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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Ao fim de alguns meses cá volto ao João Miguel Tavares que nos prenda com os seus comentários de opinião, por vezes jocosos, por vezes sem jeito, por vezes ridículos, por vezes parciais, por vezes temperados com azedume, por vezes sem interesse, por vezes com oportunidade.
Desta vez ficou enxofrado com o comentário pouco abonável, e posso dizer até ofensivo, como veremos adiante, com o que Secretário de Estado da Energia João Galaba fez em relação a um tal Clemente Pedro Nunes apresentado por JMT como engenheiro químico, especialista em energia e professor jubilado do Instituto Superior Técnico. Apresentação feita para que mereça credibilidade e respeito. Como se o merecimento do respeito estivesse apenas nas cátedras e nos cargos que se ocupam.
Há aldrabões em todo o lado nem precisamos de uma lanterna como o fez o filósofo grego Diógenes que aparecia pelas ruas de Atenas em pleno dia, segurando uma lamparina gritando que estava à procura de um homem honrado e que não encontrava nenhum, e ia afastando os que se cruzavam no seu caminho, dizendo-lhes que não eram mais do que escombros.
Desconheço quem seja o douto professor do Instituto Superior Técnico nem tão pouco irei tecer considerações, juízos de valor e de intenção sobre ele, cingir-me-ei apenas ao comentário do artigo de opinião de JMT.
A questão ocorre a partir duma entrevista dada por Clemente Pedro Nunes, professor do Instituto Superior Técnico (IST) na SIC Notícias onde acusou o Governo de querer “dar mais dinheiro aos do mesmo” com a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (ENH) que foi aprovada em Conselho de Ministros, na passada quinta-feira.
João Galamba reagiu de forma dura dizendo que “É um aldrabão e um mentiroso do pior. Não há outra forma de descrever esse cavalheiro. Chama-se Clemente Pedro Nunes e é um aldrabão encartado.”, respondeu João Galamba num twitte. Não concordo com este tipo de linguagem como argumento político o que mostra falta de qualidade que se exige a um político em exercício
João Galamba quando é confrontado com críticas aos seus pontos de vista torna-se irritante e irritadiço especialmente para muitos que não se acomodam com a sua exagerada assertividade com os tiques que JMT acusa de serem iguais aos de José Sócrates. É uma espécie de clone.
Neste ponto todos temos os nossos pontos fracos porque com mais ou menos relevância os nossos gestos ou atitude podem ser uma característica de aproximação e parecença com a de outras pessoas que fomos adquirindo inconscientemente ao longo na nossa vida por aprendizagem vicariante, isto é, por aprendizagem social, o que foi demonstrado por Albert Bandura. Aprendemos assim a observar os outros. A observação de “modelos” exteriores acelera mais a aprendizagem do que se esse comportamento tivesse de ser executado como aprendentes.
Sendo um acérrimo crítico de José Sócrates, a quem tem aversão de vária ordem, JMT transfere para Galamba essa espécie de ódio de estimação por encontrar nele atitudes e comportamentos idênticos.
O artigo de opinião de João Miguel Tavares centrando-se apenas na análise do comportamento na atitude de João Galamba. Não lhe interessa o cerne da questão, não se preocupa em saber da validade da Estratégia Nacional para o Hidrogénio e qual a validade dos argumentos dos dois protagonistas e se, neste processo, a questão de facto que ambos apresentam é circunstancial ou de evidência e se a dita estratégia trará, ou não, prejuízos ao país.
Não é novidade que especialistas das mesmas áreas do saber quando chamados a comentar certas decisões sobre projetos dos governos tomam posições diferentes sobre matérias da sua especialidade. Tem sido assim nas questões dos aeroportos, dos incêndios, do ordenamento das florestas, pontes, ferrovias, barragens e agora sobre a estratégia energética.
Quando se trata de questões que envolva decisões de ordem política as divergências entre especialistas das mesmas áreas científicas os argumentos a favor ou contra têm mais a ver com questões ligadas a pontos de vista de ordem partidária e ideológica. Procuram-se e defendem-se argumentos de ordem científica que possam contrariar ou facilitar os pontos de vista das decisões políticas dos governos sobre os quais estão a favor ou contra. Tais cientistas ficam tão cheios dos seus argumentos que esperam que todos concordem com eles e atacam-se uns aos outros sem dizerem o que era ou o que havia de ser. Em respostas à fraqueza dos argumentos apenas se obtém frases de lixo, coisas como as que os ministros respondem quando não têm resposta nenhuma.
Escreve Miguel Tavares imbuído de um êxtase axiológico: “São declarações absolutamente inaceitáveis, e num país mais exigente com o comportamento dos seus governantes ele estaria no dia seguinte no olho da rua.”. Que elementos de governos, mesmo fora de Portugal, que estariam no meio da rua se atendêssemos ao que eles propagam nas redes sociais. Esquece-se JMT que as redes sociais estão a ser o lugar privilegiado para governantes tecerem e justificarem os seus pontos de vista, ofenderem políticos, propagar ideias antidemocráticas, deixarem recados aos seus adversários políticos e fazerem comentários e críticas não raras vezes lançarem notícias falsas cujo exemplo manifesto é o do presidente dos EUA Donald Trump. Infelizmente parece que este tipo de políticos acha serão mais admirados pelos “outros”, aqueles a quem se dirigem, que terão a mesma linguagem.
As afirmações de Galamba sobre Clemente Nunes no Twitter são, de facto, uma traulitice verbal no Twitter, mas muito pior vê-se neta e noutras redes sociais. Miguel Tavares acha que “para além do insulto descarado, essas declarações importam sobretudo enquanto método de impor um pensamento único à sociedade portuguesa, que era típico dos tempos de José Sócrates, e que Galamba procura agora emular”. Achar que criticar o que alguns dizem, mesmo não correspondendo à verdade, utilizando o insulto, o que é reprovável, é pensamento único é mergulhar no exagero e no caricato.
No confronto e no discurso politico-ideológico é suposto que a argumentação dos opositores vá no sentido de que o seu pensamento é o único e verdadeiro e que ambos se tentam impor. Nas redes sociais há cada vez mais lixo informativo, falsas notícias, insultos e instigação ao ódio propagado também por responsáveis governativos. Há quem as utilize com desmesurada falta de ética que conduzem e coagem a uma espécie de pensamento único em que os discordantes são assediados com ameaças e insultos.
Este caso não merece o tempo que JMT lhe dedicou, caso tivesse ocorrido com alguém ideologicamente da sua preferência não lhe teria valido o tempo de escrita que lhe ocupou.
Maria Luís Albuquerque veio sobre o mesmo assunto dizer que foi dito aquilo que não foi dito. Mas afinal foi o que foi dito e não o que ela disse. Percebem o trocadilho?
Nem sequer merece a pena comentar em pormenor a intervenção do primeiro-ministro no encerramento das jornadas parlamentares da maioria PSD/CDS onde Paulo Portas nem sequer apareceu. Foi uma intervenção digna para um comício do desvairo onde se ataca tudo quanto mexa, discorde e não apoie a sua política desvairada. Podermos comparar o desvairo do primeiro-ministro e do governo a um manicómio onde os loucos tomaram o poder e o governam.
Perdeu-se todo o sentido da realidade chamando inverdades às críticas que são feitas a tudo o esteja mal e sai do governo. Não admite a crítica e, todos quanto o façam, jornalistas e comentadores são mentirosos, preguiçosos e não estudam. Esquece-se dos deputados e comentadores do seu quadrante político, esses sim mentem com o propósito de confundir. Entrámos de facto no domínio do desvairo.
Veja-se o caso do Orçamento do Estado para 2015, quando surge na comunicação social, Jornal de Negócios, uma simulação, efetuada com base na proposta de lei aprovada pelo Conselho de Ministros no dia 16 de outubro seguida de uma conferência de imprensa onde não foi divulgada qualquer salvaguarda para aqueles casos, mostrando que as deduções no IRS prejudicavam as famílias sem filhos e com um filho.
A divulgação da simulação levou posteriormente a atabalhoadas intervenções e desmentidos pelo secretário de Estado anunciando uma salvaguarda para aqueles casos, isto, após já ter sido apresentado o projeto aprovado pelo Governo. Sem apresentar a proposta de lei o secretário de Estado tecendo um conjunto de afirmações e considerações sobre a reforma do IRS antes de divulgar a proposta de lei.
Maria Luís Albuquerque veio sobre o mesmo assunto dizer que foi dito aquilo que não foi dito. Mas afinal foi o que foi dito e não o que ela disse. Percebem o trocadilho? Mas Maria Albuquerque vai mais longe quando afirma que afinal os portugueses vão ter mais poder de compra porque as pensões não foram cortadas exceto as mais elevados e que os funcionários públicos recuperam poderem de compra porque parte dos salários não foram cortados. Descaramento ou esquecimento?
O Governo criticou de forma veemente o Tribunal Constitucional quando este se opôs, face à constituição, a cortes nos salários e nas pensões, mas agora vem na voz da ministra das finanças dizer que foi tudo por obra do Governo e deste orçamento que tal aconteceu. Será isto uma inverdade ou uma mentira?
Quanto a mentiras, considerações atabalhoadas e outras, o primeiro-ministro é pródigo e tem memória curta porque afinal quem mentiu foi ele quando estava ciente da subida ao poder que os portugueses lhe iriam oferecer de mão beijada, a ele e ao seu atual apoiante Presidente da República.
É tempo de desmascarar os embusteiros do reino.
Recordemos estas passagens de afirmações de Passo Coelho:
Estes senhores não têm qualquer respeito por quem os colocou no poder. Mentem, omitem, desmentem sem qualquer pudor a verdade, mudam o que não devia ser mudado apenas para dizer que mudaram, alteram, repõem, misturam, deturpam. Mais do que isto não é possível. Governo de loucos para loucos e parvos que julgam ser os portugueses, mas que não o são.
Nas trocas e baldrocas este Governo revela apenas uma dissonância cognitiva devido às inconsistências entre algumas experiências, crenças, atitudes que desencadeiam um estado desagradável que tentam reduzir reinterpretando algumas das suas decisões e experiências, a fim de as tornar consistentes com as restantes.
João Galamba, num artigo de opinião no Diário Económico afirma, que "O Orçamento do Estado para 2015 é um documento que lamenta o facto de o Governo não ter podido cortar toda a despesa que queria, mas que celebra os efeitos dessa impossibilidade. É um documento que se vangloria de devolver pensões e salários, mas que jura querer regressar aos cortes estruturais na despesa pública (leia-se salários e pensões). É um documento que diz praticar a ética social na austeridade e apoiar a família e a natalidade, mas que se propõe cortar 100 milhões de euros em prestações sociais para as famílias mais pobres, incluindo prestações sociais que não existem. Se queriam uma imagem de um governo esgotado e em dissonância cognitiva, aqui a têm."
Para Passo Coelho e o seu Governo estamos todos enganados, eles é que estão certos. Presunção e água benta, cada qual toma a que quer.
Imagem de: https://wehavekaosinthegarden.wordpress.com/category/governo/
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