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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Imagem alterada a partir do original do jornal Público
Os candidatos à eleições internas no PSD dão voltas à cabeça para arranjarem argumentos convincentes para convencerem os militantes que vão votar. As voltas são tantas que saltam do partido para fora e centram-se no partido do Governo. Como nada têm agarram-se ao que está à sua volta. É o caso de Montenegro que dá a volta à praça e, numa atitude de recusa em aceitar uma realidade empiricamente verificável, acusa outros daquilo que foi feito pelo seu próprio partido quando nos últimos anos esteve no governo e ele, na altura, era líder parlamentar do PSD.
Essa atitude negacionista e de esquecimento intencional leva-o a declarações provocatórias como as que fez num encontro de militantes em Leiria: “Este é o Governo com maior insensibilidade social de que há memória”. Que insensibilidade? – Cortar salários e pensões, aumentar impostos, reduzir ou eliminar subsídios a classes mais desfavorecidas, empobrecimento das pessoas, aumento do desemprego, entre outras? Onde esteve a insensibilidade social?
Montenegro justifica com omissões e mentira descarada quando diz que o partido da austeridade e da “troika” é o PS. Quem pressionou a vinda da “troika” foi Passos Coelho. Compreende-se que tenha sido devido aos destemperos financeiros do tempo de Sócrates, mas será que a insensibilidade social a que Montenegro se refere e que atribui ao atual governo significa que se deveria voltar ao tempo dos desregramentos financeiros de Sócrates que levaram Passos ao poder?
Grave também foi Luís Montenegro ter afirmado querer o PSD um partido "à Cavaco". Apesar de ser frase ser mais para fazer campanha para atrair as hostes cavaquistas que ainda proliferam no partido a afirmação diz muito do que Montenegro pretende se algum dia chegar a primeiro-ministro.
Dentro do PSD atravessa-se um momento conturbado com as eleições diretas para eleger um novo líder. O intuito é tentar afastar da liderança a ala social democrata de Rui Rio que se opõe aos neoliberais e companhia criados por Passos Coelho.
Antes das eleições em que o ato eleitoral fez ascender a primeiro-ministro, Passos Coelho prometeu que melhoraria o nível de vida dos portugueses e mal chegou a São Bento desencadeou uma política de confessado empobrecimento com uma governação neoliberal favorecida e justificada pela presença da troika, apesar de ter declarado alto e bom som que a sua política seria mais radical da que a troika pretendia.
Era a altura em que o PSD se desfigurou num partido neoliberal pela mão daquele “grande timoneiro” que conseguiu o poder num partido que sempre foi do centro direita e social-democrata. Passos capitaneou o embuste de que a crise tinha resultado de os portugueses viverem acima das suas possibilidades, (que o sistema financeiro estimulou), escondendo que tinha sido o sistema financeiro internacional que, por contágio, tinha provocado a crise em Portugal.
A população portuguesa sofreu, na altura, económica, social e moralmente. Quanto aos donos disto tudo, os DDT como agora lhes chamam, nunca disse uma única palavra de crítica.
De acordo com os órgãos de comunicação e associações várias com o partido de Passos Coelho os que eram pobres ficaram mais pobres, como ele próprio reconheceu. Muitos dos remediados ficaram pobres. A classe média encolheu. Uma minoria ínfima ficou mais rica.
Passados quatro anos começam a surgir por aí uns movimentos opinativos ainda tímidos tendentes a desculpabilizar Passos, quiçá para preparar o seu regresso, numa espécie de encarnação de D. Sebastião que virá para vingar e destruir os “desregramentos” da geringonça.
Para muitos militantes e para muitos mais portugueses, mesmo para os não apoiantes do partido, o anterior líder do PSD parece uma assombração que ainda paira por aí. Houve já que o assemelhasse a uma espécie de D. Sebastião, esperando que ele regresse ou através de outros dos seus seguidores ideológicos. Estão nesta situação dois deles que têm pretensões a controlar o partido.
Estes pretendentes ao “trono” são, como se sabe, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz, ambos herdeiros da linha Passos Coelho ou sua aproximação. Quanto ao primeiro às pretensões políticas pessoais juntam-se as pretensões dos seus “irmãos” da organização a que pertence, rodeada de secretismo, de ritos e rituais, de regras, simbolismos, hierarquias e compromissos que não estará isenta de possibilidades de atividades de lobby e de interesses com as da associação a que pertence.
Ambos os candidatos afirmam que querem um PSD do centro direita, mas as suas tendências são da ala neoliberal e pretendem que o partido seja aglutinador das direitas. Para Montenegro os seus aliados naturais são os da direita, não se distanciando sequer do Chega. Para este qualquer um serve aos seus intentos.
Montenegro tem afirmado que vai conseguir uma maioria absoluta para fazer as reformas, (conceito muito vago que nada diz quando não são especificadas), que ainda não se fizeram. Algumas já as conhecemos do tempo da coligação PSD-CDS quando foi líder da bancada do PSD. Penso que ninguém tem dúvidas sobre estas pessoas, que dizem pretender mudar Portugal, o que pretendem de facto é ascender ao poder movidos por interesses pessoais e de alguns setores privados, partidários e de compadrio, relegando os interesses do país e das pessoas.
Passado o desvairo da campanhas eleitoral, Rui Rio, o atual presidente do PSD e candidato à liderança parece ser o candidato cujo perfil é já bem conhecido quer pela narrativa clara e frontal quando voltou a afirmar que, se ganhar as eleições no partido, estará disponível para acordos “estruturais” em nome do país, mesmo que o critiquem.
A história da última década já nos mostrou aonde nos pode conduzir um povo desinformado e muito recetivo aos rumores e falsas notícias cujo objetivo é o de avivar emoções e obscurecer a razão.
Saiba tudo sobre a fotonovela da CGD. Os segredos, as cumplicidades, as receitas partidárias, as conspirações e tudo o que dá para atrair as atenções da comunicação social na “Fotonovela da CGD ou a crise do não tenho mais nada”.
Paulo Rangel é um militante e deputado europeu do PSD que pertence ao grupo de direita PP. Quando é questionado num qualquer debate em que participe começa as suas respostas por "bem… vamos lá ver…".
Os seus argumentos são confusos, baralhados, intelectualizados e construídos de modo a confundir opiniões. Até ponho em dúvida que ele próprio os perceba.
"Confesso que Paulo Rangel é uma criatura que me causa irritação. Faz lembrar aqueles meninos com manifestas dificuldades de socialização, que, em consequência disso, se desforram nos serões de família, nos quais encantam as tias velhotas com as mais variadas aptidões não reconhecidas fora de portas." (Miguel Abrantes, 2015)
Declaro que a mim também me causa irritação, coisa que, se ele soubesse, o encheria de orgulho pelos resultados obtidos.
Rangel parece ser um indivíduo sem convicções e, como tal, não serve para líder do partido. Sobre este assunto e a sua posição no Parlamento Europeu prefiro citar Sebastião Bugalho que escreve no jornal i cujas opiniões leio com algum cuidado e muitas reservas.
Diz Bugalho: "Cinco anos de austeridade, em que Portugal serviu como cartaz de defesa de Berlim e ataque à Grécia, em que ministros portugueses eram aprovados previamente pelo governo alemão, em que políticas defeituosas eram impostas sem escrúpulo, e não se ouviu uma palavra contra Bruxelas. Uma palavra. Cinco anos depois, o patriotismo de Montenegro ressuscita milagrosamente para defender José Manuel Durão Barroso que, como se sabe, é outro apogeu do patriotismo em política.".
Continua dizendo mais à frente: "O patriotismo de Rangel caiu do céu para “defender Durão Barroso”. E o euroceticismo de Rangel nasceu para denunciar uma conspiração “contra António Guterres”. Mas nada disso foi verdadeiro. Foram populismos.
Rangel disse o que disse porque sabe que defender Guterres e fazer voz grossa aos alemães cai bem junto dos portugueses e faz dele uma exceção dentro do PSD. Quer, portanto, ser presidente do partido."
Podem ler o artigo completo em http://ionline.sapo.pt/artigo/523932/a-europa-contra-passos-coelho?seccao=Opiniao_i
O problema gerado com os elementos escolhidos para a administração da CGD – Caixa Geral de Depósitos é um bónus que o Governo deu à direita na oposição. O Governo de António Costa errou. Esta é a segunda vez. Com mais erros idênticos dá-lhes oportunidade para trautear e evitar assim a verdadeira oposição que ainda não fizeram. Se António Costa e o seu Governo não prestarem mais atenção às implicações antes da tomada de decisões temos baile mandado.
Esgotado o argumento das sanções da U.E. pelo incumprimento do défice, do Governo anterior, diga-se, a direita olhará em todas as direções para ter oportunidades que até hoje não teve. É nisso que irão apostar. No acessório e não no essencial. Na chamada baixa política.
Os deputados da direita, como é sabido, pertencem a dois grupos partidários que, quando no poder, sempre prejudicaram uns em favor de outros e, para continuar essa cruzada querem voltar.
Deixemos agora um dos partidos, o CDS, que há muito se sabe com que contar e voltemo-nos para os deputados do PSD cujos argumentos apenas têm servido para iludir o povo com banalidades numa espécie de bailinho. Argumentam de modo a ir ao encontro com o cidadão menos atento e com alguma iliteracia política, a não ser a que veem e ouvem nos jornais televisivos e seus comentadores que muitas das vezes não escondem a sua entrega dedicada ao partido hoje na oposição.
Os que conduziram e contribuíram para que Portugal caísse no marasmo económico em que hoje se encontra e que outros pretendem ainda salvar num esforço hercúleo, dada a resistência quer interna, quer externa, veem agora, pela voz do vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Luís Montenegro, por questões de lana caprina, falar da incompetência do atual governo devido à rejeição pela Comissão Europeia de alguns dos administradores propostos para a CGD. É como aquele adepto dum clube de futebol que comenta à mesa dum café sobre o treinador e diz que se eu estivesse lá não faria assim.
Apesar da razão que lhe possa caber pela falha não desculpável do Governo não se preocupa o senhor deputado com a ingerência da Comissão nos assuntos internos que apenas deveriam dizer respeito a Portugal. Isso já não lhe faz cocegas. Até parece que, quando o seu partido estava no Governo, era intocável, sem falhas, sem falcatruas, sem trapalhadas.
A Comissão Europeia numa coisa tem razão. Não pelo currículo dos propostos, mas pela questão da acumulação de cargos que podem dar lugar a interações pouco claras. Quando se vai ocupar o lugar num banco do Estado não podem existir incompatibilidades.
Disse ainda aquela luminária de deputado que é um atentado aos trabalhadores do banco do Estado os ordenados dos administradores. Esse senhor que manobra em algumas águas profundas e secretas e que, segundo a imprensa da época, janeiro de 2012, teve alguns problemas por ligações ao ex-diretor do SIED, e que pertence a um partido cujo líder sempre prejudicou quem trabalha vem correr em defesa dos trabalhadores. Quando o seu partido esteve no governo isso não fazia parte das suas preocupações. Tem memória de elefante para umas coisas e memória de toupeira para outras. Releia os jornais do seu tempo. Releia, que lhe faria bem rever os escândalos e falhas do Governo que na altura o seu grupo parlamentar apoiava.
Quanto aos vencimentos exagerados dos administradores posso não estar de acordo, mas será que ele encontraria alguém com qualidade e competência que arriscasse administrar a CGD com os problemas que atualmente enfrenta, apenas por um prato de lentilhas?
O que mais se lhe recomenda é tento, para não dizer pior.
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