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Resistência à mudança no PSD

por Manuel_AR, em 26.02.18

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Verifica-se no interior do PSD uma tendência para opiniões mais ou menos radicalizadas quanto a orientações de política partidária, mas que deveriam ser mais de reflexão ideológica interna. A exaustão neoliberal de partidários da linha seguida por Passos Coelho não abandonou o aquartelamento derivados da síndrome da perda do poder. Isto agrava-se pelo facto da tendência para resistir à mudança de opinião derivada das mudanças de opinião sobre o que ser o partido deve ser no futuro, mas há várias camarilhas, isto é, grupos colocados em lugares de influência que os utilizaram, ou não, em seu benefício e no dos seus protegidos lesando interesses mais gerais criados durante os longos anos de governação neoliberal do PSD de Passos Coelho.

No interior do PSD está formalmente estabelecida a resistência ao novo líder do partido, cometida pela direita neoliberal infiltrada durante o mandato de Passos Coelho, contra o restabelecimento ideológico dos princípios da social democracia.

Ouvem-se por aí militantes de destaque do PSD em debates a tentarem depreciar os aspetos ideológicos do partido que, por inerência, estão presentes em todos os partidos consignados nos seus programas que são, ou deveriam ser, uma orientação para os seus eleitores. Não se percebe, portanto, porque aqueles senhores afirmam que as questões ideológicas do partido não estão presentes. Esta tomada de posição serve os intentos das alas mais neoliberais do partido para nos fazerem crer que são um partido pragmático onde a ideologia não está presente.

Com Passos Coelho o partido virou radicalmente à direita, agora, Rui Rio pretende virar-se contra a ortodoxia da oposição interna deixada pelo anterior líder e centrar o partido, isto é, colocá-lo no centro direita. O caso da bancada parlamentar do PSD é a outra parte oposicionista da oposição interna a Rui Rio conforme foi demonstrado pela a eleição atribulada dos votos em Fernando Negrão para líder da bancada.

Com Rui Rio as pressões internas irão manifestar-se ainda mais e no segredo dos corredores do partido para não se assumir o posicionamento ideológico da social-democracia que há muito perdeu, não havendo a certeza se alguma vez o tenha sido. Rio está a tentar retirar o partido do acantonamento neoliberal onde o colocaram a reboque da troica, ou melhor, aproveitando-a para os seus objetivos governativos cujos projetos e promessas pré-eleitorais vieram posteriormente a abandonar sempre a pretexto da intervenção externa. Os comentadores afetos ao PSD, quando atualmente pretendem referir-se ao governo da aliança PSD-CDS enquanto tal, em vez da utilização do nome do partido preferem mencionar apenas governo do tempo da troica. É o mesmo que ocultar o sol com a peneira.

Face à tentativa de Rui Rio pretender recentrar o partido para o retirar do seu acantonamento neoliberal o CDS reivindica agora que as ideias de Rui Rio são as mesmas do CDS chegando Assunção Cristas a afirmar que as prioridades de Rui Rio “já fazem parte do ADN do CDS”. O CDS quer mostrar uma viragem à esquerda e, ao mesmo tempo, mostrar que é de direita. No congresso que se vai realizar-se em março quer apresentar-se por um lado como um partido com preocupações sociais e, por outro, que é um partido de direita reformista para tentar captar os votos dos adeptos mais à direita e adeptos das políticas de Passos Coelho. O CDS,  depois de ter apoiando o discurso neoliberal e anti geracional de Passos, e de ter ultrapassado todas as linhas vermelhas quando esteve em coligação com o PSD, tem o descaramento de denominar o texto a apresentar ao congresso “Portugal: compromisso de gerações” e que pode ler no jornal Expresso. Segundo indica a moção, é livrar o CDS de “preconceitos” para se apresentar como um partido não de “quadros” e “ricos”, mas de todos, e até como a escolha mais fresca, “irreverente”.

Ao CDS pelo menos atrevimento e descaramento não lhe faltam. Para eles o que é hoje pode já não o ser amanhã.

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publicado às 21:11

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Um postal de Feliz Ano Novo.

Em 13 janeiro de 2018 vai haver eleições diretas para a liderança do PSD. Nos finais de ano e início do novo anos é costume desejarem-se felicidades e prosperidade. É, portanto, oportuno desejar aos dois candidatos à liderança do PSD as melhores felicidades que neste caso se devem traduzir no maior número de votos que permita a um, ou a outro, ficar na liderança do partido.

Desde o tempo em que o PSD mostrou ser, com Passos Coelho e a sua entourage, ser um partido que, apesar de direita, enveredou pelo caminho mais radical do neoliberalismo que tenho escrito sobre uma possível e desejável viragem para a social-democracia.

Até agora nem um, nem outro, têm mostrado que haja, de facto, uma viragem no partido. Rui Rio apenas lança slogans mais ou menos vagos sem dar a conhecer como o fazer. Lança frases como ″libertar o país da amarração à extrema-esquerda″; quer avançar com a reforma do regime com o PSD ″a fazer de motor″; quer reformar o regime e “colocar Portugal na primeira divisão do nível de vida”. Estes slogans parecem-me ser contraditórios. Tudo depende do que ele quer dizer com reformar o regime, libertar o país das amarras da extrema-esquerda, primeira divisão do nível de vida, etc., ao mesmo tempo que diz que PSD “não é um partido de direita, mas de centro”. A mim o que me interessa é saber como?

Por sua vez Santana Lopes vagueia por aí Santana Lopes e diz saber muito bem "onde é que está o PSD". Será à direita ao lado de Passos Coelho? Será ao centro-esquerda indefinida? Apenas ao centro? sabe-se lá onde estará de qual. Para ele o partido está em todo o lado, “do centro-direita ao centro-esquerda”, “reformista” e por aí fora. Por outro lado afirma que “o PSD precisa de se reencontrar consigo próprio para se reposicionar no lugar que é seu”. Certo? Certo...!

Para mim mesmo que Rui Rio ganhe a liderança nada poderá vir de bom. Se Santa ganha pior a emenda do que o soneto.

Porque Santana andará por aí!

 

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publicado às 20:43

A direita, o centro, e a esquerda

por Manuel_AR, em 14.10.17

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Tenho vários “posts” em que aponto Passos Coelho como causador do PSD ter abandonado a matriz ideológica social-democrata do partido ao avançar com um projeto neoliberal e de arregimentando os seus defensores que lá se encontravam encobertos.

Às portas duma nova liderança quem ficar à frente do partido tem que ter a noção das águas em que se moverá e a que correntes terá de resistir. Os comentários e opiniões que começarão a surgir sobre o que deverá ser o partido daqui para a frente serão espalhados pelos ventos da comunicação social e a tendência atual tentará fazer passar a sua mensagem.

No último congresso que reelegeu Passos Coelho o slogan era “Social Democracia sempre”. Rui Rio na apresentação da candidatura afirma que o PSD é um partido do centro, que vai do centro-direita ao centro-esquerda e que “não é nem nunca foi de direita como alguns o têm caracterizado”. Manuela Ferreira Leite tem afirmado o mesmo nos seus comentários semanais. Eu próprio tenho defendido a necessidade do PSD voltar ao seu estatuto de social-democrata. Quando defndia a ideia de que o PSD devia regressar à sua matriz social-democrata centrava-se na esperança de que o partido podesse vir a deixar de ser conduzido pelos neoliberais.

Mas será mesmo assim e irá haver de facto mudança com uma nova liderança?

A resposta, até agora, é não. O ideário político do PSD, na prática, sempre foi de direita, de liberalismo moderado, e a história tem-nos dado provas disso. Teve alguns pequenos desvios pontuais, com alguns episódios de tímida e ligeiramente à esquerda (relativa, diga-se) ou ao centro, para captar algum eleitorado consoante o andamento das circunstâncias políticas do momento. Aliás é frequente os partidos servirem-se desta estratégia. O certo é que a representação que se tem do partido, dada a sua prática, é a de ser conservador de direita. A prova está em que o PSD no Parlamento Europeu, juntamente com o CDS, faz parte da ala conservadora e de direita que pretensiosamente dizem ser de centro-direita. Ao Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas fazem parte o PS, juntamente com o SPD (Partido Social Democrata) da Alemanha e outros partidos socialistas e sociais-democratas.

Voltemos agora às candidaturas à liderança. Um dos que não se candidatou foi Paulo Rangel, que se fosse candidato teria muitas dificuldades em se desmarcar de Passos Coelho. Se ganhasse seria mais do mesmo com algumas nuances.

A mensagem que algum candidato à liderança do PSD quer fazer passar é que o espaço ideológico do partido é a social-democracia, mas este é o espaço do PS. Se assim for a direita fica na mão do CDS e Assunção Cristas tirará dividendos disso ficando com o espaço do seu antigo parceiro de governo.

Depois temos os neoliberais que nos últimos anos tomaram conta do partido e que tentarão evitar heresias ideológicas, mas outros, para garantirem os pequenos poderes, irão converter-se. O PSD para nos enganar a todos está a começar a fazer um tirocínio para ser social-democrata ou até socialista a menos que aparece mais algum que o queira manter à direita onde pertence. Sobre esta tese sou levado a concordar com Rute Lima quando escreve no jornal Público: “De uma forma, de outra ou até entrando André Ventura na corrida à liderança do partido, de uma coisa todos temos a certeza: o trilho, a ideologia, o pensamento e a prática politica do PSD sempre foi neoliberal e o país ainda sofre na pele os resquícios da sua governação conjunta com o CDS.

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publicado às 20:34

A brecha

por Manuel_AR, em 08.10.17

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O assunto do dia a dia é a substituição da liderança no PSD. Os que não são simpatizantes ou o que pensam que naquele partido nada tem a ver com eles estão muito enganados.

Dois dos potenciais candidatos já desistiram depois duma dita reflexão. E parece que refletiram bem. Abandonaram a hipótese de candidatura à liderança, cada um apresentando as suas válidas razões. Parece que até ao momento estão em campo dois potenciais concorrentes, Santana Lopes, Rui Rio o neorracista e populista André Ventura.

A tendência interna do PSD, pelo que tem saltado daqui e dali pelos órgãos de comunicação afetos aos neoconservadores do partido têm ilustrado rasgados elogios ao líder Passos Coelho e, consequentemente à clique que ele ajudou a construir e que consideram com antigos e obsoletos todos os que pretendem que o partido regresse à sua base social-democrata. Jovens impreparados, de cultura deficitária, cuja ideologia se centra apenas nos interesses pessoais, partidários deixando para segundo lugar os de Portugal.

A herança de Passos Coelho é a fermentação de uma “nova extrema-direita” ainda pouco radical, mas é tudo uma questão de tempo, que deixa o centro vazio que pode vir a ser ocupado pelo CDS de Assunção Cristas. Deixou uma brecha cavada por jovens fogosos que Passos Coelho ideologicamente conseguiu angariar e que terá de ser fechada sacrificando estes ou, então, será ocupada por outros que estão à espreita.

Será por isto que dois dos potenciais líderes deixaram de ser candidatos e os outros estão num dilema porque não saberão se conseguirão lidar com esta estrutura radical infiltrada no PSD.

O que acontece é que alguns dos tradicionais eleitores do PSD ainda não se aperceberam do que está a acontecer e outros ainda sonham com as ideologias passadistas do tempo do Estado Novo que quer reconstruir ao modo século XXI.

O PSD, com a ajuda dos seus órgãos de comunicação social, está a seguir numa direção de direita radical e a combater o recentrar político do PSD facilitando a ocupação desse lugar, possivelmente para o CDS.   

O PSD está a ficar nostálgico da fase em que dizia ter que ir para além da troika dos tempos de Passos. Que provas há? São a quantidade de artigos que glorificam a sua dignidade e as suas virtudes e que, segundo eles, apresentam como tendo sido o melhor primeiro-ministro de sempre.  Para esta gente é o PSD o partido que pode continuar a política agressiva que corresponde a uma ideologia próxima do populismo de Trump, versão à portuguesa. Uma política agressiva que corresponda em primeiro lugar aos seus interesses à sua visão neoliberal do mundo.

Sobre a deriva do PSD para a direita radical escreveu hoje Pacheco Pereira no jornal Público:

«Eles sabem o que é importante, como a nossa alt-right sabe que sem Passos e com um PSD menos controlado ficam reduzidos a um pequeno grupo extremista, ou então tem que se dedicar ao CDS, que é um fraco instrumento, ou tentar fazer um partido “liberal” que, com um sistema político bastante bloqueado como o português, é uma tentativa de muito pouco sucesso previsível. Acresce que a direita tipo do PNR não lhes serve para nada, visto que é o exercício do poder político que lhes interessa e não a ortodoxia política, nem mimetismos das “frentes nacionais” europeias. Como tiveram a sorte grande, agora não lhes basta a terminação.»

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publicado às 11:22

Juntos pela ira nas perdas eleitorais

por Manuel_AR, em 05.10.17

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1 - No PSD a pressão dos apoiantes de Passos Coelho, gente neoconservadora e neoliberal, que não pretendem que a social-democracia regresse ao partido e lhes faça perder as oportunidades que lhes foram dadas. São os Passistas que querem manter-se, e manter o passado recente no partido para que a caleira construída não se estrague nem fique a descoberto.

Não é por acaso que o jornal Diário de Notícias coloca em primeira página “Passistas não querem deixar Rui Rio sozinho.”. Daí haver pressões para levar Montenegro a avançar para a liderança. Quem as faz sabe que Montenegro não traz uma regeneração ao partido, mas a mudança (apenas de líder) na continuidade.

2 - Após os resultados das eleições autárquicas há dois desesperados que se vão lançar em fúria e com todas as forças para pressionar o Governo. São eles o PSD e o PCP que se prperam para fazer, ao nível da contestação social, uma “aliança” informal, estratégica, mas não concreta de facto e que se fará sobretudo através dos sindicatos que controlam e onde se encontra a chamada mão de obra elitista, bem paga e com direitos que sobram, que, qual gula, querem sempre mais e já esqueceram as perseguições que o governo de direita PSD/CDS lhes fez. São elas as classes da área da saúde, nomeadamente os enfermeiros e na da educação, os professores, esta última à qual pertenço.

Serão eles os veículos da instabilidade social manobrados por aquelas duas forças partidárias. Os primeiros, a classe dos enfermeiros de sindicatos afetos ao PSD através da UGT e o dos professores com a sua maioria afeta à CGTP controlada pelo PCP começaram a ser mobilizados para possíveis reivindicações irrealistas.

Vai ser uma aliança entre inimigos não concretizada com negociações, mas simultânea, com objetivos idênticos e com causas diferentes. Estão juntos pela ira das perdas eleitorais. Mas a responsabilidade da instabilidade vai ser sobretudo apontada ao PCP que, se trair o seu acordo parlamentar, venha a querer prejudicar o país dará razões à direita, e não seria a primeira vez. A desforra do PCP vai em direção ao partido do Governo como se as culpas das perdas fossem da exclusiva responsabilidade do partido que, de algum modo, tem apoiado ao nível parlamentar e mediante negociações.

Se assim for o PCP faz o jogo da direita, atributo com que ele mesmo ao longo dos anos caracterizava outros partidos. Se o comité central não sabe, talvez atordoado por uma cegueira radical, mas que deveria saber, é que quem terá mais a perder será o próprio PCP que captará contra si grande parte do povo pelos prejuízos eventualmente causados e que lhe poderão a vir ser imputados juntamente com os da direita.

Ver outra opinião segundo Daniel Oliveira.

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publicado às 18:57

O fiel da balança

por Manuel_AR, em 04.10.17

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Escrevi, ou melhor previ, num dos últimos “posts” do blog zoomsocial que Passos Coelho não se iria demitir da liderança do PSD porque, escrevi, quem avançasse para a liderança não teria apoios suficientes, a não ser que fossem elementos da linha neoliberal e neoconservadora do ainda líder.

Apenas em parte me enganei, foi ao dizer que Passos não se iria demitir. Fê-lo, mas com algumas contradições pelo meio. Não ficaria a “rondar” nem a “assombrar” o partido, mas, por outro lado, diz também que não se vai “calar para sempre”.

O PSD vai entrar num momento perigoso da sua vida e isso está a ser evidenciado pelos candidatos que se estão a perfilar para ir concorrera às eleições internas. Alguns, são os da mudança na continuidade, como Paulo Rangel e Montenegro. Paulo Rangel que sempre defendeu as políticas de Passos Coelho e a atuação de Cavaco Silva, basta rever as suas posições nos debates da Prova dos Nove da TVI 24, moderada por Constança Cunha e Sá para conhecermos como Rangel é um habilidoso manipulador das palavras, é o sim, é o não e o vamos lá ver. Há quem o defenda dizendo que era opositor a Passos mas a lealdade leva-o a estar do seu lado. É um dos perigosos concorrentes porque poderá vir a ter o apoio dos militantes da continuidade. Montenegro é complicado porque a política seguida teria de ser a mesma já que não ser veria com bons olhos que mudasse de estratégia contradizendo tudo o que defendeu. Rui Rio? Bem, esse é um caso ainda para se ver, porque resta saber qual será a sua estratégia para o país. Mas se como já se fala que Miguel Relvas o vai apoiar isso traz-me muitas desconfianças. Foi Miguel Relvas o grande impulsionador e apoiante de Passos, basta recordarmos o que se passou na altura, até pelos discursos e argumentação de ambos.

Santana Lopes? É bom que fique onde está porque está bem e o seu trabalho parece que é apreciável.

Para mim que defendo um PSD social-democrata a sério e não um partido de direita neoliberal estou aguardando por mais. Vai ser difícil, porque Passos Coelho com ajuda de alguns que agora se escondem, encarregou-se de deixar minar o partido por uma ala de jovens direitistas neoconservadores que vai ser difícil expurgar.

André Ventura, o tal da xenofobia e racismo que concorreu à Câmara de Loures admite candidatar-se à liderança do PSD, isto se ninguém avançar contra Rui Rio. É neste estado que Passos Coelho deixou o PSD.

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publicado às 16:33

O mascarado

por Manuel_AR, em 04.02.16

Máscara_Passos.pngEstamos na época carnavalesca uma boa oportunidade para falarmos acerca de máscaras e mascarados. Todos se lembram do filme "A Máscara" que conta a história de um funcionário que certo dia encontra uma misteriosa máscara viking no rio e o leva-o para casa. Ao chegar ao seu apartamento o protagonista coloca a máscara no rosto e de repente transforma-se num ser de cabeça verde completamente louco, com poderes fantásticos, com uma habilidade incrível de realizar seus desejos sejam eles bons ou maus, e isso mudaria drasticamente a vida do personagem. Mas não é sobre o filme que hoje escrevo mas de mascarados da política que se disfarçam consoantes os interesses.

A máscara era utilizada pelos atores no teatro grego clássico e era um objeto que colocavam sobre o rosto para emitirem a fala do ator e tinha a função específica de funcionar como intermediário entre o ator e o público.

A particularidade é que Passos Coelho resolveu recandidatar-se à liderança com o slogan "Social-democracia, sempre". Assume agora a máscara de social-democrata depois de, durante quatro anos, ter enganado e mentido à maior parte dos portugueses e ter continuado a fazê-lo durante a campanha para as eleições legislativas.

A realidade neoliberal que defendeu e praticou conduziu o PSD a sair do centro e a passar a ser duma direita radical quando ele, e o grupo de indivíduos que o apoiaram e em que se apoiou, lesaram a matriz ideológica do PSD e que em nome de Portugal o utilizaram em seu benefício.

A máscara que a partir de agora Passos Coelho irá usar tornará o PSD numa espécie de partido travestido que ora vira para a direita, ora vira para a social-democracia o que não lhe retira o caráter nem o estigma que Passos lhe colocou na fronte. O passado de mentiras e omissões de Passo Coelho convenceu muitos, mas levará muitos outros a desconfiar da mudança.

Quem defendeu determinados pontos de vista radicais de direita na prática política vem agora converter-se à social-democracia, ideologia que Passos nunca perfilhou.

Quando em janeiro de 2014, ao caraterizar um futuro Presidente da República, disse que devia ser alguém que devia ser um “protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes ou num catavento de opiniões erráticas” referia-se por meias palavras a Marcelo Rebelo de Sousa. Quem é agora o catavento e o errático quando diz ser agora um social-democrata convicto. Disse Passos Coelho na apresentação da sua recandidatura a líder do PSD que “Criaremos uma oportunidade para mostrar que o PSD continua a ser um partido social-democrata com a capacidade de fazer, transformar o país, mobilizar os portugueses e oferecer do país uma visão ambiciosa que todos precisamos de concretizar”.

O lobo virou cordeiro e poderá vir a enganar muitos cordeiros a servirem de repasto ao lobo, mesmo alguns, os verdadeiros, sociais-democratas.

Em época carnavalesca Passos Coelho colocou a sua nova máscara para voltar com uma nova aparência enganosa que lhe possa trazer dividendos políticos. Começou já a fazer promessas dizendo que virá a governar sem austeridade. Vindo de Passos Coelho o mesmo é dizer que virá a rasgar as promessas, como se viu no passado. Um neoliberal não muda assim para a social-democracia, mesmo que diga que há interpretações diferentes da social-democracia. Quando esteve no Governo as políticas foram uma interpretação desastrosas da social-democracia que pretendeu alinhar com a direita da U.E. que nada tem a ver com a direita que defendeu durante intermináveis quatro anos. Bem pode ele vir agora desculpar-se com a conjuntura do passado.

Por favor, não continuem a brincar e a enganar os Portugueses. O PSD só voltará a ser o que era com uma nova liderança que não seja a de Passos Coelho nem ninguém que pertença ou tenha pertencido à sua trupe.

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publicado às 19:50


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