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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Durante o Governo de direita de Passos Coelho e de Paulo Portas, sempre demostrou o seu desagrado pelas greves, manifestações de rua, protestos, contestações que as populações e trabalhadores faziam contra cortes de salários e pensões, contra o aumento da TSU para o trabalho e a sua diminuição para as empresas. Foi o tempo em que os impostos aumentaram como dantes nunca sentido pelos portugueses sempre com a desculpa revertida para o passado.
O pressuposto justificativo da direita para as greves e contestações era que tudo isso era aprontado pelas organizações sindicais de trabalhadores que eram manipuladas por alguns partidos de esquerda com o objetivo meramente políticos e desestabilizadores que contribuíam para a destruição da economia e apenas serviam para aumentar o desemprego, prejudicar a competitividade e descredibilizar Portugal face aos mercados.
A ANTRAM - Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias uma organização de empresário, (não tenho nada contra os empresários, bem pelo contrário, lamentável é que cada vez haja menos), esteve ou está a preparar-se para, uma manifestação de camionistas contra o aumento do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP), previsto no Orçamento do Estado para 2016. A justificação é dada como sendo prejudicial ao setor. Claro que qualquer aumento de impostos é sempre prejudicial para todos. Verifica-se, mo entanto, que este aumento é muito inferior aos aumentos sucessivos que ouve no preço do combustível em anos anteriores. E aquele setor nunca se manifestou com intensidade nem pedia na altura que o Governo de então colocasse o preço do gasóleo ao nível de Espanha. Já nessa altura muitos diziam que se abasteciam naquele país por ser mais barato.
A direita, quando no Governo, teve a sorte da extraordinária baixa do preço do “brent” nos mercados internacionais. Contudo quando entre em 2013 e 2014 o petróleo estava em alta (ver gráficos) alguma vez o Governo de direita teve condescendência para com os empresários dos transportes de mercadorias baixar o imposto sobre o gasóleo a bem da competitividade e da economia? Alguma vez estes empresários fizeram manifestações apresentando os argumentos que agora utilizam?
A tendência do preço médio do gasóleo tem sido para descida apesar de algum pequeno aumento nos últimos meses. Basta fazer contas para ver, nesta altura qual o valor do imposto no acréscimo do custo do gasóleo e o aumento do preço no passado. O aumento do preço do gasóleo aumenta para todos, particulares e empresas que não apenas para as de camionagem.
Cotação mensal do barril de petróleo em Londres. Jan/2013 a Nov/2014.
Janeiro de 2016
WTI -West Texas Intermediate negociado em Nova Iorque
Brent - serve de referência às importações europeias
Fonte dos dados para elaboração do gráfico: Direção Geral de Energia
A associação defende que o aumento do imposto, “compromete a competitividade do setor e, consequentemente, a sobrevivência das empresas e a manutenção dos postos de trabalho”. Veja-se o argumento a favor da manifestação que é o mesmo que é defendido quando os sindicatos decretam greves neste ou noutros setores poer melhores condições de vida.
Esta não é uma manifestação de trabalhadores por mais salários ou qualquer outra reivindicação, é uma manifestação de cariz político convocada por empresários e apoiada pela direita na oposição que, em conluio, aproveita o aumento daquele imposto para fazer oposição ao Governo. O que diz agora a direita sobre a paralisação dos camionistas? Já não vem em defesa da economia? Nada! Aprova! O que se questiona é o que leva a direita a ter dois pesos e duas medidas.
Quanto ao argumento do abastecimento em Espanha está esvaziado porque esta “conversa” já a ouvimos há anos episodicamente divulgada durante os noticiários dos canais de televisão e pela imprensa.
Na maior parte dos órgãos de comunicação social, imprensa e televisão, a toxicidade mediática tem vindo progressivamente a causar preocupação. Transformaram-se em medio tóxicos cuja função é mais a de manipulação do que a de informação.
Assiste-se a uma intoxicação informativa por parte da comunicação social. As televisões mais perecem órgãos de comunicação do Governo à boa maneira dos tempos soviéticos.
O Presidente terá parte da responsabilidade a partir do momento em que a sua estratégia singrou no caminho do prolongamento por mais três meses do mandato do Governo em funções que terminaria em junho e a campanha eleitoral andaria a decorrer dentro do período legal. O que está a acontecer é que já está a decorrer e prolongar-se-á até outubro provocando uma saturação na população.
Não é inocentemente que Cavaco Silva ainda não marcou a data exata para as eleições legislativas deste ano. O adiamento justifica-se como forma de dar mais tempo ao seu partido na coligação para não se refletir muito na votação dos portugueses o efeito causado pelos estragos da governação e ao mesmo tempo fazer prolongar por mais algum tempo a intoxicação comunicacional em curso.
Poderá haver vantagens e ou desvantagens para a data que está prevista para a marcação de eleições (setembro/outubro). Recorde-se que as eleições legislativas de 2009, também marcadas por Cavaco Silva realizaram-se em 27 de setembro tendo a campanha eleitoral decorrido entre os dias 12 e 25 do mesmo mês.
Que razões terão havido para este ano serem marcadas tardiamente. Uma das desvantagens pode ser considerada técnica como seja a preparação tardia do Orçamento de Estado para 2016 que terá de ser feito apressadamente, qualquer que seja o governo que tome posse. Outra também técnica será a de evitar coincidência com o período de férias reduzindo assim uma possível maior abstenção.
Vantagens, posso incluí-las no âmbito da oportunidade e do oportunismo políticos do Governo e do Presidente da República em conjunto:
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