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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
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A detenção de José Sócrates foi uma espécie de lotaria para comunicação social, nomeadamente para certa imprensa que aumentou as vendas e, à custa disso, também os noticiários das televisões têm dominado as atenções. Os comentadores e os entrevistadores pretendem brilhar colocando avidamente aos entrevistados as mesmas questões, até à exaustão, sobre Sócrates.
Já agora é de recordar à mesma comunicação social como se encontra o caso do BPN sobre o qual não tem sido violado o segredo de justiça e a comunicação social já nem dá cavaco? Ou será que enterraram definitivamente o processo e a culpa morreu solteira. Este processo parece ter caído nos meandros da obscuridade. E os vistos gold? Será que estão bem e recomendam-se?
O segredo de justiça ao ser violado e direcionado para órgãos comunicação preferido pelo seu violador deu lugar ao espetáculo mediático que se sabe. Não há revista nem imprensa que não esmiuce a vida de um cidadão que teve a particularidade de ter sido um primeiro-mistro de Portugal. Se bom ou mau, isso já pertence ao foro de apreciação no domínio da execução política. Se praticou, ou não, atos ilícitos isso é do foro da investigação judicial e da aplicação da justiça.
A manipulação da opinião pública é evidente, e os manipuladores que por aí proliferam são mais que muitos. Vejamos como podemos caracterizar os manipuladores sejam eles jornais, televisões, comentadores e "fazedores" de opinião:
Culpabilizam o alvo antes de qualquer acusação, fazendo sair rumores, suspeitas e indícios em nome da justiça.
Um dos casos, há muitos outros, é o de João Miguel Tavares que defendeu no jornal Público que diz que "os fazedores de opinião" deveriam culpar Sócrates porque "ali entre 2007 e 2011 boa parte da opinião pública preferiu fechar os olhos ao elefante no meio da sala. Se não havia provas, havia infindáveis indícios.".
É o velho ditado popular de que "não há fumo sem fogo". Só que, muitas das vezes, culpabiliza-se antes o que, depois, se verifica ser apenas uma fumaça que se esvai com o vento.
Não se trata de saber, agora, se José Sócrates é, ou não, inocente. Não se possui informação suficiente e fidedigna até ao momento, a não ser a que sai na imprensa a conta-gotas e cuja credibilidade das fontes se desconhece. Trata-se de proceder à exploração das emoções mais primários das pessoas, aproveitando a desinformação, para servir outros interesses, colocando de lado toda e qualquer ética e moral.
Claro que em questões de opinião, para Tavares, vale tudo. O ódio de João Tavares para com José Sócrates data de 2010 quando este interpôs um recurso contra o jornalista por causa de um artigo de opinião posteriormente considerado improcedente pelo Tribunal da Relação de Lisboa, cujo acórdão dizia que "o texto em causa é um mero artigo de opinião e não uma notícia ou crónica. Ou seja, é um texto no qual o autor apenas exprime uma opinião e como tal não está sujeito à regra da prova da verdade dos factos.". Ventos de ódio causados, é certo, pelo próprio Sócrates, que não soube enquanto governante lidar bem com a comunicação social.
O que faria ele se alguém colocasse um artigo de opinião, num qualquer jornal que a publicasse, dizendo que tinha descoberto uma série de indícios supostamente verdadeiros sobre João Miguel Tavares no exercício da sua profissão, apelando às emoções da opinião pública contra ele. O melhor que podia acontecer era colocar-lhe um processo em tribunal. Provavelmente não aconteceria nada. Ora aqui está onde queria chegar, isto é, categorizando um meu artigo como de sendo opinião poderia sempre, mesmo que nada tivesse provado, forjar indícios, vilipendiar, acusar, ou o quer que seja, sobre João Miguel Tavares que teria como quase certo poder ser absolvido. O certo é que tinha contribuindo para manchar o seu nome perante a opinião pública. Onde estariam então a ética e a moral?
Em dicionários mais antigos não se encontra o sentido figurado de manipular a que atualmente se confere também o significado pejorativo de controlar ou influenciar indevidamente segundo os próprios interesses ou influenciar alguém levando-o a atuar de determinada forma.
O que os elementos que compõem o Governo têm feito ao longo dos dois anos e meio não é mais do que a manipulação do povo e da opinião pública. Não vamos mencionar os muitos exemplos que se encontrariam por aí, centremo-nos apenas nestes dois últimos dias.
Entre outros, o que me ocorre é o do atual Orçamento de Estado para 2014 onde, num primeiro momento, dizem que os cortes na função pública são para salários acima dos seiscentos euros, no momento seguinte, alguns dias depois, já dizem só para os de setecentos euros.
Por que razão este recuo? Se antes não havia, como diziam, plano B nem folga orçamental, como é que agora já têm alternativas para ir buscar as verbas que se perdem pela subida do limite do salários sujeitos a corte? Não deveria ter sido equacionado durante a preparação do orçamento?
Pode ver-se o objetivo que está por detrás desta súbita decisão do executivo de Passos Coelho, como já foi em outras ocasiões, minimizar os efeitos contestatários da função pública que se aproximam. Assim serão menos umas dezenas de milhar de funcionários que não aderem, pois o problema passa apenas a ser dos "outros", os que auferem salários acima dos seiscentos euros. É assim que este Governo sempre funcionou, manipulando e dividindo.
Outro caso é o das maravilhas dos crescimento que aí vem ao fim de algumas semanas, hoje também referido pelo Presidente da República. Algo de milagroso está para acontecer. Paulo Portas é hábil em pedir a intervenção do céu e do sobrenatural, talvez seja por aí.
Passos Coelho, especialista em chantagem e na manipulação, mais do que especialista em governar o país, pede agora à oposição que o ajude a refazer o orçamento depois da negociação do Governo consigo próprio nas jornadas parlamentares conjuntas do PSD e do CDS-PP.
Faltava agora Cavaco Silva vir para o palco dizer que "é bom que Portugal seja na Europa um país normal e o normal na Europa, de que nós fazemos parte, é os mandatos serem cumpridos". Pois é, o problema é que nós somos um país anormal. Na Europa, os Governos sabem governar bem os seus povos e defender os seus interesses e soberania apesar dos problemas pontuais que surgem normalmente em democracia. Não têm executivos incompetentes que pretendem destruir e desarticular todo um país que disfarçam com a máscara de reformas estruturais.
Imagem de http://calcorreando-ideias.blogspot.pt/2011/11/manipulacao-mediatica-final.html
Estou farto que me tentem fazer lavagens ao cérebro efetuadas por comentadores políticos através de vários canais de televisão que, com o seu “look” intelectual de independência face ao governo, mas, ao mesmo tempo, militantes no partido que o apoia, tentam fazer-nos passar palavras de ordem oficiais, à boa maneira das ex-união soviética, chinesa e coreana do norte, mas com a sofisticação das técnicas mais modernas da psicologia social para a manipulação de massas.
Para que estes arautos possam demonstrar independência e credibilidade também criticam umas poucas vezes algumas medidas e os seus pares partidários no governo. Na primeira oportunidade aí estão eles a tecer louvores a outras medidas que, supostamente, farão esquecer as anteriores. Técnicas de manipulação que, aos mais atentos, não escapam.
A psicologia de massas e a sua manipulação é uma matéria que se estuda na psicologia social em que alguns “adviseres” contratados, isto é, consultores, são especialistas.
Vejamos, por exemplo, o caso de um jornalista comentador económico que aparece alguns dias da semana num conhecido programa da manhã dum canal generalista da televisão que, numa simulada atitude pedagógica, tenta explicar por palavras simples a necessidade das medidas aplicadas pelo executivo, numa ótica que lhe seja mais ou menos favorável, sem que haja qualquer outro esclarecimento ou explicação alternativa.
Poderemos ainda exemplificar algumas situações em que se podem criar problemas para depois se tomarem medidas para serem apoiadas pelo público. É um método denominado problema-reação-solução. Cria-se um problema e uma situação para produzir no público uma reação de modo a apoiar medidas que se desejam fazer aceitar. Por exemplo, fazer passar a ideia de que não há dinheiro para salários, para se fazer passar uma medida de corte dos mesmos. Ou, ainda, criar uma crise económica para fazer aceitar, como mal necessário, a redução dos direitos sociais e desmantelamento dos serviços públicos. Provocar falsos distúrbios em manifestações pacíficas para se justificar cargas policiais e colocar o público contra as manifestações.
Outro tipo manipulação de massas pode ser também adequado quando se pretende fazer com que o público aceite medidas impopulares. Um exemplo é fazer passar a mensagem de que as medidas são “dolorosas e necessárias” para se obter a aceitação do público para uma aplicação futura e que, com o sacrifício exigido, poderão ser evitados males maiores. Isto porque está estudado que as pessoas aceitam mais facilmente o sacrifício futuro do que um imediato, ao mesmo tempo que há uma tendência para elas esperarem ingenuamente que tudo “irá melhorar no futuro” e que, “num futuro próximo irá haver crescimento e emprego” aceitando assim, as medidas a tomar com resignação.
Quando nos dizem que não há dinheiro e que temos que arranjar 4 mi milhões de euros estão a tentar convencer-nos de uma inevitabilidade porque o dinheiro existe foram contudo tomadas outras opções políticas de orçamentação e para haver para umas coisas não há para outras. Criam-se até à exaustão, através da comunicação social, falsas necessidades ou situações que levem à desmobilização das pessoas. Se cinco comentadores, cada um per si, forem a favor de uma medida, se aparece algum que tenha outro ponto de vista contrário à tendência é previsível que, a maior parte do público, reaja de modo a julgar que este último está desfasado da realidade. O objetivo é, então, atingido. Não é por acaso que se quer controlar a televisão.
Termino com a sugestão para que estejamos todos mais atentos e alerta a tudo quanto dizem os senhores comentadores pseudoindependentes, políticos e outros, afetos ao governo, (a este ou a outros), para podermos perceber quando e como estamos a ser manipulados.
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