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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
No "post" anterior alertei para o facto da Segurança Social, segundo o Governo, estar com problemas de sustentabilidade e para o perigo do plafonamento das contribuições para a segurança social.
No suplemento de Economia do Jornal Expressos de hoje o problema é colocado de outro modo mais subtil que é sugerido pelo título do artigo: "Seguradoras ensinam empresas a não pagar TSU. Planos de poupança remuneram trabalhadores evitando Segurança Social".
É uma forma encapotada de retirar verbas à Segurança Social através de seguros de capitalização em favor das empresas e dos quadros superiores evitando descontos de 23,75% e 11% respetivamente.
O seguros de capitalização que cobrem esta modalidade têm vindo a aumentar nos dois últimos meses porque, com o Orçamento para 2014, ainda não há regulamentação deste tipo de produtos que se referem ao novo Código Contributivo que prevê a tributação de valores pagos a favor do trabalhador em prémios de seguros do ramo vida com capitalização.
O novo Código Contributivo, lançado pelo anterior Governo, previa que seguros de capitalização paguem TSU mas que isso não ocorreria antes de 2014 sendo definidas regras em concertação social. Porém, o ministro da tutela, Mota Soares, faz orelhas moucas e boca de vampiro à regulamentação e diz que está atento mas que ainda não está agendada nenhuma reunião para discutir o tema. Entretanto a segurança social está a ser defraudada legalmente.
Porque será que este ministro da inépcia profissionalizada deixa correr o marfim?
O Serviço Nacional de Saúde que levou dezenas de anos a construir e custou muito dinheiro dos impostos dos Portugueses é destruído por este Governo de Passos Coelho em menos de três anos. A saúde está a ficar cada vez mais degradada e está a custar e vai custar ainda muitas mortes por falta de assistência médica e medicamentosa.
De acordo com o que tem vindo a ser noticiado e que o Governo e o Ministério da Saúde têm desmentido, os hospitais públicos estão a atingir roturas. Por outro lado as empresas hospitalares privadas que vêm na saúde dos portugueses uma mina, apertam o cerco para que haja uma saúde para os que podem pagar e outras para indigente que passaram a ser os reformados e os desempregados de longa duração e parte da classe média baixa que está a ser cada vez mais espoliada.
Como se pode ver no quadro que apresento a intenção de desvalorização da saúde é nítida e tem como cenário, também no que se refere à saúde, o lema do primeiro-ministro Passos Coelho sempre foi o de ir muito além da "troika".
A responsabilização da "troika" por todos os males no que respeita à saúde é apenas uma falácia com o intuito de intoxicar a opinião pública.
Cortes na saúde em euros |
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Ano
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Memorando Inicial da troika |
Proposta do Governo |
Carta de Passos Coelho à troika em abril |
Total de cortes na saúde |
Orçamento de Estado |
2012 |
550 Milhões |
1000 Milhões |
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2013 |
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127 Milhões |
214 Milhões |
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2012 e 2013 |
925 Milhões (previsão) |
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2014 |
Sem cortes previstos |
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278 Milhões |
2015 |
Sem cortes previstos |
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Concretização de cortes apenas por iniciativa do Governo |
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1000 Milhões |
127 Milhões |
214 Milhões |
278 Milhões |
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TOTAL de cortes da total responsabilidade do Governo PSD/CDS |
1619 Milhões |
Fontes:
http://www.dn.pt/DNMultimedia/DOCS+PDFS/carta_troika_pt.pdf
Recordo-me em novembro do Governo propor uma contribuição extraordinária sobre as telecomunicações para aliviar os cortes nas pensões e reformas para que houvesse uma distribuição mais equitativa dos sacrifícios. O que aconteceu entretanto? Esta medida que foi anunciada em novembro, na altura da preparação do Orçamento de Estado para 2014, foi logo contestada. Pressões surgiram do setor tecendo argumentos contra esta contribuição. Quem apareceu de forma muito subtil também a opor-se àquela medida foi o Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações intervenção no 23.º Congresso da APDC-Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, de forma velada, veio em defesa do setor das telecomunicações.
Mais uma vez, e como sempre tem feito, o Governo amedrontou-se, recuou e cedeu perante as pressões dos mais fortes que deveriam saber ser uma contribuição extraordinária e de repartição de sacrifícios. Este Governo espezinha apenas os que sabe de antemão não terem força de protesto. Isto demonstra o caráter de quem nos governa. Procura sempre os alvos mais fáceis.
Para animar a "malta" o Ministro da Economia Pires de Lima veio hoje dizer que o ano de 2014 vai ser o ano da recuperação económica e que vamos sair da crise. Talvez, esperemos bem que sim. A pergunta que se impõe é quem vai sair da crise? Não são, com certeza, os que já foram muito prejudicados. Parece-me ser mais uma preparação para as próximas eleições europeias de maio. Preparam-se, mais uma vez, para enganar os portugueses porque creem que eles têm memória curta. A minha não é curta e está bem presente e espero que os milhões de eleitores que o governo tem sacrificado a outros interesses financeiros se recordem do passado. É que as eleições para o Parlamento Europeu podem ter influência na nossa política interna.
Tenho um enorme respeito pelo Banco Alimentar contra a Fome e pela obra desenvolvida e muitas vezes tenho contribuído quando e conforme posso. Deste modo, tudo quanto venha a dizer a seguir trata-se apenas de um comentário ao artigo de opinião de Henrique Raposo intitulado “O Banco Alimentar e o Ódio” publicado no jornal Expresso de 7 dezembro último e em nada tem a ver com a minha posição sobre
É evidente e não há dúvidas da contribuição positiva dada pela instituições de solidariedade, nomeadamente as das igrejas, para minimizar a miséria que este Governo tem feito grassar pelo país.
Agora vem mais uma ajudazinha a ser paga, com os impostos de todos, àquelas instituições: a isenção do IVA em algumas circunstâncias.
A medida a constar no orçamento de Estado para 2014, foi dada a conhecer por Mota Soares, ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social para o qual proponho desde já a alteração do nome para Ministério do Assistencialismo que se adequa mais às políticas que têm sido implementadas pela pasta entregue ao CDS/PP.
Com a referida medida procura-se obter mais uns votitos, tão necessários aos partidos do governo, especialmente ao CDS, nomeadamente através de uma campanha favorável mas subtil que poderá ser efetuada por aquelas instituições.
Sabemos que muitas das instituições sociais são organizações da igreja católica que, através de alguns dos seus dignitários, tem sido bastante crítica. Há que acalmar as hostes!
Como já referi tenho o maior respeito por estas instituições da igreja e afins. Todavia, muitas delas, exercem práticas de apoio social pagas pelos seus utentes, entre as quais centros de dia e creches para algumas das quais delas o Estado contribui com financiamento provindo dos nossos impostos.
Apesar do apoio dado por essas instituições a cidadãos, alguns deles, senão a maior parte, não carenciados, há críticas a fazer e muitas. Algumas dessas instituições, normalmente associadas a paróquias, quando um utente ou família se atrasa um ou dois meses, por necessidade pontual, no pagamento da mensalidade contratada deixam de apoiar essa pessoa. Isto é mais ou menos assim, utilizando uma terminologia mais popular, "não há dinheiro não há palhaços!".
Pois agora aqui surge mais uma benesse que é retirada das receitas do Estado. Retira aos que necessitam subsídios para dar a outros que os apoiem. E isto, mais uma vez, através dos nossos enormes impostos. Que vantagem terá aquela medida de isenção de IVA? Diz o ministro assistencialista que é porque "assim estamos a reforçar o apoio que o Estado tem que dar a estas instituições, porque acreditamos que este dinheiro, quando fica nas instituições, é gerido e investido com mais qualidade e proximidade do que se fosse ao nível central".
Reparem bem "porque o Estado tem que dar a estas instituições…" e determina que a nível central do Estado não é investido com tanta qualidade. Então? São todos incompetentes (ou será corruptos?) porque não sabem gerir a coisa pública?!
Pensar só faz bem…
A política, para Paulo Portas, "é mais parecer do que ser, fingir do que fazer, prometer do que executar". Qual homem invisível aparece e desaparece, ajustando o seu campo lexical segundo as conveniências e olhando apenas para o eleitorado
O homem invisível é um livro de ficção científica escrito por H. G. Wells onde o protagonista, um cientista que aplicou em si próprio uma substancia que o tornou invisível. A sua presença apenas se manifestava quando vestia uma roupagem e envolvia a cabeça com umas ligaduras e uns óculos escuros que possibilitassem a sua visibilidade.
O significado figurado de invisível é o daquele ou daquela que se esconde ou que escapa à vista pela sua extrema pequenez. Há outra palavra que nada tem a ver com a invisibilidade e que é não visto, nunca visto, mas também tem o sentido de aborrecido, odiado.
A transparência, por sua vez, é atribuída a corpos que deixam atravessar a luz e deixam distinguir nitidamente os objetos colocados que se encontram na sua retaguarda. No sentido figurado é aquele que se deixa desvendar ou que se percebe facilmente, coisa clara, evidente.
Vem tudo isto a propósito das mensagens comunicativas dos membros do Governo que têm duas modalidades linguísticas, tomadas estas como categorias gramaticais que exprimem uma atitude do comunicador em relação ao seu próprio enunciado e ao seu interlocutor ou recetor. O Governo torna-se, assim, invisível pela falta de clareza no anúncio das medidas, translúcido e, por vezes, até opaco nas suas comunicações com os portugueses.
No caso dos membros do Governo, sendo estes os locutores/comunicadores, tomam, face aos seus interlocutores que são os portugueses e consoante os interesses, atitudes de invisibilidade comunicacional e raramente de transparência.
A invisibilidade comunicacional neste meu contexto refere-se ao aparecimento de ideias ou conceitos que, face às conveniências do momento, são lançadas para a opinião pública e, posteriormente, desaparecem do léxico do Governo para mais tarde voltarem a surgir. Veja-se, por exemplo, o caso da propaganda de crescimento económico, tantas vezes lançado para a opinião pública, antes das eleições autárquicas, pelos membros do Governo, deputados da maioria e restantes comentadores da sua área política.
Agora, com o orçamento para 2014, essa ideia passou a uma espécie de invisibilidade lexical por parte do governo. Mas há mais. Face aos ataques da oposição e parceiros sociais ao orçamento para 2014, retomam a velha tática da responsabilização do passado, já lá vão dois anos e meio, para vestirem as roupagens argumentativas daquele tempo tornando-as novamente visíveis face à inexplicabilidades de algumas medidas tomadas.
Tão depressa uns temas aparecem e desaparecem nos partidos do Governo como outros temas aparecem para passado tempo desaparecerem novamente. A roupagem da visibilidade e temática e lexical argumentativa despe-se e veste-se conforme dá jeito, mas já só engana quem quer ser enganado ou quem tem uma fidelidade doentia aos partidos do Governo. A política, para Paulo Portas, é mais parecer do que ser, fingir do que fazer, prometer do que executar. Qual homem invisível aparece e desaparece ajustando o seu campo lexical segundo as conveniências e olhando apenas para o eleitorado.
Não é por acaso que, quer o primeiro-ministro, quer o seu ajudante, falam em tantos milhões de pensionistas e tantos milhões de trabalhadores do privado que valem mais do que pensionistas e trabalhadores da função pública. Para esta gente os portugueses são mera aritmética contabilística. Esperemos por meados do ano de 2014 para vermos o que vai acontecer com o setor privado quando, vendo que a receita passada a alguns não teve o efeito curativo pretendido. A nova receita será passada desta vez ao setor privado através de medidas retificativas. Neste país sem lei vale tudo. Apenas colocaram agora as ligaduras e os óculos escuros para mostraram o lugar do rosto.
Quando Eduardo Catroga afirma publicamente que o poder judicial se deve submeter ao poder político, está tudo dito. Ao que nós chegámos! Talvez seja influência do que se passa na República Popular da China onde isso acontece e cujo governo comprou parte da EDP.
O desespero é tal que já outros vêm em seu auxílio com comunicados que atingem até a nossa soberania, as nossas instituições democráticas e a nossa dignidade, enquanto povo autónomo e independente, como o fez a delegação da Comissão Europeia em Lisboa que preparou um "relatório político" "sobre a situação portuguesa, que se limita a ecoar as considerações críticas já efetuadas por outros responsáveis europeus acerca do impacto das decisões do Tribunal Constitucional na implementação do programa de ajustamento". Até o Presidente da Comissão Europeia, o Sr. Durão Barroso, se intromete na política interna. É bom que o povo português não se esqueça disto quando chegar a altura de ele vir para Portugal a ocupar um qualquer cargo que pensa lhe estará reservado.
Quanto à transparência, a falta dela é mais do que evidente. Podemos começar por Paulo Portas, o vice-primeiro-ministro, que começou a enfermar desta doença à semelhança do seu parceiro Passos Coelho. Paulo Portas disfarça a falta de transparência com truques retóricos mas que têm perna curta porque tudo se acaba por se saber. Sócrates já utilizava esse recurso semântico.
Recordemos o caso da conferência de imprensa onde Paulo Portas anunciou o resultado da oitava e nona avaliações da "troika", o caso das pensões de sobrevivência, a irrevogabilidade da sua demissão, etc.. Posteriormente, sobre as pensões de sobrevivência, vem esclarecer os que, segundo ele, distorceram o que tinha dito sobre o assunto. Afinal parece que, o que o disseram, veio a ser, na sua maior parte, posteriormente confirmado no parlamento pelo senhor secretário de Estado da Administração Pública que quer ficar na história como autor da reforma administrativa (qual reforma?). A falta de transparência do vice-primeiro-ministro começa a ser cada vez mais posta a descoberto, qual cheque careca.
A credibilidade deste executivo está franca e totalmente posta em causa pela sua invisibilidade, falta de transparência e opacidade. O ministro da economia vai tentando passar incólume, vamos ver se consegue e até quando. Será que as cervejas já deram o que tinham a dar ou também começaram a ficar turvas ?
Nota final popularucha: Passos Coelho, seus apoiantes e outros que para aí falam têm a sua vida e reformas chorudas garantidas quando saírem dos lugares que ocupam, por isso falam, como diz o povo, de barriga cheia. Quem ouvir Silva Peneda falar ao dizer que tem que haver roturas no tecido social com certeza que não lhe calha a ele!
A última crise política causada pelo governo e agravada pelo Presidente da República foi fértil em tecer armadilhas ao Partido Socialista para o seu envolvimento pleno no desastre que já existia, mas agravado por Passos Coelho. A primeira caixa da armadilha continha uma cenoura para atrair António José Seguro para uma dita salvação nacional em que o PS deveria estar envolvido.
Tudo se tem passado como se alguém, segundo a própria vontade, deitasse fogo à casa e, não conseguindo sozinho apagar o incêndio que alastrava cada vez mais, chamasse tardiamente os bombeiros para o ajudar a deter o que ele próprio tinha provocado ao mesmo tempo os culpabilizava por lhe terem colocado em casa os fósforos. Recordam-se? A tal história do queremos fazer mais e ir para além da “troika”.
Numa primeira tentativa para atrair o Partido Socialista para a armadilha, Cavaco Silva mostra a José Seguro uma cenoura que só não mordeu porque se apercebeu, à última da hora, onde estava a entrar.
Após aquele primeiro esforço várias outras tentativas têm vindo a ser feitas de vários quadrantes para que o PS dê o aval às políticas que, dizem eles, ser de um governo e um de novo ciclo. Mais armadilhas e engodos serão colocados para atrair o PS a aderir ao que agora Passos Coelho passou a chamar de união nacional. O que será para ele, politicamente falando, união nacional? Seria bom que os mais jovens se informassem junto dos seus avós ou procurassem informação através de livros ou outros meios sobre o que era de facto a união nacional. A união nacional que pretendem em termos políticos é uma espécie de associação de confrades onde se pretende incluir o Partido Socialista, a UGT associações patronais e outros parceiros sociais.
O Presidente da República que começou agora a sair da sua zona física de conforto onde se tinha acomodado há muito passou agora a fazer declarações com fundinho eleitoralista de apoio ao atual governo. Volta a mencionar e a fazer apelo a um consenso, que não seria mais do que uma união nacional, onde todos seguissem em uníssono os pontos de vista que ele acha serem o interesse de todos. Onde caberiam então as divergências que caracterizam as diferentes correntes de opinião e as diferentes sensibilidades políticas, sociais e económicas? Só falta agora defender uma nova concordata com a igreja idêntica à do tempo do antigo regime de Salazar. Como dizia Ribeiro Sanches, médico e intelectual português do século XVIII “que dificuldade tem um reino velho para emendar-se…”.
A estratégia do governo, sugerida e apadrinhada por Cavaco Silva, não tem outro objetivo que não seja o de captar o PS para este círculo de medidas impopulares que o governo prepara para o orçamento para 2014, após eleições autárquicas, comprometendo-o e, com isto, obter posteriores vantagens eleitorais para os partidos do governo, especialmente para o PSD, já que o PS ficaria no mesmo saco.
A minha leitura de novo ciclo é muito linear. As eleições autárquicas estão próximas, há que convencer alguns eleitores desertores e esperar que alguns dos ingénuos que acreditaram nas promessas feitas e não cumpridas de quem atualmente nos governa, acreditem agora na reviravolta prometida. Com as más experiências que temos desta coligação e dos seus embustes, seja ela com estes ou outros elementos do governo, há apenas uma coisa em que se deve acreditar, é que, após as eleições, tudo voltará à mesma senão piorar. Gostaria de me enganar.
Para mostrarem a terra prometida do crescimento procuram agora nos números das estatísticas os mais pequenos indícios, como se tratasse de pequeníssimas sementes dispersas, para agitar como bandeira nos seus discursos encantatórios, quais sereias que conduzem os marinheiros para os recifes e aí naufragam.
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