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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
O “grande apelo aos indecisos para colocar o PS no poder” feito pelo candidato às eleições na Madeira parece não ter resultado.
No continente, à medida que se aproximam as eleições legislativas de outubro, as sondagens mostram um elevado número de indecisos. O impacto dos indecisos aumentou entre agosto setembro (de 19,6% para 28,4%) é muito importante nos resultados eleitorais em eleições com grande nível de competição e podem contribuir se forem em grande número para fazer oscilar as previsões eleitorais. Mas quem são estes cidadãos, potenciais eleitores, e qual o seu perfil? Pode ver em: Campanha eleitoral e Debates. Comentário e opinião.
A indecisão eleitoral tem um significado e implicações relevantes em democracia. Devido às características dos indecisos as suas preferências e a sua instabilidade relacionam-se com uma menor participação e uma menor satisfação com o sistema político sendo muito importante no que respeita aos resultados eleitorais quando nas eleições mostram uma grande competição e uma tendência para uma maior dispersão do voto.
Assim, os indecisos são o alvo principal da ação de campanha eleitoral dos partidos na tentativa de os influenciar e condicionar as suas escolhas.
Podemos considerar, à exceção dos que militam num partido, dois tipos de eleitores: os determinados e os indecisos.
Os determinados ou resolutos como não conhecidos nos estudos da sociologia eleitoral podem ser assim caraterizados: os ideologicamente convictos e os seguidores partidário do tipo clubístico que em qualquer circunstância o seu voto é sempre, ou quase sempre, no mesmo sentido; os que variam o seu sentido de voto em função das circunstâncias que os afetaram direta ou, indiretamente, aquando da ação governativa do partido em que votaram; os que votam emocionalmente num partido pela simpatia ou pelo efeito presença, nomeadamente o aspeto físico do líder do partido candidato a primeiro ministro; os que transformam o seu voto numa forma de protesto face a antecedentes governativos e também ideológicos; os que conscientemente conhecem as estratégias, os programas e as propostas dos partidos e que traduzem a sua vontade no voto racional.
No segmento dos indecisos do eleitorado há os que se mantêm nesta atitude até ao momento da votação e baseiam a sua escolha eleitoral numa lógica aleatória, numa componente racional utilitarista ou numa dimensão mais afetiva. A indecisão pode ser fruto de uma maior apatia e distanciamento em relação ao envolvimento político. São eleitores muito permeáveis às campanhas partidárias. A falta de identificação partidária e ideológica reforça a indecisão da escolha eleitoral e estão mais sujeitos à persuasão pelas campanhas dos partidos.
A persuasão política e a propaganda são formas de influência social, são dois conceitos importantes na psicologia política e social que nos ajudam a compreender as complexidades do comportamento político. Podemos definir persuasão como um processo simbólico no qual os comunicadores tentam convencer outras pessoas a mudar suas atitudes ou comportamentos em relação a uma determinada situação através da comunicação de uma mensagem num contexto de livre escolha. É então um processo que tenta mudar a atitude, as crenças e os comportamentos dos sujeitos. Os partidos políticos para captarem as várias vontades dos eleitores utilizam a persuasão e a propaganda para atrair para sua esfera os eleitores que ainda não tenham uma opção.
Por sua vez a propaganda é a forma de comunicação utilizada por organizações ou pessoas para disseminar pensamentos e doutrinas, geralmente religiosas, ideológicas ou políticas. A propaganda quando aplicada com conotação negativa pode ser definida como disseminação de ideias, informações ou boatos com o objetivo de ajudar ou prejudicar uma instituição, uma causa ou uma pessoa, ideias, factos ou alegações difundidas deliberadamente para promover a causa de alguém ou danificar uma causa oposta.
Em campanha eleitoral a propaganda abrange as ações que visam atrair seguidores ou influenciar a atitude de potenciaos eleitores. Ela busca convencer o público a adotar uma determinada atitude ou a aderir a um grupo ou ideologia particular. É também através desta estratégia que os partidos centram a sua campanha para atrair os indecisos.
“Nas últimas décadas, as democracias ocidentais testemunharam um aumento na proporção de eleitores que fazem sua escolha eleitoral no final da campanha”, Explaining Time of Vote Decision, Simon Willocq (2018).
Estudos efetuados há alguns identificaram os indecisos como eleitores sujeitos a influências contraditórias no que se refer às características sociodemográficas, atitudes políticas, como por exemplo opiniões divergentes com a família, vizinhos ou amigos e também a influências religiosas resultantes de conflitos e atitudes políticas divergentes. Foram identificados Por exemploonde se identifica um conflito entre a identificação partidária de um indivíduo e outras atitudes políticas, isto é, estes eleitores sentem-se próximos de um partido ou candidato, mas também gostam de algumas propostas de outros partidos, o que pode ser confirmado no artigo da Oxford University Ambivalence and the Partisan Perceptual Screen.
Os eleitores indecisos são, de facto, muito voláteis e imprevisíveis. Na minha opinião um discurso político específico direcionado apenas a atrair aquele tipo de eleitores pode condicionar negativamente a atitude política de outros mais determinados na sua escolha. Normalmente o efeito da pressão sobre os indecisos pode levar a adiar a escolha de voto devida ao desconhecimento dos mecanismos internos para resolução deste conflito. Não são eleitores indiferentes ou neutros nem com falta de opinião, acontece que as suas opiniões entram em conflito com os seus critérios de avaliação.
Têm sido feitos estudos que associam este tipo de eleitores a terem uma baixa formação, menos interessados na política, com um menor nível de informação política e um nível cognitivo muito baixo e tendem, sobretudo, a reforçar as escolhas do passado. O nível baixo de informação dificulta decisões baseadas em determinantes básicos como proximidade partidária, avaliação do governo ou da economia, posição dos partidos no eixo do espetro ideológico.
Acontecimentos de segunda importância que tentam por vezes obscurecer o essencial do debate político sério durante as campanhas eleitorais, assim como temas supérfluos que surgem nos media obscurecerem também, pelo menos temporariamente, o esclarecimento sobre as propostas partidárias e resultados da governação causam entropias que confundem os pouco convictos da sua opção eleitoral.
Estudos sobre os fatores que determinam o fenómeno da indecisão eleitoral podem ajudar os partidos a operacionalizar a suas campanhas eleitorais dirigidos ao segmento dos indecisos, sobretudo quando as sondagens nos indicam elevados níveis daquele segmento.
Um outro fator a ter em conta é que, de acordo com os mesmo estudos, os paradigmas que têm explicado o comportamento dos eleitores não se aplicam ao comportamento eleitoral do eleitorado indeciso.[1]
A aleatoriedade e a imprevisibilidade são características de quem toma decisões apenas durante a campanha eleitoral. A indefinição ideológica e a não identificação com um partido político são os traços dos indecisos sem, contudo, ser uma caracterização unívoca do perfil deste tipo de eleitores.
Análises empíricas dos eleitores indecisos no caso português apontam para que são os indivíduos mais apáticos, mais distantes da área política e menos participativos para este raciocínio basearam-se na idade, na ideologia, na falta de identificação partidária e na falta de interesse pela política e, ao mesmo tempo, pela combinação de elevados níveis de educação, embora tal não tenha sido comprovado.
A indecisão não se caracteriza por ser um eleitorado homogéneo ele faz parte da heterogeneidade que é o eleitorado geral que não difere pelas características sociais, mas distingue-se principalmente pelas atitudes políticas.
[1] Lisi, Marco, 2010; idem, 2019; Freire, André et al., 2007; Simon Willocq (2018); Russell J. Dalton*
Ian McAllister** Martin P. Wattenberg ;
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218738858V5xST4bl7Mk14EP6.pdf
1. Após as eleições internas do PSD as táticas começaram já a delinear-se tendo em vista as próximas legislativas em finais de 2019 iniciando a pintura de “cartazes” jornalísticos. No PSD começam a medir-se as correlações de forças das duas tendências antagónicas que existem embora queiram passar para a opinião pública que tudo está pacífico. Não está, o que revelam as afirmações de influentes da corrente neoliberal de Passos Coelho que começam a vir a lume, mas que em nada irá servir o partido, antes pelo contrário.
Sousa Tavares, no semanário Expresso no seu artigo de opinião semanal, vai mais longe ao escrever que “Prisioneiro daquilo a que chamam o respeito devido ao "sacrifício" de Passos Coelho, o PSD tem vivido amarrado à nostalgia de um passado recente, de que o partido se louva, mas de que o país não tem quaisquer saudades. Ao ponto de passar a mensagem de que, perante um governo cujo desempenho económico (que é aquilo em que as pessoas votam) tem superado as melhores expectativas, apenas tem para oferecer como alternativa o regresso aos tempos da austeridade, do desemprego, das falências, das emigrações.”
No CDS, através do mais ou menos folclore palavroso de Cristas, tenta recolher alguns dividendos da crise no PSD para subir nas sondagens aproveitando o descontentamento do eleitorado mais à direita do PSD, fiel às políticas de Passos Coelho. Apesar do esforço, nas sondagens mais recentes, o CDS fica abaixo do PCP segundo a Aximage. Em 9 de janeiro de 2018 eram as seguintes as intenções de voto: PS 41,3%; PSD 26,9%; CDS 6,4%; CDU 7,0%; BE 9,5%,
À Esquerda o BE e o PCP querem demarcar-se do PS, na tentativa numa espécie de autodefesa tendo em vista as próximas eleições, fazendo acreditar às pessoas que não votem pelo passado, mas pelo futuro que não votem para compreender e agradecer o que perderam, mas o que recuperaram. E, nesse sentido, o PSD não se tem afirmado como oposição. Afinal, o que tem o PSD para oferecer, não apenas ao país, mas às pessoas (no passado dizia que país estava melhor)?
Para terminar no mesmo artigo Sousa Tavares continua a mostrar os seus ódios de estimação para com os funcionários públicos e pensionistas quando diz que o Estado deve canalizar para aí o grosso dos recursos financeiros disponíveis do Estado para a economia, “em lugar de os alocar à satisfação dos interesses particulares dos seus votantes funcionários públicos, pensionistas, etc.”. Tem razão no que se refere às causas crónicas dos nossos problemas estruturais, mas perde-a ao canalizar os problemas apenas para aqueles estratos sociais. Como se os votantes funcionários públicos e pensionistas votassem todos em massa no partido no Governo.
2. Neste último contexto aproveito para fazer uma observação à postura jornalística de Sousa Tavares. Sousa Tavares sofre de uma síndrome que é o de assistir a um espetáculo de multimédia onde o seu EU (capacidade de olhar-se a si próprio) é o espetador que assiste ao espetáculo interior da sua subjetividade. Recordo-me que, em várias intervenções no passado, tomou posições onde o seu EU está presente num egoísmo subjacente. Aponto apenas três casos: quando saíram leis sobre a proibição de fumar em estabelecimentos fechados, insurgiu-se porque ele queria fumar quando e onde lhe apetecesse, (os outros não interessavam, mas apenas ele); quando se insurgiu contra os restaurantes onde deixam entrar crianças que causam ruídos, para ele incomodativos, não o deixando contemplar o seu prazer gastronómico do paladar; é agora sobre a possível limitação da velocidade a 30 Km/h nas cidades e, daí, fazer apelo a uma manifestação dos automobilistas para engarrafamentos do trânsito caso essa medida tenha seguimento. Não lhe interessa os acidentes nas cidades, os excessos de velocidade, a passagem dos semáforos vermelhos nem os atropelamentos nas passadeiras de peões devido a excessos de velocidade. Não, nada disso lhe interessa porque o espetáculo interior do EU está em permanência no cartaz.
Há um crédito que Nuno Melo, deputado europeu pelo CDS/PP, me merece, é poder rir à gargalhada à custa dele. Numa coluna, apenas uma, mas mais larga, denominada “Linhas direitas” cujo título mais apropriado seria o de “Linhas da direita”, escreve uma série de meias verdades bordadas com matizes de falsidades. Em síntese, a economia está a crescer, diz, está tudo bom, e Portugal está bem e melhor. Se assim for como será depois se a coligação ganhar as eleições? Voltamos à mesma conforme Passos Coelho disse em tempo não muito longínquo, manteremos o mesmo rumo e nada será alterado.
Somos os maiores, ou quase, da zona euro. Maravilha de país. Deve ser por isso que Portugal virá a ser, como diz o seu líder do Governo Passos Coelho, uma das maiores dez economias do mundo. Segura o tacho ó Nuno!
Esta direita é falsa como as cobras. Estas, ainda têm desculpa porque é da sua natureza, mas os partidos desta direita são premeditadamente falsos.
Nuno compara e mistura Portugal com tudo sobre a Grécia. Deve ser o único e fraco argumento sem sustentabilidade que tem. Torneia premeditadamente a questão real de Portugal. Talvez gostasse que a Grécia não fosse ajudada e entrasse num colapso irreversível. Mas foi. E foi-o também pelo Parlamento alemão. Com uma mãozinha de Merkel e de Schäuble, votou a favor de novo resgate com 454 votos a favor, 113 contra e 18 abstenções. Onde se posiciona agora o CDS e o PSD com a sua coligação?
Nuno Melo, no seu artigo, e também a sua gente, revertem para o passado, sempre o passado, até no da Grécia, e esquecem o presente.
Para Nuno Melo Portugal é o país das maravilhas, mas sem Alice. Como Alice, também sonha em grande. Pois então! De alguns dados positivos que nada têm a ver com a atuação do Governo embandeira em arco e canta loas épicas de crescimento e prosperidade. Todavia, omite propositadamente o outro lado do espelho do país maravilhoso que não é o de Alice mas o dele.
O que está por detrás do espelho por onde Nuno Melo mira Portugal? Apenas isto:
Trabalhar era para o objetivo para ter uma vida digna acima do limiar da pobreza, agora é a garantia a sobrevivência e, mesmo assim abaixo desse limiar. Há cada vez mais portugueses que trabalham mas continuam a depender de apoios sociais. Outros, ainda, contribuem para aumentar a sopa dos pobres. É o teu país ó Nuno!
A solidariedade foi substituída pela caridadezinha, sinal da decomposição social. É o teu país ó Nuno!
Desregulação e desvalorização do trabalho e respetivas consequências sociais em conivência com a troika e o entusiasmo de quem se preparava para ocupar o poder, (já agora também um pouco de passado). É o teu país ó Nuno!
Tornaram as pessoas mais pobres na impossibilidade de desvalorização da moeda. É o teu país ó Nuno!
Os salários reduzidos, quer pela subida brutal dos impostos sobre o trabalho, quer pelo desmantelamento das convenções coletivas e pelo corte das pensões, entre outras. É o teu país ó Nuno!
O emprego aumenta virtualmente com valores ínfimos. É o teu país ó Nuno!
Os salários baixos passaram a ser a regra, apesar de Passos Coelho umas vezes dizer que é preciso baixar salários e outras vezes dizer que se devem aumentar salários, e o ministro da Economia, Pires de Lima, diz que é preciso aumentar o salário mínimo. Balelas! É o teu país ó Nuno!
Quem trabalha tem cada vez menos a garantia duma vida digna. É o teu país ó Nuno!
Há 880 mil portugueses a receber o salário mínimo em 2011 eram 345 mil (Fonte INE). É o teu país ó Nuno!
Não se aumentou meio milhão de postos de trabalho, mesmo com salários baixos, mas os que perderem o emprego só puderam regressar ao mercado de trabalho aceitando condições degradantes. É o teu país ó Nuno!
Os jovens que ingressam no mercado de trabalho têm que aceitar salários mais baixos do que o que era oferecido aos seus pais. É o teu país ó Nuno!
A competitividade é conseguida através da escassez, da pobreza, da miséria e logo com o assistencialismo. É o teu país ó Nuno!
Portugal à Frente, nome dado à coligação significa: crescimento da taxa de pobreza, desemprego a baixar por obra dos salários baixos, pela emigração, subemprego, precarização e desistência de procura de trabalho nos centros de emprego, o que reduz estatisticamente a taxa de desemprego. É o teu país ó Nuno!
Na maior parte dos órgãos de comunicação social, imprensa e televisão, a toxicidade mediática tem vindo progressivamente a causar preocupação. Transformaram-se em medio tóxicos cuja função é mais a de manipulação do que a de informação.
Assiste-se a uma intoxicação informativa por parte da comunicação social. As televisões mais perecem órgãos de comunicação do Governo à boa maneira dos tempos soviéticos.
O Presidente terá parte da responsabilidade a partir do momento em que a sua estratégia singrou no caminho do prolongamento por mais três meses do mandato do Governo em funções que terminaria em junho e a campanha eleitoral andaria a decorrer dentro do período legal. O que está a acontecer é que já está a decorrer e prolongar-se-á até outubro provocando uma saturação na população.
Não é inocentemente que Cavaco Silva ainda não marcou a data exata para as eleições legislativas deste ano. O adiamento justifica-se como forma de dar mais tempo ao seu partido na coligação para não se refletir muito na votação dos portugueses o efeito causado pelos estragos da governação e ao mesmo tempo fazer prolongar por mais algum tempo a intoxicação comunicacional em curso.
Poderá haver vantagens e ou desvantagens para a data que está prevista para a marcação de eleições (setembro/outubro). Recorde-se que as eleições legislativas de 2009, também marcadas por Cavaco Silva realizaram-se em 27 de setembro tendo a campanha eleitoral decorrido entre os dias 12 e 25 do mesmo mês.
Que razões terão havido para este ano serem marcadas tardiamente. Uma das desvantagens pode ser considerada técnica como seja a preparação tardia do Orçamento de Estado para 2016 que terá de ser feito apressadamente, qualquer que seja o governo que tome posse. Outra também técnica será a de evitar coincidência com o período de férias reduzindo assim uma possível maior abstenção.
Vantagens, posso incluí-las no âmbito da oportunidade e do oportunismo políticos do Governo e do Presidente da República em conjunto:
Sobre os milhões que andam por aí oportunamente a ser distribuídos e as mensagens positivas de otimismo sobre o sucesso da economia, estou convicto que, caso a coligação PAF venha a ganhar as eleições, serão arranjadas justificações que irão retroceder tudo o que fizeram neste período e a apologia da austeridade voltará plena de vitalidade no discurso do governo que se formar. Temos ou não provas disso no passado com Passos Coelho? Ah! já esqueceram? Fazem bem...
O pensamento que lhes está subjacente é que não importa que se prometa, omita e minta porque após a posse do Governo legitimado por uma maioria da PAF poderão sempre voltar atrás por quaisquer motivos de imprevisibilidade.
Os portugueses parecem ser atreitos a "emprenhar pelos ouvidos" especialmente pelos órgãos de comunicação social e dos comentadores afetos ao Governo com laivos de independência. .
As pessoas que "emprenham pelos ouvidos" são todas aquelas que acreditam piamente na primeira patranha que lhes contam, sem questionar a veracidade da mesma, sem fazer qualquer juízo crítico nem tentar ouvir outras versões de uma mesma história.
Isto tanto no que se refere ao caso Sócrates, sobre o qual nada se conhece de concreto nem factualmente, nem nada está confirmado, nem julgado sequer, a não ser suposições e insinuações feitas por jornais sequiosos de vendas; sobre a situação da Grécia da qual só ouvimos um lado; a propaganda do Presidente da República que vem, a propósito de tudo e de nada defender e apoiar a coligação.
O Governo e o Presidente da República têm vindo a vender aos portugueses gato por lebre falando num país em fraca recuperação baseados em indicadores estatísticos que, apesar de valerem como tendência, num trimestre seguinte podem mudar devido a váriáveis conjunturais europeias diversas.
Nas últimas sondagens de junho de 2015 a coligação liderada por Passos Coelho e Paulo Portas conseguiria, neste momento, 38% dos votos, enquanto os socialistas se ficariam pelos 37%. O PCP mantém-se nos 10%, enquanto o Bloco de Esquerda duplica o seu resultado para 8%. Os restantes partidos não conseguem resultados relevantes.
Como se pode isto explicar senão por razões de credibilidades ingénua dos portugueses do receio do reaparecimento de características que pertenciam ao passado que tinham já deixado de se manifestar e que voltam a fazer ressuscitar, devido às mensagens que lhes têm feito chegar de medos infundados e de sucesso das medidas.
Como se pode explicar que 40% considerem que as medidas de austeridade tomadas pelo Governo terão um efeito positivo (40%) no seu bem-estar? Os que acham que terão um efeito negativo (43%). Uma diferença de apenas três pontos percentuais, quando há pouco mais de um ano era de 17 pontos.
Será possível que os portugueses sejam tão ingénuos que ainda acreditem nas patranhas que lhes estão a vender em campanha eleitoral? Afinal parece que tenho que concordar com todos os que dizem que os portugueses têm memória curta.
Na época de estagnação política e do jornalismo, com a interrupção do Parlamento durante os meses de verão nomeadamente em agosto, a chamada Sily Season, é a altura em que o Governo poderá vir a tomar medidas impopulares porque ninguém estará atento. Não terá sido por acaso que o Presidente da República pretendeu lançar as eleições para setembro ou outubro.
Depois não se queixem.
É notória a preocupação dos órgãos de comunicação social, em especial os televisivos, quer em debates sobre política, quer no âmbito comentarista, sobre as candidaturas à Presidência da República que o Partido Socialista irá ou não apoiar e, muito pouca vontade, em saber qual será o candidato a apoiar pela direita.
As eleições presidenciais são lá para 2016, antes serão as eleições legislativas pelo que é sobre estas que se devem centrar as atenções, o resto virá por acréscimo em devido tempo. Todavia o tempo e o espaço dos órgãos de comunicação social é sobrecarregado pelas presidenciais.
A preocupação é acima de tudo com o candidato à Presidência da República a apoiar pelo Partido Socialista que, a cada dia que passa, transforma-se em agitação, numa pressão para que o PS diga quem vai ser o seu candidato.
Para alguns comentadores, analistas políticos e "fazedores" de opinião não interessa quem vai ser o candidato dos partidos do Governo ou quem irão apoiar para Presidente da República, o seu alvo de interesse é apenas o Partido Socialista. Especulam e induzem a quem os ouve representações mentais falsas sobre potenciais candidatos à esquerda ou ao centro, alegando desconhecer o que eles pensam, quem são, ou até acusando-os de populismo. Por outro lado, promovem os potenciais candidatos da direita que ainda não se posicionaram ou mostraram claramente abertura para o cargo, fazendo deles, desde logo, os mais bem colocados e consensuais entre os eleitores.
Estão mais preocupados interessados em quem será o candidato apoiado pelo Partido Socialista do que pelos próprios candidatos. São parcos em comentar os "dotes para presidenciais" de candidatos como Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso (?) que entretanto desaparecem de cena para concorrer ao cargo, pelo menos até ver.
Passos Coelho no Congresso do PSD caracterizou o perfil que não deve ter um chefe de Estado: "protagonista catalisador de contrapoderes, catavento de opiniões erráticas, popularidade fácil, complicar ou bloquear, protagonista político.". O perfil traçado por Cavaco Silva é para esquecer nem merece gastar tempo.
A direita parece não ter candidatos, mas, ao contrário de Passos Coelho, parece apostar em Marcelo Rebelo de Sousa como potencial vencedor das eleições presidenciais. É conhecido e um protagonista conhecido e mediático. A ser verdade deixa muito a desejar o que pensam da cultura política dos portugueses, passando-lhes um atestado de ignorância política porque são levados apenas pelo mediatismo daqueles em que vão votar.
Na expectativa do Partido de Socialista poder vir a ganhar as eleições legislativas querem a todo custo que seja eleito um Presidente da República que lhes seja tão favorável quanto Cavaco Silva.
Começa a perceber-se que, qualquer que seja o candidato à Presidência da República que venha a ser apoiado pelo Partido Socialista, será sempre arrasado por comentadores e jornalistas que apoiam a direita. Até há quem, sob a capa da isenção, emite opiniões que desembocam na apreciação favorável dos potenciais candidatos apoiados ou a apoiar pela direita. Começou um pré-campanha de propaganda a Marcelo Rebelo de Sousa para ver se pega.
Marcelo Rebelo de Sousa colhe muitas simpatias, dizem. Claro, vale a publicidade que lhe tem sido concedida enquanto comentador político ao longo de anos. Passou a ser uma vedeta mediática. Mostra ser simpático, afável e, por isso, apesar dos seus comentários políticos do tipo cata-vento não deixa de ser um grande apoiante das políticas seguidas pelo PSD. A técnica do cata-vento tem a ver com uma espécie de autopromoção no sentido de mostrar ser isento nas suas opiniões.
Se Marcelo se candidatar e tomar lugar em Belém será pata todos os efeitos políticos uma espécie de Cavaco, apesar de menos carrancudo e com uma atitude comunicacional diferente. Será um Cavaco menos rancoroso, mais simpático, menos cara fechada, mas um Cavaco que, como ele, não hesitaria em manter ao limite o mandato do primeiro-ministro mesmo com prejuízo do país.
Tentar relevar as presidenciais não é mais do que uma tentativa de manobra de distração sobre as reais discussões que devem existir sobre a péssima governação que nos atormenta há mais de três anos. Recorde-se que o XIX Governo Constitucional liderado pelo neoliberal Passos Coelho tomou posse em 21 de junho de 2011 e o seu mandato, de acordo com a Constituição da República, é de quatro anos seria nesse mês que deveria terminar a 4.ª sessão legislativa, da XII legislatura que se iniciou em 5.09.2014 mas o Presidente da República resolveu adiar as eleições para setembro ou outubro.
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