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Mimética convulsiva

por Manuel_AR, em 07.11.14

Pires de Lima.png

 

 

O ministro da economia, Pires de Lima, que não fez nada de relevante na sua área, pelo menos que se conheça, a não ser viagens promocionais, entrou numa espécie de convulsão caricata que não lhe era peculiar. O tom fonicamente expressivo utilizado numa intervenção na Assembleia da Republica, enquanto ministro, pareceu, a quem o ouviu, uma entoação discursiva por alguém que ingeriu bebidas alcoólicas finas e se estivesse a dirigir a uma assistência de atrasados mentais.

Não admira. Este senhor especializado na gestão de empresas de bebidas como sumos e cervejas ainda não se deu conta que se encontra num serviço de estado e não de vendedor de bebidas. Ele próprio disse, em tempo, a jornalistas que o interpelavam frente às câmaras das televisões e já como ministro da economia: "Bem… e agora tenho que ir vender umas cervejas…". De seguida meteu-se na viatura e abandonou o local.

Está tudo dito. O ministro Pires de Lima perdeu a postura e a compostura que parecia mostrar e passou à de um vulgar vendedor de bebidas alcoólicas que, embriagado se dirige a um grupo de ineptos armazenistas compradores das ditas bebidas.

É manifesto o início do desvairo propagandístico eleitoral devido às perdas eleitorais e potencialmente futuras conduz a isto. Qual a diferença entre o tom e o gesto de dois ministros? O da voz arrastada por imitação de embriaguez e o do outro que fez o gesto dos corninhos?

Tenha compostura e dê o exemplo senhor ministro, para fazer oposição e expor as suas ideias não necessita de mímica necessita de cabeça.

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publicado às 18:16

Invisibilidade, transparência e opacidade

por Manuel_AR, em 21.10.13

A política, para Paulo Portas, "é mais parecer do que ser, fingir do que fazer, prometer do que executar". Qual homem invisível aparece e desaparece,  ajustando o seu campo lexical segundo as conveniências e olhando apenas para o eleitorado

 

 

O homem invisível é um livro de ficção científica escrito por H. G. Wells  onde o protagonista, um cientista que aplicou em si próprio uma substancia que o tornou invisível. A sua presença apenas se manifestava quando vestia uma roupagem e envolvia a cabeça com umas ligaduras e uns óculos escuros que possibilitassem a sua visibilidade.

 

 O significado figurado de invisível é o daquele ou daquela que se esconde ou que escapa à vista pela sua extrema pequenez. Há outra palavra que nada tem a ver com a invisibilidade e que é não visto, nunca visto, mas também tem o sentido de aborrecido, odiado.

 

A transparência, por sua vez, é atribuída a corpos que deixam atravessar a luz e deixam distinguir nitidamente os objetos colocados que se encontram na sua retaguarda. No sentido figurado é aquele que se deixa desvendar ou que se percebe facilmente, coisa clara, evidente.

 

Vem tudo isto a propósito das mensagens comunicativas dos membros do Governo que têm duas modalidades linguísticas, tomadas estas como categorias gramaticais que exprimem uma atitude do comunicador em relação ao seu próprio enunciado e ao seu interlocutor ou recetor. O Governo torna-se, assim, invisível pela falta de clareza no anúncio das medidas, translúcido e, por vezes, até opaco nas suas comunicações com os portugueses.

 

No caso dos membros do Governo, sendo estes os locutores/comunicadores, tomam, face aos seus interlocutores que são os portugueses e consoante os interesses, atitudes de invisibilidade comunicacional e raramente de transparência.

 

A invisibilidade comunicacional neste meu contexto refere-se ao aparecimento de ideias ou conceitos que, face às conveniências do momento, são lançadas para a opinião pública e, posteriormente, desaparecem do léxico do Governo para mais tarde voltarem a surgir. Veja-se, por exemplo, o caso da propaganda de  crescimento económico, tantas vezes lançado para a opinião pública, antes das eleições autárquicas, pelos membros do Governo, deputados da maioria e restantes comentadores da sua área política.

 

Agora, com o orçamento para 2014, essa ideia passou a uma espécie de invisibilidade lexical por parte do governo. Mas há mais. Face aos ataques da oposição e parceiros sociais  ao orçamento para 2014, retomam a velha tática da responsabilização do passado, já lá vão dois anos e meio, para vestirem as roupagens argumentativas daquele tempo tornando-as novamente visíveis face à inexplicabilidades de algumas medidas tomadas.

 

Tão depressa  uns temas aparecem e desaparecem nos partidos do Governo como outros temas aparecem para passado tempo desaparecerem novamente. A roupagem da visibilidade e temática e lexical argumentativa despe-se e veste-se conforme dá jeito, mas já só engana quem quer ser enganado ou quem tem uma fidelidade doentia aos partidos do Governo. A política, para Paulo Portas, é mais parecer do que ser, fingir do que fazer, prometer do que executar. Qual homem invisível aparece e desaparece ajustando o seu campo lexical segundo as conveniências e olhando apenas para o eleitorado.

 

Não é por acaso que, quer o primeiro-ministro, quer o seu ajudante, falam em tantos milhões de pensionistas e tantos milhões de trabalhadores do privado que valem mais do que pensionistas e trabalhadores da função pública. Para esta gente os portugueses são mera aritmética contabilística. Esperemos por meados do ano de 2014 para vermos o que vai acontecer com o setor privado quando, vendo que a receita passada a alguns não teve o efeito curativo pretendido. A nova receita será passada desta vez ao setor privado através de medidas retificativas. Neste país sem lei vale tudo. Apenas colocaram agora as ligaduras e os óculos escuros para mostraram o lugar do rosto.

 

Quando Eduardo Catroga afirma publicamente que o poder judicial se deve submeter ao poder político, está tudo dito. Ao que nós chegámos! Talvez seja influência do que se passa na República Popular da China onde isso acontece e cujo governo comprou parte da EDP.

 

O desespero é tal que já outros vêm em seu auxílio com comunicados que atingem até a nossa soberania, as nossas instituições democráticas e a nossa dignidade, enquanto povo  autónomo e independente, como o fez  a delegação da Comissão Europeia em Lisboa que preparou um "relatório político" "sobre a situação portuguesa, que se limita a ecoar as considerações críticas já efetuadas por outros responsáveis europeus acerca do impacto das decisões do Tribunal Constitucional na implementação do programa de ajustamento". Até o Presidente da Comissão Europeia, o Sr. Durão Barroso, se intromete na política interna. É bom que o povo português não se esqueça disto quando chegar a altura de ele vir para Portugal a ocupar um qualquer cargo que pensa lhe estará reservado.

 

Quanto à transparência, a falta dela é mais do que evidente. Podemos começar por Paulo Portas, o vice-primeiro-ministro, que começou a enfermar desta doença à semelhança do seu parceiro Passos Coelho. Paulo Portas disfarça a falta de transparência com truques retóricos mas que têm perna curta porque tudo se acaba por se saber. Sócrates já utilizava esse recurso semântico.

 

Recordemos o caso da conferência de imprensa onde Paulo Portas anunciou o resultado da oitava e nona avaliações da "troika", o caso das pensões de sobrevivência, a irrevogabilidade da sua demissão, etc.. Posteriormente, sobre as pensões de sobrevivência, vem esclarecer os que, segundo ele, distorceram o que tinha dito sobre o assunto. Afinal parece que, o que o disseram, veio a ser, na sua maior parte, posteriormente confirmado no parlamento pelo senhor secretário de Estado da Administração Pública que quer ficar na história como autor da reforma administrativa (qual reforma?). A falta de transparência do vice-primeiro-ministro começa a ser cada vez mais posta a descoberto, qual cheque careca.

 

A credibilidade deste executivo está franca e totalmente posta em causa pela sua invisibilidade, falta de transparência e opacidade. O ministro da economia vai tentando passar incólume, vamos ver se consegue e até quando. Será que as cervejas já deram o que tinham a dar ou também começaram a ficar turvas ?

 

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publicado às 14:10

Imagem de: http://www.opolvodanoticia.com/

 

 Tudo o que Paulo Portas diz ou venha a dizer é meramente propaganda e marketing. Aliás, basta recordarmos tudo o que dizia quando estava na oposição no tempo do anterior Governo e que agora mandou para detrás das costas do próprio esquecimento.

 

O ministro Paulo Portas passou a ser também o diretor de marketing de Portugal com o apoio implícito do primeiro-ministro. Pelo menos é o que temos visto nos últimos tempos em que Paulo Portas, umas vezes como líder do CDS/PP, outras como Ministro dos Negócios Estrangeiros, anda numa roda-viva a tentar aumentar as nossas exportações e a defender os nossos produtos do sector agroalimentar. Como líder do CDS/PP, como aconteceu no Salão Internacional do Sector Agroalimentar e Bebidas em Lisboa, em finais de fevereiro. Em 2 de março para a India, desta vez como Ministro dos Negócios Estrangeiros, com o azeite e com o vinho, como antes já tinha acontecido com o Brasil.

A comitiva de Paulo Portas, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, integra 36 empresas portuguesas de diversos setores onde constavam, entre outras, nomes como os da Corticeira Amorim, Efacec, Martifer, Revigrés, Visabeira, Unicer e Brisa. A banca também está presente, com representantes da Caixa Geral de Depósitos, Banco Espírito Santo de Investimento, BPI. Outro sector, como já disse, foi o agrícola, que envia para a Índia cinco empresas, em especial da área do vinho e azeite.

Não podemos dizer que isto seja mau, bem pelo contrário. Todavia, há algo que nos escapa pois sempre pensei que isso deveria ser da competência do Ministro da Economia ou do Primeiro-Ministro. Estarei enganado?

Isto tudo fez-me lembrar os tempos do início da crise, quando José Sócrates, já em queda, se esforçava por levar comitivas para países que fossem potenciais compradores a Portugal, entre os quais a Venezuela.

Esta roda-viva de Paulo Portas tem dois objetivos, o primeiro é desempenhar um protagonismo que relance na opinião pública uma imagem positiva em contraponto com o primeiro-ministro e com o Ministro da Economia. O segundo é apoiar o seu ministério mais querido, o da agricultura e pescas. O terceiro é ver se consegue salvar o seu partido do atoleiro em que Passos Coelho tem metido o país progressiva e continuamente, minimizando o impacto negativo que venham a ter as próximas eleições para o CDS/PP.Tudo o que Paulo Portas diz ou venha a dizer é meramente propaganda e marketing. Aliás, basta recordarmos tudo o que dizia quando estava na oposição, no tempo do anterior Governo, que agora mandou para detrás das costas do próprio esquecimento.

 

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publicado às 18:33


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