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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Hoje foi a tomada de posse do novo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e a saída de Cavaco Silva “o de má memória”.
À volta da tomada de posse do novo Presidente, alguns canais de televisão centraram as suas atenções, acho que em exagero, mais no que se passava à volta de Cavaco Silva do que com o novo Presidente.
Não votei em Marcelo porque considerei que foi um candidato fabricado com a ajuda, e foi muita, da comunicação social. É um candidato que, convictamente, segue uma orientação social-democrata que era a do PSD, antes de ter sido capturado e liderado por Passos Coelho apoiado pela sua camarilha liberal ou neoliberal, como lhe queiram chamar.
Escrevi em blogs anteriores, aquando da campanha eleitoral, que tinha dúvidas sobre a forma como Marcelo Rebelo de Sousa iria desempenhar a sua função como Presidente. Seria ele uma espécie de Cavaco em embalagem light? Não o será, por certo, e podemos esperar que não tenha perdido o seu pendor social-democrata. Entre o discurso da tomada de posse e a passagem à prática a distância poderá se grande.
Após ter ganho as eleições de 2009, (com maioria absoluta apenas conseguida com a grande ajuda do CDS-PP), os que o lançaram e apoiaram cerraram fileiras à sua volta, levando atrás outros que nada tinham a ver com a nova linha de direita que estava a ser seguida por Passos Coelho.
Passos Coelho e sua gente fizeram do PSD aquilo que nunca é hoje um partido vincadamente de direita apesar de agora apregoar aos quatro ventos que agora voltou o tempo da social-democracia. Noutras circunstâncias já ouvimos Passos Coelho a dizer e prometer e depois na prática executar o seu contrário.
Passos Coelho em 2016 voltou a ser eleito líder do partido por uma grande maioria que legitimou a sua liderança. Foi seguida a tática, como no do futebol, na equipa ganhadora não se mexe. Têm grandes esperanças de, a curto prazo, voltarem a ser poder à custa da “figura” de Passos qual estrela de cinema que capta imensos fãs apenas e só pela figura. Sim, porque os portugueses estimam muito as imagens que lhe são colocadas à frente não apenas na política mas noutras circunstâncias. Veja-se o caso da Cristina Ferreira da TVI! A qualidade dos políticos não interessa, podem até não servir para um cargo mas desde que tenham um boa imagem televisiva está tudo certo.
Ao contrário de Cavaco Silva que durante os seus mandatos foi apenas o Presidente de alguns, poucos, portugueses, o novo Presidente da República, social-democrata convicto, para ser considerado de todos os portugueses terá que alinhar pelo centro direita, mas terá que também alinhar pelo centro esquerda, e até, exatamente ao centro, equilíbrio que não será fácil de manter na estreita barra da política portuguesa. E como fará com a esquerda se pretende unir o que Passos Coelho desuniu? Só o seu desempenho mostrará, no tempo, do que será capaz. Como eu gostaria de me ter engando nas críticas que lhe fiz por altura da sua campanha eleitoral! Ele será talvez o único que nos possa fazer esquecer o anterior Presidente ou, pelo contrário, fazer-nos lembrar quão mau foi o seu antecessor.
Até lá aguardaremos positivamente com espectativa.
Bem-vindo ao inferno da política ativa Senhor Presidente Marcelo!
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