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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Em cena durante as últimas semanas, este circo da política foi prejudicial ao país. Tudo se teria evitado se comunicação do Presidente da República fosse unicamente aquela que fez no último domingo.
Poderemos perguntar-nos se a proposta apresentada pelo P.R. teria cabimento, sabendo-se há muito quais as posições assumidas pelo Partido Socialista. Foi uma tentativa falhada de entalar o PS querendo associá-lo à incompetência do Governo e querendo que passasse um cheque em branco sobre futuras medidas que, eventualmente, viessem a ser preparadas.
Apesar da maioria absoluta da coligação Passos Coelho e o seu Governo precisavam de uma moleta. É verdade que o Partido Socialista assinou o primeiro memorando de assistência, assim como o fizeram o PSD e o CDS/PP e, desde aí, muita coisa mudou.
Não nos esquecemos que, naquela altura, após ter provocado a crise política, Passos Coelho afirmava que iria resolver os problemas do país e mentiu ao eleitorado. Obteve uma maioria e, como tal, deve cumprir sozinho a sua legislatura e ser ele o protagonista da salvação nacional. Ele assim o prometeu, já lá vão dois anos.
A solução do Presidente da República de querer colocar os três partidos num saco, misturar, e sair um grupo que falasse em uníssono ao país, como ele gostaria, era o mesmo que dizer como já o disse uma vez a cavaquista Manuela Ferreira Leite suspender a democracia. Depois logo se veria desde que beneficiasse o partido maioritário do Governo.
Cavaco lançou a rede para ver se, no lago governativo, já poluído pelos partidos do Governo, pescava alguma coisa. Mas o peixe rasgou-lhe a rede e fugiu.
A maior parte dos portugueses não se esqueceu de que, quem criou mais prejuízos ao país nos últimos dois anos foi a tónica de apoio sistemático dado por Cavaco Silva ao Governo.
Passos Coelho continua, após saber que vai continuar a desgraçar o que resta do país, a querer agarrar-se à boia de salvação do PS. Poderemos continuar questionar-nos porque será?
Passos Coelho sabe que não consegue sair sozinho do pântano em que meteu o país, ou que o aconselharam a meter, e, por isso, pede ajuda, em uníssono com o Presidente de República, utilizando até à exaustão o chavão de salvação nacional. A salvação nacional deveria ter começado logo após a intervenção da “troika” evitando conduzir o país a este descalabro. Mas não, Passos Coelho e o seu grupo de terror neoliberal e impreparado do PSD quiseram ir para além da “troika”. Agora querem ajuda!
Porque é que o PSD, no tempo dos PEC’s não negociou com o PS um acordo de salvação nacional porque nessa altura também era disso que se tratava? Apenas porque queria rápido chegar ao poder. Agora está à vista.
Os portugueses, nas últimas eleições, não votaram no PS para salvar o país, votaram e confiaram no PSD, porque acreditavam que seriam merecedores da confiança para salvar o país mas acabaram por enterrá-lo ainda mais.
A democracia não é, nem nunca foi, a menos que consideremos a União Nacional como um exemplo de democracia, feita de pensamento e acordos sem limites. Sem representantes dos descontentamentos através dos partidos, sem oposição a medidas que são tomadas, sem haver diferenças ideológicas e económicas sobre caminhos a seguir não há democracia.
O Dr. Euardo Catróga deu ontem, numa entrevista à TVI24, uma figura caricata ao tentar justificar, atabalhoadamente, o mau desenho do programa da “troika” que só agora o PSD descobriu estar mal desenhado. Tendo gasto o tempo num “déjà-vu” de regresso ao passado e sobre a história da causa da intervenção da “troika” que os portugueses já se fartaram de ouvir, o que levou o entrevistador, e muito bem, a recordar-lhe que se situasse no presente. Descobriu também ao fim de quase dois anos que o programa deia ser reajustado, como se fosse coisa que nunca se tivesse ouvido falar.
Por motivos patrióticos, dizia ele, é que o PSD e o CDS assinaram aquele memorando. Omitiu, ostensivamente o facto de, após a assinatura, ter feito declarações nos órgãos de comunicação, que podem ser comprovadas, onde claramente dizia que o memorando tinha sido melhorado devido à intervenção do PSD o que pode ser confirmado, entre outros, no Jornal Público Economia de 3 de maio de 2011. Como estas há muitas mais mas é gastar espaço e tempo, não merecidos, a citá-las.
Os portugueses também não esqueceram que o próprio primeiro-ministro Passos Coelho disse que “temos que ir para além da troika” e que o memorando era o programa de governo do PSD.
Na sua entrevista teve ainda tempo para tecer elogios ao ministro Vítor Gaspar defendendo até que as previsões como as que ele apresentou deviam ter um intervalo como por exemplo entre 1 e -3. Estão a ver não é? Quando falhassem estavam sempre dentro do previsto, logo estariam sempre certas. Estará por acaso à espera que se lhe atribua um outro grande lugar bem pago, seja onde for? É por gente como esta que nós estamos a ser governados.
O Dr. Catróga, na altura o coordenador do programa eleitoral do PSD, não pode agora colocar-se de fora. Mostrou que, para além de uma atitude facciosa, gastou o seu tempo de antena com minudências para não utilizar um palavrão por ele empregue na SIC Notícias na altura em que se discutia o memorando em 2011.
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