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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Bem pode Pedro Passos Coelho e a sua direita no PSD esforçarem-se para dar a volta aos factos, (não apenas os das sondagens), com esforçados e ferrugentos discursos e argumentos, como estivessem a dobrar um ferro direito sem o conseguirem. Os seus discursos, e os do seu braço direito Maria Luís Albuquerque, colaboracionista na situação que o PSD atravessa, estão oxidados.
Uma hipótese de salvação para esta direita de Passos Coelho é fazer uma oposição aqui, e agora, que passe por novas propostas e alteração de rumo. Um rumo que não se sabe bem qual é, mas que está a agora pedir, em vão, ao Governo. Será o mesmo que seguiu no passado recente, mas sem coragem para o dizer?
Acho que Passos já não diz coisa com coisa e pretende baralhar-nos com isso. Falando para dentro do seu partido na Convenção Autárquica, afirmou ontem que “este primeiro ano de Governo socialista, ´ficou muito aquém` das possibilidades do país, e que em 2016 deveria ter sido um ano com maior crescimento económico, maior geração de emprego e maior redução de divida do que foi. Em primeiro lugar porque a embalagem que vinha de trás assim o permitia". Será que Passos Coelho quer dizer que estaríamos muito melhor e que, por isso, as políticas e as medidas que aplicou quando era primeiro-ministro deveriam continuar? Ou será que queria dizer que deveriam ser reforçadas para empobrecer mais o país (alguns, diga-se) e que então estaríamos muito melhor. Mas quem, o país ou nós os portugueses?
Traduzindo para o português corrente: se Passos não fosse agora um primeiro-ministro no exílio, e o fosse ainda de facto, faria novamente tudo como fez ou faria pior e, assim, hoje, o país estaria muito melhor.
Balelas! O PSD de Passo Coelho está preso entre varas. Não tem coragem de dizer claramente ao país que manteria o mesmo rumo, mas, ao mesmo tempo, afirma que este que está a ser seguido está errado. Se mudar de rumo deixa de ser neoliberal e passa a ser social democrata, o mesmo seria dizer que seguiria caminho idêntico ao que o atual Governo está a seguir. Por outro lado, não tem coragem para dizer que reverteria algumas medidas.
Comparativamente até o CDS consegue estar a ser mais social democrata que este PSD.
Acho que o tempo do reinado neoliberal de Pedro Passos Coelho, de Maria Luís Albuquerque e de outros seus correligionários está a chegar ao fim. Mantêm-se no Parlamento que nada dizem de novo e repetem-se sucessivamente. A novela da CGD, à falta de melhor para eles, é uma forma de dizerem que estão vivos, mas com isso não estão a prejudicar o Governo, mas sim o país.
Podemos perguntar, como fez ontem Pacheco Pereira, qual foi a intervenção do Governo de Passos Coelho durante o programa de ajustamento, face ao que a troika propunha, quando ele antecipava que “tínhamos que empobrecer”.
“É muito relevante saber, por exemplo, quem propôs determinadas medidas na anterior legislatura, o Governo ou a troika? Pergunta Pacheco Pereira no Público.
E continua:
“É que para a história futura é muito relevante saber, por exemplo, quem propôs determinadas medidas na anterior legislatura, o Governo ou a troika? Que discussões existiram sobre a política fiscal, como foram justificados falhanços e elogiados sucessos? O que disse a troika sobre alguns processos de privatizações? É que sabemos muito pouco sobre o nosso processo de “ajustamento”, já sabíamos pouco sobre o que Merkel combinou com Sócrates, como foi feito o memorando, quem disse o quê, quem pediu à troika para incluir esta ou aquela medida”, e aí adiante...
É a isto que Passos Coelho tem que responder e o que, concreta e claramente, propõe se voltar a ser Governo. Não me parece que o vá conseguir, tal é a tacanhez duma certa direita que se infiltrou no PSD.
- Começo pelo artigo de opinião de João Miguel Tavares no jornal Público que intitula “António Costa: demasiado bom para o nosso bem”. Não há muito para dizer sobre este artigo, é mais do mesmo, no que se refere ao que ele costuma escrever. Resta apenas perguntar se Passos Coelho, de quem ele parece ser fã, foi demasiado bom para o nosso mal em tudo o que fez durante quatro anos de Governo.
Já é costume muitos editoriais de jornais escritos muitas das vezes pelos seus diretores tentar arranjar distorções imprimida aos factos por efeito de preconceitos, interesses pessoais que conduzam a falhas nas políticas mesmo que ocasionais e pontuais.
- É opinião generalizada que duma maneira geral a abertura do ano letivo em termos comparativos com os anteriores não esteve mal. Pelo não houve grandes notícias sobre isso ao contrário do que acontecia no anterior governo. Assim sendo, o que alguns senhores se entretêm a fazer é esgaravatar para se conseguir algo onde pegar. Então diz Paulo Baldaia que desde setembro ocupa a cadeira principal da redação do Diário de Notícias que o ano escolar não começou na perfeição (reparem que não é bem, é a perfeição que ela agora exige), que os problemas não foram em número reduzido nem rapidamente resolvidos e de seguida atira-se ais sindicatos, os da GCTP, claro está, por estarem muito caladinhos. Lança veneno provocatório no sentido de desestabilizar o que está mais ou menos estabilizado.
Para ele, editorialista, o problema é que tudo correu tão mal no início do ano letivo que não percebe porque não houve manifestações por parte dos sindicatos. E critica a Fenprof por ter contestado tanto no “tempo da outra senhora”. Porque estão acomodados no corporativismo. De seguida cospe mais veneno sobre a mesma CGTP avançando já com as futuras renegociações da contratação coletiva, E vai lá mais uma acha provocatória “Uma negociação do orçamento não se apenas sobre o deve e o haver do Estado também se joga nas negociações paralelas”, com os empresários estão a ver? Quem tem acompanhado as negociações na concertação social sabe que a CGTP sai sempre sem concordância. Pica aqui, pica ali para a ver se encontra minhoca que desacredite e desestabilize uma geringonça que até hoje tem funcionado.
- Falta de funcionários fecha escolas e deixa salas sem limpeza é um dos títulos num jornal de hoje e daí parte-se para divagações mais ou menos anti ministério da educação. Se bem me lembro foi no Governo de Passos Coelho que se começou a cortar no orçamento da educação e consequentemente no pessoal auxiliar. Era o tempo do não há alternativa. Só agora é que se lembraram disso, mas à época, a não ser o sindicato, estas mesmas pessoas que agora comentam nada diziam.
- A Associação de Turismo de Cascais está em polvorosa. Hoteleiros teme fuga de turistas. Porquê? Porque a Associação de Turismo de Cascais vai propor à Câmara Municipal a aplicação de uma taxa turística de cerca de 1,50 euros por noite até um máximo de cinco. Insurgem-se os representantes da hotelaria porque temem perder clientes para outros municípios. Será que os turistas estrangeiros, tendo em conta o seu nível de vida e a escolha de Cascais como destino, vão retrair a sua vinda por causa deste valor? Quem escolhe Cascais para fazer turismo sabe o que quer e para onde vai.
- Não sei se será coincidência ou não com o Prémio Nobel que foi dado a Bob Dylan, o certo é que o Diário de Notícias de hoje dá destaque de primeira página ao cantor Emanuel com uma frase sua onde diz que “Nós Pimba” “É uma obra-prima da Música Popular” e mais afirma que “Sou um operário da música, não sou uma vedeta.”
Desconheço o propósito da entrevista de duas páginas que lhe foi concedida, mas teve direito a publicidade gratuita. Talvez para o ano possa ser nomeado para um Nobel da música pimba.
- Leio quase sempre as críticas de cinema porque gosto da sétima arte. Gosto de ler as críticas que João Lopes escreve no Diário de Notícias. Todavia, a sua compreensão só é acessível algumas pessoas porque intelectualizadas e com considerações socio-filosóficas tornando-se porventura incompreensível para a maior parte das pessoas. É dirigida a uma elite de cinéfilos. Será que tem que ser mesmo assim?
Os bons amigos
A desfaçatez de Passos Coelho ao elogiar publicamente o seu "amigo" Dias Loureiro na inauguração duma queijaria em Aguiar da Beira ultrapassou os limites toleráveis da decência política que deveria estar em conformidade com o que é considerado respeitável e moral pela grande maioria dos cidadãos comuns. É o descomedimento total para não dizer pior. A amizade não tem que acabar mesmo que tenha havido um delito por parte de algum deles mas, no caso, estamos a falar dum responsável de um Governo em funções que falou publicamente.
Disse ele, referindo-se a Dias Loureiro, "conheceu mundo, é um empresário bem-sucedido, viu muitas coisas por este mundo fora e sabe, como algumas pessoas em Portugal sabem também, que se nós queremos vencer na vida, se queremos ter uma economia desenvolvida, pujante, temos de ser exigentes, metódicos".
Será isto o início do branqueamento e o elogio público da falta de seriedade, integridade e honradez de atores políticos com carência de ética e, ao mesmo tempo, troçar descaradamente dos portugueses?
À falta de melhor parece que o primeiro-ministro anda agora preocupado em inaugurar queijarias, salsicharias e outros negócios afins e perdeu todo o decoro político e comedimento que se esperam do responsável máximo do Governo do país.
Ainda está muito presente o caso BPB/SLN onde Oliveira e Costa, conjuntamente com Dias Loureiro, ex-conselheiro de Estado que em julho de 2009 foi constituído arguido devido à sua ligação ao chamado negócio de Porto Rico, o qual terá provocado um prejuízo de 40 milhões de euros ao BPN na altura relativo a crimes de burla e falsificação de documentos.
Os jornais da época noticiam que em Porto Rico, a SLN acabou por comprar a empresa Biometrics que, alegadamente, produziria uma nova máquina concorrente com as atuais ATM. A Biometrics foi, entretanto, vendida ao Excellence Assets Fund, controlado pelo BPN, que acabou por a vender a uma empresa offshore, La Granjuilla, do próprio El-Assir.
Nas contas do fundo, esta venda apareceu contabilizada por "um dólar". E há mesmo um documento assinado por Dias Loureiro que subscreve este valor. Ou seja, há suspeitas de que cerca de 40 milhões de euros desapareceram do circuito do negócio.
Segundo o Diário de Notícias da altura o próprio Dias Loureiro confirmou que foi confrontando com documentos novos.
Em janeiro de 2013 Dias Loureiro era uma das faces visadas na mega fraude do BPN - via SLN - escândalo que já custou aos portugueses a módica quantia de 3405 milhões de euros (custo estimado até ao final de 2102), custo para os contribuintes que pode atingir 6509 milhões de euros, mais juros e contingências.
Foi a altura em que o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, foi passar os últimos dias do ano de 2012 ao Rio de Janeiro, Brasil, e esteve num dos mais luxuosos hotéis, o Copacabana Palace onde juntamente com ele estavam Dias Loureiro, ex-administrador da SLN, holding detentora de 100% do capital do BPN-Banco Português de Negócios, e também José Luís Arnaut, ex-ministro das Cidades, Administração Local, Habitação e Desenvolvimento Regional, todos eles do PSD.
Mas não ficamos por aqui, em 2011, o Estado vendeu o BPN ao banco de capitais luso-angolanos BIC Português, por 40 milhões de euros. No relatório final da segunda comissão parlamentar de inquérito ao BPN, aprovado a 16 de Novembro do ano passado, lê-se que o custo total da nacionalização para os cofres estatais é de, no mínimo, em números redondos, 3,4 mil milhões de euros e, no máximo, de 6,5 mil milhões de euros.
Grave foi também ter mentido à comissão de inquérito parlamentar ao dizer, segundo o jornal Expresso, que "nem sequer sabia que existia o Excellence Assets Fund - um veículo fundamental para uma compra ruinosa (prejuízo 38 milhões de dólares) de duas empresas tecnológicas em Porto Rico" apesar de ter assinado dois contratos onde esse fundo é parte mas disse que não se lembra.
É por demais conhecido que Dias Loureiro tem ligações familiares com Cavaco Silva, cuja filha casou com o filho de Loureiro. Com amigos assim não há quem lhe ponha a mão.
Quem ler isto poderá pensar que é má vontade contra o PSD. Será mesmo? Talvez fosse melhor parar para pensar.
A corrupção em Portugal anda em roda livre e passa ilesa apenas para alguns.
O que se passa na justiça e na educação não são apenas casos técnicos mas também de substancia política que o governo e a maioria que o apoiam tentam futilizar, continuando a manter-se na senda da impunidade como se tem visto neste país.
O que está a passar-se no ministério da educação com a colocação de professores é um escândalo e um atentado à vida profissional de um grupo social, não apenas no que se refere aos problemas técnicos, mas sobretudo por ser um caso político nunca visto. Nem no tempo da ministra da educação Maria do Carmo Seabra, no curto governo de Santana Lopes, se verificou tal confusão apesar dos graves problemas na colocação de professores que houve na altura.
Como cientista (?) o ministro Crato deveria saber que, quando se mexe bruscamente na essência de um sistema, pela característica do globalismo ou totalidade, uma ação que produza mudança bruscas e não refletidas numa das unidades dum sistema há uma grande probabilidade de produzir mudanças em todas as outras unidades. Foi o que se verificou quando quis aplicar no terreno ideias pré-concebidas e pouco refletidas mandou executar uma alteração profunda às características do sistema de colocação de professores que estava a funcionar bem. Tomou a decisão de avançar com uma modificação apressada sem acautelar o tempo necessário para a sua implementação e teste em todas as variáveis de funcionamento criando entropias no sistema.
O problema não foi bem estruturado por não ter sido claramente definido, pois uma ou mais das variáveis envolvidas não foram determinadas com confiança, daí a grande probabilidade de falhanço. O ministro Crato criou um problema técnico e, ainda mais grave, um problema político.
O primeiro-ministro entre os seus apoiantes é tido como determinado. Confundem determinação com teimosia e com obstinação na persistência do erro que é a força de vontade dos fracos. Os problemas não se resolvem com quedas de ministros e de governo mas há ministros cuja a noção que têm da responsabilidade é pobre.
Não é de estranhar que Nuno Crato não seja demitido, pois, de acordo com Luís Osório no editorial do Jornal i diz que, a propósito da Tecnoforma, Passo Coelho "afirmou no parlamento que não levantava o sigilo bancário porque isso seria fazer a vontade voyeurista aos jornalistas". Que ilações se tiram daqui? Que ele ou qualquer ministro podem fazer o que quiserem que ele não satisfará quaisquer vontades mesmo que as mesmas prejudiquem largos setores do país. Olha apenas para a sua imagem (tal como Presidente da República Cavaco cuja dita está de rastos), quer mostrar que tem coragem mas esta não é a prioridade. Por isso, continua Osório, "não é de estranhar que Crato não seja demitido. Acontecerá apenas quando a situação estiver normalizada. Só depois, e seguramente a pedido do ministro…". Eu direi que não que não demitirá qualquer ministro porque, neste momento não haverá ninguém que queira aceitar qualquer lugar no Governo a menos que se queira autodestruir. Está em causa a sobrevivência do governo que o Presidente da República apoia com ambas as mãos e ao colo, mesmo sabendo que está em cauda a credibilidades das instituições, nomeadamente a educação pública que Crato, talvez por revanche de tudo o que é passado, e com o apoio do seu chefe do executivo, quer fazer implodir e descredibilizar. A impunidade em Portugal está para durar.
Não há alternativa é uma “buzzword” (chavão) utilizada pelos ultraliberais que Passos Coelho, os seus apoiantes e comentadores a sua área política adotam quando têm que defender medidas que atingem trabalhadores e impõem austeridade e subida de impostos, dirigidos à maioria da população que trabalha ou vive da sua reforma para a qual descontou.
Foi Margaret Thatcher quem utilizou aquele chavão pela primeira vez (there is no alternative) quando começou a implementar a sua política ultraliberal extremista baixando os impostos para o grande capital, agravando-os para quem auferia salários e, para as classes sociais mais desfavorecidas retirou ou reduziu apoios. Ao mesmo tempo liberalizava o mercado financeiro originado, à época, uma a folia desreguladora.
É este o ideal de política que Passos Coelho e Vítor Gaspar (este em conivência com a “troika”) com o apoio de Paulo Portas pretendem impor em Portugal.
Não tenham ilusões todos os que ainda apoiam este governo e o PSD porque, após a destruição económica e social do país que cumpriram em menos de dois anos, quem ainda os apoia, com exceção de um grupo muito restrito de satélite, não irá com certeza auferir de quaisquer das vantagens de uma hipotética recuperação que demorará muito mais tempo a reconstruir do que demorou a ser destruída. Devemos deixar-nos de clubismos partidários e abrir os olhos. Sem poder de compra não irá haver recuperação porque não haverá quem queira investir a curto prazo. Se o fizerem entrarão no esquema do abre e fecha. Basta contar as empresas ou negócios que durante estes dois últimos anos abriram e, passados alguns meses tiveram que fechar. As exportações são importantes, mas será que algum país, a não ser onde exista miséria extrema, pode deixar de ter consumo interno? Aliás, talvez seja isso mesmo que estão a planear fazer em Portugal, colocar grande parte da população em situação de pobreza, originando para além de uma exclusão social, uma consequente exclusão política.
A minha “buzzword” é que em “democracia há sempre alternativas” a não ser que haja quem não queira, ou nos impeça que elas existam. Alternativas únicas existem apenas em contexto totalitário e de maiorias absolutas pouco democráticas.
Sem qualquer vergonha este Governo continua a proceder a políticas divisionistas na sociedade e a colocar-se em conflito e confronto permanentes com os portugueses que o elegeram através dos deputados e que agora governa contrariamente ao que prometeu.
A forma como, para se poderem fazer as ditas reformas do estado (leia-se cortes), se promove a inveja e a mesquinhez na sociedade portuguesa contra os funcionários públicos é reveladora do carácter destes senhores que estão no poder. Lançam estigmas para a opinião pública, exploram sentimentos primários entre público e privado, entre empregados e desempregados, entre jovens e idosos, entre reformados do estado e da função pública numa cruzada sem fim, estimulando sentimentos que vão de encontro ao velho e egoísta “antes eles do que eu!”.
Será isto sentido de estado e de governação? Será para isto que os jovens que entram na política estão a ser preparados? Sem valores, ética moral ou respeito pelas instituições em que viveram e se formaram e que agora pretendem destruir e construir uma outra só para eles, não se sabe quando nem como?
Há décadas que Portugal não via nenhum governo provocar, tão despudoradamente, clivagens na coesão social portuguesa com o apoio do Presidente da República. Talvez não seja por acaso. O bom aluno da Alemanha da Srª Merkel está a cumprir os desígnios que lhe impuseram.
Ideias pro neonazis, com uma matriz mais subtil, não apenas racista e religiosa, mas incidindo já sobre outros grupos sociais e profissionais que convém destruir porque, segundo eles, são os causadores de todos os males. Esquecem-se, contudo, que mais tarde ou mais cedo lhes virá a acontecer o mesmo. Outros também virão no futuro que se encarregarão de os tentar eliminar ou oprimir. Tudo é um eterno retorno.
Mais uma vez refiro, como declaração de interesses que não sou funcionário público, nem nunca trabalhei para a função pública sob quaisquer formas.
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O Governo e os seus porta-vozes fazem crer à população a ideia de que não há alterativas à política que estão a seguir. Não foi para isso que foram eleitos, foi para solucionarem os problemas e arranjarem alternativas. Para dizer isso, então, qualquer um serve para estar no poder. Sabem que têm falhado, mas a cegueira é tal e o apego ao poder é tanto que nem têm a coragem de dizer que se enganaram. Pelo contrário, Passos Coelho afirma que está a seguir a mesma linha e que vai manter o mesmo rumo. Isto conduzirá a uma situação que Portugal levará dezenas de anos a recompor que apenas será sentido, se tal for possível, quando os jovens de hoje estiverem, mais ou menos, a meio da sua vida ativa.
Ficar em casa e não ir à manifestação não é mais do que aceitar tudo o que este Governo tem feito e irá continuar ainda a fazer, por isso, vamos todos dizer BASTA!
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imagem: imediaj.wordpress.com
Estamos em tempo de mobilização geral de todos os jovens, idosos, trabalhadores do público e do privado, reformados e pensionistas. Passei por todas as fases pós revolução do 25 de abril, algumas delas muito más e outras muito boas e muita coisa mudou na nossa sociedade. Problemas gravíssimos conjunturais e estruturais ao longo de todos estes anos e por duas vezes com intervenções do FMI foram sendo resolvidos com a compreensão e o empenho de todos empresários e trabalhadores contribuindo, sem grande queixume, para a sua resolução. Que me recorde, nunca o trabalho e tantos empresários foram tão sacrificados como agora em benefício de algumas empresas e famílias que dominam e querem controlar um Estado cada vez mais fraco e dependente. Afinal para que serve o Estado neste país senão para benefícios de alguns, poucos.
Os portugueses passaram, ao longo do tempo, por vários governos, tirando alguns mais radicais de esquerda, mas não me recordo de assistir a medidas de cariz ideológico neoliberal tão violentas que apenas as posso comparar às tomadas por Margarete Tatcher em Inglaterra nos anos oitenta. Aconselho a leitura do post do anterior blog em
http://antinomias.blogs.sapo.pt/562.html.
Sempre critiquei as políticas erradas seguidas pelo anterior governo, chefiado pelo primeiro-ministro José Sócrates. Havia que acabar com as medidas despesistas em tempo de crise. Acusavam-no de mentir e de esconder aos portugueses a verdadeira realidade em que nos encontrávamos o que de certo modo se verificava. Falava sobre a evolução favorável da crise e da recuperação e, na semana seguinte, dizia precisamente o seu contrário. Um dos paladinos de direita no ataque e denúncia era precisamente o atual ministro dos negócios estrangeiros, Paulo Portas sempre em nome do patriotismo. Lembram-se quando ele atacou o anterior executivo ao pretender baixar as reformas dos pensionistas e de quanto atacou os PEC’s (Programa de Estabilidade e Crescimento), que o PSD também combateu? O que vemos agora? Precisamente o contrário do que agora defendem. Não vale a pena enunciar as atitudes destes atuais governantes porque elas são sobejamente conhecidas.
O que Vítor Gaspar está a fazer, em conjugação com “os primeiros-ministros”, o real e os virtuais que não se vêm mas de vez em quando aparecem, é testar alguns modelos macroeconómicos à custa dos portugueses, com previsões vagas e sem projeção de cenários macroeconómicos possíveis que devem existir em situação de incerteza como aquele em que nós vivemos e servem para se ir progressivamente recuando ou avançando nas medidas tomadas. Isto é, tentar provar que o modelo económico que ele perfilha é que está correto, os outros estão todos errados. Portugal não pode dar-se mais ao luxo de experimentalismos. Aliás, a linguagem utilizada pelo ministro das finanças ultrapassa a linguagem técnica e torna-se num código hermético, que mesmo a ser utilizada numa aula de economia os alunos ficariam na mesma. Talvez fosse útil consultar a sua tese de doutoramento.
Para que serve mais tempo dado pelas instâncias internacionais para diminuir o défice como alguns partidos defendiam quando são tomadas mais gravosas medidas de austeridade? Assim, mais tempo vai apenas prolongar o sofrimento do doente ao mesmo tempo que lhe incute remédios cada vez mais fortes que rebenta com outros órgãos. Claro que me poderia colocar na posição do ministro e arranjaria com certeza justificações diversas para o efeito, nomeadamente a pedagogia do medo (veja em: http://zoomsocial.blogs.sapo.pt/tag/medo) como o primeiro-ministro fez, tentando passar esta mensagem na entrevista na RTP1, posteriormente também acolitada por alguns dos seus correligionários.
Reformas estruturais demoram muito tempo a efetuar. O que precisamos neste momento são reformas, eventualmente temporárias, para ultrapassar esta crise de endividamento e, ao mesmo tempo fazer com que a economia se ressinta o menos possível. Não são as teses de doutoramento nem os modelos e gráficos dos manuais de economia que estudamos que vão resultar porque, cada país, cada sociedade, cada cultura tem as suas especificidades. Na Europa nem todos são alemães, nem holandeses, nem finlandeses ou outros, por isso, as reformas estruturais têm que, forçosamente, ser vistas à luz das culturas e hábitos de cada país que, a este nível, demoram a assimilar, assim como a democracia em Portugal demorou cerca de trinta anos e oito anos a ficar mais ou menos sólida. A Europa tem que se convencer que a unidade económica e monetária não significa obrigatoriamente unidade cultural. Há nichos económicos específicos que só progressivamente podem ser modificados
De acordo com as previsões tudo aponta para piorar. O tipo de ideologia política deste governo o que pretende é uma revolução legislativa ultraliberal de destruição baseada na terra queimada para depois, sobre as cinzas, construir o país que para eles seria o ideal, à boa maneira das revoluções soviética e chinesa do século passado.
Tudo isto serve para dizer que não estamos em tempo de cada um puxar para o seu lado, cada um deve deixar de ser o senhor de lideranças e vanguardismos, um pouco desatualizadas e, por si só pouco eficazes, por afastarem alguns mais temerosos. Devemos começar a pensar sem clubismo partidário. Ser simpatizante ou votar em determinado partido não pode ser para toda a vida, por vezes há que distanciarmo-nos. Devemos todos participar em iniciativas que forem tomadas. Não esperemos que as coisas melhorem porque pelo andar da carruagem vê-se quem lá vai dentro”. Posso acrescentar que em 12 de setembro no parlamento o ministro Vítor Gaspar disse que “este ano ainda existirão algumas medidas temporárias que permitirão diminuir o défice” confirmado pela entrevista de hoje pelo primeiro-ministro. Devemos integrar-nos numa sociedade mais mobilizada e organizada através das várias iniciativas que estão a ser tomadas de modo a serem construídas alternativas, porque elas existem, sem renunciar aos compromissos assumidos como alguns pretendem.
O grito silencioso e isolado, já com a corda na garganta, de nada serve. Só em conjunto os protestos terão efeito sobre o pretendem fazer ao nosso país. Serão estas a reformas estruturais que Passos Coelho prometia antes as eleições e aquelas que continua a pregar? Será que as reformas estruturais da economia incidem apenas sobre os rendimentos trabalho ou passam também pela modernização e estruturação das empresas e ao estímulo à produção?
O primeiro-ministro desafiou um dos maiores empregadores nacionais mas não desafiou os outros grupos monopolistas como EDP, Galp, PT e outros a baixar os preços, que são as empresas que mais irão beneficiar das medidas aplicadas porque, por imposição da “troika” há que baixar as rendas excessivas recebidas por algumas dessas empresas há por outro lado que recompensá-las dessas perdas à custa do povo português.
Nos últimos dias os senhores comentadores, a propósito, de uma frase dita pelo senhor primeiro-ministro teceram as mais filosóficas teorias e considerações políticas justificadoras da dita frase “Que se lixem as eleições!”.Justificam alguns que importantes figuras da política de outros países também tiveram as suas frases, outros apenas demonstra o rumo certo que o primeiro-ministro está a seguir sem se importar com o ganhar ou perder as eleições, o que deve ser elogiado. Outros ainda, dizem que ao proferir tal frase está a insultar os portugueses ao passar a mensagem deque as eleições não servem para nada, o que importa é fazer o que se tem que fazer, seguir o rumo traçado, mesmo que se esteja a ver que no vai levar para o precipício ou para o deserto, sem a mínima capacidade de avaliação do trajeto
Pois bem, se me permitem, também tenho a minha interpretação que é mais ao nível da teoria da conspiração, no sentido em que não é apoiada por evidências conclusivas e afasta-se da interpretação institucional. Assim, do meu ponto de vista, aquela frase não foi enunciada por acaso, tem objetivos populistas e popularuchos de modo a induzir comentários ao nível das ruas e cafés. É como uma espécie de lavagem que, como um qualquer detergente, retire da opinião pública as nódoas que lhe têm caído em cima e a alguns dos seus ministros. Podem imaginar-se os comentários que podem advir de conversas entre um certo tipo de donas de casa, apesar de todo o respeito que tenho por elas. “Estás a ver como ele é diferente dos outros! Ele está a fazer tudo para bem o país sem se importar com a ambição do poder!”.Se não tivermos memória curta, recordamo-nos que fez cair propositadamente um governo (que, diga-se, estava a passar dos limites) para quê? Para depois perder as eleições? Claro que não!
As próximas eleições ainda vêm longe, portanto, partindo do pressuposto que o povo tem memória curta, pode fazer-se tudo que o prejudique e dizer-lhe tudo o que apetecer.Na proximidade das eleições há sempre a possibilidade de dar a volta e desmentir tudo o que se tenha dito para atrair incautos.
Estão a ver naquela altura um primeiro-ministro a fazer ou a dizer algo que conduza à perda das eleições do seu partido, apesar de antes ter dito que se estava lixando para as eleições? Eu não!
Alguns pensamentos que me ocorrem neste momento:
1. Dizem que os portugueses têm demasiada paciência perante as imposições do governo.
2. A austeridade a que nos sujeitam não é para todos. Tentem saber quantos regimes de exceção existem e para os quais não houve cortes.
3. O regime de austeridade é apenas para quem trabalha e vive da sua reforma. Se a crise se agrava cada vez mais, conforme tem sido notícia, porque não incluir como regime de exceção os pagamentos às PPP durante um determinado período.
4. Com os milhões que vão ser distribuídos para dinamizar o emprego jovem quem irá ganhar com isso?
5. Os nossos impostos estão também a pagar a empresas um valor hora mais caro que depois ao contratarem pessoal pagam menos de metade. Isto é, o Estado paga 8 Euros a uma empresa que contrata trabalhadores, esta por sua vez paga menos de 4 Euros ao trabalhador. Quem delapida os dinheiros públicos?
6. Há quem diga que as manifestações de protestos não resolvem nada porque tudo fica na mesma. É verdade porque são apenas uns milhares ou dezenas de milhares. Mas se todos formos e passarem a ser centenas de milhar ou milhões numa manifestação acham que tudo ficaria na mesma? Talvez não. E que tal pensar nisto?
7. Vejam este pensamento brilhante: a política de Passos Coelho assenta na ideia de que a troika nunca se engana, a realidade é que está errada! Explico: as medidas que são tomadas estão certas as consequências que a realidade mostra é que estão erradas. Vale a pena rir!
8. As alterações estruturais são apenas para alguns. Isto não é política é ideologia pura e simples que está a ser aplicada para tornar os que trabalham sem capacidade de negociação. Ou aceitas as condições de trabalho sem regras e com a remuneração que eu estipulo ou ficas numa miséria pior do que já estás porque não te dou trabalho.
9. De todos os processo judiciais devido a corrupção quem já foi preso.
10. A EDP dá lucros astronómicos todos os anos. Como se justifica o aumento da eletricidade? Será para dinamizar a economia e para diminuir o défice?
11. Em Portugal as empresas monopolistas que são rentáveis e dão lucros enormes são privatizadas, mas os prejuízos são pagos por todos nós através dos impostos que o Estado nos cobrou.
12. Quem pode explicar-me tudo isto como se fosse totó?
Até breve
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