Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
O CDS deve estar a sofrer da síndrome de charme e não é de agora. Já em 2018 Assunção Cristas, ainda sem sonhar o que lhe iria acontecer, disse numa entrevista alto e bom som que “estava preparada para ser primeira-ministra”.
Ela procurava atrair a atenção dos eleitores mesmo quando sabia que o poder não estaria ao seu alcance, mas poderia tirar alguma vantagem. Uma espécie de prazer como é o ritual da conquista e por pensar ser desejada pelos portugueses para líder do governo do país.
Aliás, a líder centrista elogiou os atributos do candidato centrista durante as eleições para o Parlamento Europeu quando por entre sorrisos da assistência afirmou que o CDS “tem uma cara engraçada”, referindo-se a Nuno Melo, tentando contrapor a diferença com o candidato socialista. O termo sexy, enquanto sinónimo de encanto sedutor e pessoa sexualmente atraente e possuir também um caráter erótico que estimula o desejo sexual e excitante, parece que vai passar a fazer parte do ideário e do programa do CDS.
O novo líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, disse na sua intervenção no 28º congresso que “Seremos um partido que se tornará sexy” e que promete devolver a “identidade” ao partido. Será de presumir a identidade sexy?
Ter a arte da sedução e do encanto parece passar a fazer parte do envolvimento político do partido. Temos de ter cuidado senão arriscamo-nos a ser seduzido pelo sexy do CDS.
Voltar a “andar no terreno com uma identidade clara e um rosto visível” são os desejos do “Chicão”, como se o partido, nos últimos tempos, não tivesse um rosto visível quando esses rosto até afirmava que estava preparada para ser primeira-ministra.
A explicação para ser um partido sexy está ali, como nunca. Ele, o novo rosto do partido, diz assim ser por passar a utilizar estratégias de comunicação acutilantes, disruptivas e atuais. Este foi o momento mais sexy do partido. Será sexy também, mas não por defender os valores que não são nossos, disse. Esperem lá, se eu não defender, ao nível partidário, os valores dos outros serei sexy? Humm!
Estamos entendidos, quem quiser apanhar uma dose de erotismo partidário corra ao CDS.
O CDS precisa de construir pontes e não erguer muros, disse, Rodrigues dos Santos, pelo menos ficamos a saber que é suposto estar contra os muros de Trump. Mas é estranho, porque o novo líder do CDS, quando André Ventura sugeriu no Facebook que a deputada Joacine do Livre devia ser "devolvida" ao país de origem, Francisco Rodrigues dos Santos, recém-eleito líder do CDS, depois de uma audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, também comentou a relação entre a deputada do Livre e o partido com a frase: “no CDS não existem Joacines". O Livre, partido de esquerda, vê nestas afirmações da direita “contínuos ataques de caráter e referências de índole racista".
Será isto também o sexy a que Rodrigues dos Santos se refere?
As reações sucedem-se e, desta feita, também Adolfo Mesquita Nunes do CDS deixou o seguinte comentário nas redes sociais:
“André Ventura sugere deportar uma deputada à conta de uma proposta discutível e há quem, nos comentários ao meu post anterior, veja na sugestão dessa deportação a verdadeira direita e, o que é pior, nela veja a direita dos valores do CDS. Acham-se muito corajosos e chamam-me de cobarde, como agora é moda. Pois a esses, os da coragem na ponta da língua, só tenho a dizer o seguinte: não quero saber se acham que são de direita ou se acham que são cristãos ou se acham que tudo vale desde que seja para malhar na esquerda, porque cada um acha-se o que quiser, mas há uma coisa de que eu jamais prescindirei, que é do princípio da dignidade da pessoa, princípio estruturante da matriz judaico-cristã e a raiz da igualdade entre os Homens. Cobardes são os que prescindem de princípios estruturantes sempre que a esquerda os enerva, e só porque a esquerda os enerva".
Será que o novo líder centrista vai seguir de perto o Chega deixando a matriz de partido de direita e passar a adotar a da extrema-direita racista e xenófoba? A ver vamos.
Há por aí muita gente indignada a escrever artigos de opinião sobre um tema que, como grandes democratas que se consideram, insurgem-se sobre a discussão que se levantou sobre saber se os novos e únicos deputados de partidos entrados no Parlamento são, ou não, um grupo parlamentar referindo-se ao Chega, ao Iniciativa Liberal e ao Livre.
Antes de continuar devo dizer desde já que sou contra a limitação da palavra dos referidos partidos. As suas intervenções devem gerir-se pelo regimento parlamentar que é aceite e ter proporcionalmente o tempo que lhes confere a sua eleição, tal como a qualquer outro partido.
Um dos colunistas residentes no jornal Público, João Miguel Tavares coloca em título: “Os porteiros do regime não sabem fazer contas”. Outro, esse mais sofisticado na linguagem para que poucos o entendam, e à boa maneira salazarenta, dá o título, do meu ponto de vista insultuoso à maioria parlamentar democraticamente eleita de “A tentação do PS, do BE e do PCP de domesticar o Parlamento”.
Neste o artigo de opinião, Paulo Rangel, o seu autor, escreve:
“Percebe-se qual era o cálculo e a intenção pragmática das forças da esquerda. Por um lado, calar o Livre, que, por razões diversas, é percepcionado por todos eles como perigosa concorrência. Por outro lado, silenciar a Iniciativa Liberal, que, alinhando por um credo nos antípodas dos socialismos, não terá qualquer pejo em enfrentar desabridamente a esquerda. Por outro lado, ainda, apagar o Chega, que, sendo um movimento conservador e populista de direita radical, agita todos os fantasmas. A estas razões, acresce uma outra que é comum a todos e talvez a principal. É que os três novos partidos com representação parlamentar não são nem esperam ser “partidos de Governo”; num certo sentido, e cada um à sua maneira, são ainda partidos de protesto. Esta natureza tribunícia de partidos de protesto – de partidos “fora do sistema” – dá-lhes uma liberdade e latitude de discurso que nenhum dos outros pode ter”.
O ponto de vista de Paulo Rangel coloca-se numa posição hipocritamente democrática porque se trata de falar de forças de direita com a qual também se identifica e porque dois deles combatem, como ele, a esquerda sendo, por isso, também potenciais aliados e por haver uma maioria parlamentar de esquerda democraticamente eleita. Por interesse ideológico convém-lhe defender esses partidos, talvez por pensar que não lhe fazem “mossa”. Incluir aqui também o Livre não poderia deixar de ser, justificando-o por ser um concorrente da “outra” esquerda, o que lhe interessa. Caro dr. Paulo Rangel, nós não temos um olho tapado com uma pala! Sim, já sei, estou a fazer juízos de intenção. Pois estou, e então, posso fazê-los ou não?
Paulo Rangel está a esquecer-se de que foi assim, com paninhos quentes da direita democrática mais conservadora, juntamente com outros fatores, que a extrema direita em Espanha, o Vox, subiu estrondosamente.
Para Rangel o Chega, o Iniciativa Liberal e o Livre são simplesmente partidos de protesto. Talvez o sejam agora! Ver-se-á depois. Silenciador foi o seu partido no tempo em que apoiava incondicionalmente Passos Coelho. E apagavam o mais possível a pegada dos potenciais “competidores” de esquerda que dizia serem, na altura, partidos de protesto e perigosos comunistas que queria voltar ao PREC. Sim, mais uma vez, pode ser juízo de intenção e escrever o que não disse. Mas sabe, como nas leis, é preciso saber ler nas entrelinhas. Os partidos de extrema-esquerda que antes intitulava de protesto estão agora implantados na Assembleia da República.
Esquece-se que André Ventura afirmou há relativamente pouco tempo que agora é apenas um mas no futuro serão muitos mais. São de protesto, mas vejamos se no futuro próximo não serão também concorrentes do seu partido.
João Miguel Tavares é mais lógico, mais racional, coloca os pontos nos “is” e, sem grandes delongas, vai ao cerne da questão e é mais realista ao escrever que:
“É um absurdo silenciar três deputados com a desculpa que não são um grupo parlamentar, até porque a melhor forma de os transformar num grupo parlamentar é mesmo fazendo tudo para que não abram a boca. A pressão política e mediática vai obviamente ser insustentável, a esquerda vai obviamente ceder e os três novos partidos vão obviamente poder falar nos debates quinzenais, como têm direito.”
Ponto de vista com que não se pode deixar de concordar. Quanto mais se proíbe mais o emergir na opinião pública se torna viral o que apenas contribui para esses partidos se auto vitimizarem. Por vezes deixar falar ajuda ao enterro de quem fala pelo surgir de contradições.
O dr. Paulo Rangel pretende chegar à mesma conclusão, mas encheu-se de demagogia e de democracia hipócrita. Tenha presente que aqueles partidos que desvaloriza e que são próximos da extrema-direita, para crescerem, não vão buscar eleitores e consequentes votos às esquerdas, vão procurá-los à direita. A intenção é boa, mas a sua razão de fundo tem como base a maioria estar agora do lado da esquerda. O resto é conversa mole.
A sondagem da Aximage que o Jornal de Negócios publicou mostram resultados muito favoráveis a António Costa. Estes resultados são ainda muito precoces e muita coisa se irá ainda passar.
Ora, face a esta situação de popularidade de António Costa e do Partido Socialista, começam a despontar os arautos dos papões e o ciclo iniciou-se já com uma das aventesmas da política, António Barreto. Diz esta sumidade, que Costa deve ter cuidado com as alianças à esquerda dominada pelos comunistas e refere, pondo no mesmo baralho tudo qunto é esquerda do PS, misturando o Bloco de Esquerda e o Livre o que, para Barreto "põe problemas seríssimos" e "caminho perigoso ao estar a aliar-se a partidos comunistas". Mas quem lhe disse a ele que isso iria acontecer. Será que tem informação privilegiada? E alianças com a direita que problemas coloca? O facciosismo é lamentável num sociólogo.
Para quem não se recorde António Barreto foi ministro da Agricultura do 1º governo de Mário Soares que fez a célebre "Lei Barreto" sobre a reforma agrária e, porque atacado, naquela altura, por todos à esquerda do PS deve ter ficado com o trauma dos comunistas.
Num debate televisivo em 2102, na SIC, posicionava-se com Manuela Ferreira Leite numa uma solução em que no Serviço Nacional de Saúde quando estivesse em causa a manutenção da saúde através de meios dispendiosos e tivesse mais de setenta anos deveria pagar os tratamentos. Afirmações polémicas que causaram escândalo na altura.
Já este ano defendia na Rádio Renascença "tornar a Constituição mais simples para, depois, no plano político, ser possível ter mais liberdade de opção. E é no plano político e não constitucional que defende a manutenção de um sistema de saúde público, mas com maior liberdade de recurso ao privado, de contratualização com o privado.".
Mas há mais, diz que "os empresários não têm liberdade para dizer e fazer o que querem", talvez seja por isso que muitos enriqueceram num curto espaço de tempo. Então como é que se cosntruiram (e detruiram) grande gupos económicos. Veja-se para já o caso BES. É preciso lata.
Por outro lado, façamos-lhe justiça, nem tudo o que esta aventesma da política disse foi mau, entre outras afirmações também diz, quanto à educação, admitir a liberdade de escolha, mas sem que o Estado pague a privados. “Quem quer fazer educação privada que a pague. O Estado não deve pagar cheques ensino não deve estar a subvencionar as escolas privadas, como faz atualmente. O Estado gasta milhões e milhões nisso, nas escolas privadas e acho que não o deve fazer.”.
Podemos e devemos levar a sério os professores catedráticos e investigadores em ciências sociais mas não podemos esquecer-nos de que em todas as formações sociais existe uma função da pluralidade contraditória de sistemas ideológicos de codificação do real e que, por isso, são as ideologias dominantes ligadas ao bloco do poder que retêm a atenção constituindo obstáculos fundamentais à elaboração de conhecimentos científicos.
Presidente do Conselho de Administração da Fundação Francisco Manuel dos Santos, António Barreto pediu a demissão prematura de Presidente do Conselho de Administração da fundação em abril de 2104. Para o Jornal Económico a saída de Barreto deve-se a "diferenças de opinião com a família fundadora em torno da estratégia da instituição em áreas como o ensino superior" em cuja área Francisco Manuel dos Santos "defendia uma postura mais interventiva". Resta saber em que sentido...
Será que é apenas uma questão de opinião que conduziu a António Barreto à demissão ou estará a prepara-se para outros voos? O facto é que ele começou já a dar entrevistas com afirmações polémicas o que poderá dar mais protagonismo na comunicação social. Pelos vistos começa bem. lançando para opinião pública os papões do costume.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.