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A União Europeia pode estar em perigo - II

por Manuel_AR, em 17.04.19

(Continuação)

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A extrema-direita e a estratégia para a obtenção de votos

Primavera europeia? Qual primavera? 

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Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro e líder da extrema-direita italiana, repete-as cada vez com mais enfase à medida que se aproximam as eleições de 26 de maio para o Parlamento Europeu.

Diz o líder da extrema-direita italiana querer uma “primavera europeia” contra “o eixo franco-alemão” dominante, um “renascimento dos valores europeus” contra os burocratas, uma rede pan-europeia de partidos nacionalistas. Segundo o jornal Expresso estas que não são ideias novas, são enunciadas pelo menos desde que o Governo italiano de coligação entre a Liga, partido de extrema-direita, e o Movimento Cinco Estrelas (M5E), populista, foi formado, em junho do ano passado.

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Na Grécia o partido da extrema-direita neonazi consegui 18 lugares no parlamento nas eleições de 2015 apesar de ser um partido de características violentas. No final da campanha o partido neonazi grego Aurora Dourada fez uma afirmação insólita: aceitou a “responsabilidade política” do assassínio do rapper e ativista de esquerda Pavlos Fyssas, quase exatamente no segundo aniversário da sua morte e argumentou que “Enquanto falarmos de responsabilidade política, aceitamo-la, mas não há responsabilidade criminal”, disse o líder do partido, Nikos Michaloliakos, numa entrevista radiofónica. “Só porque um membro do partido teve uma ação errada, isso não quer dizer que todo o partido deva pagar”.

Até finais do século XX e princípio do século XXI o sucesso eleitoral dos partidos da direita radical autoritária e populista dependeu da combinação de nacionalismo com o neoliberalismo e com uma postura culturalmente autoritária, mas também com políticas que visavam menos redistribuição, menor tributação e redução dos gastos sociais.

As clientelas tradicionais atraídas por esses partidos eram a pequena burguesia que se dizia anti estado e a classe trabalhadora, tradicionalmente de esquerda. Nos últimos quinze ou 20 anos, aproximadamente, as suas estratégias eleitorais foram mascaradas de democratas e os partidos da extrema-direita autoritária e populista conseguiram estar representados no Parlamento Europeu e em alguns dos governos de países da U.E., alguns deles em coligação com a direita moderada. As suas posições sobre os reais pontos de vista ideológicos revelam-se e tornam-se muito mais difíceis de obscurecer quando, nos parlamentos, as leis têm de ser votadas e os orçamentos aprovados no espaço parlamentar.

Para apresentarem trabalho preparam então estratégias de distorção da sua posição político-ideológica que traduzem em propostas de reformas políticas socioeconómicas inconsistentes. Por exemplo, misturando liberalização geral com medidas protecionistas específicas (não raras vezes puramente simbólicas) e novos programas para grupos selecionados (proprietários de pequenas empresas, famílias com crianças e assim por diante) consideradas vitais para o sucesso político do governo que são um disfarce para o povo acreditar nas suas boas intenções, basta ler as intervenções dos seus líderes nos respetivos países.

Outras vezes muitos dos partidos da extrema-direita populista apresentam-se às eleições como sendo novos partidos da classe trabalhadora e, em alguns casos, estes eleitores já são, em alguns países da U.E., o grupo mais importante destes partidos. Afirmam então que o apoio da classe trabalhadora à direita radical está a aumentar constantemente, isto porque, aqueles partidos, abandonaram as suas antigas posições liberais de mercado em favor de agendas mais centristas, em consonância com as preferências de seus apoiantes mimetizando-se e virando um pouco para políticas mais à esquerda.

O caso português do recém-constituído partido “Chega”, que é agora a coligação “Basta” pode ser visto com um caso de contradições entre o que é dito pelo seu líder André Ventura e o que a sua declaração de intenções diz: “o partido Chega declara como fundamental “proteger a dignidade da pessoa humana, contra todas as formas de totalitarismo”, assim como “a promoção do bem comum”, a “defesa do Estado laico” e de “uma justiça efetiva”. O Chega defende “um Estado mais reduzido”, rejeita o “racismo, xenofobia e qualquer forma de discriminação”, quer “igualdade de oportunidades” para os portugueses e aposta no “combate à corrupção” e “numa economia forte”. Contradições e populismo verbalizados por André Ventura que até chega a defender a pena de morte.

Os partidos radicais da extrema-direita populista reorientaram-se para se expressarem de forma mais favorável, especialmente em relação às políticas sociais redistributivas, porque a classe trabalhadora, à qual pretendem conquistar votos, ainda tem um forte interesse na preservação de esquemas tradicionais de segurança social (Röth, Afonso, Spies ; 2018).

(Continua...)

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publicado às 16:44

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Imagens TVI24 e jornal i

A frase do título deste post que penso ter sido atribuída a Óscar Wilde fez-me recordar Donald Trump que, para uns, sofre de autoritarismo, é fascizante e tem falta de senso político, e, para outros, é o melhor político como, por exemplo, para Bolsonaro no Brasil que gosta de o imitar o que me levou a refletir sobre os avanços na U.E. da extrema-direita e dos seus tentáculos. O crescimento destas ideologias é um dos assuntos mais sérios que tem vindo a público e não pode ser desvalorizado pela U.E. apesar de que alguns em Portugal digam estarmos livres. Não, não estamos livres. Não há dúvidas do começo do seu despontar embora que, ainda, timidamente.

São as tendências autoritárias e extremistas que vivem sob a capa de democratas no seio da própria democracia que a estão a minar. São os nacionalismos exacerbados, as xenofobias, os racismos, o ódio, o apelo à segurança por causa da insegurança, o ser contra tudo quanto é diferente que se vai amplificando no seio das democracias.

Por cá, invocam-se recordações saudosistas dos tempos de Salazar que alguns, os mais velhos, na sua instabilidade e insegurança que a idade avançada lhes vai trazendo, recordam e acham que um regresso a esse espírito lhes faz falta. Outros, os mais novos, eventualmente angariados por estes extremismos, os que não viveram aqueles tempos e que dizem não haver agora liberdade de expressão por não poderem clamar hinos rácicos e xenófobos, reclamam por novos tempos que acabam por trazer, novamente, a falta dela como se pode confirmar por afirmações de André Ventura (ainda no PSD?) ao semanário Sol.

É muito fácil fugir a perguntas, ao diálogo e à controvérsia com mensagens curtas e inteligíveis, com frases e discursos redondos e bacocos, feitos à medida, sem coerência argumentativa, convencer um povo e desencadear as suas emoções mais primárias. Um povo menos culto, com algum défice de literacia política, impreparado e desavisado, recebe e assimila rápida e facilmente essas mensagens e dá-lhes crédito. É o endeusamento dos que falam direto e fácil, por serem compreendidos com um mínimo esforço.

Aqueles que anseiam por um novo homem ele aí esteve, na televisão, identificando-se como sendo uma nova pessoa, um novo homem após libertação, terminada a prisão por violência racista. Se a prisão recupera aí está a prova manifestada pelo arrependido. O passado de violência e assassinatos por motivos raciais, as cruzes gamadas tatuadas nos braços, as saudações nazis, nada disso interessa, foram coisas do passado, coisas de juventude. Mas esse novo homem diz precisarmos de um Salazar que nada teve a ver com fascismo e que no seu tempo havia liberdade de expressão coisa que atualmente não existe. Salazar salvou Portugal da guerra e recebeu judeus fugidos dos nazis, não era fascista e nessa altura havia segurança.

Hoje, que já não há um Salazar precisarmos de um, ou mais do que um. Quem o diz é o novo homem que saiu da prisão e é contra a imigração e os negros porque a violência vem dos africanos, provado que está nas prisões, onde se encontram em maioria, devido a crimes violentos. Compreende-se, é uma nova pessoa, um novo homem como afirma categoricamente, talvez escondendo tatuagens reveladoras dessa nova pessoa debaixo da manga comprida do casaco que traz vestido.

Claro que já adivinharam de quem estou a falar. É desse novo homem, Mário Machado, líder do movimento Nova Ordem Social, várias vezes condenado por crimes de ódio racial, mas que não tem nada contra os homossexuais. Quando no programa "Você na TV", Manuel Luís Goucha lhe perguntou no final da entrevista:

- Vivo há vinte anos com um homem, tem alguma coisa contra mim?  - perguntou Luís Goucha a Mário Machado.

A resposta veio de imediato:

- Claro que não, senão não estaria aqui - responde o entrevistado.

Esta foi mais uma novidade que nos trouxe este novo homem!! 

Goucha levanta-se muito rápido e, com uma expressão de regozijo por esta afirmação, sentindo-se talvez “aliviado” dos ataques que lhe terão feito nas redes sociais pelo convite dirigido àquele novo homem, encaminha-se, porventura envaidecido, para o ecrã gigante onde passa uma mini reportagem, espécie de vox populi. Foi, porventura, a sua forma de vingança.

Gostava que me explicassem por desenhos este fenómeno de recuperação que levou Mário Machado a transformar-se num novo homem uma vez que, em 2016, apenas há dois anos, foi noticiado que “Comunistas, negros, muçulmanos e homossexuais foram violentamente espancados por skinheads entre 2013 e 2015, no centro de Lisboa. A motivação político-ideológica das cabeças rapadas, que pertencem à fação mais perigosa do movimento internacional de extrema-direita Hammer Skin Nation, levou à intervenção da Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da PJ, que deteve ontem 20 suspeitos.”. “Os cabecilhas do grupo agora detido fizeram parte do núcleo duro do ex-líder dos Portuguese Hammer Skins (PHS), Mário Machado, detido desde 2007, data da última megaoperação da UNCT contra os crimes deste movimento neonazi.”, que pode ler aqui.

Esses, como Mário Machado, que falam em censura e em falta liberdade de expressão que dizem atualmente não existir, cortariam, sem hesitação, este texto se fosse escrito, sob um regime como o que ele defende.

A polémica e os protestos instalados sobre o dito programa da TVI, na rubrica "Diga de Sua (In)Justiça" da autoria de Bruno Caetano, deu lugar a uma quantidade de artigos de opinião que talvez tenham sido exagerados, porque "a única coisa pior do que ser falado é não ser falado". E Mário Machado foi falado, e até de mais! Neste preciso momento ele está a ser falado e você está a ler. Terá sido esse o objetivo que a TVI teve em mente?!. . . 

Para além da tentativa de branqueamento do seu passado, a TVI ofereceu ao nazi que agora diz ser nacionalista e um outro homem, a publicidade gratuita que intentou elevar os telespectadores ao nível de consumidores do produto enganoso que é Mário Machado.

E termino com uma citação de Vasco M. Barreto no jornal Público:

“Independentemente do que possamos pensar sobre a liberdade de expressão, qualquer texto que mencione o mais famoso neonazi da pátria deve incluir uma referência a Alcindo Monteiro, Manuel Domingos Silva, Contreiras Ferreira, Alberto Adriano, Fausto Soares, João Soares e Matias de Almeida, entre outros, que a 10 de Junho de 1995 foram agredidos à paulada e aos pontapés no corpo e na cabeça por skinheads.”.

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publicado às 09:53

O dia da Restauração de Portugal

por Manuel_AR, em 01.12.13

Novamente não é o feriado que está em causa. São os nossos valores históricos que não são nacionalismoas bacocos.



http://zoomsocial.blogs.sapo.pt/18837.html

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publicado às 19:04

Mais papões

por Manuel_AR, em 08.04.13

 

Muito se tem falado da incompetência e na queda deste Governo para dar lugar a outro de iniciativa presidencial, caso não se fosse para eleições antecipadas. Não será necessário reclamar esse tal governo de iniciativa presidencial, ele já foi empossado por Cavaco Silva como de iniciativa presidencial.

 

Imagem de: 

http://rendezvous.blogs.nytimes.com/2012/02/15/the-decline-and-fall-of-greece/

 

No meu “post” anterior referia-me ao papão das ameaças que grassam em Portugal. Pois, agora temos a prova concreta de que o papão não é apenas interno, vem agora também da Europa, como que uma força para apoiar este Governo. Dizem que Portugal tem que agora arranjar alternativas para substituir o chumbo de alguns pontos pelo Tribunal Constitucional. Mas que novidade, isso já nós sabemos o primeiro-ministro já o disse. O que qualquer português não quer é que estes senhores venham interferir nas nossas questões internas, porque isso, faz parte nas nossas decisões e responsabilidades e, por isso, dispensamos recados como aqueles.

 

Até na nossa Constituição e nas decisões do Tribunal Constitucional querem interferir. Como diretamente não o podem fazer ameaçam, como já o tem feito o traidor de Portugal Durão Barroso, que, sem um mínimo de independência, está na Comissão Europeia a defender os interesses da Alemanha contra Portugal e contra outros países.  

 

Nunca fui muito dado a nacionalismos bacocos, mas cada vez mais o nacionalismo deve ser uma palavra de ordem para todos os portugueses.

 

 

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publicado às 15:17


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