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Geronto-nazismo

por Manuel_AR, em 24.05.13

 

A intolerância, a perseguição e a discriminação de quaisquer grupos específicos seja por motivos rácicos, políticos ou outros entram no campo da ideologia neonazi. A estes movimentos neonazis são atribuídos crimes que, em certos casos, se podem classificar como genocídios. Apenas como curiosidade veja-se apenas um pequenino extrato da doutrina nazi: “… algumas culturas… eram vistas como parasitária ( Subhumans ), principalmente judeus, mas também ciganos, homossexuais, deficientes e os chamados antissociais, os quais foram considerados lebensunwertes Leben (indignos da Vida), devido à sua deficiência percebida e inferioridade.” A isto faltaria, talvez, acrescentar os idosos.

 

Há um aumento generalizado da extrema-direita na Europa ao qual as notícias em Portugal não têm dado muita relevância a não ser por altura de eleições ou quando há sondagens em alguns países europeus como, por exemplo, em França com o crescimento do partido Frente Nacional da extrema-direita. Nem sempre alguma direita radical estará conotada com os movimentos neonazismo mas, na sua maior parte, muitos destes grupos formados essencialmente por jovens têm vindo a infiltrar-se naqueles partidos mais à direita. 

 

Uma eurodeputada holandesa do grupo dos Socialistas e Democratas afirmou à Euronews que “Estes grupos antigamente marginais estão a crescer cada vez mais. O que é assustador é o facto de os partidos de direita se apropriam desse discurso e o colocam em prática”.

 

Em Portugal, nos últimos meses, o Governos e os seus apoiantes têm fomentado uma animosidade relativamente ao vasto grupo de idosos reformados e pensionistas. As abordagens neonazis podem começar, por exemplo, com afirmações como as do deputado do PSD, Carlos Peixoto, (para quem não o conhecer basta clicar no nome), ao dizer ou escrever que: “A nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha." E acabou assim: "Se assim não for, envelhecemos e apodrecemos com o País.". É este o pensamento de um deputado do PSD. Digam-me se isto tem ou não contornos de um neonazismo que, com mais propriedade, qualifico com um novo léxico: geronto-nazismo.

 

A exaustão pela asfixia financeira dos idosos, obrigados a descontar, enquanto no ativo, durante dezenas de anos para terem direito a uma reforma proporcional aos seus rendimentos, não se verifica somente pela obrigação de descontos para o IRS (coisa nunca vista em nenhum país), taxas especiais de solidariedade (inversão dos fatores!), cortes nas reformas e outras que seguirão, levando ao empobrecimento progressivo. Acresce a tudo isto o aumento do IMI, das rendas de casa, da eletricidade, do gás, da água, dos transportes, dos bens de primeira necessidade que, para quem defende tudo isto, acham que são supérfluos, mesmo a alimentação. Até parece que se pretende que este grupo social já não precise de se alimentar convenientemente para morrem mais rápido. É este o pensamento de quem nos está a governar e que, por lapso, muitos colocaram no poder porque fizeram crer que iriam salvar os portugueses, sabe-se lá de quê, e cada vez mais os afundam sem retorno.

 

Pretendem os que nos governaram e governam, assim como certo capital financeiro, colocar a culpa do infortúnio da situação portuguesa sobre os reformados, isentando-se das causas que nos conduziram a esta situação.   

 

São jovens (pelos quais tenho e sempre tive muita estima visto que também sou pai e professor) são agora a classe suprema e especial que se deve sobrepor a tudo e que se incentivam a culpabilizar os mais velhos por serem os causadores do desemprego dos jovens, entre outro disparates, como em tempo disse um senhor que, bem-vinda a hora, já saiu do Governo, para provocar divisões e rutura na coesão social.

 

Os senhores que defendem aquele tipo de ideias, não vão com certeza encontrar a fonte da eterna juventude, mas saberão na altura, quando chegar a vez deles, tomar medidas para se protegerem.

 

A tudo isto resta apenas acrescentar o que alguns poderão estar a pensar: Temos que arranjar para os velhos uma solução final, natural e subtil, através da exaustão por asfixia financeira até à morte, porque não polui o ambiente.

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publicado às 22:23

O IMI a Igreja e a indignação

por Manuel_AR, em 18.10.12

 

Nós, portugueses, somos o melhor povo do mundo, mas estamos condenados ao inferno. 

Há certas coisas em que temos que colocar a emoção de lado quando se fala ou se escreve, e não se deve sobrepor à razão mas, as às vezes, nem sempre é possível face às opções, discriminatórias que os governantes tomam.  

O caso do IMI-Imposto Municipal sobre Imóveis é um deles. Já pensaram que os estádios de futebol e as propriedades da Igreja não pagam IMI e que ultrapassm os muitos milhões de euros? Compreendo que os edifícos que sejam templos de qualquer religião devam ficar isentos, mas e as outras propriedades e que são muitas? E o mesmo se pode dizer dos campos dos clubes desportivos.

Penso haver algum receio, por parte da igreja, na pessoa do Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa, pelas manifestações que o povo faz na rua face a tudo o que se está a passar e ultrapassa as marcas do possível. Aliás isto não é novidade, porque a igreja foi sempre, através dos séculos, aliada do poder sempre e quando ele éera mais opressor, salvo raríssimas exceções.

A igreja sempre necessitou dos pobres para poder manter a sua influência, sem menosprezo das ações meritórias que pratica. Afinal de

que é o Sr. Cardeal tem medo? Há muitos católicos que se sentem no direito de se manifestar contra a pobreza que existe e que se agravará a muito curto prazo.  

 

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publicado às 22:57

As alternativa de Seguro

por Manuel_AR, em 11.10.12
 

Imagem do Jornal Público in

 

O artigo de opinião de António José Seguro “A alternativa responsável” publicada no Jornal Público de 11/10/2012 não traz nada de novo. Critica o governo de medidas retiradas sob pressão e pelos avanços e recuos nas matérias da TSU e do IMI, mas nada nos diz se o recuo foi ou não positivo. Se fosse para a frente seria criticado, como recuou é criticado. Então em que ficamos?  Claro que o governo está sem rumo e está mais ou menos desorientado, mas Seguro não o está menos.

Algumas das medidas alternativas que Seguro propõe não são eficazes a curto prazo no atual contexto, senão vejamos:  

 

 

  •  O acompanhamento e participação ativa no consenso europeu a nível do pacto e crescimento não dará resultados a curto prazo na consolidação das contas públicas.
  • A defesa de um papel mais ativo do Banco Centram Europeu (BCE) é positivo mas não resolve no curto e médio prazo (2 a 3 anos aproximadamente) prazo o nosso problema.
  • Mais tempo para consolidar as contas públicas também é uma alternativa positiva ao diminuir o esforço de austeridade, mas não vai criar ainda mas dívida devido aos juros que serão prolongados no tempo?
  • Consolidar as contas públicas “com as pessoas e não contra as pessoas” através d uma mobilização e empenhamento nacional não é má ideia mas a austeridade não deixará de ser contra as pessoas e contra as empresas (algumas).
  • Contratar com o BEI (Banco Europeu de Investimento) para apoio às PME’s parece-me ótimo. E até lá e não seriam mais juros. E será que num país intervencionado o BEI disponibilizaria de mão beijadas esse crédito sem contrapartidas?
  • Reduzir o custo das famílias e das empresas com a energia e combustíveis através da abolição de taxas de saída ou de entrada. Menos receita para compensar de outro lado. Postos de abastecimento de linha branca é um “dejá vu” salvo erro já avançado pelo senhor da pasta da economia que nunca chegou a avançar. Porquê? Pressão do “lobby” dos combustíveis?
  • Criação de um banco de fomento de propriedade pública! Outra vez? Então e a CGD Caixa Geral dos Depósitos para que serviria?
  • Repor o IVA da restauração irá diminuir a receita? Claro que sim! Se a tendência é para haver menos dinheiro disponível para consumo não se prevê que a receita proveniente do IVA aumentasse. Como seria compensada a sua diminuição?
  • A taxa sobre as parcerias público-privadas parece ser o ponto, se não o único, mais positivo com efeitos a curto prazo. Se estamos em regime de exceção, como tantas vezes é dito e repetido, porque não? Todos temos que contribuir para a crise.

Mas há uma coisa que ninguém quer abordar com sentido de estado e responsabilidade e António José Seguro também não: são os institutos, empresas públicas e observatórios, muitos deles desnecessários, que proliferam por todo o país que albergam gente dos partidos. Não reduziria a despesa?

O governo prefere dispensar entre 20 e 40 mil, neste momento já são entre 10 e 15 mil (nem ele sabe) postos de trabalho da função pública, mas, segundo o governo, haverá exceções a estas dispensas. E muitas, direi eu! Está-se a ver porquê não está? O que fariam aos intocáveis assessores “especialistas”, cuja especialidade nada tem a ver com a formação que tiveram, e outros, colocados pelos governos que se vão sucedendo. Sobre isto Seguro não tem segurança e não diz uma palavra nem tem alternativas. É tabu, como diz o outro!

 

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publicado às 22:42

A TSU e o défice

por Manuel_AR, em 04.10.12

Expliquem-me como se eu fosse tótó

 

 

Gostaria que alguém me explicasse, sem recurso a modelos teóricos de economia que apenas servem para simular a realidade, como é que a TSU era uma medida para ajudar a baixar o défice.

  1. A medida foi apresentada por Passos Coelho como se fosse para diminuir o desemprego e baixar o défice.
  2. O aumento da TSU (Taxa Social Única ou, por outras palavas, descontos para a segurança social), que era de 11% passaria para 18% por parte do trabalho, mais 7%. Ao mesmo tempo passaria de uma taxa de 23,75% para 18% por parte das empresas, uma diminuição de 5,75%.
  3. O Estado arrecadava apenas 1,25% o que equivalia aproximadamente a 500 milhões de euros
  4. O aumento da TSU não se destinava a diminuir o défice visto a verba arrecadada ser apenas uma parcela muitíssimo pequena.
  5. As empresas seriam financiadas pelo dinheiro que seria descontado ao seu pessoal, visto que passariam a pagar menos TSU que seria compensado pelo que àqueles seria retirado.
  6. Foi referido e ainda o é, que a culpa tinha sido da decisão do Tribunal Constitucional.
  7.  Como a verba retida seria apenas de 500 milhões de euros que, de modo algum, compensaria oque teriam que repor relativamente aos subsídios retirados aos funcionários públicos e pensionistas, assim, como é que a decisão daquele tribunal teve a ver com esta medida.
  8. Poderá daqui concluir-se que a medida era apenas um aproveitamento para se atingirem outros fins.
  9. Pedro Passos Coelho disse que, o agravamento do défice em 2012 era uma vez da responsabilidade do Tribunal Constitucional. Mas, segundo este tribunal a medida da suspensão dos subsídios não era para entrar em vigor em 2012 mas sim em 2013. Onde é que a derrapagem em 2012 tem a ver com aquela decisão?
  10. Pelas razões expostas, a medida da TSU nada tinha a ver com o défice de 2012 nem de 2013 contrariamente ao que Passos Coelho e o governo queriam e querem fazer crer.
  11. Face aos factos apresentados, como é que agora nos querem faze crer que o novo aumento de impostos será para compensar a TSU!
  12. Argumenta-se que a descida da TSU para os empregadores e o aumento que caberia ao trabalho foi imposição da “troika”. Não é verdade porque aquela diminuição, segundo eles, seria compensada pelo aumento do IVA, cortes adicionais na despesa ou outros impostos que não colidissem com a competitividade.
  13. Se fosse aceite a TSU, para além dela teríamos ainda e também outras medidas como estas que foram apresentadas ontem pelo ministro das finanças cujos modelos macroeconómicos que pretende impor não foram ainda validados é o que ele agora pretende fazer. Ser ministro das finanças foi uma boa oportunidade para ele testar, na prática e em prejuízo dos portugueses, as suas teorias económicas.   
  14. Segundo o que foi afirmado por Passos Coelho da TSU deveria refletir uma baixa de preços, pelo que a sociedade civil deveria pressionar as empresas (!!!?).

 

Racionemos agora sobre este último ponto como se nós fossemos uma empresa que vendesse bens que adquiria aos seus fornecedores. Reduziam-nos os custos com o trabalho, logo deveríamos vender os nossos produtos mais baratos. Tentaríamos então, para manter as mesmas margens de lucro, negociar preços mais baixos com os nossos fornecedores que, por sua vez, já estão em dificuldades devido às suas baixas margens que lhes são impostas pelos seus clientes. Procederíamos então à baixa de preços na nossa empresa baixando também a nossa margem de lucro. Mas temos outro tipo de custos que não apenas o do trabalho como por exemplo a energia, as rendas e alugueres de instalações, o aumento do IMI dos edifícios que eventualmente fossem nossa propriedade, os combustíveis, etc.. Por outro lado, poderíamos perguntar se, de facto, o consumo aumentaria na mesma proporção em que diminuiríamos os nossos preços de venda ao público, já que, para os nossos clientes também existem sobrecargas, despesas e cortes de salários de todos os que vivem do rendimento do trabalho. Seria provável que houvesse rapidamente uma descida generalizada a curto prazo de preços de todos os bens e serviços e dos custos dos fatores de produção? Sem me servir de qualquer modelo macroeconómico[i] arrisco-me a dizer que não.

Para vermos o que se passa noutros países juntamos uma tabela comparativa

Por favor, haverá por aí alguém que me contacte e que me possa explicar a mim, que sou tótó, o meu vício de raciocínio!

 

 

 



[i] Prever um dado fenómeno não quer dizer que se tenha a sua compreensão. Podemos prever um fenómeno em compreender os processos envolvidos, isto é, prever com base na associação dos dados não implica necessariamente a compreensão de todas as relações causais que nele estão envolvidas. Os modelos macroeconómicos baseiam-se em relações causais que procuram compreender ou explicar uma realidade e proporcionar alguma capacidade de previsão. No que reporta a várias avaliações os efeitos tendem a ser mais prospetivos, sendo necessária alguma previsão de referência sobre qual se possa analisar os efeitos de uma política que está a ser avaliada. A obtenção de Obter uma previsão de

referência credível constitui um fator importante no uso de modelos macroeconómicos. Uma previsão instável pode ser indicativo de problemas de especificação e de estrutura do modelo.

 

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publicado às 23:15


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