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Walking Deads da política

por Manuel_AR, em 04.02.18

Politica_WalkingDeath.png

1. Depois dos discursos de revelações apocalípticas provindas do azedume duma perda, o PSD, ou melhor o seu quase eis líder Passo Coelho, lança-se numa nova cruzada que ainda faz eco em muitos dos que o apoiam e faz diatribes casuísticas de oposição ao Governo numa espécie de personagem do “Walking Death”. A última foi num encontro com autarcas na Guarda onde considerou ser "inquietante", numa alusão à falta de esclarecimentos do Governo sobre o caso de "irregularidades graves que ocorreram no âmbito da adoção de menores", referência a "casos de corrupção ao mais alto nível da sociedade" relacionado com adoções ilegais de crianças, (presumivelmente praticados por elementos da IURD), lamentando que o Estado "se refugie no andamento da Justiça”. Ora, a afirmação do quase eis líder do PSD vem de encontro às suspeições que publiquei num post, que podem ver aqui, sobre uma manifestação efetuada por um dito movimento cívico autodenominado Movimento Verdade, com senhoras vestida de preto, à moda dos óscares de Hollywood,  para "exigir respostas" sobre os casos de adoções ilegais que envolveram elementos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) que está em investigação e que, como tal, não deverá haver lugar à intromissão do Estado como Passos defende. É legítimo fazer a ligação entre o dito movimento com as senhoras vestidas de preto sobre as quais afirmei na altura ser promovido pela direita aproveitando mais um caso para dar uma ajuda à oposição, ou à falta dela, através de populismo demagógico.

2. Os jovens de direita filiados na JSP em busca duma carreira política após as eleições no seu partido já se encontram muito ativos e estão a preparar programas à sua medida para não perderem o comboio com a eleição de Rui Rio. Defendem uma agenda focada na gestão dos fundos comunitários e no conhecimento como forma de reforçar a coesão territorial. Os jovens neoliberais também já falam na valorização do conhecimento. Terá sido inspirado no programa do PS?

Mas há uma palavra, essa sim, plagiada discurso de ano novo do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, reinventar. Dizem estes jovens que “Portugal precisa de se reinventar, garantindo a sustentabilidade dos territórios e das novas gerações. É aqui, na resolução dos problemas concretos que o PSD se deve apresentar com uma agenda capaz, um discurso claro e uma vontade férrea”. Palavras lindas, mas vazias de conteúdo para uma praxis “férrea”.

Falam também da “necessidade de reforçar a coesão territorial, um conceito que a JSD diz ainda estar em construção”. Pois é isso de estar em construção pode ser por tempo indeterminado, também já ouvimos isso do seu quase eis líder ao longo que quatro anos sobre cortes e tudo mais que não me apraz repetir. Mais uma tirada com referência ao “relatório europeu mais recente sobre a coesão que é citado onde reconhecem que "as disparidades regionais no PIB per capita permanecem pronunciadas, o que reflete a intensa concentração de crescimento em áreas metropolitanas." Que grande novidade! Esta foi mesmo reinventada. O tema das disparidades territoriais já estudava na faculdade em planeamento regional e local. Até hoje quantas vezes é que o PSD esteve no governo e alguma vez teve a vontade política para tratar este tema. Mas agora sim, é que vai ser.

Outro ponto parece ser também quase plagiado do programa do PS mudando as palavras quando abordam o tema mais uma vez, a área do conhecimento e da digitalização, fazem uma “agenda para a valorização económica destas matérias e a definição de planos de desenvolvimento regional que passem por aplicar estratégias da especialização inteligente”. Que frase bonita para apresentarem. É caso para se perguntar se foi apenas agora que descobriram esta necessidade do país depois de tantos anos. Caros “jotasdeanos”, disso já o PS falava no tempo de Sócrates, lembram-se?

3. Entretanto os apoiantes de Rui Rio começam a preparar-se para o congresso de fevereiro que irá confirmá-lo como presidente social-democrata e onde irão apresentar uma revisão estatutária para ir a votos apresentando uma proposta "séria, que pusesse o partido a olhar para si", dizem. Da proposta fazem parte medidas como a adoção do voto eletrónico, a obrigatoriedade de referendar coligações pós-eleitorais e a necessidade de o candidato a presidente do partido ir a votos com os nomes que pretende que façam parte da sua Comissão Política Nacional. A maior mudança pode mesmo vir a ser a das eleições diretas. O grupo sugere que aconteçam em simultâneo com o congresso, devolvendo ao PSD a mística dos grandes congressos.

Tudo isto parece ser promissor o que Rui Rio não pode esquecer é da oposição que os neoliberais do partido criados à volta de Passos Coelho estão preparados para uma oposição férrea após Santana ter perdido as eleições internas. Os fiéis seguidores da linha de Passos como Luís Montenegro autoexclui-se da futura direção de Rui Rio e assume divergências sobre a estratégia política. Outro da ala direita mais radical, membro da equipa de Santana Lopes, Carlos Carreiras, quer construir uma “proposta radicalmente alternativa ao socialismo”. Muitos outros estão a postos numa atitude conservadora e de oposição à inovação do partido e ao seu regresso a uma espécie de social democracia.

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publicado às 19:44

Andamentos em Dó Menor do mestre escola

por Manuel_AR, em 09.05.17

Mestre Escola_Passos Coelho.jpg

Primeiro andamento:

 

O nevoeiro que avassala o PSD, que tem sido manifesto nas declarações do seu líder Passos Coelho, é confrangedor. Não avançando com qualquer medida concreta para as reformas e especificamente a da Segurança Social em junho de 2016  vai argumentando que os sociais-democratas não querem contribuir para “inquinar o debate desde já”, o presidente do PSD disse ainda que a reforma da Segurança Social está a ser feita sem transparência.

Em junho de 2015, Passos Coelho desafiava os restantes partidos, em particular o PS, para uma Reforma da Segurança Social, assumindo a aposta de uma comissão eventual no Parlamento que discuta a questão nos próximos seis meses. Para os convencer definiu linhas vermelhas: não haveria cortes nas pensões, não se mudaria o sistema de solidariedade geracional e deixaria cair o plafonamento das pensões, deixava algumas garantias para obrigar o PS a ir a jogo.

Se estaria ou não com boas intenções não sabemos, apenas sabemos que, uma mudança radical da sua posição sobre o tema levanta à partida suspeitas visto poderrmos considerar que está a falar para um eleitorado que, entretanto, perdeu.

A 30 de abril disse em Arganil, “que esta maioria não sabe conviver com quem não seja obediente, que não seja concordante com o poder vigente. Uma democracia precisa de pesos e contrapesos, de uma avaliação de práticas que sejam transparentes, do respeito pelas instituições. Quando isso não acontece, a democracia passa a ser limitada”. Mais acrescentou noutra altura que o processo da reforma da Segurança Social não está a ser transparente, mas o facto é que a comunicação social tem dado bem conta disso. Não merece comentário, basta perguntar: e, então o que fez quando estava em maioria absoluta no governo?

O dr. Passos Coelho tem dificuldade em sair do discurso de cangalheiro que é aquele discurso de circunstância que se faz quando não há nada para dizer e são críticas que “não são feitas à essência das opções, mas sim a situações colaterais”.

O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, abordou o assunto à margem do congresso nacional da Economia Social, que se realizou na Póvoa de Varzim, lembrando que o Programa Nacional de Reformas, que depois de aprovado o ano passado tem este ano uma primeira revisão, “não sofreu alterações nos seus aspetos fundamentais”. Não foi o que Passos tinha dito antes?

 

Segundo andamento:

 

"Este Governo e esta maioria têm um único cimento, que foi repor rendimentos. O nosso problema não é repor rendimentos, é repô-los ao ritmo que não ponha em causa o equilíbrio de que precisamos para não voltar atrás", sustentou. O líder do PSD acrescentou que "o único cimento que esta maioria teve foi para reverter reformas estruturais importantes que se tinham feito".

Compreendi-te!

 

O líder social-democrata disse que os "Governos governam para o país, não governam para os seus eleitores nem para os militantes dos seus partidos" e "os países não podem ficar capturados por um determinado Governo ou maioria".

Parece que o anterior governo não era maioria e de que não estivemos reféns!

 

"Faz retaliação e a retaliação é um retrocesso democrático insuportável na época e que vivemos", afirmou.

Estou enganado. Ninguém foi retaliado democraticamente durante a maioria de direita.

 

"É preciso combater esta ilusão que se está a tentar criar de que os problemas estão resolvidos e que o que aconteceu em 2011 foi o resultado de uma conjuntura externa muito adversa e que não tem nada a ver com problemas estruturais que o país tenha"

Se bem me lembro este não era o discurso pré-eleitoral daquela época?

 

Terceiro andamento: reminiscência do passado, já lá vai quase um ano

 

O título deste post, “Dó Maior”  não se trata da nota da escala musical mas do nome masculino “dó”  que significa compaixão, piedade pelas atitudes da direita neoliberal do PSD e das suas juventudes que sofrem duma incultura histórica e política agravada.

Esta cultura da ignorância implica que o perfil cultural dos elementos dum partido político e dos seus satélites das juventudes partidárias, não é algo que possa ser considerado constante a partir dum qualquer curso ou de uma medida temporal localizada. Não se reduz aos níveis de escolaridade formal atingidos e não é encarado como qualquer coisa que se obtém num determinado momento e válido para todo o sempre.

A estas premissas acresce que a capacidade para desenvolver potencialidades e participar ativamente na sociedade tem de ser visto no quadro de níveis de exigências sociais em determinado momento para um bom desempenho de funções sociais diversificadas que corresponda ao exercício da atividade política. 

Neste contexto é manifesta a ignorância da montagem das imagens que em certas ocasiões a JSD faz proliferar que revelam confusão histórica e política, certamente premeditada. E, o que é mais grave ainda, têm a finalidade de confundir e amedrontar utilizando métodos idênticos aos já bem conhecidos utilizados no tempo do fascismo e das ditaduras idênticas às da Coreia do Norte.

Para estas juventudes politicamente formatadas, cultural e mentalmente alienadas, não podemos esperar, no futuro, nada de bom, ainda que Passos Coelho nos seus tempos de governação tenha sugerido várias vezes que, ao tomar medidas contra a grande maioria do povo, estava a pensar no futuro das novas gerações. Gerações como estas da JSD, geradas no casulo dum PSD cada vez mais neoliberal e radical, apesar do golpe de rins que nos últimos meses tem feito! Esperemos que, por isso, não venham a ter uma entorse de coluna.

Sobre a máquina da ignorância, digo eu, da incultura histórica, ao serviço da política Pacheco Pereira escreveu em tempo um artigo no jornal Público sobre o financiamento a algumas escola privadas, que vale a pena ser lido, e onde, a certa altura, escreve: “É de um ridículo atroz dizer que o cancelamento de alguns contratos com colégios privados, — que são negócios legítimos, mas negócios, — tem alguma coisa a ver com o estalinismo.”.

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publicado às 19:27

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Citações políticas e de mentira

Autores: Passos Coelho, seus ministros e apoiantes antes e após as eleições de 2011

Estas citações já foram por demais divulgadas mas é sempre bom avivar a memória que se diz curta do povo

  • Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate (2011).
  • O desemprego é uma oportunidade
  • A emigração era uma forma de sair da zona de conforto
  • Há muitos que deviam pagar impostos e não pagam e são um peso para a sociedade porque não declaram as suas atividades.(fev/2014)
  • Este programa está muito além do memorando da 'troika'.
  • O plano de privatizações da troika não defende todas as privatizações. Nós queremos que isso se estenda aos órgãos de comunicação social.(maio/2011)
  • Portugueses são umas cigarras (não querem trabalhar)
  • Os empresários portugueses são uma cambada de ignorantes
  • Os portugueses devem deixar de ser piegas (2012).
  • O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento.
  • Os portugueses deviam emigrar
  • O desemprego é uma oportunidade
  • A Peste grisalha dita por um dos seus correligionários da JSD?
  • Jovens de hoje arriscam pouco, preferem trabalhar por contra de outrem em vez de serem empreendedores
  • Os portugueses andaram a viver acima das suas possibilidades. É preciso empobrecer.
  • Economia vai crescer a partir do último trimestre deste ano e de forma mais pronunciada a partir de 2013.
  • Os sacrifícios são para todos
  • Nos próximos anos haverá muita gente em Portugal que, das duas uma, ou consegue (…) estar disponível para outras áreas ou, querendo manter-se, sobretudo como professores, podem olhar para todo o mercado de língua portuguesa e encontrar aí uma alternativa (2011)
  • Quero afastar alguns preconceitos, falsos argumentos ou medos infundados baseados na ideia de que existe uma intenção subversiva de natureza ideológica contra o Estado Social. Nada mais absurdo.
  • Transformação das velhas estruturas e velhos comportamentos muito preguiçosos ou, às vezes, demasiado autocentrados

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publicado às 18:58

Confissão

por Manuel_AR, em 30.07.15

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Hoje dia da apresentação dum falacioso e eleitoralista programa de governo da coligação provavelmente não cumprível em muitos dos seus pontos, já não tenho paciência para ouvir o primeiro-ministro Passos Coelho, nem para o escutar com a pouca atenção que ele merece.

Nem o próprio sorriso que, ao pretender fazer-se simpático, se transforma num esgar que se aproxima do gozo cínico de quem está tentar convencer da veracidade do seu discurso e das promessas que sugerem mentira.

De cada vez que o ouço encho-me de arrependimento e propus-me uma confissão que me leve ao exercício do ato de contrição.

Assim, publicamente me confesso e arrependo de ter contribuído para o mal de muitos e penso que me perdoarão do contributo que dei através do voto, assim como outros portugueses e portuguesas, ao que depois se confirmou serem meras mentiras destinadas a levar-nos ao engano.

Pode vir agora dizer-nos que…, bem…., os números estavam errados. Pode dizer muita coisa, lá isso pode, mas não acreditar também podemos.

Eram mentiras de uma pessoa que pareceu convicto e convincente do que dizia, logo credível, logo potencial eleito.

É verdade que o “outro”, o que esteve no governo antes de Passos Coelho, também nos fez muitas “malandrices“, por isso o penalizámos tirando-lhe o poder para o dar àquele. O engano foi fatal. Foi muito pior do que o seu antecessor porque, sobretudo, ansiava há muito pela vinda duma “troika” que o ajudasse a implementar um programa de governo aquilo que antes já estava na sua mente, como ele próprio o disse: Temos que ir para além da troika!

Confesso-me arrependido da traição que cometi ao contribuir para desviar o meu voto para um partido em que, acreditara porque tinha na sua matriz preocupações sociais. Enganei-me. Essa matriz foi sendo desvirtuada pela atual liderança e seus acólitos, vindos da ala direita mais radical da JSD que trocaram a matriz de cariz social pela dum neoliberalismo do tipo bacoco.

Confesso que acreditei naquilo que depois verifiquei serem de enganos e falsas promessas. Mas agora prometo que, em plena campanha eleitoral, não vou acreditar em nada do que prometem nem nas manobras encobertas por narrativas mais ou menos enganosas destinadas ao convencimento dos cidadãos.  

Prometo ainda que nunca cometerei novamente tal pecado político ao votar nos que pretendem mostrar que tudo vai ser diferente e apelam àqueles que hostilizaram durante quatro anos que tudo mudou e vai melhorar (distribuindo aquilo que diziam não haver)  para, depois, e mais uma vez, repetirem novamente o massacre social e económico vestidos com outra roupagem.

A penitência que me inflijo é a de ouvir até à exaustão as narrativas professorais primárias de Passos Coelho e dos seus acólitos, mesmo sabendo que estão a agredir a minha inteligência, por pouca que seja, com a intenção de me enganarem novamente com afirmações enganosas disfarçadas de verdades.

Uma vez já chegou! Bem podem eles agora culpar o diabo, mas o diabo são eles.

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publicado às 18:10

O diabo das promessas

por Manuel_AR, em 27.07.15

 

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Quatro anos de Passos Coelho e do seu governo provocaram nos portugueses divisões e feridas sociais que irão levar muito tempo a sarar e a esquecer.

Diz ele que não lhe interessam as eleições e que, por isso, irá continuar a seguir o mesmo caminho seguido até aqui mas, ao mesmo tempo, vai abrindo aqui e ali “os cordões à bolsa” distribuindo umas benesses que, caso ganhe as eleições, irá recuperar à custa de alguns e a qualquer preço. Os discursos laudatórios ao fim da crise e ao crescimento anémico e vão ter custos agravados ao chegarem ao poder. Serve para obter o poder a qualquer custo.

Não haverá ninguém que não ache positivo a redução ou a eliminação da sobretaxa do IRS, lá para 2016 se a receita fiscal aumentar conforme preveem, (espécie de cenoura para enganar os potenciais votantes que o ajudem a manter-se no poder). É mais uma das artimanhas, mas, entre linhas também vão dizendo que, se a receita fiscal diminuir, este imposto da sobretaxa do IRS pode voltar a subir.

Não é preciso lançar cartas do Tarot para se adivinhar o que vai acontecer caso a coligação, apoiada por Cavaco Silva, ganhe as eleições para justificar recuos no processo de austeridade que, dizem, ter abrandado ou terminado: o perdão ou a reestruturação da dívida grega, uma crise financeira de última hora, a dificuldade do cumprimento das metas do défice por causa das pensões em pagamento, os custos salariais com a educação pública, ou qualquer outra desculpa que não será difícil encontrar no atual contexto europeu, serão o motivo para retirar o que andam por aí a distribuir voltando às mesmas políticas que os moveram até aqui e, se possível, procederem ao seu agravamento.   

Passos Coelho, diz por aí, querer travar um combate sem tréguas às desigualdades sociais e à pobreza, fala em promessas e esperança de prosperidade coisa que esqueceu durante quatro anos escudando-se com o programa imposto no memorando da troika, mas lá ia dizendo que o seu programa era o mesmo e que tencionava ir mais além.

Entre confiar em Passos Coelho e no se acólito Presidente Cavaco mais vale confiar no diabo que, de acordo com a mitologia judaico-cristã, é falso, tentador e perfilha a traição e a arte da manipulação. 

Não podemos esperar da coligação PSD/CDS qualquer mudança de rumo a não ser a continuação da mesma política social, económica e fiscal com que governou até aqui, e o mesmo pensamento político sobre a sociedade.

Passos Coelho entrou para a política pela mão da JSD não por convicção pelos ideais da social-democracia mas por interesse, assim como tantos outros que lá se encontram. Não é por isso difícil perceber a distorção que o partido de que é líder tenha vindo a degenerar e a esquecer as suas raízes.     

Seguir as políticas ditadas pela Alemanha e a dos seus aliados do norte desdenhando o povo do seu país para se mostrar um fiel e bem comportado bom aluno dos “mestres” da destruição duma Europa que se quer mais unida, é outro dos pressupostos convictos de Passos Coelho, talvez como forma de se perfilar para voos mais altos no domínio dos lugares europeus porque, se assim não for não terá emprego. Quem não o conhecer então que se atreva a comprá-lo.

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publicado às 22:52

Eu também quero ter a minha biografia

por Manuel_AR, em 11.05.15

 

Sim, também quero publicar a minha biografia muito rica de uma vida comum de muitas dezenas de anos, mais do que a de Passos Coelho que é um caso paradigmático do corriqueirismo bacoco e dum populismo pessoal eleitoralista e confrangedor.

"Que feitos tem este recente ex-jota para nos dar a conhecer?", diz Maria Helena Magalhães no jornal i.

E, pergunto eu, que factos da curta vida política e pessoal de Passos Coelho nos poderão interessar? Que tem voz de barítono, que canta, que vai à padaria comprar pão para o pequeno-almoço, que ajuda a sua esposa a colocar a louça na máquina, que canta a morna, (mal empregada morna) e outras triviais coisas do quotidiano. Que é isto senão populismo eleitoral para enganar cidadãos para que se identifiquem com ele na vida quotidiana, sem saberem que estão a ser logrados e que isso não é condição necessária nem suficiente para ser um bom líder e, muito menos, governante.

Que riqueza de vida, de dedicação à causa pública e humanista que lhe foram dadas pela JSD que tem a veleidade a ter direito a uma biografia!? A que estado grotesco as personalidades políticas deste país chegaram! A que condição caricata chegou este país que presta homenagem à mediocridade de vidas dos políticos que nos que condenaram  e pretendem ainda condenar por mais tempo à mediocridade de vida os cidadãos que dizem governar.

A biografia de Passos Coelho escrita por uma assessora do PSD omite propositadamente aspetos importantes da vida e carreira política que não seriam abonatórias para a propaganda do perfil a divulgar.

Sobre a referida biografia, Pacheco Pereira escreveu no sábado o seguinte no jornal Público que passo transcrever: 

"A vida política de Passos Coelho, desde a sua passagem pela União dos Estudantes Comunistas, continuando pela sua ascensão na JSD, as suas experiências eleitorais falhadas na Distrital de Lisboa (uma delas comigo, em que perdeu), a sua campanha autárquica na Amadora, tudo isso parece à autora irrelevante. O mesmo se passa com a vida profissional de Passos Coelho, assombrada de “casos” como a Tecnoforma, os não pagamentos para a Segurança Social, e outras obscuridades, que não merecem à autora sequer o esforço de tentar ir mais longe. Fala deles porque tinha que falar, mas enuncia-os mais do que os relata. Aliás, repete uns mitos circulantes sobre a resistência “heróica” de Passos Coelho a Cavaco Silva na JSD, de que o mínimo que se possa dizer é que não foi bem assim. Para além do facto de as propostas de Passos e da JSD serem aquilo que ele hoje demonizaria como “despesistas”, as más relações entre Passos e Cavaco tinham a ver com outras razões como seja o facto de haver sistemáticas fugas de informação das reuniões da comissão política, por singular coincidência centradas nas próprias intervenções de Passos Coelho, muitas vezes confusas e incompreensíveis. 

É que há um traço de carácter evidente na biografia real de Passos Coelho, completamente omitido, a sua ambição política e a sua capacidade de orientar a sua carreira para esses objectivos e, mais do que isso, o facto de ele ter sido de há muito o candidato apoiado e preparado e levado ao colo por certos grupos internos no PSD e certos grupos de influência e interesses com um pé dentro e outro fora do PSD. Passos foi, como dizem os ingleses, grooming, treinado, preparado e promovido para chegar onde chegou e foi, como se viu, uma boa escolha."

A biografia de Passos Coelho não é mais do que um panfleto autopromocional para captar votos com base num perfil pessoal fraco em vez dum projeto político consistente para Portugal.

 

 

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publicado às 13:12

As más práticas na política

por Manuel_AR, em 03.05.15

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Ao longo destes últimos anos face a factos que têm ocorrido relativamente a elementos do Governo tais como vistos gold, exceção feita ao ministro Miguel Macedo, listas VIP, caso Tecnoforma e impostos do da segurança social em Passos Coelho esteve envolvido, tem havido uma relutância em admitir admissões mesmo em casos gravosos, chutando sempre para o lado as responsabilidades políticas.

Esta prática parece ser originária da JSD - Juventude Social Democrata onde parece que se aprendem as más práticas da ética política. Já em 1998 houve uma situação de recusa de demissão por parte de Moreira da Silva então presidente da JSD.

Na altura Moreira da Silva, segundo notícia publicada pelo jornal Primeiro de Janeiro em 8 de maio de 1998, recusou demitir-se apesar da contestação da sua liderança. Moreira da Silva em conferência de imprensa na sede nacional do PSD já na altura dizia que "Era o que faltava desertar quando os militantes me elegeram há cerca de quatro meses só porque há meia dúzia de notícias nos jornais ou meia dúzia de conferências de imprensa que me convidam a sair". Quem havia de dizer que o atual primeiro-ministro viria a esgrimir idênticos argumentos.

A JSD parece ser um local de tirocínio para as más práticas na política.

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publicado às 20:13

Comentaristas e enganadores

por Manuel_AR, em 16.03.15

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Os comentadores políticos, a maior parte deles militantes do PSD, têm a pretensão de serem isentos e vão dando aqui e ali umas novidades dos acontecimentos políticos da semana que dizem de fonte segura que não revelam interpretadas à sua maneira. Aqui e aí lançam umas novidades, fazendo-se muito bem informados. São canais de propaganda que o Governo utiliza para veicular certas informações. Trabalham os acontecimentos políticos da atualidade mostrando-se isentos nas suas análises mas sempre tendo na mira a oposição que é feita ao Governo que apoiam. Aqui e ali vão dando umas pinceladas criticando medidas que vêm da sua área partidária, mas isso faz parte da estratégia na arte de convencer quem os vê e ouve.

São sujeitos da retaguarda da propaganda do Governo cujas opiniões tendem a influenciar as já formuladas por outros através de canais de televisão de maior audiência e popularidade em horário nobre e, não raras vezes, provocam ruído comunicacional. São exemplo mais mediático Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, Morais Sarmento entre outros comentadores, alguns ditos jornalistas que, quando convidados mostram tendência interpretativa sempre para o mesmo lado.

Não admira que Marcelo Rebelo de Sousa, se for candidato a Presidente da República, tenha grande aceitação por parte de muitos que ouvem as suas pantomimices pois são estudadas ao abrigo duma pretensa isenção de modo a conduzir ao engodo.

Podemos fazer um pequeno exercício supondo que, no atual contexto governativo, em vez de Cavaco Silva seria Marcelo Rebelo de Sousa o Presidente da República. Claro que não haveria qualquer semelhança e, com certeza, não faria muitas das tristes figuras do atual, disso não tenho dúvida.

Todavia, é legítimo questionarmos qual seria a atitude do Presidente, caso fosse Marcelo Rebelo de Sousa, ao longo destes últimos três, quatro anos, nas mesmas circunstâncias políticas? Teríamos ainda este Governo tal como o temos hoje? Sim, digo eu. Outros dirão que teria feito intervenções que pudessem influenciar muitas das medidas do Governo. Talvez, digo eu. Isso resultaria? Não, digo eu. Outros dirão ainda que já teria chamado o primeiro-ministro para lhe dar um "raspanete". Só se fosse como ilusão mediática, diria eu? Um meu vizinho diria também que talvez conseguisse mais habilmente consensos com o Partido Socialista do que o atual Presidente. Duvido, responderia eu.

Quando se fala em eleições para a Presidência da República ter um Presidente da República da mesma área partidária do Governo é o mesmo que apostarmos numa ditadura em regime democrático. Contradição ou talvez não!

Uma maioria, um Governo, um Presidente teria sido muito eficaz nos anos em que Sá Carneiro esteve à frente do PSD que atualmente está dominado por uma espécie de extrema-direita de ideologia primária, sem escrúpulos, inculta, apoiada em compadrios e conhecidos vindos das "Jotas" ansiosos por um emprego público que lhes dê uma carreira que nunca teriam nem encontrariam no mercado de trabalho . Veja-se o caso da Segurança Social e das nomeações.

Montagem a partir de uma composição de Norbert Lieth

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publicado às 15:57

Os “hooligans” da política

por Manuel_AR, em 18.01.14

Em sentido lato “hooligan” significa um indivíduo ou grupo que tem um comportamento destrutivo e desregrado, por vezes até violento (a violência não é apenas física) e tem sido usual utilizá-lo quando se trata de futebol. Passa a não ser despropositado utilizá-lo também em contextos dos políticos.

O que se passou no final da semana com a questão do referendo sobre a coadoção é demostrativo do que acabo de afirmar. A deputada Isabel Moreira acusou a iniciativa por parte da JSD de “bulling” político eu iria mais longe e chamá-la-ia de hooliganismo político.

Paulo Rangel no programa de ontem da Prova dos Nove da TVI24 ao comentar a decisão do seu partido sobre a coadoção afirmou que não deveria ser a turba popular através de um referendo a decidir sobre matéria tão sensível. O termo utilizado por Rangel para designar o povo português, no meu entender, foi infeliz. O que me escandaliza não é a utilização do termo por Rangel num momento mais emocional da sua intervenção mas sim a asserção e a conceção que o partido dele tem do que representa o povo português, um magote de gente pela qual não se tem qualquer consideração a não ser quando são necessários os seus votos.

Os hooligans políticos da JSD, com a conivência do presidente do partido e do líder parlamentar do PSD começam a vir à tona revelando a sua verdadeira natureza de espécimes totalitários ao validarem uma prática pouco democrática de disciplina de voto para um referendo cuja oportunidade e legalidade dão mais do que discutíveis, não sendo mais do que uma cortina de fumo para ofuscar assuntos mais gravosos com que os portugueses se confrontam.

Sou muito cético quanto à lei da coadoção, uma posição quiçá conservadora, contudo, acho que já houve, e há, assuntos sobre questões nacionais importantes que deveriam ter sido referendados mas não o foram. Porquê agora esta encenação para referendar uma questão muito particular de direitos humanos de minorias que não são uma questão nacional relevante.

Pode haver uma razão para este hooliganismo por parte da JSD e do PSD, que os comentadores não têm abordado, que é a de poderem ficar nas boas graças da igreja católica pois tem havido uma campanha por parte do patriarcado de Lisboa a defender o referendo como uma boa solução. Mais uma vez a igreja a intrometer-se em que questões políticas.

O PSD cavalga esta onda, e como se tem visto as sondagens não lhe são nada favoráveis, é uma oportunidade para apoiar a igreja porque sempre pode ser uma ajuda.

 

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publicado às 18:05

Direita portuguesa, eis a questão

por Manuel_AR, em 29.11.13

 

Luís Rosa no editorial do Jornal i de hoje faz incursões pela direita e pela esquerda partindo da Constituição diz, vejam só, ela pretender "abrir caminho para uma sociedade socialista". Temos visto que, ao longo dos quase 40 anos de democracia, a Constituição em nada tem obstado à iniciativa privada, ao enriquecimento ilícito e lícito de alguns, ao crescimento de muitas empresas privadas portuguesas e estrangeiras[i].  

Continua dizendo que, por a "constituição não ser neutra há um preconceito cultural contra tudo o seja denominado de direita". Será que eu estou a perceber bem? Então, e nas últimas eleições, o complexo cultural contra tudo quanto seja de direita sublimou-se na atual maioria?

Leio sempre que posso, por vezes sem agrado, os editoriais do jovem Luís Rosa - comparado comigo é um jovem -, que terminou o curso na Lusófona no ano em que entrei como professor para uma das instituições de ensino superiores do grupo, (não, não passei alunos ao género do Relvas), apenas sabe do que foi a ditadura pelo que lhe dizem ou leu. Tenho a certeza de que sabe que houve durante estes 40 anos governos de direita.

Refere ainda que os últimos acontecimentos relativos às declarações de Mário Soares e da ocupação simbólica dos ministérios são "exemplos inimagináveis em democracias maduras como a inglesa ou francesa.". Diz bem, democracias maduras! Pelo menos a de Inglaterra já tem mais de quinhentos anos. Recordam-lhe estes factos a anarquia do radicalismo político da Primeira República e reforça que não se compara com a "luta política normal de um estado-membro da União Europeia". Que luta política na europa? A Europa está estabilizada com as suas direitas, não selvagens, em termos socias.

Viveu por acaso Luís Rosa numa anarquia para a comparar com as manifestações de descontentamento popular que se têm verificado. Se acha que são comparáveis então estamos mal porque o problema então apenas se resolveria com uma ditadura.

Mas o essencial é que a direita portuguesa não tem qualquer paralelo com as que lhe servem de comparação porque as direitas europeias (fora as extremas direita radicais) não sujeitam os seus povos a torturas sociais, nem colocam em segundo lugar as pessoas através de formas iníquas e critérios vincadamente ideológicos, próprios do radicalismo neoliberal como as do famigerado tempo de Thatcher.

Ainda ontem o ministro da economia Pires de Lima numa entrevista na TVI24  afirmou que a "austeridade tem sido seletiva" (nos momentos selecionados no portal da net da TVI essa afirmação não consta). Aqui está a equidade desta direita: atingir apenas alguns com a austeridade.

Esta direita portuguesa não é a direita europeia, é uma direita que se baseia, apenas e só, nos interesses dos seus clientes partidários e criar lugares na função pública para os amigos dos amigos e para os ansiosos por lugares que proliferam nas "jotas". Não tem sentido de Estado nem defende Portugal perante as interferências, ameaças e agressões verbais exógenas sobre as instituições democráticas (veja-se o caso do T.C.).

Nos países em que a direita está no poder os governos não tem procedido à destruição violenta dos seus estados sociais, salvo alguns ajustamentos necessários, nem atuam contra as Constituições, nem transformam estados em assistencialistas como esta direita tem feito e continua a fazer em Portugal.

Não defendamos o indefensável com passados recentes nem nos iludamos, a direita em Portugal nada tem a ver com a direita verdadeiramente democrática dos países europeus.

Será isto pensamento de esquerda? Se assim for então sou de esquerda.

 


[i] Veja-se o caso da Sonae por exemplo. http://www.sonae.pt/pt/sonae/historia/

 

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publicado às 19:03


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