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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Quatro dos jornais diários em Portugal salientaram ontem nas suas primeiras páginas a notícia da eleição de Bolsonaro, cada um dando-lhe mais ou menos relevo o que pode mostrar maior ou menor simpatia pelo resultado de acordo com a sua tendência.
O Jornal de Notícias salienta que Bolsonaro promete resgatar o país e, em subtítulo menos evidente diz que Bolsonaro promete defender a democracia e a liberdade. Por sua vez o jornal i salienta com mais evidência a mesma frase do eleito Presidente. O Diário de Notícias em letras gordas
O jornal Público salientou que a extrema-direita chega à presidência num Brasil dividido.
O Diário de Notícias em letras gordas salienta apenas Brasil: Bolsonaro Presidente. O Correio da Manhã moderou na sua primeira página a importância da eleição de Bolsonaro colocando em lugar pouco destacado, no canto superior esquerdo da página, uma fotografia do eleito e a frase “Bolsonaro é o novo Presidente do Brasil”.
Através dos destaques podemos verificar o grau de apoio dado por estes órgãos de comunicação à fação que levou Bolsonaro a Presidente do Brasil. As hipóteses a considerar é que:
Jornais diferentes encontram-se veiculados a ideias diferentes;
Consequente da anterior hipótese é de considerar que se façam juízos diferentes consoante os blocos;
Verifica-se a validade da existência dos juízos de valor diferentes sobre cada um desses blocos.
Assim, os critérios dos jornais analisados para os agrupamentos de blocos podem existir afinidades político-económicas e ideológicas e poder de intervenção e de potenciar influencia ideológica ao nível nacional.
Verifica-se então que, no que se refere à notícia em questão, o espaço ocupado pela respetiva notícia há disparidade no tratamento da notícia salientando-se o jornal Público como tratamento desfavorável e o Correio da Manhã apresentado neste caso uma certa neutralidade.
Por outro lado, há que referir ainda que são atribuídos juízos de valor diferente ao mesmo bloco dos jornais analisados em função da imagem ideológica que se possa ter de cada um dos jornais.
São várias as artimanhas de que alguns “fabricantes” profissionais de opiniões servem para, demagogicamente, conseguir atingir os seus objetivos pela deturpação de factos dando-lhes contornos falaciosos que levem a opinião pública a concordar com as suas opiniões aceitando-as como verídicas.
É o caso de João Miguel Tavares que hoje escreveu um artigo no jornal Público sobre a denominada “Fat Tax”, imposto que irá ser lançado sobre alguns alimentos considerados com excesso de açúcar e gordura. Diz ele que “São as famílias da classe média e indivíduos da classe baixa que vão à McDonald´s e compram pizzas”. Reparem só, uns são famílias da classe média, os outros, os da classe baixa, não têm direito à qualificação de família, são indivíduos. Terá sido um lapsus linguae?
Depois de Arnaldo de Matos do MRPP que dizia ser o grande dirigente e educador do proletariado, e Mao Tse Tung o grande educador do proletariado internacional das nações e povos oprimidos, Miguel Tavares passou a ser o grande defensor da alimentação da classe média e das classes baixas zelando pelo seu interesse contra um imposto cujo valor ainda é desconhecido e se espera não terá peso significativo no preço final do produto. Para ele será o descalabro porque a base da alimentação da classes que pretende defender são o McDonald´s e as pizzas.
Não frequenta de certo os supermercados de média dimensão em dias de promoção para vislumbrar o que estas classes compram. Para o grande defensor daquelas classes a base alimentar encontra-se na frequência de tais restaurantes e na encomenda de pizzas.
Lamentável é que, durante o governo neoliberal de Passos Coelho, raramente ou nunca se tenha empenhado na defesa daquelas classes que agora quer proteger dos malefícios dum tão importante imposto. Pelo contrário, defendia e justificava os cortes e a austeridade sem alternativa para as classes que agora, pretensamente, quer livrar de tão grave imposto.
Para cair no ridículo nem as penas lhe faltam.
Duma maneira geral a comunicação social é vista como um dos fatores mais responsáveis pela criação de instabilidade social e de desconfianças sobre as práticas políticas dos diversos atores em presença. Não inventa as notícias, elas existem, mas molda-as, adequa-as para terem mais impacto, alterando ou acrescentando sentidos. Os objetivos para tal podem ser vários e dependem das linhas editoriais, da necessidade de amplificação do impacto que o acontecimento ou a notícia possam ter para atrair o interesse do público para a compra e, no caso da televisão, para o aumentar as audiências.
Sem que seja caso único é um bom exemplo o que tem alimentado nos últimos dias, debates, notícias, informações e contrainformações sobre o caso dum potencial imposto sobre o património acumulado desnecessariamente causado por Marina Mortágua do BE.
A liberdade de imprensa que temos (impressa e televisiva) é um bem que deve ser preservado, contudo, corre sempre o risco de estar a ser limitada, condicionada, mesmo não existindo trâmites censórios próprios dos regimes ditatoriais, como era no tempo de Salazar e Caetano.
A pergunta que podemos colocar é a de saber se em democracia existe ou não uma tendência para o controle da comunicação social por grupos económicos através de "correias de transmissão" ligadas a ideologias e partidos políticos, mais ou menos dissimuladas.
A análise dos jornais, noticiários e comentários televisivos mostra-nos algumas tendências que se manifestam mais a favor, ou mais contra, consoante o ponto de vista ideológico de quem está no poder.
Não deve ser noticiado apenas o que é bom e agradável mas estamos exaustos de ver e ouvir todos os dias notícias negativistas, o fatalismo como sendo as únicas notícias. Noticia-se o que é superficial e fútil e não o relevante. Sabe-se, eles sabem, os da comunicação, que isso é que "vende" e, por isso, insistem. A competição comercial entre canais a isso obriga, deixando a ética como se fosse um objeto sem valor. Espetacularização e sensacionalismo são a chave do negócio.
O alinhamento noticioso dos canais de televisão começou a adotar o modelo de outros canais como o CMTV onde, diariamente, se gasta tempo demais com são oferecidos crimes, marginalidade, corrupção, dinheiro sujo, estúpidos concursos, factos privados enfatizados ad nauseam, gira-se à volta de quem tem dinheiro e declarações de má política, mas compacta-se ao máximo no espaço e no tempo uma qualquer ideia, reflexão construtiva ou qualquer contributo positivo.
O que vemos nos canais noticiosos será de facto o retrato do país onde tudo o que acontece é mau? Desde que não esteja em linha com o que ideologicamente eles, os senhores dos comentários, pensam e que acham deveria ser e porque se quer estar do lado dos opositores que perfilham é tudo mau. Foi assim no passado recente, mas ao contrário.
Não se pode ser otimista irrefletido mas, o que se vê na "fotografia" dos media é um pessimismo paralisante e um fatalismo permanente. Comentar é também criticar com imparcialidade, com isenção, não apenas atacar por mera fação e questão ideológica de que, afinal, acusam outros. Ou, então, criticam porque sim.
Penso que já referi várias vezes neste blog a impressão negativa que tenho sobre alguns comentadores da televisão e sobre artigos de opinião escritos, independentemente de estar ou não de acordo com eles, venham da direita ou da esquerda. Nem tudo o que uns gostam de ouvir ou ler agradará a outros. Uma coisa é o debate de ideias e de pontos de vista em democracia, outra é o "arranjo" argumentativo falacioso propositadamente construído com deturbação e interpretação abusiva de opiniões, acontecimentos ou factos ainda não comprovados. Outro caso ainda é dizer-se que uma coisa é preta quando é evidente a perceção comprovada de que é branca. Isto é, nega-se uma realidade, lança-se-lhe umas pinceladas de frases mais ou menos demagógicas e populistas para se poder a continuar a dizer que aquela coisa é preta.
Neste segundo semestre aconteceu haver uma agitada dança de cadeiras a nível das direções em jornais e rádio, o que para o cidadão comum não é novidade. As justificações são sempre as mesmas, reorganizações, ajustamentos, rentabilizações, etc. e, por vezes, estas mudanças estão também ligadas a mudanças de orientação editorial. Desta vez estas mudanças verificam-se ocasionalmente num ano em que um Governo é apoiado por uma maioria parlamentar de esquerda.
Na direção do Diário de Notícias encontra-se desde setembro Pedro Baldaia que era diretor da TSF; David Dinis que saiu do jornal Sol, fundou com outros o jornal online Observador e foi para diretor da TSF donde sairá para passar a dirigir, a partir de 3 de outubro, o jornal Público. Também, José Miguel Tavares, passou a ter direito naquele jornal a mais um diazinho por semana para divulgar as suas facciosas opiniões. A direção do jornal i que mudou várias vezes (em pouco mais de seis anos de vida, o jornal já teve quatro proprietários e sete direções), cabe desde 15 de dezembro de 2015 a Mário Ramires que também é presidente do conselho de administração da proprietária do jornal, a NEWSPLEX, SA., e também do semanário Sol. O jornal i e o Sol anteriormente pertenciam à Newshold, empresa angolana liderada por Álvaro Sobrinho que tinha investido na entrada do capital da Cofina, (dona do "CM" - Correio da Manhã) e da Impresa (dona do Expresso).
A crise que há na imprensa escrita vai alastrando e por ela a liberdade de expressão dos jornalistas pode ser condicionada face a uma potencial perda de emprego à vista. As razões apresentadas são várias, normalmente de natureza financeira e económica que levam ao despedimento e a rescisões por mútuo acordo de jornalistas. A razão para que este ano exista tal azáfama leva-me a pensar. Mas isto de momento não nos interessa.
As sanções a Portugal, são um tema arrastado, com o entusiasmo da maior parte dos órgãos de comunicação social. Embora não avancem nada de novo vão especulando e oraculizando medidas, intenções, punições, cumprimento rigoroso das regras europeias apenas para alguns, é claro emparelhando com os partidos da direita, agora sentados no banco da oposição.
As declarações dos partidos sobre as ditas sanções, cujos trâmites se arrastam quais barqueiros rebocadores dos barcos do Volga, mais parecem treinadores de bancada a falar.
Os treinadores de bancada gritam para o ar, e para os seus vizinhos de bancada mais próximos, orientações aos jogadores, faz isto e não aquilo, se eu lá estivesse haviam de ver, vai para a rua e outras censuras. Quando o seu clube perde gritam que foram roubados e a culpa é do árbitro, do treinador e do selecionador.
Assim parece Assunção Cristas líder do CDS e a antiga Ministra das Finanças do Governo de Passos Coelho que apoiam uma direita europeia que está a pressionar o Governo português assim como outros políticos portugueses de outros quadrantes que gostariam de ver descarrilar a estabilidade governativa e social que até agora se conseguiu, vendo nas sanções uma oportunidade para colocar pauzinhos na engrenagem para conquistarem a hegemonia perdida.
Peroram sobre as sanções que têm como base o défice dos anos de 2013-15, que se refere ao passado, o deles, mas vislumbrando causas para tal no presente e no futuro.
Fazem o mesmo exercício que os treinadores de bancada. Gritando que a culpa é do atual Primeiro-Ministro e do ministro das Finanças que não souberam negociar, deduz-se que deve ser sobre aquilo que eles próprios prometeram e não conseguiram. Se eu estivesse lá não seria assim, grita agora da bancada Maria Luís Albuquerque, etc..
O patriotismo de lapela serve agora como justificativa para prejudicar o país.
Segundo o jornal Público até Cavaco Silva, “estraga unanimidade do Conselho de Estado sobre sanções”. Independentemente do cumprimento rigoroso do que está determinado pelas das regras do Tratado Orçamental, pelo menos internamente há que haver algum decoro na defesa do interesse de Portugal que está a ser palco de experimentações de regras que, até hoje, não foram aplicadas a nenhum país que estivesse em incumprimento.
Claro que a Cavaco, visto não haver um Governo da sua preferência, apoia as sanções, numa tentativa frustrada de aparente imparcialidade. O que fica por provar é se, nas mesmas circunstâncias, e com um Governo da sua fação, tomaria a mesma posição.
Acrescem ainda sábios comentadores de economia como José Gomes Ferreira da SIC, que diz que as sanções vão implicar austeridade e mais medidas que já constam. Se não constam agora irão constar. Lança achas para a fogueira em vez de ajudar a acalmar o fogo em nome de todos. Mas a obsessão da desculpabilização da herança das sanções sobrepõe-se ao interesse e à defesa do país. Não há plano B, mas tem que haver. Se não é agora, é amanhã. Se não for amanhã será no futuro. Mas será. Que desejo mais obsessivo e pleno de contentamento!
As instituições da U.E. mais parecem grupos semelhantes a “bullies”. Estes, como cobardes que são, rodeiam-se de outros, e escolhem sempre os mais fracos para exercer a sua violência, seja ela física, moral e, ou, emocional sobre outros seus pares nos espaços que ambos frequentam.
Aproxima-se a data da eleição para a Presidência da República que deu uma sensação de perda de dignidade e falta de valor pessoal por parte da maior parte dos candidatos. Marcelo já ultrapassou largamente a votação obtida pela direita nas legislativas de outubro (36,86%), mas está à frente nas sondagens com vantagem de apenas 1,8% para obter maioria absoluta e ganhar à primeira volta.
Apesar de Marcelo avisar que a sua candidatura não é a segunda volta das legislativas, a direita quer arrecadar dividendos políticos e daí aposta tudo em Marcelo Rebelo de Sousa. Maria de Belém que poderia ser o bolo que a direita inicialmente pretendeu abocanhar, já que Marcelo lhe apresentava muitas reticências sobre a posição tomada sobre o atual Governo, e porque, querendo apanhar tudo, atirava à direita, à esquerda, ao centro, em suma, a tudo quanto mexia. Mais uma vez a esquerda dividiu-se e a direita concentrou-se em volta dum candidato. A esquerda não aprende com os erros, os pontos de vista ideológicos e partidário, até para a presidência, tolhem-lhe a racionalidade.
Inexplicáve,l aprioristicamente, é como Marcelo Rebelo de Sousa conseguiu entrar também no eleitorado de esquerda. A confusão dos eleitores é tal que começa a perguntar-se como é que, existindo um Governo que resultou duma negociação à esquerda, nesta campanha eleitoral para a Presidência da República mostra-se a mais dividida de sempre.
O pior candidato pela sua arrogância e falta de tento de oportunidade política é Cândido Ferreira, pessoa em quem nunca votarei, mas que acertou na mouche quando disse que "ser Presidente da República não é a mesma coisa que participar num casting par um Big Brother". De facto isto aplica-se a todos os candidatos, nomeadamente a Marcelo Rebelo de Sousa" que parece estar num concurso para ver se fica na "casa" e ganhar o prémio de Presidente. O populismo é tal que até pede para lhe engraxarem os sapatos, ou será que ele tem andado anos a engraxar os portugueses?
Não tivesse ele a visibilidade que a televisão lhe deu e estaria ao nível de todos os outros candidatos, ou pior.
Passos Coelho, mais uma vez, tentou deturpar o sentido das suas afirmações e mentiu ao afirmar que nunca tinha sido contrário à intervenção do BCE quando foi questionado sobre a medida anunciada por Mario Draghi para estimular a economia europeia nomeadamente através da compra de dívida. O primeiro-ministro não manifestou muito interesse nem deu muito relevo ao cas. Ora a verdade é que o primeiro-ministro disse esta sexta-feira que é "bem-vinda" a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de comprar dívida pública e que espera que ela "seja tão eficaz quanto se deseja".
Contudo, a 16 de Maio de 2014, Passos Coelho tinha dito em entrevista à CNBC, afirmou na altura da saída da troika, que apesar do importante papel do Banco Central Europeu (BCE), “não era partidário de um mandato diferente” para esta instituição, que “contribuiu para a frágil, mas ainda assim recuperação na Europa”.
Explicou que discordava da compra de obrigações: “Este tipo de política não é normal para o BCE, que já dispõe, por exemplo, de mecanismos de intervenção para evitar a fragmentação financeira”.
À semelhança dos partidos do Governo que aproveitam sempre a oportunidade para recuarem ao passado também é agora a nossa vez de recordar o que em junho de 2012, no Parlamento, em resposta ao então líder do PS António José Seguro, Passos Coelho disse ao opor-se à compra de dívida por parte do BCE e explicava também porquê.
Leia-se o que ele disse naquela data na Assembleia da República:
Em síntese:
“Se o senhor deputado entende que o BCE deve atuar em mercado secundário com programas mais intensos de compra de títulos de dívida soberana dos diversos países; se é isto que o senhor deputado entende deixe-me dizer-lhe: não concordo e não preciso de pedir licença a ninguém - nem em Portugal, nem na Europa – para lhe dizer aquilo que penso. Não aceito essa visão porque em primeiro lugar não cabe ao BCE em circunstância nenhuma exercer um papel de monetização dos défices europeus”
Segundo o jornal Público, no seu editorial, também mostra que há menos de um ano, no Parlamento, o primeiro-ministro disse no Parlamento que seria "errado" o BCE comprar dívida pública o que seria "impossível, inconcebível"…
Por sua vez os partidos da coligação, ainda segundo o jornal Público, "não se manifestaram muito efusivamente com a iniciativa de Mario Draghi nem ao menos a ideia de poderem vir a potenciar os seus efeitos benéficos sobre a vida dos portugueses".
Como é sabido Angela Merkel não é nem nunca foi favorável a esta decisão de Mario Draghi e continua a dizer que as políticas até agora seguidas foram e continuarão a ser as melhores, ideias que são seguidas com rigor e submissão por Passos Coelho ao posicionamento da Alemanha contra estas medidas que designam intrusivas, e, pelos vistos, também, pelos grupos parlamentares da maioria.
Há um germanismo político seguidista e subserviente pelo primeiro-ministro, pelo seu Governo e pela maioria que o sustenta preferindo submeter Portugal em vez de o defender.
Nas próximas eleições também deveremos ter isso em conta.
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