partidos da coligação continuarão a seguir, se lhe dermos oportunidade para isso.
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