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Acho que neste país que vive já uma democracia madura, ninguém nega o direito que todos os trabalhadores têm para lutar por melhores condições de vida utilizando os meios que a Constituição da República lhes confere.

Neste nosso país parece que há núcleos privilegiados de trabalhadores supervisionados por sindicatos que acham que os seus representados são especiais e mais sacrificados do que as muitas centenas de milhar que fazem parte de uma maioria silenciosa.

Há meia dúzia de radicais que defendem as greves e a luta a qualquer preço quando elas acontecem e armam-se com argumentos rebuscados na história sindical do início da revolução industrial quando ainda não havia organizações sindicais e as lutas surgiam espontaneamente e desorganizadas comandas por líderes mais ou menos ad hoc. Eram então os movimentos que atualmente se chamam inorgânicos. Atualmente há já quem defenda este tipo de movimentos descontrolados de luta laboral chefiada muitas das vezes por grupo de interesse pessoais ou outros.

Já não estamos numa revolução industrial do mesmo tipo, antes estamos a caminhar em passos acelerados para o pico da revolução digital onde o pensamento sindical de defesa dos trabalhadores tem de passar a ser outro.

O argumento do trabalhador que desempenha funções especiais que possam causar danos a prazo quer físicos quer psicológicos são vários, não se circunscrevem às matérias perigosas.

Se analisarmos no último ano e meio as greves por reivindicações de vários sindicatos que as organizaram um dos argumentos mais reproduzido é a sobrecarga de trabalho, é o desgaste físico, do stress, do desgaste psicológico e o “burnout”, o perigo para a saúde pelo manuseamento de algo, etc... Basta-nos ver como exemplos o caso dos professores, dos trabalhadores da recolha de resíduos sólidos, dos enfermeiros, dos médicos e muitos outros mais.

Em todas as profissões, sem exceção, podemos encontrar motivos mais do que suficientes que sirvam para se diferenciarem de outros e como tal a obtenção de regalias diferentes de outros, entrando-se num sucessão ininterrupta de reivindicações por motivos  que se repetiriam para centenas de milhar de outros trabalhadores cada um defendendo os seus motivos, numa espécie de circulo vicioso de greves sucessivas por se considerarem mal pagos em função da profissão que desempenham.

As centenas de milhar de trabalhadores deste país, todos, sem exceção, têm direito a receber mais, mesmo os não representados por sindicatos. A questão é: será tal possível neste país como alguns e alguma defendem. Comparar salários com países como a Dinamarca, por exemplo, parece ser um exercício falacioso para alguns mais influenciáveis e impreparados acreditarem.

 Nos aumentos salariais e em qualquer retribuição ou regalia que seja incluída no salário é necessário ter em conta as características específicas dos países e a sua posição no ciclo económico, bem como os seus equilíbrios internos e externos. Concretamente, os salários não só constituem determinantes de outras variáveis económicas, como também reagem a desequilíbrios noutras áreas.  

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publicado às 19:11

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Pardal Henriques, o advogado infiltrado no sindicalismo através de um sindicato estrategicamente escolhido tenta, com a sua voz calma frente às camaras da televisão, ser convincente nos seus argumentos falaciosos.

Diz apenas meias verdades empregando de modo proveitoso um cantarejar suave e melodioso para alguns ouvidos, qual sereia que, com o seu canto, leva os barcos e os marinheiros para o naufrágio. Pessoas que assim agem são perigosas porque arrastam muitos atrás de si ao engano.  

Quando Pardal Henriques diz frente aos ecrãs de televisão que os camionistas estão a cumprir o seu horário de trabalho de 8 horas diárias e não 12 e 14 horas que os obrigam a fazer, não refere, porque não convém, que essas horas são bem pagas aos trabalhadores de acordo com o número e o tipo de horas extraordinárias a cumprir a que ninguém os obriga. Faz parte do trabalho que escolheram e do contrato de trabalho que aceitaram com a entidade patronal.

À intervenção necessária da requisição civil pelo Governo o sindicato, manipulado por Pardal Henriques, responde com as oito horas de trabalho fazendo um boicote às horas extraordinárias que sempre fizeram. É uma forma de contornar os serviços mínimos e a requisição civil.  Se, em tempo normal, as entidades patronais acabassem com as horas extraordinárias e admitissem mais trabalhadores como reagiriam os camionistas aos cortes das horas extraordinárias. Teria mais custos para a entidade patronal é certo, mas não traria, a prazo, vantagens?

Enquanto a esquerda, e sobretudo a direita, se encontram em férias nos campos do silêncio, os que estão do seu lado, o da direita que escrevem artigos de opinião lá vão contribuindo com os seus escritos ambíguos sobre o tema, embora alguns, mais audaciosos, comecem a inventar algo que lhes seja favorável para desacreditar as iniciativas do Governo para minorar os efeitos desta greve que, no meu entender e por desconfiança minha baseado no que tenho lido, é de interesse político e está fora da onda partidária do vigente status quo do pardidarismo parlamentar.

No campo da desacreditação das iniciativas do Governo encontra-se o artigo de opinião que João Miguel Tavares escreve no jornal Público tendo em vista ajudar a oposição de direita já ele a acha inerte.  Pega então no termo hipocrisia para desmontar a atitude tomada pelo Governo face à greve dos motoristas, e não à crise energética como alguns órgãos de comunicação pretendem fazer passar.

Não tenho qualquer dúvida que João Miguel Tavares como escritor e jornalista não saiba qual o conceito de hipocrisia, só que, neste caso, deve ter-lhe dado mais jeito para o fim pretendido distorcê-lo. Pega JMT em três hipocrisias.

Assentemos em primeiro lugar que hipocrisia é a simulação de qualidades, pensamentos, convicções ou emoções que não são verdadeiras; dissimulação; fingimento.

Diz JMT que:

  1. “O Governo pôs-se ao lado da Antram, e ouvir o porta-voz do Conselho de Ministros ou o porta-voz da Antram vai dar ao mesmo: os argumentos são iguais.”

A isto coloco uma pergunta: Então, se havia duas partes de que lado se deveria colocar o Governo e a Antram? Do lado dos grevistas? E que outros argumentos para justificar as ações que minorassem os efeitos da greve? A tal equidistância a que JMT se refere seria não fazer nada? Ou, como sugeriu Rui Rio, deveria adiar a greve para depois das eleições.

  1. O facto de o advogado André Matias Almeida, porta-voz da Antram, ser muitíssimo próximo do PS não pode ser desvalorizado, porque ele está a actuar como ponta-de-lança oficioso do Governo nesta guerra.

Devo estar com um ataque de estupidez de opinião. Então, se André Martins não fosse próximo do PS, e fosse, por exemplo, próximo da direita, fosse qual fosse, CDS ou PSD, e tivesse as mesmas posições sobre o conflito já não seria um ponta-de-lança oficioso do Governo? Então, será que André Martins está a ser ponta-de-lança oficioso do Governo ou dos patrões? Ou o Governo está a ser ponta-de-lança oficioso da ANTRAM e dos patrões. Ou, ainda, os patrões, empresas da ANTRAM, são todos ponta-de-lança oficiosos do Governo!! Serão?

  1. A história de que a Antram impõe como única condição para voltar à mesa de negociações o levantamento do pré-aviso de greve “porque não negoceia com uma espada na cabeça” é treta. A Antram quer a espada e quer a cabeça – a cabeça de Pedro Pardal Henriques. O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Tiago Antunes, chegou a sugerir na segunda-feira que a requisição civil poderia vir a ser feita sindicato a sindicato, porque uns associados estariam a cumprir os serviços mínimos, outros não.

Esta é de tal maneira rebuscada que não merece perder muito tempo. Esperem lá, onde está a hipocrisia. Todos ouviram ao presidente da ANTRAM dizer que volta à negociações, mas sem a presença de Pardal Henriques. E então? Podemos, ou não, concordar, mas isso é a posição de André Martins enquanto representante dos patrões.

Se há vários sindicatos com diferentes representantes que estão em negociações por razões idênticas ou não, e com procedimentos negociais diferentes, onde está o problema da hipocrisia de o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros sugerir na segunda-feira que a requisição civil poderia vir a ser feita sindicato a sindicato, porque uns associados estariam a cumprir os serviços mínimos, outros não.

  1. A cabeça de Pardal Henriques interessa a todos, incluindo ao Partido Comunista, que quer os sindicatos debaixo do chapéu da CGTP e não nas mãos de cavaleiros solitários que o partido não controla.

Esta é tão óbvia que nem chega a ser hipocrisia pode até ser ser evidência, como tal não merece comentário.

Eu, cá por mim, que não sou sindicalista nem pertenço à ANTRAM se houvesse um referendo para pedir ou não a cabeça de Pardal Henriques, em sentido figurado claro, diria que SIM.

 

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publicado às 18:43


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