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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Fonte da imagem: Tjeerd Royaards
http://www.toonpool.com/cartoons/Queen%20of%20Austerity_171703
A política de Angela Merkel para a Europa com a sua receita de austeridade e de sacrifício a aplicar aos países do sul, preguiçosos e gastadores, tem o objetivo de enaltecer a Alemanha para demonstrar ao seu povo que tem poder de domínio sobre a Europa, e os alemães gostam e sempre gostaram disso.
Já agora um à parte relativamente aos trabalhadores preguiçosos do sul, nomeadamente os de Portugal. É bom que se diga que os trabalhadores alemães, de acordo com determinados parâmetros de avaliação, são muito pouco versáteis. Isto é, habituados a determinados procedimentos de execução de tarefas, são pouco permeáveis a alterações de rotinas. Não fazem muito esforço intelectual e, logo que chega a hora, a cervejaria a seguir conta mais do que o trabalho, porque lá para cima está muito frio e há que aquecer. Comparativamente, os trabalhadores portugueses, devido à sua capacidade de improvisação e adaptação em momentos de emergência ultrapassam, sem dificuldade, quer em qualidade, quer em quantidade, qualquer alemão rotineiro e, desde que motivados, não regateiam qualquer espécie de esforço seja ele físico ou intelectual.
Se em tempo houve alguns recuos e receios por parte da Alemanha quando esta se encontrava dividida, após a sua união passados 23 anos (desde 1990), reiniciou-se novamente a sua tentativa de impor novamente uma ordem germânica que Angela Merkel quer mostrar, antes das eleições, que pode vir a existir, satisfazendo a ânsia alemã de hegemonia, e, como sempre aconteceu, começando pelo mais fracos.
Enquanto nos países do sul como Portugal se cortam nas pensões, na Alemanha, o Governo decide aumentar as pensões em 2014 (mais 1% nos Estados alemães ocidentais e mais 3% nos orientais) apesar de a economia alemã, a maior da União Europeia, estar já a começar a receber os efeitos da crise. É evidente que sendo a dívida pública da Alemanha relativamente baixa cerca de 81% do PIB não será tão grave, de qualquer modo as pensões na Alemanha são umas das mais altas da EU.
Merkel defende o agravamento de sanções a países da zona euro que não cumpram os critérios de estabilidade, incluindo a perda de soberania. Se isto não é humilhação hegemónica para país como Portugal então o que é? Será por acaso que em alguns países tentam fazer omparações com o passado alemão?
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A Alemanha teve sempre projetos e ideais hegemónicos e de domínio sobre outros países e povos sustentados pelos mais variados pressupostos e pretextos. Duas guerras mundiais tiveram a sua génese com a Alemanha.
A construção europeia que começou com a Comunidade Económica Europeia e mais tarde com política da moeda única, foi um projeto que teve como objetivos unir a Europa, procura da solidariedade entre os povos e fazer face à concorrência económica por parte dos Estados Unidos da América. Na altura da sua formação não era suposto que países ricos quisessem oprimir e dominar os mais pobres. A prova está nos recursos financeiros, os chamados fundos europeus (FSE,FEADER,FEAMP,FEDER) que eram recebidos por estes países para o desenvolvimento das suas regiões mais deprimidas, para além dos QREN’s o último dos quais foi o QREN - Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007/2013, novo ciclo na aplicação dos fundos comunitários.
A mobilização do povo alemão pela Chanceler Angela Merkel, coadjuvada por outros países do norte, contra os países do sul, gastadores e preguiçosos, e a cruzada em favor da austeridade custe o custar, que alguns governos do sul apoiam, tem a ambição de dominação e submissão subtil através da opressão económica e financeira do povos.
Não somos contra uma austeridade sustentada e a prazo para tentar compor as finanças públicas. O problema é quando a austeridade é imposta para deixar países sem folego e sem capacidade de reação. A opressão dos povos não é executada apenas pela invasão territorial de exércitos, tem atualmente formas mais subtis através do controle económico e financeiro. Veja-se o caso de Chipre. Vergar e submeter países é, atualmente, uma das funções de alguns países da EU liderados pela Alemanha.
Angela Merkel rejeitou esta segunda-feira, 22, a ideia de que a Alemanha procura exercer a hegemonia na UE, dizendo que "A Alemanha tem por vezes um papel complicado porque nós somos a maior economia europeia (...) Mas a Alemanha agirá unicamente em concertação com os seus parceiros. A ideia da hegemonia é-me totalmente estranha". Porque será que Merkel teve necessidade de se justificar? Não costuma haver fumo sem fogo…
Mais grave ainda é a afirmação por ela proferida em que defende o agravamento de sanções a países da zona euro que não cumpram os critérios de estabilidade, incluindo a perda de soberania. Se isto não é humilhação hegemónica para país como Portugal então o que é?
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