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O ónus da culpa

por Manuel_AR, em 27.04.16

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Comentar o discurso de Paula Teixeira da Cruz na Assembleia da República quando das comemorações do 25 de abril é dar importância à doença que avassala o PSD dito social-democrata. Uma espécie de azia com que se confronta, no dizer de Correia de Campos “azia prolongada, desconfortável” que “chega a ser dolorosa.”. E acrescenta: “Esperava-se que Bruxelas recusasse o Orçamento. Em vão. Esperava-se que o spread da dívida soberana castigasse a esquerda intrusa, a querer ombrear com os bem comportados. Em vão. Esperava-se que as agências de rating viessem repor a ordem natural de não deixar governar a esquerda. Em vão”.

Paula Teixeira da Cruz e o PSD encerraram-se no casulo que teceram com as suas políticas sem ainda conseguiram que a crisálida emergisse sob a forma de borboleta para ver a luz do dia. Preferem “curtir” o seu passado recente com o orgulho neoliberal com que brindaram Portugal.

O discurso não é mais do que o retorno das ameaças amedrontadoras já bem conhecidas e repetidas pela direita (PSD) de que nos podem levar novamente à catástrofe. Conhecemos bem as políticas e os discursos que conduziram à divisão dos portugueses. Entretanto Passos Coelho vai dizendo por aí que as previsões do PE - Plano de Estabilidade são pouco ambiciosas e irrealistas e, ao mesmo tempo, dizem outros, serem excessivamente otimistas. Concordo se o termo ambição para Passos Coelho, forem cortes, sacrifícios, mais austeridade. Como tornaria Passos Coelho o PE - Plano de Estabilidade e o PNR – Plano Nacional de Reformas mais ambiciosos? Curioso é que alguns comentadores de economia das televisões, tomando-se ares de credibilidade, alinham pelo diapasão da oposição do PSD de Passos, o mesmo é dizer que, em vez de comentaristas isentos, mais parecem deputados da oposição.

Mas voltemos ao discurso da tragédia e do “odor do salazarismo bafiento” com que Teixeira da Cruz rotula os partidos que apoiam o Governo acusando-os de traidores à pátria por se atreveram a reagir às posições sobre matérias financeiras em relação à Europa, feitas internamente, diga-se, tivessem que ser silenciadas.

Se bem me lembro, e quem esteve atento à comunicação social quando se estava a discutir o Orçamento de Estado para 2016 para apresentar em Bruxelas recordar-se-á também e pode avaliar quem de facto poderá ser considerado em termos valorativos, mesmo que em sentido figurado, ser traidor à pátria quando um deputado europeu do PSD (Paulo Rangel) em Bruxelas fez questão de “chamar a atenção” da Comissão Europeia para o facto de “todo o esforço que a população portuguesa fez nos últimos quatro anos, com resultados tão prometedores e tão inspiradores”, estar agora “comprometido” devido ao “acordo de forças da extrema-esquerda com o PS, que põe em causa o equilíbrio que até agora tem sido seguido em Portugal”. Deixo a cada um tirar as ilações que bem entender.

O discurso é uma espécie de catarse do ónus da culpa do PSD feito pela “psicanalista” Paula Teixeira da Cruz, isto é, faz uma terapêutica psicanalítica do partido tendo em vista o desaparecimento de sintomas pela exteriorização verbal e emocional de traumatismos governativos recalcados enquanto o PSD esteve, juntamente com o CDS, no Governo.

A senhora deputada quis contemplar o atual Governo e os partidos que o apoiam com os mesmos argumentos que, com razão, lhe foram dirigidos ao Governo da altura. Foi um discurso com a emoção à flor da pele, virado para o passado, com laivos traumáticos pela perda do poder que queriam manter à imagem e semelhança do anterior. Fazem acusações que sabem lhes couberam quando o PSD foi Governo querendo agora imputar a outros. O trauma do PSD e de Paula Teixeira da Cruz manifestam-se numa espécie de cegueira ensaiada para ocultar o ónus duma culpa que acarretam.  

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publicado às 20:30

Trapaceiros

por Manuel_AR, em 28.06.15

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Segundo o Diário de Notícias e o Público foi ordenado aos serviços do ministério da Justiça e também da Economia para que identificassem, no programa eleitoral do PS, as medidas que tinham sido executadas pelo Governo, ou estavam em vias de o ser.

Segundo o DN não se tratou de um "erro" isolado de "um funcionário", como alegou, no caso do seu ministério, Paula Teixeira da Cruz, mas de uma prática que atinge outros gabinetes do executivo como o da Economia que o ministro Pires de Lima já confirmou como tendo sido um pedido indevido. A notícia veiculada pelo DN destaca que Pires de Lima confirmou que "após averiguação, apurou-se que, por iniciativa própria indevida seguiu um email para três organismos com pedido de informações por parte de um serviço de um gabinete do ministério", afirma a mesma fonte, acrescentando que "o ministro da Economia já deu instruções para que esta situação, que se lamenta, naturalmente, não volte a ocorrer."

Mentem, desmentem, deturpam, omitem, voltam a mentir e acaba por ser sempre os outros, os de baixo, que erram, mas, na hierarquia de topo nunca há responsabilidades políticas. Nada acontece.

Desta trapalhada pode concluir-se que, afinal, o programa do Partido Socialista sempre os preocupa e terá coisas que pretendem executar. Como podemos interpretar isto?

Há uma espécie de bando que se integram em fações nos partidos da direita que, nos últimos anos, nos tem governado cuja honestidade e caráter políticos são coisa que tem deixado muito a desejar. É a direita à portuguesa. Que tudo nega, que engana, que se apropriou do aparelho de estado para se manterem no poder e que, face a factos concretos, se esconde atrás de quem está abaixo deles.

Não é Portugal que os move. Não querem saber de Portugal para nada. Querem é construir um Portugal para eles, à sua imagem e semelhança, mesmo sacrificando a maior parte dos portugueses desde que isso sirva os seus interesses. Se tiverem algum interesse por Portugal é porque coincide com os seus próprios interesses.

Estar no poder serviu-lhes para construírem durante estes últimos anos uma máquina que está a servir-lhes para manipularem a opinião pública através de órgãos de comunicação social que está na posse de mãos de investidores cujos capitais são provenientes de apoiantes desta direita que pretende, através da falsidade e da omissão, conquistar votos que sirvam a sua causa.

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publicado às 15:53

Há quem seja a favor de uma lista VIP, outros há que são contra e opõem-se tenazmente. Embora sendo contra também sou a favor. Contradição aparentemente estúpida. A explicação baseia-se em que todos temos direito à privacidade fiscal dos rendimentos e dos impostos pagos e não pagos. Assim, devíamos todos fazer parte duma lista VIP e não apenas alguns para escaparem ao escrutínio público. Nesta última circunstância sou contra.

Existe uma diferença entre o “todos”, cidadãos comuns, e aqueles que se oferecem ou são chamados para desempenhar cargos públicos. Preservar a privacidade fiscal também é para estes um direito, mas o direito à transparência fiscal dos políticos também lhes deve exigido. Os governantes e todos aqueles que desempenhem cargos políticos de governo devem ser um exemplo de comportamento fiscal. Não quero com isto dizer que a vida patrimonial e fiscal destes cidadãos deva ser devassada mas que, em caso de dúvida possa ser escrutinada. Talvez por não sermos todos perfeitos.

A riqueza não é crime, antes pelo contrário, desde que obtida dentro da legalidade seja ela proveniente do esforço do trabalho, heranças ou de qualquer outra forma que a legitime. É por haver dúvidas sobre a diferença entre o que se tem ou se ganha, e a forma como se vive, que o ex-primeiro-ministro José Sócrates se encontra em regime de prisão preventiva.

Havia e há indícios, havia e há dúvidas (?). Isto seria evitável se os rendimentos e o património antes e depois fossem conhecidos, embora de foram restrita por entidades competentes se fosse caso disso, ou se dúvidas houvesse.

Há quem seja a favor da existência de uma lista VIP com acesso restrito para evitar a devassa por alguns órgãos de comunicação social ávidos da censura e da indignação da opinião pública. Tudo isto é verdade, mas também não o é menos que, em caso de dúvida, se investigue a situação fiscal dos políticos que nos governam. Não se devem esconder alguns que, por motivos políticos e partidários, e lá porque estão em situação de privilégio ou fazem parte de um qualquer governo. Coloca-se neste caso um problema que é o da possibilidade do afastamento de pessoas competentes para o exercício de cargos político-públicos. Mas não deve ser o serviço público uma missão e, por outro lado, quem não deve não teme. Já o disse, ser rico não é crime nem tem que estar necessariamente correlacionado com fuga aos impostos, corrupção ou qualquer atividade ilícita.

Podemos ser levados a acreditar que, intencionalmente, existe ou estava para existir uma lista fiscal VIP à qual apenas certos e privilegiados funcionários teriam acesso.

Por coincidência ou não a notícia da lista VIP surge numa altura em que Passos Coelho já tinha sido confrontado com os seus compromissos fiscais na sequência do caso Tecnoforma. Depois explicava no Parlamento as omissões para com a Segurança Social. Desculpas, esquecimentos, desconhecimentos, faltas de notificação, perfeições e imperfeições, etc. Tudo isto terá conduzido a um estratagema para resguardar de escrutínios incómodos membros do Governo.

Daqui passamos para audição de Paulo Núncio no Parlamento que mantem a dúvida sobre se tinha ou não conhecimento da tal lista VIP. Isto porque, a cada perguntas da oposição, e apenas me refiro a esta porque a da maioria é de mera propaganda, o senhor secretário de Estado embrenhava-se num enredo de não explicações que mais não eram do que a defesa das posições do Governo. Atacou e criticou as oposições, como se estivesse num debate parlamentar, sem nada esclarecer. Colocou-se numa posição de autoelogio das suas virtudes enquanto pessoa e governante.

A questão é: como é que Paulo Núncio não sabia de nada apesar de inquéritos a funcionários da Autoridade Tributária a decorrer, por andarem a "vasculhar", sem autorização, elementos fiscais de prováveis ou improváveis nomes dos tais VIP´s? Porque não chamou os responsáveis para esclarecer o que se estava a passar? Navegação à vista da sua secretaria de Estado?

Havia que, rapidamente, e após o rebentar do caso, arranjar bodes expiatórios sabemos lá se com a conivência dos próprios que se demitiram ou puseram o lugar à disposição para proteger órgãos do Governo.

Nada me espanta pelo que tem vindo a ser o descaramento de vários elementos do Governo. Agarrados ao poder preferem apontar as flechas da responsabilidade aos funcionários ou aos departamentos sobre a sua alçada e que são os alvos mais frágeis, sem nunca tirarem quaisquer consequências políticas.

Estão ainda presentes casos recentes como o de Mota Soares que responsabiliza os seus subordinados pelas falhas que terá havido no que respeita à falta de pagamentos à Segurança Social de Passos Coelho. O ministro Nuno Crato ao dizer que a culpa dos falhanços da colocação dos professores foi dos serviços administrativos que curiosamente estão debaixo da sua alçada. A ministra Paula Teixeira da Cruz quando disse que o caos do Citius se devia a funcionários que ela superintende. O primeiro-ministro que acusa os serviços da Segurança Social por eles não o terem notificado e que por causa disso se terá esquecido de entregar as declarações e fazer os respetivos pagamentos.

Passou a ser uma inovação e um modelo de governação quando há problemas culpabilizar os subordinados ou serviços direta ou indiretamente sobre a sua alçada, mesmo que isso tenha implicações políticas.

Faz-me lembrar aquela situação do aluno que apanhado de surpresa defende-se dizendo:

- Não fui eu Sotôra, foi aquele menino - e aponta o dedo para o aluno que está ao seu lado.

Ou ainda aquela anedota do Bocage que reza assim:

Certo dia Bocage estava numa festa e uma senhora soltou uma ventosidade. Logo Bocage ofereceu-se para assumir o ato, então disse em voz alta:

- O peido que esta senhora deu, não foi ela, fui eu.

Mas podemos inverter a situação e dizer:

- O peido que eu dei, não foi eu foi ela.

Para bom entendedor meia palavra basta.

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publicado às 20:36

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Diz Alfredo Barroso no Facebook que a ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz "É incompetente, arrogante, emproada e incapaz de reconhecer os graves erros que cometeu, inclusive as acusações, tudo leva a crer que falsas, a dois peritos informáticos…". Acho que tem razão, nem é preciso conhecê-la pessoalmente, basta assistir às suas atitudes e declarações perante as câmaras da televisão.

Agora resolveu arranjar uma manobra de distração ao tomar uma posição controversa dentro do PSD sobre a autorização de comercialização de drogas leves em farmácias, levando Passos Coelho a demarcar-se e a dizer que não está no programa do Governo. Quem quererá ela enganar ou distrair e de quê? Pertencerá agora ela a uma ala BE do PSD? Mas faz ainda mais, lançou-se à discussão sobre tricas e dicas emitidas por pessoas a quem ela nunca chegará aos calcanhares. Para tal usa os magistrados através do seu sindicato. Forma de fazer com que os magistrados a ajudem a lavar a cara que sujou. Estas almas, de tempos, a tempos, querem arranjar detergentes para limpar a face mais suja do que breu e captar as atenções de certas franjas, distraindo da objetividade de problemas em que está envolvida como a desastrosa reforma judicial que a levou uma acusação torpe feita a funcionários que acusou de boicote ao Citius e que agora resolveram defender-se.  Quanto à reforma da justiça em Portugal que a ministra tanto elogia basta conhecer o relatório preliminar especial da ONU para a independência de juízes e advogados de Gabriela Knaul.

Já não há mais paciência.

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publicado às 17:56

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 O jornal "Sol" sempre teve e continua a ter matizes de parcialidade e de um interesse muito peculiar pelas manchetes da primeira página que agradam a alguma direita nomeadamente as apoiantes do governo. Enquanto os jornais diários generalista colocam manchetes sobre as suspeitas de corrupção de altas chefias do Estado no que toca aos vistos dourados apadrinhados por Paulo Portas o jornal "Sol" apenas dedicada a um pequeno subtítulo na primeira página nem sobre os vistos Gold. O Jornal i e os jornais económicos seguem-lhe as pisadas. Porque será? Cada qual que tire as suas conclusões.

 

O jornal "Sol" na primeira página prefere dedicar-se a notícias importantíssimas para os portugueses neste momento como seja António Costa, Sócrates, o passado e Seguro este uma perda inestimável para a direita dentro do PS não porque vissem um aliado mas porque lhes poupava trabalho e preocupações.

 

A Câmara de Lisboa e António Costa até aqui quase esquecidos pela comunicação social salvo em casos excecionais, passou a ser alvo de todas as atenções. São alvo de todas as atenções ainda bem!

 

O Jornal i coloca em manchete uma espécie de recuperação da imagem da Ministra da Justiça titulando que "Ministra da Justiça prepara afastamento de dirigentes sob suspeita no caso vistos gold". Que oportunidade para a ministra!

 

A mesma ministra disse em determinada altura "Qualquer pessoa que ponha em causa uma instituição deve imediatamente apresentar a sua demissão ou o seu pedido de suspensão de funções". Em primeiro lugar era bom que a ministra clarificasse o que entende pôr em causa uma instituição. Em segundo lugar veria olhar lá para os lados dela porque muito haveria que dizer. Em terceiro lugar era o que mais faltava agora não se poder criticar e questionar as instituições. Democracia é isso mesmo.

 

Paulo Portas abriu as portas ao que se está a passar com os vistos gold. O pai da façanha, de tão eufórico e mais preocupado com a sua pessoa e com o partido do que com o país, não soube acautelar o que poderia acontecer. Existem metodologias que permitem através de históricos, a experiência noutros países e a modelos de previsões calcular qual será o efeito de determinada política ou medida.

Às críticas da altura Portas disse que podíamos estar sossegados porque a fiscalização teria mãos de ferro. Só se foram de ferro fundido. A propaganda do vice primeiro-ministro ditava como sendo fantásticos para o investimento o clima, o golfe, a segurança do país e a criação de postos de trabalho. Destes nem vê-los, apenas 10. Veja-se quantos vistos gold: China, 1429; Rússia, 58; Brasil, 55; África do Sul, 43; Líbano, 30. Onde estão os ricos dos países da Europa a investir neste negócio. Seria suposto atrair europeus.

 

Num debate na TVI24 um deputado do PSD elogiou o Governo pela sua ação rápida no combate ao surte de legionela como se isso fosse algo de extraordinário e que merecesse distinção. Mas então, não é obrigação do Governo assim proceder? É uma das suas funções, não fez nada de que ultrapasse-se o que devia ser feito com eficiência.

 

Cristina Azevedo escreve hoje no Jornal de Notícias: " Portanto, só seria preciso que António Costa consignasse, de facto, a receita que a Câmara vai auferir com esta taxa, a investimentos ou custos com a mesma diretamente relacionada. Porque o que está mal com as contas do Governo é que tudo, mas mesmo tudo, serve para ser sugado pelo grande buraco negro do défice. Seja o aumento dos impostos sobre o rendimento, a taxa sobre a restauração ou as privatizações, tudo serve o mesmo grande propósito: diminuir o défice.".

Nuno Crato retira o inglês,tira o inglês do ensino básico, repõe o inglês, retira o inglês, rep....., em que ponto é que eu estava? Destrói o que outros fizeram apenas por questões meramente partidocráticas e agora volta a fazer... Quanto custou ao país?

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publicado às 14:56

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O primeiro-ministro o vice-primeiro-ministro e os ministros preocupam-se mais com a propaganda ao governo, com a Câmara de Lisboa e com António Costa do que em governar.

 

E agora Paula Teixeira da Cruz o que vai fazer após arquivamento por falta de provas do inquérito sobre a "sabotagem" do Citius? Pediu desculpa mas o caso era técnico, mas era técnico e não político mas pediu desculpas. Frustrada a intenção de arranjar dois bodes expiatórios forjados através de um relatório interno encomendado o que fazer agora? Aconselha-se uma saída limpa da ministra, talvez?... Ou….

 

Falcatruas e corrupção relativas aos vistos Gold elogiados e fomentados por Paulo Portas. Tábua de salvação para Teixeira da Cruz que está a tirar dividendos políticos que serve de lavagem para a sua imagem. Implicados há-os também no seu ministério, no seu partido e no seu governo. Deve ser com grande mágoa que diz o que já disse em tempo que a justiça é para todos e que ninguém escapa, a impunidade acabou seja para quem for. Grande tábua de salvação para a barraca da reforma da justiça. Lá por dentro deve haver um vale de lágrimas. Falta saber se tudo isto não vai ficar em águas de bacalhau…

 

Cavaco pergunta o que é que os gestores da PT andaram a fazer mas a talvez a aterosclerose o tenha feito esquecer que condecorou um desses gestores, Zeinal Bava, a 10 de junho passado. Mas lá vai lançando para o espaço político a ideias do manifesto de se evitar o desmembramento da PT.

 

Poupanças e austeridade só para alguns. A AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, vai abrir delegações na Coreia do Sul, Equador, Gana, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Nigéria, São Tomé e Príncipe, Senegal, Finlândia, Noruega e Timor Leste. Via cria uma rede de especialistas, mais uma. Quanto nos vai custar tudo isto? A eficácia é duvidosa e terá sido avaliada. Talvez mais uns tachos para dar empregos a desempregados das famílias da maioria do Governo. P'ra a frente Portugal!

 

Passos Coelho aparece em tudo quanto é sítio debitando discursos comicieiros de pouca envergadura para poder aparecer nos ecrãs das televisões e fala apenas para os seus apaniguados do partidos e da coligação. Será que ainda não se apercebeu que estamos fartos da sua imagem?

 

A saga da família Espírito Santo continua… Até onde não sabemos. Será que irá acabar sem condenações e em prescrições como é habitual para certos senhores privilegiados. Quanto ao BPN o silêncio continua. Será que a Presidência da República decidiu desviar o seu exercício de influência para outros campos que não sejam o Governo e a Assembleia da República?

 

António Costa é criticado por criar as tais taxas e taxinhas nomeadamente a de um euro para as dormidas em hotéis a reverter para um fundo de investimento destinado a melhorar infraestruturas para o turismo. Costa contra ataca e diz que o Governo cobra 12,50 euros por cada embarque dentro do espaço europeu e 23 euros se for para fora do espaço europeu e em cada dormida cobre 4,61 euros relativos ao IVA. E aos turistas também lhes é cobrado 23% de IVA que antes era de 13%. Quem que ganha e quem é que perde a lançar o disco das taxas?

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publicado às 18:39

Onde estás impunidade que não te encontro

por Manuel_AR, em 18.09.14

A justiça tem que ser feita e tem que ser célere seja para quem for e dou-a a quem doer. Mas será isso se tem verificado que nos últimos meses? Seguramente não. A imprensa e as televisões têmdado relevo aos julgamentos e condenações conotados com algumas áreas partidárias e originários de governo anterior a este. Está certo. Todo e qualquer processo deve culminar o mais rápido possível com a condenação ou a absolvição dos réus, como é óbvio, sem arrastos muitas das vezes desnecessários.

Mas, a opinião pública fica sempre com dúvidas da eficácia da justiça quando se confronta com a rapidez da justiça apenas num determinado sentido e em determinados momentos da vida política e partidária nacional enquanto outros continuam a arrastar-se indefinidamente levando atá à prescrição dos processos quiçá por desleixo, incompetência, ou porque assim interessa, sem que nada aconteça. Veja-se o caso das prescrições em processos relacionados com o BCP.

Quanto ao BPN, submarinos e outros onde há envolvimentos do outro lado do leque partidário arrastam-se até à exaustão. Estão em segredo de justiça, estão em andamento, etc., etc..

Por isso mesmo podemos sempre desconfiar que, sempre que há alguém das "elites" partidárias e da política, com ou sem envolvimento dos governos a quem não interessa o desenvolvimento do processo, tudo se arrasta ou acaba em "águas de bacalhau".

Há quanto tempo não se houve na comunicação social falar do processo BPN. Qual o ponto da situação? Recordo-me de uma afirmação da senhora ministra da justiça há alguns meses atrás que afirmava que o tempo da impunidade tinha acabado. Deveria de acabar de todo. Penso que todos concordamos. Mas será isso que se está a passar?

Em 11 de maio de 2012 a ministra da Justiça defendia que "o tempo da impunidade chegou ao fim», assegurando que, com a reforma do Código de Processo Penal deixarão de ser possíveis «expedientes dilatórios" que levem à prescrição dos crimes.

E mais, "Vamos ter uma nova legislação que vai ao encontro da solução daquilo que podiam ser expedientes dilatórios, ou que podiam ser usados como tal".

Em março de 2014 "as acusações do Banco de Portugal contra o ex-presidente do BCP, Jorge Jardim Gonçalves, prescreveram na sequência de uma série de recursos que foram apresentados. Jardim Gonçalves tinha sido condenado a pagar um milhão de euros e estava inibido de ter funções no sector financeiro durante nove anos, no processo de contraordenação movido pelo supervisor bancário. Em causa estava a prestação de informação falsa e falsificação de contas do BCP através de 17 sociedades sediadas em paraísos fiscais.". Ler mais…  Quanto a consequências, nada aconteceu.

Mais recentemente, no princípio de setembro, numa entrevista à RTP a mesma ministra afirmou que "No sector privado reinou durante muito tempo uma lógica de impunidade, acima de tudo, sobretudo nas grandes empresas, no sector estatal reinou uma certa promiscuidade entre o público e o privado…". O que vai acontecer com o BPN, BPP, BES? Provavelmente, nada. Como eu gostaria de estar enganado.

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publicado às 17:10

 

 

 

http://joaotilly.weblog.com.pt/arquivo/280824.html

 

As crises, a austeridade desenfreada, os sucessivos golpes na coesão social dependentes de injustiças sociais aplicadas consciente e ideologicamente pelos governos geram, numa primeira fase, descontentamento e numa segunda fase manifestações mais ou menos pacíficas, podendo, em situações mais extremas, provocar convulsões sociais por vezes incontroláveis.

Uma das formas, politicamente aproveitada pelos governos, para manter uma paz social aparente através do medo. Para se compreender melhor a relação entre medo e a política vale a pena ler a primeira parte deste texto onde se aborda  o conceito enquanto fenómeno psicológico, para depois na segunda parte, se perceber como ele pode estar na base do que se tem vindo a passar em Portugal.

 

Parte I

O medo é considerado, por vários investigadores, como sendo um tipo de emoção primária. Há estados emocionais que parecem inatos como aflição e o sorriso, a frustração e o medo. Tendo em conta as diversas correntes psicológicas, uma emoção pode ter uma maior ou menor componente fisiológica ou cognitiva. A emoção é um comportamento observável através do rosto, voz, gestos posição corporal, sendo o rosto tema vantagem de expressar uma variedade de emoções. Também é uma experiência cognitiva conjunta do estado fisiológico e da situação que desencadeou a reação. Pode ser ainda uma experiência subjetiva sob a forma de alegria, tristeza ou pesar, que podem ser ao mesmo tempo agradáveis ou desagradáveis.

As emoções têm, entre outras, uma função adaptativa que ajudam um organismo a enfrentar questões de sobrevivência postas pelo ambiente, uma função perturbadora na tomada de decisões e uma ação desmobilizadora. Certos estados psicológicos e sociais podem perturbar a ação alterando e enviesando a maneira de pensar face a determinados contextos que podem ser recordações do passado, ou situações presentes relativas a insucessos, fracassos e receios de acontecimentos que transtornem a vida pessoal, familiar e social dos sujeitos. Assim, o medo é considerado um comportamento de proteção ao combinar-se com a antecipação dá origem à ansiedade e, combinado com a aceitação, dá origem à submissão.

Para os investigadores da teoria da avaliação cognitiva defendem que as emoções são o resultado direto de uma avaliação da situação e não apenas de elementos culturais e fisiológicos associados à emoção que, apesar de tudo, são indispensáveis na forma como a emoção é expressa. Como por exemplo o luto em diversas culturas.

A teoria da avaliação cognitiva assenta em pontos básicos dos quais se apresentam apenas dois:

a)    Para que uma emoção de verifique é necessário ter-se o conhecimento prévio do estímulo ou da situação que será avaliada em termos normais ou em termos de ameaça direta ou potencial.

b)    Quando uma resposta direta não pode ser dada, a pessoa desenvolve estratégias de adaptação à nova situação, tentando ajustar-se a melhor maneira possível.

Parte II

Voltando agora à exposição sobre o controle social através do medo, pode afirmar-se que algumas situações podem ser propícias a criar níveis elevados de stress e de ansiedade conduzindo a situações de incapacidade de resposta devids a um potencial medo. O medo é um fenómeno psicológico criado na nossa mente a partir de uma combinação de traumas, expectativas e receios. Podemos tentar afastarmo-nos dele mas, se crença que o alimenta não for alterada ele continuará ao nível do subconsciente.

Atualmente há sistemas de manipulação através do medo cada vez mais elaborados. Tudo o que tememos prende a nossa atenção e procura-se mais informações, que nesse sentido nos intencionalmente fornecidas, de modo a agirmos quando uma determinada situação ocorrer.

A manipulação e a exploração do medo e do terror são utilizados pelo mercado de trabalho. O medo de ficar desempregado é motivo para que as pessoas sacrifiquem a sua vida privada em função de algo que pode vir a acontecer. As empresas sabem disso e com o apoio dos governos manipulam as pessoas. Os trabalhadores acabam trabalhando mais e com menos salário mas, por outro lado, cria-se uma sociedade repleta de pessoas tristes e insatisfeitas que produzem apenas com receio de represálias. Na outra extremidade, mas muito raramente, temos aquelas que passaram pelo trauma de uma demissão, montaram seu próprio negócio e tornaram-se felizes e realizadas. Mesmo dentre estes, passado pouco tempo tiveram que abandonar o seu negócio.

Neste contexto, não terá sido por acaso que o primeiro-ministro Passos Coelho viesse dizer publicamente aos portugueses no 1º de Maio que espera nos próximos anos desemprego a que não “estávamos habituados”. Que leitura se poderá fazer desta mensagem lançada precisamente no dia em que largos milhares de pessoas se manifestavam e festejavam o dia do trabalhador? A resposta poderá ser incutir no seio dos cada vez menos trabalhadores que ainda mantêm um posto de trabalho o “medo” do despedimento.

Para isso serviu também a alteração aos contratos de trabalho, praticamente sem contra partidas. São atitudes que nos envergonham, face aos trabalhadores doutros países, e que esmagam a nossa identidade, a capacidade reivindicativa, de oposição e até de cidadania, o que, tendo em conta a teoria da avaliação cognitiva, se enquadra no princípio da ameaça direta ou potencial (por exemplo o desemprego), pelo que os sujeitos evitam todas as formas de participação anteriormente referidas tendo em conta o princípio das estratégias de adaptação à nova situação isto é, não participar e evitar qualquer confronto que os possa prejudicar.

Institucionalizaram-se as políticas do medo que se podem definir como a forma de os políticos e candidatos a lideranças utilizarem o medo como fator determinante ou como motivação para levar as pessoas a votar num determinado sentido ou para aceitarem políticas com as quais não concordam.

A política do medo é então aplicada para que um governo possa agir como muito bem entender face a uma população assustada sem muitos questionamentos. Quer isto dizer que, apresentando às pessoas uma suposta ameaça ao seu bem-estar, (ou à sua zona de conforto como agora alguns comentadores e políticos passaram a dizer, mas cujo conceito é muito relativo), para provocar uma forte resposta emocional que, substituindo-se à razão, vai evitar uma avaliação crítica dessas políticas. Exemplos de situações deste tipo têm-se verificado nos últimos anos desde a governação Sócrates até à governação Coelho, para já não falarmos de Durão Barroso com a sua célebre frase “estamos de tanga!”.

Veja-se, por exemplo, as afirmações do ex-primeiro ministro José Sócrates que, no seu discurso do estado da nação em julho de 2010, afirmou o seguinte:

“Ou escolhemos a atitude daqueles que querem somar às dificuldades económicas uma crise política artificial; ou escolhemos a atitude dos que sabem que só a estabilidade contribui para incutir confiança nos portugueses e para reforçar a credibilidade do país. Ou escolhemos a atitude daqueles que não resistem à tentação do aproveitamento oportunista das dificuldades conjunturais; ou escolhemos a defesa do interesse público. O tempo não é das pequenas vantagens políticas, o tempo é de responsabilidade nacional” .   

 

Poderíamos traduzir estas afirmações como: ou nós ou o caos. Nesta comunicação está implícita uma indução emocional através do medo a fim de evitar uma mudança política naquele período. Como sabemos, uma mudança política aconteceu não tendo funcionado a motivação pelo medo. O certo é que, neste caso, a prática nos tem vindo a mostrar aquelas afirmações efetuadas pelo enunciador eram justificadas.

Há vários exemplos para o caso do atual primeiro-ministro não sendo difícil encontrá-los. O mais recente foi aquele que já referimos anteriormente, sobre o aumento do desemprego e do qual se poderiam tirar várias conotações uma das quais poderia ser um aviso aos trabalhadores para não levantarem problemas, para se acomodarem, não se manifestarem ou então o que os espera é o desemprego que vai continuar em alta.

Outra manifestação de inspiração do medo às populações foram também as afirmações da ministra da justiça Paula Teixeira da Cruz em 20 de abril, frente às câmaras da TVI, ao revelar que “o país chegou, de facto, à bancarrota” e “que não há outra solução”. Face a esta última enunciação seria legítimo pensarmos que, se para este governo não há outra solução, então, qualquer outro governo poderia desempenhar o mesmo papel que este. Por outro lado, revela de facto a sua incompetência para a descoberta de outras soluções, endossando, através da mesma afirmação, a qualquer outro governo a mesma incompetência.

A política do medo pode ser da responsabilidade de governantes e comentadores políticos que se refugiam em frases como “uma crise política pode colocar-nos como a Grécia”, “não há volta a dar”, “este é o único caminho”, “isto foi o que a troika nos impôs”, “não podemos assustar os mercados”, etc.., geram na população e na opinião pública proposições como “não há alternativa”, “os outros farão a mesma coisa”, “são todos o mesmo”, “para ficarmos pior mais vale ficarmos como estamos”, entre outros chavões de desânimo que frequentemente são ouvidas nos mais diversos locais.

Para minimizar o impacto do medo incutido aos portugueses o governo também os ilude criando falsas expetativas. Dá-se como exemplo a divulgação pública da “possibilidade” do estado, a partir de 2015, começar a pagar os subsídios de férias e de natal, data mais do que uma vez alterada, agora colocando essa possibilidade como uma hipótese técnica, segundo as palavras do ministro das finanças. Porém, uma hipótese é sempre passível de se poder ou não verificar de acordo com os pressupostos de partida pelo que, aquela afirmação, colocada daquela forma salvaguarda qualquer outra solução, mesmo aquela de nunca mais serem pagos!

Veja-se recentemente a exploração do medo no caso da Grécia hoje noticiado. Como se sabe na Grécia a esquerda aumentou a sua votação e, segundo as sondagens, se houver novas eleições em Junho, caso não consigam formar governo até lá, a dita a esquerda irá ganhar as eleições. Neste mesmo dia 11-05-2012 foi noticiada uma declaração da Alemanha a dizer que, se tal acontecer, não poderá haver mais ajuda financeira. Que será isto se não um condicionamento do resultado das eleições através do medo!

Para finalizar e não como conclusão, o medo, utilizado por regimes fascistas e totalitários, é agora aproveitado de forma mais subtil por algumas ideologias político-partidárias possibilitado pelo regime democrático.

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publicado às 23:46


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