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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
O que nos leva a pensar o que acontece de mau não nos acontece a nós, mas aos outros? Não é porque pensamos que somos invencíveis, é porque gostamos de pensar que somos imunes às influências das mensagens da comunicação social de massa e de fatores adversos. É isto que a teoria do “efeito de terceira pessoa” estuda.
Apresentação.
Estamos em fase de pandemia derivada ao COVID-19 e as medidas a tomar têm duas vertentes a primeira obviamente ligada à saúde e a outra são políticas adotadas para lidar com o problema. Esta última é a que tem mais impacto na solução para mitigação das dificuldades mais graves que hoje vão começar, não podem estar sujeitas a pressões seja de que lóbis forem por estar em causa as pessoas e o travão à propagação da epidemia. Se a coisa agrava por falta de coragem política quem deverá ser responsabilizado? Em caso de falha, e numa circunstância como esta, assumir a culpa e fazer pedidos formais de desculpa à posteriori não serve de nada nem a ninguém. Para situações drásticas impõem-se medidas drásticas.
Vemos exemplos por esse mundo fora a serem tomadas medidas que por cá se recusam ou recusava-se que fossem tomadas apontando as mais diversas justificações e cautelas, algumas até com risco de agravamento da situação.
Artigos de opinião rebelam-se contra medidas mais severas que possam vir a ser tomadas, parecendo preferir que a doença alastre sem controle em nome de ideologias que defendem, como que a dizer que isso só acontece aos outros, a nós não!
Vem isto em relação à decisão que tardou de fechar as escolas
entários ao blogue.
Não são apenas os indecisos que podem determinar uma campanha eleitoral. A volatilidade é outro fenómeno eleitoral que se deve ter em conta para se ganharem eleições. Mas quem são os eleitores que se encontram nesta margem?
O fenómeno da volatilidade acontece quando um indivíduo muda de opinião entre duas eleições denominada volatilidade inter-eleitoral, ou ainda, quando parte dos eleitor oscilam as suas preferências ao longo duma campanha eleitoral, também denominados flutuantes.
O ponto de vista psicossociológico assenta a volatilidade nos indivíduos com baixo nível de educação, com apatia, falta de identificação partidária e ideológica como determinantes. Há, contudo, uma outra perspetivas que identifica a instabilidade eleitoral pelo acesso esses eleitores têm no que se refere ao acesso a mais recursos informativos que incentivam a flutuação, tendo assim uma maior sofisticação política e apresentando um nível de conhecimento superior ao eleitor médio.
Há estudos que apontam para que os eleitores voláteis apresentam um nível de educação mais elevado e pertencem a faixas etárias mais novas e demonstram uma maior instabilidade nos alinhamentos de preferências político-partidárias.
Outra perspetiva que pode estar associada à volatilidade relaciona-se com o papel dos meios de comunicação. Sobre esta questão há pontos de vista contraditórios. Verificou-se que os eleitores voláteis situavam-se num nível baixo de exposição aos meios de comunicação, mas noutros casos justificaram estas conclusões pelo facto de os meios tradicionais se focarem sobre questões conjunturais associadas a fatores de curto prazo, como os temas da campanha à transitoriedades, como escândalos, ou sondagens. Também foi verificado noutros estudo que a quantidade dos meios de comunicação utilizados durante as campanhas não tem efeito sobre a volatilidade dos eleitores.
Os eleitores flutuantes dependem mais do nível de conhecimento do que das características sociodemográficas ou de interesse pela política. A avaliação do desempenho do governo reflete uma componente conjuntural e de protesto que leva os eleitores a mudar o sentido do voto entre eleições sucessivas. Isto é, quanto mais positiva é a avaliação do desempenho do governo, maior a tendência para manter o sentido de voto, e reciprocamente.
Os que decidem na proximidade do dia das eleições são também os mais propensos a oscilar nas suas escolhas eleitorais. Ao nível das atitudes os voláteis estão associados com uma identificação partidária mais fraca e um menor interesse pela política.
As escolhas eleitorais baseiam-se num processo cognitivo que parte das predisposições políticas, as quais são atualizadas com novas informações que emergem durante a campanha eleitoral ou durante a legislatura.
O chamado efeito líder não é de somenos importante na escolha para a decisão de votar. É frequente a imagem dos líderes ter uma grande visibilidade e ter espaço privilegiado na opinião pública e nos media durante as campanhas eleitorais e no período inter-eleitoral.
O marketing político tem feito por evidenciar a importância da “personalização” da política dos candidatos para avaliação pelos eleitores que passaram a ser considerados como consumidores de imagem. Ainda há quem vote pela imagem dos candidatos e não pela eficácia governativa durante os mandatos.
A individualização, ou melhor, a fulanização da política e o aumento da mediatização sobre ela pode levar a que o efeito líder possa ser um fator conjuntural importante isto porque os líderes representam a face humana dos partidos. Não é por acaso que as características pessoais são informações fáceis de recolher e de utilizar pelos órgãos de comunicação para construir ou destruir avaliações positivas ou negativas sobre posições dos candidatos e dos partidos em função das preferências e orientações ideológicas daqueles órgãos.
Hoje acordei virado para o lado da ficção de terror que atualmente está muito em voga, especialmente em séries televisivas só que, ao nível da política, infelizmente não é ficção.
O PSD, partido que nos últimos anos abandonou a social-democracia e passou a representar uma certa direita em Portugal, faz-me lembrar a série de televisão “Walking Dead” cujo enredo se baseia nos zombies que segundo o estereótipo popular são seres humanos dados como mortos que, após sepultados, são posteriormente reanimados por meios desconhecidos.
Esta direita zombie arrasta-se por aí, por todo o lado, sem rumo e sem projeto tendo como único propósito a assombração de tudo e de todos.
Com o auxílio de alguns media a direita vai desenterrando aqui e ali tudo quanto encontra e sirva para fazer oposição através de casos que os media lhe vão fornecendo, ou que ela vai fornecendo aos media. Estes zombies da direita têm alvos com prioridades estabelecidas e auxiliados pelas suas toupeiras no terreno.
Na campanha eleitoral interna para eleição do futuro líder do PSD, quer Santana, quer Rio, talvez com o objetivo de captar os fiéis neoliberais de Passos Coelho, não têm apresentado nada de novo e recuperam as teses do ainda atual líder. Rui Rio, por exemplo, sem nada propor de novo, volta à tese do “com o consumo interno não vamos lá”. Poderá até ter razão, mas onde está a alternativa que não coloque novamente o país como Passos Coelho o deixou? Claro que devemos reconhecer-lhe algum mérito como Santana Lopes já fez. Contudo, quais são as propostas que os candidatos a líder da direita PSD têm apresentado ao partido e ao país? Será a evolução na continuidade à semelhança do que foi a primavera Marcelista, mas em democracia?
Quem se disponha e tenha paciência para suportar ler manifestos inseridos nos comentários que encontramos nos artigos e opiniões dos jornais online onde sentimentos de ódio e frustrações se misturam terá a oportunidade de se deparar com uma outra espécie de zombies que, escondidos no anonimato, saem das profundezas das redes para atacar tudo e todos os que não pensam como eles, uma espécie de protofascistas. Para estes, todos os que não são de direita são comunas. Todos o que não sejam ideologicamente de direita ou apresentem formas alternativas para governação são comunas. Estes mortos-vivos são os mesmos que lançam chavões ofensivos e “fake news” (notícias falsas) por todos os meios que estejam ao seu alcance. A constatação deste facto não se resume apenas à direita, há também os fogosos(as) da esquerda que, embora proliferem em menos quantidade, não deixam de exagerar na sua linguagem de baixo calão.
Estes mortos-vivos, especialmente os da direita que atacam tudo quanto seja a responsabilidade social do Estado e apregoam reformas (seja lá o que entendem por isso), são os mesmos que, sem se fazerem rogados e sempre que podem, atiram-se por todas as formas a tudo quanto possam sacar ao mesmo Estado, mesmo em prejuízo de outros. Estes grupos, espécie de “batoteiros”, sempre que podem sentam-se à mesa do orçamento do Estado recorrendo a subsídios, fundos europeus a fundo perdido e outros a que se julgam com direito numa perspetiva egocentrista. Por outro lado, sentem-se lesados quando se lhes acaba o regabofe e, daí, o seu sentimento de perda de poder, prestígio, revolta, agressividade e ódio que se revelam por comentários com que povoam as redes sociais e áreas de opinião dos jornais online num impulso de destruir adversários virtuais que apenas existem na sua mente.
Este tipo de zombies maltrata os outros pela linguagem que utiliza nos seus argumentos, mas não gostam que os maltratem a eles. Até políticos ditos responsáveis (deputados normalmente) verbalizam ofensas muitas vezes pessoais, mas indignam-se e levantam-se para intervir em defesa da honra pessoal ou da bancada. Não seguem a regra de “tratar os outros como queremos que nos tratem”.
A questão que se coloca é a de saber se será possível argumentar e comentar bem e com eficácia sem pesquisar nem compreender os meandros do fenómeno sobre o qual se comenta? Eu diria que sim, mas com alguma reserva. Esta reserva reside na moderação do comentário que passa a ser uma opinião e não uma crença absoluta. A crença em política é acreditar, sem margem para dúvida, que aquilo em que acreditamos é a nossa verdade; ou podemos, por outro lado, acreditar que essa coisa deve ser verdade sem o ser.
Quem faz comentário político nas redes sociais e nos comentários dos jornais online (eu incluído) não pode conhecer factos de forma completa, exata e em todos os seus detalhes; o que acontece é que os fenómenos vão chegando ao nosso conhecimento de forma fragmentada, incompleta e aproximativa, como se fossem dados por um GPS a que falta uma ou mais referência duma localização. Todavia existem pessoas que os conhecem de forma completa e exata. Por exemplo, não é racional acreditar como um facto sem margem para dúvidas numa coisa acerca da qual temos apenas um conhecimento fragmentar e incompleto, por muito verdadeira que essa coisa pareça.
Os comentários a que me refiro são reveladores de sentimentos de fúria, raiva, frustração e outros, cujas lógicas são difíceis de compreender e, como tal, só podem ser limitadas a crenças tipo seita religiosa que movem as pessoas envolvidas e que nos parecem por vezes estranhas convertendo argumentos políticos em ofensas pessoais onde se fazem até descabidas e irracionais conotações.
Transcrevo apenas alguns exemplos desses comentários, que não são dos que utilizam linguagem mais ofensiva, tal e qual foram publicados exceto o itálico.
Entrevistado e entrevistador são ambos bolcheviques, um do bloco, o outro da soeiro pereira gomes. Louçã a preparar o terreno para a crise que se avizinha, com a despesa descontrolada pela pressão permanente dos partidos bolcheviques que, para mais, impedem qualquer reforma relevante.
Preparar o terreno para ele é acima de tudo ilibar a extrema esquerda de qualquer responsabilidade!
Quando este padreca leninista do Louçã diz que nunca há controlo das taxas de juro mente conscientemente e descaradamente, quando sabemos que o Banco central Europeu tem mantido as taxas de juro a um nível baixo, através das compras dos activos dos bancos. Compras que para a nossa banca desde 2015 ascendem a uns 30 mil milhões de euros!
Este comentário é sobre uma entrevista dada por Louçã ao jornal i a propósito de um livro que foi lançado em outubro por ele e por Michael Ash. Este economista afirma ao jornal Público que “uma nova crise financeira internacional, ao estilo da vivida há uma década é neste momento provável”, alerta. Michael Ash é economista norte-americano, professor na Universidade de Massachusetts e juntou-se este ano a Francisco Louçã, economista e ex-líder do Bloco de Esquerda, para lançar o livro “Sombras - A Desordem Financeira na Era da Globalização”. Nessa obra, traça-se um cenário pessimista em relação à forma como os mercados continuam desregulamentados e ensaia-se uma explicação para o facto de, mesmo depois da crise, pouco ter mudado.
O comentário mostra que, ou não leu a entrevista ou não sabe do que o entrevistado está a falar. A entrevista referia-se às crises internacionais que podem surgir a qualquer momento.
Francisco Louçã tem diversas obras publicadas sobre as causas das crises cíclicas, algumas publicadas com autores estrangeiros, é um economista reconhecido lá fora por esse trabalho. Que não se goste dele ou da sua ideologia, da qual não sou adepto, isso é outra questão, mas suponho que não terá nada a ver com uma conclusão desfavorável em relação ao que ele escreveu.
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Outro comentário:
Ó pateta, vai lá pedir um empréstimo ao banco e vais ver a taxa de juro que te cobram!
A (baixa?) taxa de juro do BCE reflete-se nos ganhos para a banca ou em ganhos para a economia, para o cliente? E se assim é porque mistéio é que arrotamos milhares de milhões todos os anos para pagar os tais 35 mil milhões mais juros e o mais que virá?
Este comentário nem vale comentário.
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Mais outro, este, provavelmente de esquerda:
Afinal pagamos o que não foi para o povo, mas que foi assumido como dívida pública.
O dinheiro não veio para tapar os buracos no Estado, aliás inexistentes dado o saldo primário anual de cerca de 7.000 milhões de euros. Foram para outros buracos bem privados e foram pedidos com a assinatura de Sócrates, Passos e do panasca, que constam no documento em Bruxelas.
Os comentários parecem ter vindo de seres que saíram das trevas para tentar captar alguém para as profundezas onde se encontram. Servem-se da ofensa pessoal, atributo de fraqueza argumentativa, e destilam sentimentos de ódio e de estigmatização. Todavia outros comentários salientam-se pela sua sobriedade e clareza sem que isso signifique ser verdade, ou de quem os faz ter razão.
Duma maneira geral a comunicação social é vista como um dos fatores mais responsáveis pela criação de instabilidade social e de desconfianças sobre as práticas políticas dos diversos atores em presença. Não inventa as notícias, elas existem, mas molda-as, adequa-as para terem mais impacto, alterando ou acrescentando sentidos. Os objetivos para tal podem ser vários e dependem das linhas editoriais, da necessidade de amplificação do impacto que o acontecimento ou a notícia possam ter para atrair o interesse do público para a compra e, no caso da televisão, para o aumentar as audiências.
Sem que seja caso único é um bom exemplo o que tem alimentado nos últimos dias, debates, notícias, informações e contrainformações sobre o caso dum potencial imposto sobre o património acumulado desnecessariamente causado por Marina Mortágua do BE.
A liberdade de imprensa que temos (impressa e televisiva) é um bem que deve ser preservado, contudo, corre sempre o risco de estar a ser limitada, condicionada, mesmo não existindo trâmites censórios próprios dos regimes ditatoriais, como era no tempo de Salazar e Caetano.
A pergunta que podemos colocar é a de saber se em democracia existe ou não uma tendência para o controle da comunicação social por grupos económicos através de "correias de transmissão" ligadas a ideologias e partidos políticos, mais ou menos dissimuladas.
A análise dos jornais, noticiários e comentários televisivos mostra-nos algumas tendências que se manifestam mais a favor, ou mais contra, consoante o ponto de vista ideológico de quem está no poder.
Não deve ser noticiado apenas o que é bom e agradável mas estamos exaustos de ver e ouvir todos os dias notícias negativistas, o fatalismo como sendo as únicas notícias. Noticia-se o que é superficial e fútil e não o relevante. Sabe-se, eles sabem, os da comunicação, que isso é que "vende" e, por isso, insistem. A competição comercial entre canais a isso obriga, deixando a ética como se fosse um objeto sem valor. Espetacularização e sensacionalismo são a chave do negócio.
O alinhamento noticioso dos canais de televisão começou a adotar o modelo de outros canais como o CMTV onde, diariamente, se gasta tempo demais com são oferecidos crimes, marginalidade, corrupção, dinheiro sujo, estúpidos concursos, factos privados enfatizados ad nauseam, gira-se à volta de quem tem dinheiro e declarações de má política, mas compacta-se ao máximo no espaço e no tempo uma qualquer ideia, reflexão construtiva ou qualquer contributo positivo.
O que vemos nos canais noticiosos será de facto o retrato do país onde tudo o que acontece é mau? Desde que não esteja em linha com o que ideologicamente eles, os senhores dos comentários, pensam e que acham deveria ser e porque se quer estar do lado dos opositores que perfilham é tudo mau. Foi assim no passado recente, mas ao contrário.
Não se pode ser otimista irrefletido mas, o que se vê na "fotografia" dos media é um pessimismo paralisante e um fatalismo permanente. Comentar é também criticar com imparcialidade, com isenção, não apenas atacar por mera fação e questão ideológica de que, afinal, acusam outros. Ou, então, criticam porque sim.
Penso que já referi várias vezes neste blog a impressão negativa que tenho sobre alguns comentadores da televisão e sobre artigos de opinião escritos, independentemente de estar ou não de acordo com eles, venham da direita ou da esquerda. Nem tudo o que uns gostam de ouvir ou ler agradará a outros. Uma coisa é o debate de ideias e de pontos de vista em democracia, outra é o "arranjo" argumentativo falacioso propositadamente construído com deturbação e interpretação abusiva de opiniões, acontecimentos ou factos ainda não comprovados. Outro caso ainda é dizer-se que uma coisa é preta quando é evidente a perceção comprovada de que é branca. Isto é, nega-se uma realidade, lança-se-lhe umas pinceladas de frases mais ou menos demagógicas e populistas para se poder a continuar a dizer que aquela coisa é preta.
Neste segundo semestre aconteceu haver uma agitada dança de cadeiras a nível das direções em jornais e rádio, o que para o cidadão comum não é novidade. As justificações são sempre as mesmas, reorganizações, ajustamentos, rentabilizações, etc. e, por vezes, estas mudanças estão também ligadas a mudanças de orientação editorial. Desta vez estas mudanças verificam-se ocasionalmente num ano em que um Governo é apoiado por uma maioria parlamentar de esquerda.
Na direção do Diário de Notícias encontra-se desde setembro Pedro Baldaia que era diretor da TSF; David Dinis que saiu do jornal Sol, fundou com outros o jornal online Observador e foi para diretor da TSF donde sairá para passar a dirigir, a partir de 3 de outubro, o jornal Público. Também, José Miguel Tavares, passou a ter direito naquele jornal a mais um diazinho por semana para divulgar as suas facciosas opiniões. A direção do jornal i que mudou várias vezes (em pouco mais de seis anos de vida, o jornal já teve quatro proprietários e sete direções), cabe desde 15 de dezembro de 2015 a Mário Ramires que também é presidente do conselho de administração da proprietária do jornal, a NEWSPLEX, SA., e também do semanário Sol. O jornal i e o Sol anteriormente pertenciam à Newshold, empresa angolana liderada por Álvaro Sobrinho que tinha investido na entrada do capital da Cofina, (dona do "CM" - Correio da Manhã) e da Impresa (dona do Expresso).
A crise que há na imprensa escrita vai alastrando e por ela a liberdade de expressão dos jornalistas pode ser condicionada face a uma potencial perda de emprego à vista. As razões apresentadas são várias, normalmente de natureza financeira e económica que levam ao despedimento e a rescisões por mútuo acordo de jornalistas. A razão para que este ano exista tal azáfama leva-me a pensar. Mas isto de momento não nos interessa.
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As tentativas e as estratégias de alguma direita para "controlar" ou enfraquecer o Estado de direito democrático são um atributo dos seus governos seja, aqui em Portugal, seja em qualquer outro país.
É o caso da orientação que o Governo da Polónia seguiu, tomando como modelo o que fez a Hungria em relação à liberdade de imprensa. Em março de 2013 a Polónia abriu-se à democracia e aderiu à EU. Das eleições de outubro saiu um novo Governo do Partido Direito e Justiça, partido de direita nacionalista, conservadora, ultracatólica e eurocética. Não tenho nada contra os católicos, eu próprio o sou, mas, coincidentemente, os católicos surgem envolvidos e ligados ideologicamente a medidas de direita.
O Governo polaco aprovou uma lei que permite nomear e demitir diretores dos meios de comunicação social públicos para os controlar. Os media públicos (rádio e televisão) passarão a ficar sobre controlo do Governo. O mesmo já foi feito para controlar o Tribunal Constitucional pelo mesmo Governo. Ao escrever isto vem-me à memória o Governo da coligação neoliberal de Passos Coelho e de Paulo Portas quando tentaram privatizar a RTP, claro que para entregar a privados da sua confiança, e recordo ainda o que, na altura, foi proferido contra o Tribunal Constitucional chegado até alguém dizer que esse Tribunal não servia para nada. Podemos ou não concordar, mas nas atuações do anterior governo estava implícito um desejo de implementar o que se está agora a fazer na Polónia ainda que deforma ténue e subtil (começa sempre assim). Ainda bem que a nossa democracia funcionou porque, se houvesse uma maioria absoluta dessa direita, nada nos garantia que assim não fosse no futuro.
Apoderarem-se do controlo dos media é o apetite dos conservadores quando chegam ao poder e, no caso da Polónia, ainda só passaram dois meses. Justificam dizendo que o Governo anterior, de centro-direita, "tinha um conceito político de esquerda" e acrescenta que o mundo não pode ir apenas segundo um modelo marxista. Pela voz de um seu ministro a direita que agora governa a Polónia defende que "o governo anterior, de centro-direita, seguiu um certo conceito político de esquerda", disse o ministro. E continua: "Como se o mundo devesse ir apenas num único sentido, segundo um modelo marxista – uma nova mistura de culturas e de raças, um mundo de ciclistas e vegetarianos, que só se interessa por energias renováveis e se opõe a todas as religiões. Isto não tem nada a ver com as raízes polacas tradicionais". Pensamento que defende e que se insere no Estado de direito democrático que segundo ele se deve seguir, está bem de ver! A direita é senhora da verdade absoluta. Que diria se isto fosse feito por parte da esquerda?
Noutro países não há controlo dos media pelo Estado, como em Portugal, mas, mesmo que entregues a empresa privadas nada a sua independência e não será por isso que se tornarão isentas. Se as entidades privadas, detentoras dos media, houver coincidência ou relação de semelhança ideológica com quem governa, há o perigo de privilegiarem o governo estiverem em funções. É tudo uma questão de coincidência ideológica.
Mas não são apenas os governos de direita há muitos governos de esquerda radical por esse mundo que assim procede.
Devemos temer o efeito de contágio de termos a Polónia a aprovar uma lei que dá ao Governo o controlo efetivo dos media estatais. Os sistemas não são de todo perfeitos e, mesmo em Portugal, verificaram-se episódios de interferência do Estado no media, o erro não tem desculpa e não se poder tornar um preceito, seja qual for o sinal ideológico do governo.
O debate de António Costa e Passos Coelho deve ter sido um pesadelo para os adoradores do segundo. Passos não conseguiu despir a veste dum primeiro-ministro que quase destruiu o país. Portou-se como um tecnocrata que fala "economês", frio, despido de qualquer sensibilidade social como se estivesse a governar apenas para o cumprimento números, sem contudo apresentar quaisquer proposta quantificável, Sem programa para apresentar e falando uma linguagem sem qualquer interesse para a maior parte das pessoas que fazem parte do país real falou sem dizer nada e sem que a maioria do povo o perceba.
A coligação representada por Passos Coelho à falta de projeto ou de um programa concreto e explícito, que não seja a continuidade do que executou durante quatro anos, refugiou-se no passado e em Sócrates, como se isso fosse de interesse para o que pretende fazer se ganhar as eleições.
Foi oportuna a prisão de Sócrates para direita tentar para esconder com o passado o que nos oculta sobre o futuro se esta direita for novamente governo. Pelo que de viu e permitam-me aqui que especule um pouco, até parece que, o que Paulo Rangel disse sobre a justiça e governo parece haver algo de coincidente, ver um dos blogs anteriores. Para não debater projetos para o futuro e não abrir o jogo refugia-se em Sócrates e no passado.
Caso a coligação PSD/CDS venha a ganhar as eleições de outubro o que acha que o espera a si?
Se pudéssemos fazer uma sondagem com esta pergunta as respostas seriam de vários tipos. Imaginámos três que poderão ser representativas do universo das respostas obtidas. Uma, poderia ser - é indiferente, são todos iguais, para mim continuará tudo na mesma seja quem ganhar. Outra seria - fizeram tudo bem, nada me afetou e até tenho tido vantagens, por isso só espero o melhor. Uma outra seria - espero o pior porque irão fazer o mesmo que já fizeram, por isso espero tempos pouco favoráveis. Não há esperança de qualquer melhoria para as pessoas como eu.
Todas as respostas são válidas no que respeita às expectativas sobre o que o futuro lhes reserva se a coligação ganhar as eleições.
Podemos classificar as respostas do primeiro tipo com sendo a de potenciais abstencionistas que contribuem para que nada mude.
Os que dizem que tudo melhorou são os habituais eleitores desta direita e os que professam uma política clubista, fiéis que vestem a camisola mesmo que ela tenha contribuído para os destruir. Os do terceiro tipo têm sempre um partido em que votar que não seja a coligação PSD/CDS.
Para quê esta conversa? OK. Aqui vai.
Se as eleições forem ganhas pelos que, passo a passo como os zombies regressados das tumbas, matraqueiam os nossos ouvidos com palavras vãs como estabilidade e continuidade não nos enganam porque já todos os portugueses pensantes sabem o que irá acontecer.
O discurso oficial fala muito no crescimento da “economia”, daquilo que eles chamam “economia” na sua visão tecnocrática pode resolver a questão social e alterar as estatísticas sociais. Palavras de ilusionista. Se não houver mecanismos de distribuição, a não haver equilíbrio nas relações laborais, a não haver reforço dos mecanismos sociais do estado – tudo profundamente afetado pela parte do programa da troika que eles cumpriram com mais vigor e rapidez – o “crescimento” de que falam tem apenas um efeito: agravar as desigualdades sociais.
Passou a haver "novos donos disto tudo", "são os do lado do poder, do poder que aparece nas listas dos jornais económicos, os chineses, angolanos, profissionais das “jotas” alcandorados a governantes, advogados de negócios e facilitadores, gestores, empresários de sucesso, a nova elite que deve envergonhar a mais velha gente do dinheiro, que o fez de outra maneira.".
Recomendo a leitura do artigo de Pacheco Pereira no jornal Público que me inspirou este "post"
A coligação esconde-se numa espécie de poço escuro com as medidas que pretende tomar se voltar a ser poder.
Após uma mudança no ritmo de publicação de "posts", devido a uma espécie de letargia intelectual, regresso com alguns temas da atualidade, alguns deles que, com a passagem de Sócrates a prisão domiciliária, têm seguido o caminho do esquecimento mas que é sempre bom recordar.
Sócrates continua a ser uma boa campanha publicitária de venda que os media têm vindo a aproveitar. Não fosse Sócrates e entrariam num marasmo informativo mesmo com a campanha eleitoral a decorrer. A passagem de Sócrates a prisão domiciliária exatamente a um mês da data das eleições foi mais uma das várias coincidências oportunas.
A vedeta televisiva da pantomimice política que é Marcelo Rebelo de Sousa não terá ficado nada satisfeito com a ofuscação do anúncio no passado domingo na TVI da sua candidatura presidencial lá para novembro.
Sócrates, mais uma vez, foi a vedeta preferencial dos media.
Um dos temas que a passagem de Sócrates a prisão domiciliária desde o dia 4 de setembro, tem lançado para o poço do esquecimento foi a intervenção de Paulo Rangel na léria da autodenominada universidade (?) de verão, clube propagandístico do PSD, onde, implicitamente, afirmou que tem havido partidarização e governamentalização da justiça, pelo Governo que apoia diga-se.
Afirmava Rangel, sobre a forma pergunta: "Alguém acredita que se os socialistas estivessem no poder haveria um ex-primeiro-ministro sob investigação?". E afirmou perentoriamente que "O ar democrático hoje é mais respirável." Mas a ligação que ele fez da política com a justiça foi ainda mais descarada quando, referindo-se a Sócrates, afirmou "não estou a dizer se ele é culpado ou não é" para justificar a sua afirmação como se isso fosse um elemento essencial que justificasse aquela sua afirmação da não independência da justiça perante o poder. Em ditadura é que o poder político e o poder judicial andam intimamente ligados. Rangel, sem querer, veio dar razão a Sócrates quando este disse que é um preso político. Na afirmação de Rangel há uma ligação de causa efeito entre partidos e justiça. Isto é, o seu partido no poder interferiu na justiça. Rangel dá assim como adquiridos e provados, antes da acusação e do julgamento, os indícios de que Sócrates está a ser acusado.
Comentadores e deputados do PSD que por aí proliferam veem apressadamente escrever nos jornais em defesa de Rangel dizendo que o que ele disse não foi isto, mas aquilo, e que é tudo uma questão de retórica. Retórica ou não o que ele disse foi literal e bem claro. Não nos façam de estúpidos por favor.
Falando em justiça e em política resta saber onde estão arguidos como Dias Loureiro no caso BPN, como o próprio se considerou em 2009. Já lá vão seis anos! Mais ou menos o tempo deste Governo e de Cavaco Silva na Presidência da República. Coincidências?
Rangel, claramente partidarizou a justiça. Isto é, acabou literalmente por dizer que um partido no Governo pode facilitar ou dificultar a ação da justiça de acordo com os seus interesses. O primeiro-ministro Passos Coelho, timidamente, tentou desculpar Rangel enquanto elemento da sua tribo política alojada no PSD e, ao mesmo tempo, fazer propaganda de elogio à ministra da justiça. Até onde chega o desespero para, à falta de programa eleitoral, propostas concretas (onde estão que não as vejo) e ideias para debater lançar mão a tudo.
Sobre temas importantes para o país há um silêncio de morte na coligação, assim como está morta a sua campanha no que se refere a propostas para o país porque nada de novo têm para oferecer a não ser mais do mesmo. Sem ideias, sem programa, sem esclarecimentos, sem explicação das medidas que pretende tomar, sem nada dizer sobre a segurança social, os 600 milhões que disse vir a cortar, etc..
A coligação esconde-se numa espécie de poço escuro com as medidas que pretende tomar se voltar a ser poder.
O estado de negação é uma atitude em que uma pessoa, um grupo, seja ele profissional ou empresarial, tenta esconder recusando uma verdade e a realidade de factos. Também é um estado de negação quando se recusa admitir algo que está a acontecer negando a evidência arranjando um processo de fuga a uma questão colocada. É uma questão de sobrevivência.
É uma fuga a factos pouco favoráveis ou negativos de uma atuação ou decisão tomadas para si ou para o seu grupo ou até para com a sociedade em geral.
O primeiro-ministro entrou mais uma vez em estado de negação ao subestimar à partida a vitória do Syriza na Grécia. Mas, mais do que sobre a Grécia, é sobre Portugal o estado de negação do primeiro-ministro sobrevalorizando décimas estatísticas de indicadores económicos e sociais através das quais ele e os seus ministros concluem estarmos em crescimento económico e com os problemas sociais e de desemprego e resolvidos.
Nesta fase de acalmia as hostes do Governo de Passos Coelho suspenderam, digamos que temporariamente, o afã no que respeita a cortes de salários e pensões, despedimentos na função pública, flexibilização das leis laborais, aliás recomendada no último relatório do FMI, devido à proximidade de eleições legislativas. Entrou numa outra fase do seu estado de negação permanente, isto é, negar que tudo quanto exigiu aos portugueses não foi mau, foi bom porque os bons resultados estão à vista. À vista de quem? "Os frutos dos sacrifícios já se fazem notar" disse em janeiro Maria Luís Albuquerque e acrescenta que o número de carros aumentou. O olhar dela é mais arguto e fiável do que qualquer estatística de indicadores económicos ou de pobreza. É o estado da negação da outra realidade do país.
Passos Coelho, após ter aberto uma guerra de confronto entre gerações e entre vários grupos sociais e profissionais, adultos empregados e jovens desempregados que, em alguns casos, felizmente raros, deu frutos tão bons que ainda se continuam a conhecer através da imprensa. Apesar de tudo esconde o sol com a peneira e diz que a pobreza em Portugal não é de hoje mas já vem de trás, negando o seu agravamento.
Veja-se recentemente o caso da saúde com os medicamentos que podem trazer a pessoas esperança de vida, as urgências hospitalares onde morrem por falta de assistência atempada. Tudo isto é mentira, não existe em Portugal e segundo os responsáveis do ministério da saúde o serviço nacional de saúde está melhor do que sempre esteve.
Agora pretende abrir outra guerra, a de colocar os portugueses numa animosidade contra a Grécia fazendo-os sentir que estão a ser prejudicados e que, se o forem, a culpa é exclusivamente dos gregos.
Mas também há quem esteja umas vezes em estado de negação e outras em estado de afirmação consoante os interesses. José Manuel Fernandes, diretor do Observador, género de mercenário que serve quem mais cargos e mais dinheiro lhe prometer, acompanha o seu primeiro-ministro nos estados de negação. Abre apenas uma janela contrária no que respeita a Sócrates, entrando em estado de afirmação absoluto e perentório apoiando-se na visão doentia das opiniões de Nuno Garoupa, responsável da fundação controlada por Francisco Manuel dos Santos:
Para estes senhores é tudo muito claro. É o estado da negação no seu melhor sobre o que deve ser justiça e a ética num país democrático e livre. Para esta gente o julgamento, desde que político, é válido através dos média e na praça pública mesmo com base em mentiras e factos não comprovados. O caso a que se referem, ao contrário do que pretendem negar, não é exclusivamente politico, tornaram-no simbiótico pois quiseram que ficasse sujeito a critérios legais, penais e políticos, e vice-versa.
Seguindo aquele critério será uma ótima ocasião para julgarmos politicamente Passos Coelho na praça pública, através dos media, por toda a política executada que trouxe a Portugal o descalabro económico por querer ir para além da troika, destruir centenas de milhar de famílias e de empregos e por afirmações como salvar vidas sim, “mas não custe o que custar”.
No último "post" abordei a questão do medo. Constata-se que o medo também pode ter a sua influência na liberdade de informar. Jornalistas com contratos a prazo e precários, como qualquer outro trabalhador também têm medo de perder o seu emprego. Neste meio as pressões são ainda mais fáceis de exercer. Veja-se o caso do ministro Miguel Relvas e as suas pressumíveis pressões sobre uma jornalista do Jornal Público para não publicar declarações e incongruências que aquele ministro fez no Parlamento. Vejam só:
Para bom entendedor meias palavras bastam!.... Tívemos o problema Sócrates e a sua interferência com a comunicação social, agora temos estes que o fazem de forma ainda mais descarada.
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