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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Consideram-se deuses na terra, abençoados por Deus ou, ainda, profetas conduzidos por Deus para salvarem o povo. Donald Trump insere-se ele próprio neste perfil para poder iludir o povo dos Estados Unidos da América e os evangélicos dão-lhe também uma mãozinha.
Numa peça de reportagem televisiva após ele ter saído do hospital onde presumivelmente terá estado ou ainda está com a covid-19 ouve-se alguém, uma voz de homem a gritar vivas a Tump e a dizer “eu dava a vida por este homem!”. A onde chegou o povo e o desespero que leva os homens a acreditar em algo tão abjeto.
A presidência de Donald Trump nos Estados Unidos da América tem sido, e ainda é, um pesadelo para a maioria real dos cidadãos americanos. Foi, de certo modo, um choque social explorado para obter vantagens sobre uma população desorientada pelos discursos populistas de quem escolheram para os liderar.
Em livros, documentários, artigos de opinião, notícias factuais e reportagens de investigação podem observar-se várias tendências como imposição de marcas, ascendência e influência de grandes fortunas sobre o sistema político e imposição global do neoliberalismo servindo-se do racismo e do espetro do medo do “outro”, causador da insegurança.
Trump é uma espécie de
r.
O Sr. Presidente da República criou uma autêntica balbúrdia com a sua comunicação ao país. Foi evidente a sua desresponsabilização do problema político que ele, indiretamente, ajudou a criar, apoiando um Governo cheio de lacunas e contradições. O que está e causa é ele próprio e não o país. A imagem dele acima de tudo.
Mas o mais grave é que, agora, pretende que os partidos intercalares do poder, (detesto arco da governação), por artes mágicas se juntem e encontrem uma alternativa talvez, no pensamento dele, uma espécie de “União Nacional” que agora designa por salvação nacional. Compreende-se, à medida que envelhecemos, e ele conta 73 anos, devido a problemas da memória de curto prazo começamos a virar-nos para o passado. Isto é, a partir dos 40 anos de vida começamos a esquecer-nos de ocorrências do presente mais recente, mas o que se refere ao passado longínquo volta a estar mais presente.
O Presidente da República esqueceu-se de que o Governo que tanto têm apoiado tem progressivamente vindo a cair na desgraça. Disto Passo Coelho, Miguel Relvas e também Vítor Gaspar são os grandes responsáveis. Não tanto pela austeridade, contra a qual a maior parte do portugueses tem vindo a reclamar, mas que aceitavam se fossem mobilizados com discursos de coesão e não de divisão.
Aqueles referidos senhores resolveram entrar por um processo divisionista, como já várias vezes tenho escrito, lançaram jovens contra cidadãos com emprego, acusaram os que o tinham como estando numa zona de conforto, lançaram jovens contra velhos, setor privado contra setor público, alimentaram rivalidades dentro do próprio setor público, criticaram os jovens porque não emigravam, desdenharam as organizações profissionais aceitando-os apenas, e quando, iam de encontro aos seus objetivos perversos e toda uma sucessão de material verbal de idêntico valor. Linguajar como este, como a já tão falada “peste grisalha”, entre outros disparates ofensivos sobre cidadãos. Não é de admirar que toda esta panóplia emergisse da ala mais neoliberal, com laivos nazificantes, que se infiltraram no PSD.
Vem agora o Presidentes da República sacudir a água do capote e pedir aos partidos para se entenderem, querendo envolver o PS, marginalizando outros partidos. Só se o PS estiver com instintos suicidas!
Agora que o PSD e o CDS, (este por arrasto), não sabem o que hão-de fazer, quer o Sr. Presidente de alguns portugueses, que outros venham ajudar a resolver os problemas que ele e os seus partidos criaram. Depois estamos mesmo a ver o que poderá vir a acontecer. Se correr mal, vocês também lá estiveram. Se correr bem, o que é duvidoso, fomos nós que conseguimos.
Presidentes assim há só há este e mais nenhum!
A intolerância, a perseguição e a discriminação de quaisquer grupos específicos seja por motivos rácicos, políticos ou outros entram no campo da ideologia neonazi. A estes movimentos neonazis são atribuídos crimes que, em certos casos, se podem classificar como genocídios. Apenas como curiosidade veja-se apenas um pequenino extrato da doutrina nazi: “… algumas culturas… eram vistas como parasitária ( Subhumans ), principalmente judeus, mas também ciganos, homossexuais, deficientes e os chamados antissociais, os quais foram considerados lebensunwertes Leben (indignos da Vida), devido à sua deficiência percebida e inferioridade.” A isto faltaria, talvez, acrescentar os idosos.
Há um aumento generalizado da extrema-direita na Europa ao qual as notícias em Portugal não têm dado muita relevância a não ser por altura de eleições ou quando há sondagens em alguns países europeus como, por exemplo, em França com o crescimento do partido Frente Nacional da extrema-direita. Nem sempre alguma direita radical estará conotada com os movimentos neonazismo mas, na sua maior parte, muitos destes grupos formados essencialmente por jovens têm vindo a infiltrar-se naqueles partidos mais à direita.
Uma eurodeputada holandesa do grupo dos Socialistas e Democratas afirmou à Euronews que “Estes grupos antigamente marginais estão a crescer cada vez mais. O que é assustador é o facto de os partidos de direita se apropriam desse discurso e o colocam em prática”.
Em Portugal, nos últimos meses, o Governos e os seus apoiantes têm fomentado uma animosidade relativamente ao vasto grupo de idosos reformados e pensionistas. As abordagens neonazis podem começar, por exemplo, com afirmações como as do deputado do PSD, Carlos Peixoto, (para quem não o conhecer basta clicar no nome), ao dizer ou escrever que: “A nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha." E acabou assim: "Se assim não for, envelhecemos e apodrecemos com o País.". É este o pensamento de um deputado do PSD. Digam-me se isto tem ou não contornos de um neonazismo que, com mais propriedade, qualifico com um novo léxico: geronto-nazismo.
A exaustão pela asfixia financeira dos idosos, obrigados a descontar, enquanto no ativo, durante dezenas de anos para terem direito a uma reforma proporcional aos seus rendimentos, não se verifica somente pela obrigação de descontos para o IRS (coisa nunca vista em nenhum país), taxas especiais de solidariedade (inversão dos fatores!), cortes nas reformas e outras que seguirão, levando ao empobrecimento progressivo. Acresce a tudo isto o aumento do IMI, das rendas de casa, da eletricidade, do gás, da água, dos transportes, dos bens de primeira necessidade que, para quem defende tudo isto, acham que são supérfluos, mesmo a alimentação. Até parece que se pretende que este grupo social já não precise de se alimentar convenientemente para morrem mais rápido. É este o pensamento de quem nos está a governar e que, por lapso, muitos colocaram no poder porque fizeram crer que iriam salvar os portugueses, sabe-se lá de quê, e cada vez mais os afundam sem retorno.
Pretendem os que nos governaram e governam, assim como certo capital financeiro, colocar a culpa do infortúnio da situação portuguesa sobre os reformados, isentando-se das causas que nos conduziram a esta situação.
São jovens (pelos quais tenho e sempre tive muita estima visto que também sou pai e professor) são agora a classe suprema e especial que se deve sobrepor a tudo e que se incentivam a culpabilizar os mais velhos por serem os causadores do desemprego dos jovens, entre outro disparates, como em tempo disse um senhor que, bem-vinda a hora, já saiu do Governo, para provocar divisões e rutura na coesão social.
Os senhores que defendem aquele tipo de ideias, não vão com certeza encontrar a fonte da eterna juventude, mas saberão na altura, quando chegar a vez deles, tomar medidas para se protegerem.
A tudo isto resta apenas acrescentar o que alguns poderão estar a pensar: Temos que arranjar para os velhos uma solução final, natural e subtil, através da exaustão por asfixia financeira até à morte, porque não polui o ambiente.
De acordo com a religião judaica um “bode expiatório” era um animal que, depois de um ritual religioso, era abandonado à sua sorte na natureza selvagem levando os pecados da humanidade. Para o cristianismo o bode expiatório foi Jesus Cristo que expiou os pecados da humanidade sacrificando-se, pela morte, para a salvar dos pecados.
Em sentido figurado, que é aquele a que nos iremos referir, um “bode expiatório” é alguém ou um grupo que é escolhido, por vezes sem qualquer critério, para levar com as culpas de calamidades ou acontecimentos negativos sobre os quais não teve influência ou esta é reduzida.
A procura de um bodes expiatórios é um ato propagandístico e irracional que atribui a uma pessoa, grupo ou instituição, a responsabilidade de problemas que por eles não foram criados. A procura de bodes expiatórios faz parte de propagandas políticas cujo caso mais evidente que é conhecido se deu no tempo do nazismo em que os judeus eram considerados os responsáveis pelos problemas económicos e desintegração do sistema político na Alemanha.
Tudo isto vem a propósito porque os nossos atores políticos, mais concretamente os que se encontram atualmente no Governo e os seus apoiantes são useiros e vezeiros em procurar bodes expiatórios para os seus falhanços e, quando os encontram repetem-no até à exaustão.
O primeiro é o refúgio no passado desculpando-se com a herança da dívida e do défice do governo anterior. Embora haja razões para tal foi o PSD que derrubou o Governo de Sócrates, assumindo a responsabilidade de “salvar o país” e retirá-lo da crise.
O segundo, foi atribuir a responsabilidade da crise aos portugueses que se endividaram e gastaram acima das suas possibilidades.
A Constituição da República é outro bodes expiatórios que é um obstáculo ao desenvolvimento económico e não deixava que as reformas estruturais, diga-se cortes, fossem feitos.
Vieram depois os funcionários públicos, os reformados e os pensionistas como bodes expiatórios. Baseados em dados de origem e cálculo duvidoso são culpados da crise devido a auferirem rendimentos elevados (?) e que, por isso, havia que serem objeto de cortes de rendimentos para reduzir a despesa do Estado e o défice. O bode expiatório função pública que, para o Governo como causadora do aumento de impostos foi ainda utilizado para lançar trabalhadores portugueses do privado contra os do público.
Com o orçamento de 2012 foi o Tribunal Constitucional o bode expiatório das derrapagens no mesmo ano apesar de, relativamente aos pontos do orçamento considerados inconstitucionais, o TC possibilitasse que se mantivessem os cortes naquele ano.
A moção de censura do Partido Socialista foi também um potencial bode expiatório para justificarem a perda de credibilidade dos mercados e das avaliações da “troika” que eventualmente se verificasse.
Mais recentemente, e mais uma vez, o bodes expiatórios foi o Tribunal Constitucional por ter considerado a inconstitucionalidade de alguns dos pontos do orçamento de 2013. Repare-se que deveria ser obrigação do Governo saber à partida o que poderia ou não ser inconstitucional no orçamento. Quando não se sabe pergunta-se! Mas é mais fácil culpabilização de outros para se justificarem os falhanços das políticas aplicadas.
Mais recentemente foram os bancos, nomeadamente a Caixa Geral dos Depósitos que já foi objeto de ameaças, os bodes expiatórios por não financiarem a economia, o que já foi desmentido. Não há falta de financiamento, há é falta de investimento.
Sistematicamente, este Governo usa e abusa de bodes expiatórios para desculpar as suas incompetências e incapacidades na resolução de problemas que herdou porque quis ao derrubar o seu antecessor e, para além disso, criou outros e agravando tudo o que dizia tencionar melhorar.
Quando não conseguem arranjar bodes expiatórios apontam-se fantasmas para atemorizar. Um dos muitos fantasmas que agora acena-se com um segundo resgate e, consequente, mais austeridade. Podemos não estar longe disso, mas, se tal acontecer, a responsabilidade é apenas de Passos Coelho e do seu Governo que não conseguiram como prometeram, minimizar os efeitos do défice e crise.
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