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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Imagem USA Today
A verdade sobre a economia de Trump
(Jan 17, 2020 JOSEPH E. STIGLITZ *)
In (Project Syndicate e Jornal Expresso 25/01/2020)
NOVA IORQUE – À medida que as elites empresariais do mundo viajam para Davos para a sua reunião anual, as pessoas deveriam fazer uma pergunta simples: será que superaram a sua paixão pelo presidente dos EUA, Donald Trump?
Há dois anos, muito poucos líderes empresariais estavam preocupados com as alterações climáticas ou chateados com a misoginia e intolerância de Trump. A maioria, no entanto, estava a comemorar a baixa de impostos do presidente multimilionário e grandes empresas aguardavam ansiosamente os seus esforços para desregular a economia. Isso permitiria que as empresas poluíssem mais o ar, atraíssem mais americanos para os opiáceos, incentivassem mais crianças a comer alimentos indutores de diabetes e se envolvessem no tipo de manobras ardilosas financeiras que provocaram a crise de 2008.
Hoje, muitos líderes de empresariais ainda falam sobre o crescimento contínuo do PIB e os preços históricos das ações. Mas nem o PIB nem o índice Dow Jones são bons avaliadores do desempenho económico. Nenhum diz nada sobre o que está a acontecer com o padrão de vida dos cidadãos comuns, nem nada sobre a sustentabilidade. De facto, o desempenho económico dos EUA nos últimos quatro anos é a Prova A da acusação para não confiar nesses indicadores.
Para se obter uma boa leitura da saúde económica de um país, tem de se começar por analisar a saúde dos seus cidadãos. Se forem felizes e prósperos, serão saudáveis e viverão mais tempo. Neste aspeto, entre os países desenvolvidos, os Estados Unidos estão no final da lista. A esperança de vida nos EUA, já relativamente baixa, caiu nos dois primeiros anos da presidência de Trump e, em 2017, a mortalidade na meia-idade atingiu a taxa mais elevada desde a Segunda Guerra Mundial. Isso não é uma surpresa, porque não houve nenhum presidente que se tenha esforçado tanto para garantir que mais americanos fiquem sem seguro de saúde. Milhões perderam a cobertura do seguro e a taxa de pessoas sem seguro aumentou, em apenas dois anos, de 10,9% para 13,7%.
Um dos motivos da diminuição da esperança de vida nos Estados Unidos é o que Anne Case e o economista vencedor do prémio Nobel, Angus Deaton, chamam de mortes por desespero, causadas por álcool, overdose de drogas e suicídio. Em 2017 (o ano mais recente para o qual existem dados disponíveis satisfatórios), essas mortes foram quase quatro vezes mais do que em 1999.
A única vez em que vi algo semelhante a estas quedas na saúde – sem contar com as guerras ou epidemias – foi quando fui economista-chefe do Banco Mundial e descobri que os dados de mortalidade e morbidade confirmavam o que os nossos indicadores económicos sugeriam sobre o estado deplorável da economia russa pós-guerra.
Trump pode ser um bom presidente para o 1% que está no topo – e principalmente para o 0,1% que está no topo – mas não foi bom para todos os outros. Se for totalmente implementado, o corte de impostos de 2017 resultará em aumentos de impostos para a maioria das famílias que se encontram no segundo, terceiro e quarto quintis referentes ao rendimento.
Tendo em conta os cortes de impostos que beneficiam desproporcionalmente os ultrarricos e as empresas, não deveria surpreender que não houvesse nenhuma mudança significativa no rendimento disponível das famílias de classe média dos EUA entre 2017 e 2018 (novamente, o ano mais recente com dados satisfatórios). A maior parte do aumento do PIB também vai para os que estão no topo. Os ganhos médios semanais reais estão apenas 2,6% acima do nível de quando Trump tomou posse. E esses aumentos não compensaram os longos períodos de estagnação salarial. Por exemplo, o salário médio de um trabalhador do sexo masculino a tempo inteiro (e os que têm empregos a tempo inteiro são os sortudos) ainda está a mais de 3% abaixo do que estava há 40 anos. Também não houve muitos progressos na redução das disparidades raciais: no terceiro trimestre de 2019, os ganhos médios semanais dos homens negros que trabalhavam a tempo inteiro eram menos de três quartos do nível dos homens brancos.
Para piorar a situação, o crescimento que ocorreu não é ambientalmente sustentável – e ainda menos graças ao “esventramento”, por parte do governo Trump, das regulamentações que passaram por rigorosas análises de custo-benefício. O ar será menos respirável, a água menos potável e o planeta estará mais sujeito às alterações climáticas. De facto, as perdas relacionadas com as alterações climáticas já atingiram novos máximos nos EUA, que sofreram mais danos patrimoniais do que qualquer outro país – atingindo cerca de 1,5% do PIB em 2017.
Era suposto os cortes de impostos estimularem uma nova onda de investimentos. Em vez disso, provocaram um histórico consumo exagerado e frenético nas recompras de ações – cerca de 800 mil milhões de dólares em 2018 – por algumas das empresas mais rentáveis dos Estados Unidos, e levaram a um défice recorde em tempos de paz (quase 1 bilião de dólares no ano fiscal de 2019) num país que supostamente está próximo do pleno emprego. E mesmo com investimentos fracos, os EUA tiveram de contrair empréstimos consideráveis no exterior: os dados mais recentes mostram empréstimos estrangeiros de quase 500 mil milhões de dólares por ano, com um aumento de mais de 10% na posição de endividamento líquido da América em apenas um ano.
Da mesma forma, as guerras comerciais de Trump, apesar de todo o ruído e fúria, não reduziram o défice comercial dos EUA, que foi um quarto mais elevado em 2018 do que em 2016. O défice de mercadorias em 2018 foi o maior alguma vez registado. Até o défice no comércio com a China aumentou quase um quarto em relação a 2016. Os EUA obtiveram um novo acordo comercial norte-americano, sem as disposições do acordo de investimento que o grupo empresarial Business Roundtable pretendia, sem as disposições que elevavam os preços dos medicamentos que as empresas farmacêuticas pretendiam e com melhores disposições laborais e ambientais. Trump, um autoproclamado mestre de negociações, perdeu em quase todas as frentes nas negociações com os democratas do Congresso, resultando num acordo comercial ligeiramente melhorado.
E, apesar das promessas alardeadas de Trump de devolver os empregos industriais aos EUA, o aumento no emprego industrial ainda é menor do que na época do seu antecessor, Barack Obama, após a recuperação pós-2008, e ainda está muito abaixo do nível anterior à crise. Até mesmo a taxa de desemprego, com o menor índice em 50 anos, oculta a fragilidade económica. A taxa de emprego para homens e mulheres em idade ativa, apesar de aumentar, aumentou menos do que durante a recuperação de Obama e ainda está significativamente abaixo da de outros países desenvolvidos. O ritmo de criação de empregos também é notavelmente mais lento do que era sob a presidência de Obama.
Mais uma vez, a baixa taxa de emprego não é uma surpresa, até porque as pessoas não saudáveis não podem trabalhar. Além disso, aqueles que recebem benefícios por incapacidade, na prisão – a taxa de encarceramento nos EUA aumentou mais de seis vezes desde 1970, com cerca de dois milhões de pessoas atualmente atrás das grades – ou por estarem tão desanimados que não procuram emprego de forma ativa, não são contabilizados como “desempregados”. Mas, claro, eles não estão empregados. Também não surpreende que um país que não ofereça preços acessíveis no acolhimento de crianças ou garanta licença familiar tenha uma menor taxa de emprego feminino – ajustado pela população, mais de dez pontos percentuais a menos – do que outros países desenvolvidos.
Mesmo a julgar pelo PIB, a economia de Trump fica aquém. O crescimento do último trimestre foi apenas de 2,1%, muito abaixo dos 4%, 5% ou 6% que Trump prometeu apresentar e ainda menos que a média de 2,4% do segundo mandato de Obama. É um desempenho extremamente fraco, considerando o estímulo proporcionado pelo défice de 1 bilião de dólares e pelas taxas de juro extremamente baixas. Isto não é uma casualidade ou apenas uma questão de má sorte: a marca de Trump é a incerteza, a volatilidade e a prevaricação, ao passo que a confiança, a estabilidade e a fiabilidade são essenciais para o crescimento. O mesmo acontece com a igualdade, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.
Sendo assim, Trump merece reprovar, e não apenas nas “disciplinas” essenciais, como defender a democracia e preservar o nosso planeta. Ele deveria, também, chumbar em economia.
*Prémio Nobel 2001 juntamente com George Akerlof e Michael Spence.
- Começo pelo artigo de opinião de João Miguel Tavares no jornal Público que intitula “António Costa: demasiado bom para o nosso bem”. Não há muito para dizer sobre este artigo, é mais do mesmo, no que se refere ao que ele costuma escrever. Resta apenas perguntar se Passos Coelho, de quem ele parece ser fã, foi demasiado bom para o nosso mal em tudo o que fez durante quatro anos de Governo.
Já é costume muitos editoriais de jornais escritos muitas das vezes pelos seus diretores tentar arranjar distorções imprimida aos factos por efeito de preconceitos, interesses pessoais que conduzam a falhas nas políticas mesmo que ocasionais e pontuais.
- É opinião generalizada que duma maneira geral a abertura do ano letivo em termos comparativos com os anteriores não esteve mal. Pelo não houve grandes notícias sobre isso ao contrário do que acontecia no anterior governo. Assim sendo, o que alguns senhores se entretêm a fazer é esgaravatar para se conseguir algo onde pegar. Então diz Paulo Baldaia que desde setembro ocupa a cadeira principal da redação do Diário de Notícias que o ano escolar não começou na perfeição (reparem que não é bem, é a perfeição que ela agora exige), que os problemas não foram em número reduzido nem rapidamente resolvidos e de seguida atira-se ais sindicatos, os da GCTP, claro está, por estarem muito caladinhos. Lança veneno provocatório no sentido de desestabilizar o que está mais ou menos estabilizado.
Para ele, editorialista, o problema é que tudo correu tão mal no início do ano letivo que não percebe porque não houve manifestações por parte dos sindicatos. E critica a Fenprof por ter contestado tanto no “tempo da outra senhora”. Porque estão acomodados no corporativismo. De seguida cospe mais veneno sobre a mesma CGTP avançando já com as futuras renegociações da contratação coletiva, E vai lá mais uma acha provocatória “Uma negociação do orçamento não se apenas sobre o deve e o haver do Estado também se joga nas negociações paralelas”, com os empresários estão a ver? Quem tem acompanhado as negociações na concertação social sabe que a CGTP sai sempre sem concordância. Pica aqui, pica ali para a ver se encontra minhoca que desacredite e desestabilize uma geringonça que até hoje tem funcionado.
- Falta de funcionários fecha escolas e deixa salas sem limpeza é um dos títulos num jornal de hoje e daí parte-se para divagações mais ou menos anti ministério da educação. Se bem me lembro foi no Governo de Passos Coelho que se começou a cortar no orçamento da educação e consequentemente no pessoal auxiliar. Era o tempo do não há alternativa. Só agora é que se lembraram disso, mas à época, a não ser o sindicato, estas mesmas pessoas que agora comentam nada diziam.
- A Associação de Turismo de Cascais está em polvorosa. Hoteleiros teme fuga de turistas. Porquê? Porque a Associação de Turismo de Cascais vai propor à Câmara Municipal a aplicação de uma taxa turística de cerca de 1,50 euros por noite até um máximo de cinco. Insurgem-se os representantes da hotelaria porque temem perder clientes para outros municípios. Será que os turistas estrangeiros, tendo em conta o seu nível de vida e a escolha de Cascais como destino, vão retrair a sua vinda por causa deste valor? Quem escolhe Cascais para fazer turismo sabe o que quer e para onde vai.
- Não sei se será coincidência ou não com o Prémio Nobel que foi dado a Bob Dylan, o certo é que o Diário de Notícias de hoje dá destaque de primeira página ao cantor Emanuel com uma frase sua onde diz que “Nós Pimba” “É uma obra-prima da Música Popular” e mais afirma que “Sou um operário da música, não sou uma vedeta.”
Desconheço o propósito da entrevista de duas páginas que lhe foi concedida, mas teve direito a publicidade gratuita. Talvez para o ano possa ser nomeado para um Nobel da música pimba.
- Leio quase sempre as críticas de cinema porque gosto da sétima arte. Gosto de ler as críticas que João Lopes escreve no Diário de Notícias. Todavia, a sua compreensão só é acessível algumas pessoas porque intelectualizadas e com considerações socio-filosóficas tornando-se porventura incompreensível para a maior parte das pessoas. É dirigida a uma elite de cinéfilos. Será que tem que ser mesmo assim?
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