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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Serem os idosos os mais vulneráveis não que dizer que sejam eles os principais transmissores da infeção para os outros. Pelo contrário, são os outros, os dos grupos etários mais baixos, quer sejam cuidadores, quer sejam familiares ou amigos que os contaminam nas suas casas, dentro e fora dos lares, nas casas de familiares e, pontualmente, noutros contextos que os contagiam. Parece querer-se criar nos mais velhos o estigma de causa e efeito da epidemia.
Notícias, informações, comentários, opiniões, contradições, conferências de imprensa, mesmo as da DGS, deixam no ar mensagens de ambiguidade aos auditores/recetores de apreensão e proporcionam interpretações erróneas e algo confusas.
Observa-se no constante destaque sobre a incidência do Covid-19 relacionado com os idosos e os lares, parecendo sugerir que são eles os grandes causadores da propagação do vírus e também serem eles os que, em valor numérico e percentual são os mais contaminados quando haverá nas principais capitais portugueses hostels, pensões, alojamento locais e casas alugadas frequentados por imigrantes e outro tipo de pessoas que são potencias focos da epidemia.
Basta comparar os números oficiais dos infetados que tem vindo a aumentar diariamente independentemente do grupo etário; basta consultar os dados e os gráficos diários divulgados pela DGS e fazer as contas para saber os grupos mais infetados, para sabermos que a maioria dos infetados não são os idosos. Esses são de facto os mais vulneráveis, os que são contaminados, mas não são os difusores da doença apesar de serem os mais afetados pela mortalidade devido às suas inerentes fraquezas.
Miguel Sousa Tavares escreveu no Expresso do sábado passado um artigo de opinião, com alguma ironia, sobre o sentimento e o estigma que se pode estar a gerar contra e sobre os idosos ao escrever que “O que nos propõem é simples e convém que todos estejam cientes da proposta, para que cada um carregue consigo o fardo da escolha: os que não morreram da doença não querem agora morrer da cura. E morrer da cura é continuar a deixar a economia em coma induzido, sem a trazer de volta à vida. Devagar, por sectores, com vários cuidados recomendados e diversas precauções. E, ao mesmo tempo, libertando a população da prisão domiciliária onde estamos todos encerrados, mas por fases e segundo critérios etários: primeiro, adultos saudáveis, na força da idade laboral; depois, jovens; e, a seguir, crianças. Mais adiante “Porém, há uma excepção, e disso depende o êxito — ou a ousadia — de todo o plano: os velhos devem continuar encerrados, porque representam um perigo sanitário público e uma ameaça à sustentabilidade dos serviços de saúde. Devem, então, ser mantidos longe da vista, afastados de qualquer contacto com os outros, até que haja uma vacina e a sua distribuição seja universal — talvez no Verão do próximo ano, na melhor das hipóteses.” E continua, “Muitos deles, aliás, já cumpriram a sua função, deixando-se abater ao activo, vítimas do vírus ou de outras doenças que, por força do vírus, não foram tratadas ou eles próprios não quiseram tratar. Aqui, como em Espanha, um terço dos mortos da covid ocorreram em lares onde os velhos estavam acantonados e foram apanhados sem defesa, a coberto de uma ilusão de segurança que, de tão frágil, chega a parecer indiferença. Quando um utente infectado num lar é retirado dele, consegue recuperar cá fora e depois é devolvido ao lar onde permanece o foco de infecção, que outra palavra podemos usar que não indiferença?”. (Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 18/04/2020- Escreve segundo o antigo acordo ortográfico)
A ideia de uma espécie de “extermínio” dos idosos pelo isolamento a que muitos deles já estão sujeitos parece crescer impulsionado pelas mensagens veiculadas pelos órgãos de comunicação social e até por órgãos oficiais e oficiosos do Governo muitas vezes mascaradas de medidas de proteção para os salvaguardar da infeção.
Somos invadidos voluntária ou involuntariamente por informações de várias origens: informações provenientes dos nossos próprios sentidos, o que vemos à nossa volta; pela televisão e nos jornais; pelo que ouvimos no café da esquina ou através de outras pessoas que, por défice de esclarecimento, cada um interpreta segundo as suas conveniências, interesses ou posições ideológicas.
Parece estar, assim, a começar a ser produzido na consciência coletiva - criada pelos indivíduos em muitas das suas práticas influenciados pela sociedade em que estão inseridos - a ideia da inutilidade dos idosos (o que também transpareceu numa entrevista que o já senil Ramalho Eanes deu há algumas semanas a um canal de televisão, numa demonstração de altruísmo hipócrita).
Teme-se em todo o mundo uma espécie de incentivo para encarar os idosos como os grandes causadores da proliferação da epidemia e de que a sua fragilidade em relação à doença é um a causadora do mal epidémico. Pode ser uma nova versão, mais drástica, da conhecida frase da “peste grisalha” que o deputado Carlos Peixoto utilizou em 2013.
Alguns pensarão, (mas não o dizem), que a elevada taxa de mortalidade provocada pela epidemia nos idosos irá aliviar os contribuintes do peso dos tratamentos e pensões a pagar pelos Estados. Trata-se de uma espécie de genocídio gerontológico ou gerontocídio que passou a ser socialmente aceite, já que o agente executor, o Covid-19, é algo invisível e incontrolável o que, por isso, o torna tranquilizador das consciências de cada povo e, ao mesmo tempo, socialmente útil por aliviar os problemas sociais e económicos originados pelo envelhecimento das populações.
Como apontamento final, e á margem, podemos pensar que, no passado, o Führer da Alemanha nazi se tivesse uma oportunidade como esta, tê-la-ia ajudado para uma “solução parcial” na questão judaica que ficaria resolvida sem problemas de consciência que, de qualquer modo, nunca teve quando prescreveu a receita da solução final.
NOTA: Conforme se pode verificar pelo gráfico o total dos grupos etários superiores a 60 anos é inferior ao dos grupos etários entre os 20 e os 59 conforme se pode confirmar. Os cálculos foram efetuados a partir dos dados da DGS.
CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA DOS CASOS CONFIRMADOS
Totais agrupados em 21/04/2020 (Dados a partir da DGS)
Grupo etário Total de infetados
0-19 946
20-59 12652
> 59 6881
Fonte: Gráfico construído a partir de dados da DGS em 21/04/2020
Só um economista louco seguiria um caminho como o que está a ser seguido que é o de querer transformar/reformar económica e estruturalmente um país com erros que vêm de dezenas de anos, em escassos meses. |
O CDS/PP detém neste governo, entre outras, a pasta da Segurança Social que é o ministério de apoio aos desastres sociais que este Governo tem conscientemente desencadeado. Tem mostrado três facetas uma é o de cortar subsídios, muitos deles, é certo, nem deveriam existir, mas esses eram a minoria. A segunda faceta é o de cortar e retirar subsídios de desemprego a quem não teve quaisquer responsabilidades de ficar sem trabalho que cabe exclusivamente às políticas do Governo. A terceira faceta é a da propaganda e apologia do assistencialismo do ministério chefiado por Mota Soares que se orgulha do número de cantinas sociais que já abriu. Será que é motivo de orgulho para um ministro da segurança social abrir e apoiar cada vez mais cantinas sociais e instituições de solidariedade que, bem visto, são mais de caridade. Voltamos ao tempo da Rainha D. Leonor que fundou, e muito bem, misericórdias para assistir aos desvalidos.
Já nem vale a pena falar da autorização dada aos lares de idosos para poderem colocar camas a mais nos quartos que são pagos como individuais pelos utentes.
O CDS/PP propõe para a sociedade portuguesa um modelo assente nos valores éticos, sociais e democráticos do humanismo personalista de inspiração cristã e um ideário democrata-cristão. Ora nada mais consentâneo com estes princípios do que a fação da igreja católica mais conservadora que prega, em nome de Jesus, a caridade que de certo modo lhe interessa que exista. Já antes do 25 de abril pregou, resolvendo os problemas sociais graves, através do apoio caridoso aos pobrezinhos apoiando as políticas do governo de então.
Conta-se que no tempo de Salazar, já durante os anos 50-60 do século XX, uma organização de senhoras da elite da época, que apoiava a nobre causa de dar esmolas para os pobres, encontrando-se numa distribuição de dádivas que tanto podiam ser roupas, brinquedos ou géneros alimentícios, ao entregar a um dos pobres presentes a esmola que lhe cabia, este, virou-se para a dita senhora e disse: “Eu não sou seu pobre, minha senhora, eu sou pobre daquela ali” e apontou para uma outra que também fazia distribuição.
Todos sabemos que a pobreza não se extingue por lei, mas também sabemos que é possível reduzi-la e minimizar os seus riscos, não distribuindo subsídios, abonos que tornam as pessoas dependentes, mas promovendo o emprego através do estímulo ao investimento, seja ele público ou privado, promovendo o acesso à formação e conversão de mão-de-obra, estimulando a oferta de emprego e, consequentemente, a sua procura.
Era necessário e desejável uma reforma da nossa economia a efetuar a médio e a longo prazo. O CDS/PP e o PSD, com a sua política de destruição violenta da nossa economia, aumentaram o desemprego a pobreza que assolam o nosso país e atingiu pessoas que até então seria impensável. Efeitos colaterais das reformas, têm o desplanto de dizer. Aumentam o desemprego o que, por consequência, vai resultar em mais pagamento de subsídios e, por outro lado, são menos descontos a entrar para a Segurança Social. Cortam nos subsídios de desemprego e retiram apoios sociais, depois gastam verbas para a abertura de cantinas sociais, (no tempo de Salazar chamavam-se “Sopa dos pobres”) subsidiando instituições privadas e da igreja que apoiam os desvalidos que, apesar de meritórias, absorvem recursos financeiros do Estado. Quer dizer: O Estado poupa na farinha e gasta no farelo.
Devemos então abandonar os que estão a cair na exclusão social e na pobreza que foram vítimas das políticas deste Governo não os ajudando? É evidente que, como cristão e católico, digo não. Mas o que se devia ter feito era minimizar os custos sociais. Só um economista louco seguiria um caminho como o que está a ser seguido que é o de querer transformar/reformar económica e estruturalmente um país, com erros que vêm de dezenas de anos, em escassos meses.
O CDS/PP com o seu estatuto humanista e cristão, juntamente com o PSD, que abandonou a sua raiz social-democrata, deixam que cada vez mais portugueses se vejam na humilhação de pedir por favor que lhe forneçam meios básicos de subsistência a que deviam ter direito sem humilhação. O humanismo cristão do CDS/PP tem na sua essência a caridade e o assistencialismo nada mais. Há quem diga que as políticas que estão a ser seguidas são as que Salazar praticava. Estando longe de apoiar esse tipo de políticas, de qualquer modo apetece dizer que isso é insultar Salazar.
A propósito de notícias que vieram a lume nas televisões sobre o encerramento de lares para idosos por falta de condições e maus tratos insiro aqui novamente esse "post" que coloquei em 11 de março de 2012.
Tudo foi desencadeado após uma reportagem da TVI que foi para o ar em 10 de dezembro.
O Ministério da Solidariedade e da Segurança Social,segundo Mota Soares, vai alterar a lei que regula o funcionamento dos lares para idosos flexibilizando as regras até agora estabelecidas, reduzindo os padrões de exigência.
Segundo fonte daquele ministério ao Jornal de Notícias, notíciado pela RTP "além do aumento da capacidade dos lares licenciados pela Segurança Social, previsto em 20 por cento, o Governo pretende aligeirar as regras relativas à construção e às obras destas instituições".
Com o preteexto de dar respostas à procura de lares, o que ao mesmo tempo se pretende é aumentar as margens de lucros deste tipo de instituições privadas. Com o aumento da capacidade de alojamento de idosos nos lares não se prevê que vá aumentar o pessoal de apoio, ficando os utentes a ser menos acompanhados, isto é, o rácio idosos por trabalhador de apoio aumentará.
Alguém comentou num canal televisivo que quartos de uma ou duas camas para idosos eram um luxo! Iremos assistir na maior parte dos lares (não os de luxo claro!) espalhados por este país a serem transformados em contentores e em depósitos para idosos que, mesmo com a legislação atual já o são de facto na maior parte dos casos.
As famílias destes senhores decisores, e eles próprios, quando chegarem a idade avançadas, se tiverem que ir para um lar, com certeza que irão ficar em lares de luxo com condições muito diferentes daquelas que pretendem para a maior parte da população idosa.
O Ministério da Solidariedade e da Segurança Social,segundo Mota Soares, vai alterar a lei que regula o funcionamento dos lares para idosos flexibilizando as regras até agora estabelecidas, reduzindo os padrões de exigência.
Segundo fonte daquele ministério ao Jornal de Notícias, notíciado pela RTP "além do aumento da capacidade dos lares licenciados pela Segurança Social, previsto em 20 por cento, o Governo pretende aligeirar as regras relativas à construção e às obras destas instituições".
Com o preteexto de dar respostas à procura de lares, o que ao mesmo tempo se pretende é aumentar as margens de lucros deste tipo de instituições privadas. Com o aumento da capacidade de alojamento de idosos nos lares não se prevê que vá aumentar o pessoal de apoio, ficando os utentes a ser menos acompanhados, isto é, o rácio idosos por trabalhador de apoio aumentará.
Alguém comentou num canal televisivo que quartos de uma ou duas camas para idosos eram um luxo! Iremos assistir na maior parte dos lares (não os de luxo claro!) espalhados por este país a serem transformados em contentores e em depósitos para idosos que, mesmo com a legislação atual já o são de facto na maior parte dos casos.
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