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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Durante o fim de semana da Páscoa foi um alívio não ter que apanhar sistematicamente com o primeiro-ministro Passos Coelho a entrar em casa pela porta dos canais televisivos de informação dos noticiários dos canais generalistas. Se entrou foi discretamente porque não o vi e ainda bem.
Não tenho nada contra os canais de televisão que têm o dever de informar o que anda por aí a fazer o primeiro-ministro. Aliás ele vai fazendo todos os possíveis por aparecer na sua campanha eleitoral, digo, pré-eleitoral.
Passos, durante as suas digressões pelo país, vai parando aqui e ali para umas inauguraçõezitas e uma ou outra reunião com estes, ou com aqueles. Faz-me lembrar um mestre-escola, antiquado professor do ensino primário com as suas preleções dum magister dixit, do tipo que não admite discussão. Enfim, talvez consiga uns votitos a mais que lhe deem jeito.
Até a história de Portugal lhe serve para o efeito. Depois de ter eliminado o feriado do primeiro de dezembro, comemoração da restauração da independência e da nossa soberania em 1640 que nos manteve, durante quarenta anos, sob domínio espanhol, o primeiro-ministro Passos Coelho, numa intervenção na localidade de Fronteira, piscando o olho ao voto das forças armadas, recordou a Batalha de Atoleiros em 1384 em que o exército português, comandado por Nuno Ávares Pereira, venceu as forças castelhanas. Se isto não é para rir o que será então?
Fala sobre tudo e vende a "sua banha da cobra", panaceia para todas as graves maleitas que atormentam o país. Tece elogios ao melhor dos mundos possíveis que é Portugal que ele ajudou a destruir, mas diz ter criado e melhorado, ao fim de quatro anos com uma maioria atabalhoada que governa por navegação à vista, fazendo tudo em cima dos joelhos das sumidades políticas, sem quaisquer avaliações de impactos. Sai mal? Tudo bem. Depois corrige-se. Esquecem-se que governam para as PESSOAS.
Passos Coelho defende até à saciedade elementos do seu governo com responsabilidades políticas que têm cometido erros graves que, em qualquer outro país não do terciro mundo, causariam demissões. Por cá, demitem-se ou obriga-se secretamente a demitir quem não tem responsabilidades políticas e, no limite, coloca-se-lhe uma ação em tribunal ou um processo disciplinar. Para cúmulo da hipocrisia fingem ter determinados princípios, ideias, opiniões ou sentimentos mas passam a seguir diligentemente a regra da omissão da responsabilidade política que eles próprios criaram.
Mas não ficamos por aqui. Começaram a lançar mais uma regra: colocar em causa a credibilidade das estatísticas do INE -Instituto Nacional de Estatística quando não lhes agradam os valores divulgados.
Quem iniciou esse estigma foi o próprio Pedro Passos Coelho confrontado pela oposição com os números de desemprego. Ele e um dos seus acólitos deputado, em pleno Parlamento, levantaram dúvidas sobre a divulgada revisão em alta da taxa de desemprego. O tal deputado chegou mesmo a dizer que "é preciso que o INE explique de forma muito clara como é que chega aos resultados e por que é que as estimativas para a taxa de desemprego têm variações tão significativas.". O que entretanto já foi mais do que esclarecido. O desemprego está mesmo a subir.
Mas há mais. Na passada terça-feira foi a vez do ministro da saúde, Paulo Macedo, colocar em causa um estudo do INE publicado no Dia Mundial da Saúde publicado na passada segunda-feira, aponta entre outras situações, para a diminuição do número de camas de internamento nos hospitais públicos e o aumento do crescimento dos hospitais privados. Paulo Macedo reagiu considerando que é uma "tolice" a comparação. Basta lermos o estudo para questionarmos qual será a competência de Macedo em análise e tratamento de dados estatísticos para criticar a credibilidade do INE. Ele e o seu primeiro estão em consonância. Não lhe agradam os números? Temos pena!
Réplica da Torre de Belém no Mindelo
Ilhéu de S. Vicente
Ilhéu e a Ilha de Santo Antão com a neblina
Cidade do Mindelo vista do lado extremo oposto da baía
Baía João d' Évora na face Norte da Ilha de São Vicente
Resort Foya Branca na Praia da São Pedro
Hoje, 5 de julho, o povo de São Vicente e de todo o arquipélago de Cabo Verde viveu e comemoraram os 39 anos da independência, este ano descentralizados.
Encontro-me na cidade Mindelo onde assisti a alguas da comemorações que tiveram grande adesão popular. Povo que vibrava sempre que a sua bandeira era apresentada durante as várias exibições de ginástica, prática de diversas modalidades de defesa pessoal, exercícios de aplicação militar e combate corpo a corpo, todas amplamente aplaudidas pelo povo que enchia o estádio Adérito Sena. Na véspera, no centro cultural do Mindelo atividades culturais com a exibição da banda do exército e do grupo coral de uma escola
À noite num palco instalado na Rua de Lisboa, frente ao Palácio do Povo, assistia-se a um concerto de música de popular de Cabo Verde por jovens e promissores artistas que proporcionaram um espetáculo de grande qualidade musical.
As minhas relações com Cabo Vede são de família e, como tal, sinto-me em casa.
A opção deste governo, de eliminar o feriado do 1º de dezembro a partir do próximo ano revela a ignorância e o desprezo pela cultura histórica e política de Portugal e pelo povo português. Não se trata de gozar mais ou menos um feriado num ano, mas o desprezo que estes senhores têm pelo nosso passado histórico, que lhes advém da formação que pagaram em universidades privadas, algumas de duvidosa qualidade e seriedade. Recordo-me, por exemplo, da extinta universidade moderna para não falar de outras que, apesar de terem qualidade pecaram ao oferecer licenciaturas que não deviam, o que levou a que a qualidade do ensino fosse posta em causa por uma condenação pública precipitada, que adveio do oportunismo de alguns deste senhores que nos governam.
Mas isto é revelador da fraca formação que compraram. O dia da restauração de Portugal tem um significado patriótico da restauração da nossa soberania e independência, da então monarquia portuguesa. Não por que eu tenha qualquer simpatia por tal regime político, mas porque o que estava em causa era precisamente a refundação da nossa independência e soberania, coisa que, hoje em dia está cada vez mais nas mãos de terceiros e que se agravou nos dois últimos anos.
Recordo-me, aquando da polémica sobre os feriados a eliminar, de ouvir alguns responsáveis no governo dizerem que este tipo de feriados já não diz nada às atuais gerações. Este argumento apenas confirma o que afirmei anteriormente, ignorância total sobre a nossa história e cultura e a falta de sentido patriótico.
O lamentável é que a ignorância atávica desta nova classe política deve desconhecer que, por exemplo, os Estado Unidos da América festejam com pompa e circunstância o seu dia da independência (Independence Day a 4 de junho). Acham de facto que as gerações atuais dos EUA desconhecem o significado daquela data e que a deixam de festejar? Seria impensável! Mas em Portugal é tudo pensável basta vermos e ouvirmos as entrevistas do primeiro-ministro.
A Alemanha tem um feriado oficial a 3 de outubro 2013 o Tag der Deutschen Einheit (Dia da Unidade Alemã) feriado oficial na Alemanha.
Em França no dia 14 de julho o feriado da Fête National de la France, data revolucionária francesa que se tornou festa nacional, e que é também conhecida como “o Dia da Bastilha" pois foi neste dia que foi tomada a prisão da Bastilha. Será que também aqui as atuais gerações que também não viveram o acontecimento deixaram de festejar este dia? Em Portugal há datas marcantes que são símbolos da nossa história como a Restauração de Portugal, o 5 de Outubro e o 25 de Abril que muitos querem fazer esquecer.
O mais grave é que as imposições vindas do lado da europa do norte, que não têm a mínima noção das tradições e cultura portuguesas são seguidas com reverência, seguidismo e sobreserviência, traindo o país, a sua cultura própria e os nossos princípios e valores sociais, coisas das quia aqueles países nunca abdicam. Passámos a ser uns "paus mandados".
A Restauração da independência que libertou Portugal de sessenta anos de domínio espanhol teve várias causas sendo as seguintes as mais relevantes:
O que atualmente se vê é outro tipo de traições ao povo português por sujeitos sem sentido de estado, nem patriotismo, que ocupam o poder por questões pessoais que têm a ver, sobretudo, com a sua carreira ou, ainda, porque fora dos governos e da política, a maior parte deles não encontra ocupação.
Veja-se este estrato elucidativo do que foi a restauração da soberania portuguesa, extraído da História Concisa de Portugal pelo Prof. Hermano Saraiva:
“A revolta assumiu a forma de uma operação de surpresa sobre o palácio real. Em 1 de Dezembro de 1640, entraram de súbito no paço quarenta fidalgos, forçando as guardas, e procuraram o Secretário de Estado Miguel de Vasconcelos, cuja morte tinha sido previamente decidida. Abateram-no e forçaram a duquesa de Mântua, prima do rei de Espanha e vice-rainha, a escrever ordens para que as guarnições castelhanas do Castelo de S. Jorge e das fortalezas do Tejo se rendessem sem resistência. Só depois de concluído o golpe foi pedida a intervenção do povo. "Às dez horas do dia - havendo uma que o caso acontecera - andavam as mulheres apregoando peixe pelas ruas, fruta e mais coisas de venda, e nas praças e ribeiras [estavam] as padeiras e tendeiras com aquela paz e repouso que pudera haver se o negócio fora uma coisa de pouco mais ou menos...", diz um memorialista que tomara parte no assalto ao terreiro do paço. Todo o País aderiu à revolução, mal teve notícia dela. Algumas centenas de estudantes portugueses da Universidade de Salamanca voltaram para Portugal, para se alistarem nas fileiras. Mas dos numerosos nobres que se encontravam na corte de Madrid, quase todos ficaram ao serviço de Filipe IV.”.
Como é fácil perceber, os tais que se diziam patriotas e com sentido de estado, quando ao serviço do governo dos Filipes, preferiram manter os seus cargos ao serviço de Espanha do que voltar para servir Portugal.
Sobre as analogias que se podem fazer com a atualidade, cada um que faça as suas.
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