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Durante esta crise pandémica a nível global, que é grave, à qual não escapámos para reduzir os seus efeitos acompanhámos dentro do possível as medidas de saúde pública que outros países iam tomando, no meio da desorientação que tinham e tínhamos face ao desconhecido, aguardando dias após dia o que a ciência ia divulgado sobre as evoluções e reações dos agente patogénico que a todos nos afetava.

Os médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde estiveram na primeira fase na frente da batalha contra o inimigo invisível que nos irá contaminando a todos por contágio de proximidade caso não tenhamos o discernimento necessário cauteloso que é devido, estão agora também na frente daquela que parece vir a ser a crise mais grave do que a primeira.

Os profissionais de saúde e especialmente os enfermeiros são os participantes ativos que estão na linha da frente em todos os serviços periféricos de apoio. Não lhes faltou vontade nem entraram em desespero apesar das contaminações que lhes couberam e dos riscos que correriam. Todos lhes louvámos e agradecemos o zelo e a dedicação pelo cumprimento do seu dever, um dever profissional que e chega à raia do sacrifício.

Pelo seu trabalho exaustivo, quer físico quer psicológico, a que são expostos diariamente médicos e enfermeiros teriam direito a mais, a muito mais, a que uma mera justiça obrigaria, para além do mero agradecimento.

Mas há o SINDEPOR - Sindicado Democrático dos Enfermeiros de Portugal, jovem sindicato formado em setembro de 2017, que, nesta fase crítica, lança uma greve de cinco dias, claramente oportunista, cujo objetivo é provocar o caos nos hospitais, como forma de pressão para as suas reivindicações, agravando as dificuldades que muitos deles já vão sentindo, colocando em risco os doentes que lá se encontram internados.

Já é por demais conhecido que um qualquer sindicato que tem na sua denominação a palavra “democrático” ou “independente” é um sindicato que sai fora do baralho e é controlado sabe-se lá por que ordem ideológica. Veja-se o caso da greve dos camionistas no verão de 2019 feita pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias, sindicato que surgiu naquela altura como que de geração espontânea e com uma direção constituída à pressa.

Na greve dos enfermeiros convocada pelo SINDEPOR até poderá estar na retaguarda a bastonário da ordem dos enfermeiros o que seria um déjà vu.  Isto não é mais do que uma especulação da minha parte porque não há, até ao momento, provas disso, mas é derivada por antecedentes que já se verificaram como as posições favoráveis da bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, para com uma anterior greve nos blocos operatórios.

Haveria que aguardar pela oportunidade e não fazer da crise sanitária um oportunismo que não é mais do que uma atitude para procurar aproveitar as circunstâncias pandémicas de manifesta gravidade para atingir objetivos mesmo que, para tal, tenha de sacrificar princípios éticos ou violar normas de conduta.

Ao contrário de milhares de outros trabalhadores, pequenos empresários e empresários em nome individual que ficaram sem trabalho, sujeitos a despedimento forçado devido ao encerramento, falta de recursos e falência das empresas onde trabalhavam que, para se manterem devido ao confinamento, estão agora sujeitos, para sobreviverem, ao regime do lay off. Os enfermeiros do Estado têm o seu ordenado e o posto de trabalho garantidos. O que mais pretende neste momento o dito sindicato?     

Não me venham dizer que no momento tão grave que estamos a atravessar, quando está em debate a aprovação do Orçamento de Estado para 2021, não há da parte daquele sindicato oportunismo para aproveitar algum descontentamento devido ao stress, cansaço por excesso de trabalho a que estão sujeitos os enfermeiros para os utilizar politicamente.

Senão vejamos: segundo o jornal Público o sindicato exige o descongelamento das progressões da carreira, a atribuição do subsídio de risco para todos os enfermeiros e, sendo “uma profissão de desgaste rápido”, a aposentação aos 57 anos.

O dirigente deste sindicato notou que os enfermeiros tinham grandes ambições em relação à nova carreira, a qual, defendeu, “acabou por ser uma falácia, porque foi uma imposição do Governo e não trouxe nada de novo”.

Carlos Ramalho o líder sindical realçou ainda que “a grande generalidade” dos enfermeiros que estão a ser contratados para o SNS ficam com “contratos de quatro meses”, considerando que “os contratos com termo não dão garantias nenhumas” aos profissionais. “A capacidade de resposta é muito limitada e os enfermeiros estão extremamente exaustos. Na primeira fase da pandemia, já foi complicado para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e para os enfermeiros e agora ainda está a ser mais complicado”, referiu o líder sindical.

Ninguém nega este facto que já referi anteriormente e não haverá quem não o reconheça a pressão a que os enfermeiros estão atualmente sujeitos devido às condições excecionais derivadas da covid-19, mas não são apenas eles.

Coloca-se a então questão: ENTÃO, É AGORA, NUM MOMENTO EM QUE MILHARES DE PORTUGUESES ESTÃO A SOFRER NOS HOSPITAIS, ALGUNS EM RISCO DE VIDA, O MOMENTO PARA FAZER REIVINDICAÇÕES? QUE ÉTICA É ESTA?

NÃO BRINQUEM CONNOSCO!!

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publicado às 16:18

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Estar contra alguma coisa é estar contrário a, expressa fundamentalmente oposição, direção contrária. Quando se fazem greves para aumento dos salários não se está a fazer greve contra o trabalho, mas contra a empresa que paga salários baixos, daí o prejuízo causado pela greve afetar diretamente, e num primeiro momento, as empresas.

Podemos estar contra as alterações climáticas, mas fazer-lhe oposição enquanto tal não podemos, elas são uma consequência, um facto, tendem a continuar a um ritmo tendencialmente catastrófico se nada for feito contra as suas causas e, sobretudo, contra os seus causadores. Não podemos culpabilizar o clima por estar a ser alterado. Fazer greves contra as alterações climáticas, manifestações contra as alterações do clima em abstrato parece-me ser contrário à razão.  Como já afirmei não são elas as culpadas, elas são a consequência e não a causa, como é óbvio, devemos é estar contra as suas causas e os seus causadores. Elas estão a verificar-se, estão cá, não as podemos combater podemos é obrigar os seus causadores a mudar-lhes o rumo, a retroceder o seu percurso. Devemos estar, isso sim, contra todos quantos contribuíram e continuam a contribuir para que elas continuem a verificar-se.

Quando se diz estar contra as “alterações climáticas” é em sentido figurado, e todos sabem qual o seu significado, mas não tem impacto direto, é demasiado abstrato e ilusório.  Por mais que eu seja contra as alterações climáticas elas não vão parar nem mudar, continuarão se ninguém obrigar a parar os que para elas ainda contribuem. Greve contra as alterações climáticas é ilusório, porque apesar de serem o cerne da questão ambiental, não sofrem as consequências dessa greve, quem sofre são os próprios mentores que as fazem. Não foi por acaso que Greta afirmou que “jovens faltarem às aulas para protestar ‘não é uma solução sustentável’”. O protesto só tem efeitos se for objetivo, ter alvos concretos

Sejam ele governos, empresas ou ditadores inconsequentes resguardados, “apadrinhados”, eleitos pela utilização do voto democrático que lá os colocaram, é contra esses que as greves e manifestações devem ser feitas nos países de todo o mundo.

Desde que Greta Thunberg surgiu a manifestar-se e a alertar consciências para as alterações climáticas para as quais os cientistas há décadas nos têm alertado apareceram com a imediatez inevitável por um lado os seus apoiantes e, por outro, os seus detratores. Uns com alguma timidez lá vão dizendo: - que diabo, vamos lá ter calma com o seu endeusamento. Outros dizem que começam a estar fartos dela porque isto não vai dar em nada, e ainda aqueles a quem interessa passar a mensagem de que é uma coitada que tem uma doença mental que a leva a ter uma obsessão com problemas climáticos e ecológicos. O que esta gente pretende com isso é por demais previsível. Dito por palavras rudes: calem essa tipa que nos está a complicar a vida e os nosso lucros, queremos lá saber do clima para alguma coisa…

Os adultos que têm o poder na mão e os possuidores de grandes empresas poluidoras nada têm feito.  São os adultos que estão contra Thunberg, veem-se ultrapassados e ameaçados pelos vários movimentos que tem motivado e que vão surgindo, uns com mais impacto, outros com menos, onde participam pessoas de todas as idades e, sobretudo, jovens.

Os que se queixavam que os jovens não têm ideais e outros que, falando em seu nome lançam frases como “dêem-nos alguma coisa em que acreditemos”, como o fez João Miguel Tavares no discurso do 10 de junho encomendado por Marcelo Rebelo de Sousa. Então aí estão eles a fazer-lhes a vontade.

Num artigo de opinião João Miguel Tavares também escreveu dirigindo-se a Greta que “Gostava que fosses um pouco menos alarmista, e que um dia destes admitisses que o mundo – e o combate às alterações climáticas, já agora – é um pouco mais complicado do que a forma como o retratas”. Conselho simplista inoportuno. Acreditar que ainda é possível alterar a situação ambiental, não é o mesmo do que fazer-lhes crer que devem acreditar na direita.

Claro que a resolução é muito complicada, é o único argumento no artigo que escreveu com validade objetiva. Se JMT duvida que ela não sabe, eu, simples cidadão, cuja opinião vale o que vale, não tenho dúvidas que ela sabe. O centro do problema não é que haja uma resolução imediata, mas prevenir rapidamente a potencial catástrofe com que as gerações futuras se irão confrontar se medidas progressivas não se tomarem.

É no mínimo estranho que JMT que apoiava e era consonante com Passos Coelho quando ele se referia à sustentabilidade da segurança social e dizia que tínhamos de proteger as gerações futuras para não ficarem sem reformas por causa das reformas de que os seus pais e avós estavam a usufruir. Parece-nos que, para JMT, os efeitos causados pela alterações climáticas sobre as gerações futuras já não importam.

É quase uma aproximação ao que disseram essas sumidades e estrategas da burrice política Bolsonaro e Trump. O primeiro afirmou aos jornalistas em Brasília: “A Greta já disse que os índios morreram porque estavam a defender a Amazónia. É impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí. Pirralha”. O que fez Greta Thunberg a seguir? Atualizou a sua biografia no Twitter para “Pirralha”, o mesmo termo usado pelo chefe de Estado do Brasil para a descrever. Foi o melhor que podia ter feito.

Trump numa atitude de quase troça e de ironia comentou: “Ela parece ser uma jovem menina muito feliz, que está a caminho de um futuro maravilhoso e brilhante. Muito bom ver isso”.

E ainda hoje: “Primeiro "pirralha", agora "uma jovem a trabalhar nos problemas de gestão da raiva". Greta Thunberg já mudou a descrição biográfica na sua conta oficial de Twitter pelo menos duas vezes nos últimos dias, ora à conta dos comentários de Bolsonaro, ora de Trump.”

São formas de indiretamente desqualificar e silenciar pessoas especialmente as mais novas que querem a mudança. E por isso são silenciadas. Eles têm medo da mudança e de as nossas vozes serem ouvidas disse Greta em determinada altura.

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publicado às 18:39

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Acho que neste país que vive já uma democracia madura, ninguém nega o direito que todos os trabalhadores têm para lutar por melhores condições de vida utilizando os meios que a Constituição da República lhes confere.

Neste nosso país parece que há núcleos privilegiados de trabalhadores supervisionados por sindicatos que acham que os seus representados são especiais e mais sacrificados do que as muitas centenas de milhar que fazem parte de uma maioria silenciosa.

Há meia dúzia de radicais que defendem as greves e a luta a qualquer preço quando elas acontecem e armam-se com argumentos rebuscados na história sindical do início da revolução industrial quando ainda não havia organizações sindicais e as lutas surgiam espontaneamente e desorganizadas comandas por líderes mais ou menos ad hoc. Eram então os movimentos que atualmente se chamam inorgânicos. Atualmente há já quem defenda este tipo de movimentos descontrolados de luta laboral chefiada muitas das vezes por grupo de interesse pessoais ou outros.

Já não estamos numa revolução industrial do mesmo tipo, antes estamos a caminhar em passos acelerados para o pico da revolução digital onde o pensamento sindical de defesa dos trabalhadores tem de passar a ser outro.

O argumento do trabalhador que desempenha funções especiais que possam causar danos a prazo quer físicos quer psicológicos são vários, não se circunscrevem às matérias perigosas.

Se analisarmos no último ano e meio as greves por reivindicações de vários sindicatos que as organizaram um dos argumentos mais reproduzido é a sobrecarga de trabalho, é o desgaste físico, do stress, do desgaste psicológico e o “burnout”, o perigo para a saúde pelo manuseamento de algo, etc... Basta-nos ver como exemplos o caso dos professores, dos trabalhadores da recolha de resíduos sólidos, dos enfermeiros, dos médicos e muitos outros mais.

Em todas as profissões, sem exceção, podemos encontrar motivos mais do que suficientes que sirvam para se diferenciarem de outros e como tal a obtenção de regalias diferentes de outros, entrando-se num sucessão ininterrupta de reivindicações por motivos  que se repetiriam para centenas de milhar de outros trabalhadores cada um defendendo os seus motivos, numa espécie de circulo vicioso de greves sucessivas por se considerarem mal pagos em função da profissão que desempenham.

As centenas de milhar de trabalhadores deste país, todos, sem exceção, têm direito a receber mais, mesmo os não representados por sindicatos. A questão é: será tal possível neste país como alguns e alguma defendem. Comparar salários com países como a Dinamarca, por exemplo, parece ser um exercício falacioso para alguns mais influenciáveis e impreparados acreditarem.

 Nos aumentos salariais e em qualquer retribuição ou regalia que seja incluída no salário é necessário ter em conta as características específicas dos países e a sua posição no ciclo económico, bem como os seus equilíbrios internos e externos. Concretamente, os salários não só constituem determinantes de outras variáveis económicas, como também reagem a desequilíbrios noutras áreas.  

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publicado às 19:11

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A despesa pública não é como um curso de água que ao ser impedido procura outro sulco. Se não se lhe barrar o caminho seguirá por outro, acabando por desaparecer num afluente qualquer seguindo em direção ao mar onde se perde, se, entretanto, não se evaporar e infiltrar pelo caminho. Se queremos reter a água num futuro de seca só com barragens.

A estratégia pré-eleitoral da direita, que se prevê que continue quando a campanha abrir oficialmente, procura fazer oposição baseando-se numa configuração que possa criar impacto emocional nas populações.

Como os indicadores macroeconómicos como o crescimento económico, o défice, a dívida e as finanças pública e a despesa estão controlados interessará sobremaneira à direita que a despesa aumentasse e a receita diminuísse.

Como já há justificações convincentes para fazer oposição procura pretexto como os transportes, a saúde e o SNS, os hospitais, as maternidades e a pediatria, descobre centros hospitalares de psiquiatria com problemas, entre outros, para, juntamente com as suas irmandades, transformar tudo em casos políticos, tendo em vista as eleições, para fazer campanha anti Governo.

A greve dos médicos e dos enfermeiros que, os sindicatos e também o Bastonário da Ordem dos Médicos dizem ter a pretensão da melhoria da qualidade do SNS, não são mais do que greves políticas em que as promoções e os aumentos salariais são a via para mobilizar os trabalhadores filiados nesses sindicatos.   

A direita fez desaparecer do seu espectro político o discurso da necessidade de uma articulação entre as esferas público-privada e de racionalização da despesa pública em saúde. Agora pede cada vez mais investimento e despesa pública, forma de “arrombar” com tudo o que se conseguiu nestes quatro últimos anos.

São semanas consecutivas nas televisões com reportagens sucessivas, entrevistas a todos quantos possam contribuir para o descrédito das pastas e do próprio Governo. Repetem até à exaustão as mesmas peças televisivas recuperando algumas do passado recente e procuram outros que possam ter impacto na opinião pública

Este tipo de “atitude carraça” da direita de se fixar sobre alguns aspetos menos positivos, que os há e sempre houve, assim como os houve nos idos anos de 2011-2015 onde se desinvestiu na saúde e noutros setores, A saúde esteve nessa altura, de facto, num caos, mas os órgãos de comunicação social, os noticiários televisivos, davam-lhe menos relevância, incidência e divulgação.

A oposição virulenta iniciou-se com as reivindicações dos professores e com a greve cirúrgica dos enfermeiros cuja sua bastonária ex-adjunta do Secretário de Estado da Saúde no XV Governo Constitucional de 2002 a 2004 com Durão Barroso. Ana Rita Cavaco, militante e dirigente do PSD, fez-se eleger como bastonária da Ordem dos Enfermeiros e foi a cara da pior greve de sempre em Portugal. No seu currículo, deverá passar a constar, o cancelamento de duas mil cirurgias que não podem ser reprogramadas nos próximos anos.

A direita que sempre foi reservada sobre o investimento público clama agora pela falta dele. Um dos grandes desejos da direita é que o país se afunde novamente em gastos e despesas, por isso, não vê com bons olhos a contenção da despesa pública e o controle orçamental apertado por parte das Finanças o que é normal. Até nas nossas casas o fazemos ao destinarmos reservas no final do mês, verba para a compra ou arranjo de algo necessário o que não quer dizer que se corra de imediato a gastar o dinheiro todo de uma só vez.

Nestas coisas de cativações e finanças públicas os dito especialistas da direita arranjam sempre forma de observarem os fenómenos com um olhar mais largo e à medida do seu interesse.

A despesa pública não é como um curso de água que ao ser impedido procura outro sulco. Se não se lhe barrar o caminho seguirá por outro, acabando por desaparecer num afluente qualquer seguindo em direção ao mar onde se perde, se, entretanto, não se evaporar e infiltrar pelo caminho. Se queremos reter a água num futuro de seca só com barragens.

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publicado às 18:57

A vingança serve-se fria?

por Manuel_AR, em 09.02.19

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Imagem de: Noticias ao minuto. https://www.noticiasaominuto.com/

Começo a ficar preocupado comigo porque acho que estou a verificar em mim uma tendência para a interpretação errónea da realidade em consequência da suscetibilidade aguda e da desconfiança extrema que estou a ter para com os enfermeiros. Até já vejo em todas as mulheres que passam na rua enfermeiras grevistas. Mas a culpa é delas. Porquê só as mulheres? É simples: mais do que 85% dos enfermeiros são mulheres.

Estou com receio de ter de ir a um hospital público e ser maltratado se reajo contra a greve desnaturada que eles estão a provocar sobre pessoas indefesas. Sim, ando com medo e os médicos também estarão por causas diferentes.

Esta gente, nomeadamente Ana Rita Cavaco, bastonária da ordem dos enfermeiros, uma das incitadoras e manipuladoras da greve sabe o que anda a fazer e, para mim, é uma espécie de vingança dos enfermeiros, direi antes enfermeiras porque mais de 85% são mulheres, incitada e poe ela manipulados(as) sobre o que o PS e António Costa fizeram a Passos Coelho e ao PSD em 2015. Para saber quem Ana Rita Cavaco basta clicar aqui e ver um artigo da revista Visão em 2017.

Ana Rita Cavaco foi adjunta de Carlos Martins, secretário de Estado da Saúde entre 2002 e 2004, no Governo de Durão Barroso.

No Verão de 2013 foi-lhe instaurado um processo disciplinar com base numa participação de uma colega, que justificou a sua denúncia com “princípios éticos e deontológicos”. De acordo com a participação, Ana Rita, então colocada no Centro de Saúde da Graça, esteve ausente do serviço durante três semanas, em junho desse ano, “tendo assinado a respetiva folha de ponto” quando regressou, tal como se tivesse estado a trabalhar. Podem confirmar aqui.

Esta greve é essencilamente política, idependentemente da razão que lhes possa assistir ou não.

Para alguns liberais de direita (digo alguns porque é sempre mau generalizar) que escrevem artigos de opinião no que se refere à greve dos enfermeiros, talvez porque está no governo um partido de centro esquerda, lá vai disto, e colocam-se do lado dos enfermeiros porque à direita (alguma) convém tudo quanto possa por em causa o Governo e António Costa. É o caso do artigo de Vasco Pulido Valente e da grosseira opinião no que respeita à greve selvática dos enfermeiros e à sua duvidosa perceção dos que frequentam os hospitais. Talvez as minhas opiniões não o sejam menos, mas eu sou um elemento do povo, da ralé, do povaréu e ele é um senhor supra-classe, por isso tenho desculpa.

O artigo de opinião do dr. Vasco Pulido valente mereceu os meus comentários seguintes: O dr. saberá do que está a falar? Apesar de dizer que esteve num hospital público só se for de passagem, em transição para um privado. Devo concluir que esteve num hospital público no entretanto dos tempos das greves. Talvez com gripe? Dr. Vasco Valente, as pessoas que estão nos hospitais neste momento estão com medo dos enfermeiros, de maneira que lhes dizem a tudo que sim e lhes fazem muitos sorrisos e estimulam vãos apoios. O curso de filosofia que tirou na faculdade de letras, antes do tempo em que eu por lá andei, não o ajudou a compreender as pessoas... Que tenha "raiva" ao Dr. António Costa e às esquerdas ainda compreendo. Mas, por favor, tenha pena de nós os coitadinhos cá de baixo, os do povaréu! E acrescentei: Por essa dos enfermeiros ficamos a saber qual a origem da organização grevista e selvática, porque a esses lhes interessa e, por outro lado, esses mesmos vão aos hospitais privados quando precisam. A questão que coloco agora é: como seria a opinião dele se estivesse no governo um partido ou uma coligação de partidos de direita, espetro com o qual provavelmente se identificará?

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publicado às 19:17

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Imagem TVI24

Antes de mais quero deixar bem claro que o meu respeito pela profissão de médico e de enfermeiro é imenso e, até ao momento, não tenho tido quaisquer razões de queixa sobre o serviço que esses profissionais prestam e que utilizo quando necessário. O que não posso é deixar de dizer o que penso, apesar da qualidade e importância do serviço que prestam, sobre atitudes e comportamentos da classe profissional movida por sindicalistas radicais.

A “greve cirúrgica”, assim autointitulada pelos Sindicatos dos Enfermeiros, pode levar-nos a desconfiar de todo o processo, a começar pelos donativos entrados através de uma plataforma de crowdfunding onde alguns participam anonimamente com dinheiro com a finalidade de prolongar uma greve que, do meu ponto de vista, é injusta e que já ultrapassa os limites. Se há profissões nas quais os profissionais arriscam a própria vida há outros que arriscam colocar a vide de terceiros em risco, e parece ser o caso dos enfermeiros, apenas e por uma questão umbilical e corporativista.

O Governo já conseguiu chegar a acordo no que respeita à criação de uma carreira com três categorias, incluindo a de enfermeiro especialista. O mesmo não aconteceu quanto ao aumento do salário base (atualmente de 1.200 euros brutos para 1.600 em início de carreira) e quanto à antecipação da idade da reforma. Como se pode constatar é tudo uma questão de mais dinheiro. Sindicatos mais ou menos de direita e os mais ou menos ligados ao extremismo da CGTP-IN, como o SEP, pretendem sempre o mesmo: mais dinheiro. E reclamam eles por respeito. Mas de que respeito falam? Será que o respeito passou a ser uma palavra de ordem quando não há cedências nas reivindicações para obterem cada vez mais salário para algumas privilegiadas categorias profissionais no serviço público? E o respeito pelo seu semelhante cuja saúde pode estar em risco devido a esta espécie de selvajaria grevista.

Nos casos das greves em curso, e noutras que virão a que a direita tem chamado contestação social parece haver uma orientação comum entre a direita e a extrema esquerda fora do Parlamento em relação aos ataques e oposição ao Governo. As alianças partidárias para desgastar o Governo não se fazem apenas dentro do espaço da Assembleia da República, fazem-se também e, sobretudo, nas ruas e nas reivindicações iniciadas por uns e apoiadas por outros consoante os interesses. E o interesse de ambos é reduzir o mais possível a margem de intenções de voto no partido do governo.

Sindicatos e ordens profissionais, e refiro-me aos dos enfermeiros, combinam-se em posições corporativistas. Quanto aos sindicatos já sabemos que a sua única atividade é proporcionar greves e mais greves acenando aos trabalhadores com cenouras de aumentos salariais, algumas incomportáveis, como as dos enfermeiros e também já agora como é o caso dos professores. Algumas ordens passaram com o seu discurso a fazer o papel de sindicatos e, em alguns casos até, transformaram-se numa espécie de porta-vozes de partidos da direita a fazer oposição. O senhor Bastonário da Ordem dos Médicos, dentro das suas competências, lá vai fazendo nas suas intervenções televisivas críticas ao estado em que se encontram os serviços de saúde do SNS que são próximas das que a oposição faz ao Governo. Pretendendo mostrar preocupação vai dizendo que “os médicos estão preocupados com a Saúde dos portugueses e com o seu próprio futuro”. Eu penso que a maior preocupação é mais com o “seu próprio futuro”.

Greves que possam piorar ou que arrisquem a saúde da população são inadmissíveis, tanto mais quando as reivindicações salariais para aumentos de mais de 400 euros mensais em início de carreira fora os consequentes aumentos para os restantes que estão há mais tempo no quadro ao que acresce ainda um estatuto de carreiras, sabendo-se que a média salarial da maior parte da classe trabalhadora dos portuguesa é muito baixa. E então os médicos não teriam também o mesmo direito de fazer reivindicações idênticas às dos enfermeiros?

Não me venham cá falar de que a greve é um direito. Certamente que o é, dentro da justeza de reivindicações possíveis. Não pode ser é utilizada como arremesso de motivação de ordem política e até partidárias sob a capa de questões laborais e salariais impossíveis de satisfazer, enquanto milhares de outros trabalhadores se esforçam, por manter este país a funcionar com salários baixíssimos, há uma classe que via greve lhes restringe  o direito inalienável ao alívio do sofrimento físico e psicológico que outra classe de trabalhador lhes infringe para obtenção de mais dinheiro e regalias.

Quando o governo anterior passou para as 35 para as 40 horas de trabalho não vi nem ordens nem sindicatos de enfermeiros serem tão empenhados em fazer valer argumentos reivindicativos contrários e de forma tão violenta às medidas que, diziam, tanto os afetava.  

Os enfermeiros são imprescindíveis num qualquer serviço de saúde e não ponho em causa a justeza reivindicativa e as suas razões, nem tão-pouco o direito à greve, ponho, isso sim, a oportunidade e a forma de coação utilizando os utentes mais necessitados como forma de pressão para o que pretendem obter.

Os políticos dos partidos mais à direita dizem que os enfermeiros têm razão nas suas reivindicações mesmo quando sabem que pretendem aumentos de luxo se comparados com outras profissões. Por outro lado, querem comparar-se aos médicos que afinal não são. Assunção Cristas, presidente do CDS-PP, referindo-se quinta feira à greve do enfermeiros limita-se a fazer críticas à ministra da Saúde que diz “tem demonstrado incapacidade para governar a sua pasta" e, quanto ao diferendo com os enfermeiros nada mais diz. É caso para lhe perguntar o que faria, ou diria, nas mesmas circunstâncias, se fosse ela que estivesse no governo? É caso para pensar se ela não estará a apoiar implicitamente a greve? Repito que é muito estranho o apoio financeiro de centenas de milhar de euros aos grevistas por pessoas e entidades anónimas!

Por seu lado Rui Rio, líder do PSD, é mais ponderado e pede a enfermeiros que "metam a mão na consciência, mas mantém-se num, nem sim, nem não. Dá uma no cravo outra na ferradura como se costuma dizer e pede aos enfermeiros “que haja equilíbrio, percebendo que o Estado não está em condições de poder dar tudo o que eles querem”. E adianta “mas, também peço ao Governo que perceba que, tendo os enfermeiros razão, alguma coisa tem de ser feita", afirmou Rui Rio ao mesmo tempo que diz não “simpatizar" com a forma como vai ser feita a greve e no, no entanto, compreender as reivindicações dos enfermeiros, que são "justas", razão pela qual não pode "atacar totalmente os enfermeiros" por estarem "sempre em greve". E termina, dizendo que “depois não conseguem "rigorosamente nada" daquilo que reivindicam”. A mesma pergunta que feita a Cristas pode ser feita também a Rui Rio.” Se o Estado não está em condições de poder dar tudo, então que tipo de negociação poder haver face à irredutibilidade dos enfermeiros?

Como já afirmei não é o direito à greve que ponho em causa, mas a estranheza pela sua virulência prolongada no tempo e pelo estranho financiamento dos que para ele colaboram. Não serão por certo os próprios que contribuem com o seu salário para, depois, receberem o seu retorno. No meu entender esta greve é lesiva para as pessoas indefesas que são utentes do SNS e está a sobrepor-se ao também direito básico dos cidadãos aos cuidados de saúde.

Como diz Amílcar Correia no editorial do jornal Público de hoje: “Os enfermeiros estão em greve porque reclamam o justo descongelamento de carreiras ou o aumento do salário-base, mas trata-se de uma greve particularmente injusta para doentes sem seguro de saúde, subsistema e, portanto, sem alternativa, e para a credibilidade do Serviço Nacional de Saúde. Os hospitais privados agradecem. Quanto maior for a lista de espera para uma cirurgia, mais elevado será o número de doentes que poderão ser operados nas unidades privadas ao abrigo das convenções com o Estado.”.

Ser médico ou enfermeiro não é uma profissão como outra qualquer, elas são profissões de missão nobre e honrosas e, como tal, deveriam são inerentes ao empenho numa atividade que deveria ser, por si mesma, a procura do bem-estar do próximo com remuneração justa, digna e equilibrada ao seu desempenho. A profissão de enfermeiro não pode ser escolhida porque aí se auferem bons salários e ótimas progressões na carreira. Quem opta por este tipo de profissões não pode pensar em subir na escala social pelos salários elevados que prenda auferir, ela é já, por si mesmo, considerada numa elevada escala de prestígio pessoal e social.

As razões que possam ter para fazer greve é discutível, já que haveria muitas outras profissões que teriam também razão para a fazer por direitos e mais salário, mas, como são do privado e não podem “sugar” o Estado sustentado pelos impostos que lhes são retirados mensalmente aos seus salários para, em parte, irem satisfazer reivindicações irrealistas. As palavras de ordem dos enfermeiros, e já agora também as dos professores, estes conduzidos por Mário Nogueira que os orienta nessas andanças, são: Justiça! Dignidade! Reconhecimento! Temos razão! Respeito! A isto acrescento, porque não se calam!

O caso dos professores, embora diferente, está numa espécie de “parceria grevista” com os enfermeiros e, como tal, irá dar ao mesmo visto o seu sindicato ser liderado por Mário Nogueira. Não admira que queira ser esteja instalada através dos meios sindicais dos professores uma espécie de pequena ditadura popular e popularista entre eles. Será que isto uma espécie de ditadura que querem impor ao país algumas profissões, até as mais bem remuneradas que dependem do Estado?

Aliás, até posso ironizar dizendo que, não me admiraria. Alguns sindicatos como a Fenprof, que pertencem à central sindical CGTP-IN, e são uma espécie de correia de transmissão do PCP. O que afirmo pode ser provado pela participação daquela central sindical numa sessão, claramente em apoio à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela que, segundo escreve o jornal Público, “Todos estavam ali para ouvir as mensagens de solidariedade dos representantes de organizações como o Conselho Português para a Paz e Cooperação, a Associação Amizade Portugal-Cuba, ou a CGTP-IN.”, como podem conferir aqui.

Nota final: A greve é lícita? “Aquando do primeiro período de greve, no final do ano passado, o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República considerou que é lícita a convocatória da greve dos enfermeiros, mas alertou que caso caiba a cada enfermeiro decidir o dia, hora e duração da greve, o protesto é "ilícito".

 

 

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publicado às 17:35

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Corro o risco de me repetir e de estar, mais uma vez, em consonância com João Miguel Tavares no que respeita à atual questão do boicote aos exames a que a FENPROF dá o nome de greve. Eu e João Miguel Tavares nada temos em comum no que respeita a opções ideológicas na política e muitas vezes tenho colocado do lado oposto das suas opiniões. O seu artigo de opinião publicado no jornal Público “Professores: o justo, o injusto e o Justino”, é outro ponto de vista com que estou de acordo.

Sobre a posição do PSD sobre esta matéria já escrevi neste mesmo blogues com o título “O regalo da direita com as delícias dos professores”. Escrevi então que o disse o PSD quando “acusa o Governo de defraudar e discriminar os professores em relação aos restantes funcionários públicos no descongelamento de carreiras” porque à direita interessa a contestação para captar votos dos professores numa ação eleitoralista e, por isso, junta-se à esquerdas a que chamava radicais e que nada fez nem alterou em prol dos professores quando no Governo.

Foi agora a vez de David Justino, vice-presidente do PSD dar uma mãozinha a Mário Nogueira para participar na “luta” vanguardista dos professores por mais dinheiro e direitos e menos trabalho que, no final, é no que se resume toda esta movimentação contestatária já bem conhecida gerada pela máquina partidária do PCP.

Miguel Tavares utiliza um termo bem interessante quando diz que David Justino resolveu “cantar uma grandolada com os professores”. Ele disse de forma humorística que Justino e o PSD aliou-se aos que cantam com fervor canção Grândola Vila Morena. Tenho um grande espeito pelo que ela representou num momento da nossa história na segunda metade do século passado e ainda é um símbolo, não sei se será esse o caso de Miguel Tavares. Mas pronto, se não for pode voltar a escrever porque está perdoado.

Enfim, o CDS, fica-se pela superfície, e o PSD, oportunista, está a colar-se aos sindicatos mas ninguém avança com o importante: é preciso reformar a avaliação dos professores.

Para quem não tenha acesso ao artigo de João Miguel Tavares no jornal Público transcrevo-o na íntegra com a devida vénia.

 

 

OPINIÃO

João Miguel Tavares

Professores: o justo, o injusto e o Justino

Um vice-presidente do PSD deveria ter bastante mais prudência quando resolve dar o braço a Mário Nogueira para cantar uma grandolada com os professores.

16 de Junho de 2018, 8:13

O vice-presidente do PSD David Justino deu uma entrevista ao PÚBLICO. Título: “O tempo de carreira dos docentes deve ser respeitado.” Pós-título: “David Justino elogia sindicatos e cobra ao Governo a contagem integral do tempo de serviço congelado aos professores.” No mesmo dia, o PÚBLICO tinha como manchete um trabalho da jornalista Clara Viana sobre o número de professores e de alunos existentes no sistema de ensino. Título: “Número de alunos está a descer e o de professores a aumentar.” Pós-título: “Número de alunos no ensino não-superior desce por causa da quebra da natalidade e o de professores aumenta devido à entrada no quadro de cerca de 3300 contratados neste ano lectivo.” Eis o esplendor de Portugal. Na mesma edição do PÚBLICO temos um político na oposição a defender aquilo que sabe que o Estado não pode dar, e o Estado a ignorar os dados mais elementares da realidade demográfica portuguesa.

Será que depois de quatro anos de troika não aprendemos nada, e continuamos sentados a um canto com orelhas de burro, por mais reguadas que a realidade nos dê? Infelizmente, é pior do que isso. David Justino não é burro. António Costa não é burro. Mário Nogueira é tudo menos burro. Eles sabem que se as escolas têm cada vez menos clientela e ainda assim o número de professores continua a aumentar, o ensino público vai dar o berro, tal como o Sistema Nacional de Saúde já está a dar. Simplesmente, não há uma alma política neste país que seja capaz de governar com os olhos postos no longo prazo, e por boas razões: a democracia é um jogo de curto e médio prazo, e colocar demasiadas fichas no futuro é um péssimo investimento. Vejam o que aconteceu a Pedro Passos Coelho – bastou o diabo falhar a sua entrada e o erro de timing custou-lhe a cabeça. Mais do que isso: para quê preocuparmo-nos com justiças futuras quando há tantas e tão grandes injustiças para corrigir no presente?

Então não é justo que os professores contratados entrem no quadro? Claro que é. Então não é justo que todo o tempo de serviço seja contado para a progressão na carreira? Claro que é. Então não é justo que um professor tenha estabilidade e não ande anos e anos a saltar de escola em escola? Claro que é. Qualquer professor consegue apresentar uma longa lista de reivindicações justíssimas, e não é preciso ser Justino para concordar com elas. O problema – o dramático e terrível problema – é que essa soma de reivindicações justas, se forem aceites, criam uma situação simultaneamente injusta e insustentável: tendo o Estado meios finitos, não é possível fazer a todos justiça sem injustiçar o contribuinte.

Donde, um vice-presidente do PSD deveria ter bastante mais prudência quando resolve dar o braço a Mário Nogueira para cantar uma grandolada com os professores, até pelo histórico do seu partido. Há eleitoralismos que descredibilizam – e muito. E quanto à classe docente, com a qual tenho andado em animadas discussões nos últimos tempos, penso que deveria fazer um esforço sincero para levantar o nariz da sua carreira e olhar para o conjunto do país. É claro que para tudo há solução: se existem mais professores e menos alunos, então que se aproveite para diminuir o número de alunos por turma. Não será essa uma medida justa? Eu, como pai de quatro, respondo: é uma medida justíssima! E assim vamos nós andando alegremente, saltando de medida justa em medida justa, até nos afundarmos todos em mais uma injustiça geral.

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publicado às 17:49

Professores e as delícias.png

As pressões a que os sindicatos dos professores  sujeitam as escolas consumada pelo boicote às avaliações já tem mais uma força apoiante, desta vez a CNIPE – Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação.

Duvido que esta confederação não se tenha apercebido que, com o comunicado emitido, está a apoiar, a dar força e a colaborar implicitamente com a greve/boicote às avaliações dos seus educandos convocada pelos sindicatos.

À direita interessa esta contestação, daí se juntar às esquerdas manifestas da FENPROF, correia de transmissão do PCP. Pela voz do PSD “acusa o Governo de defraudar e discriminar os professores em relação aos restantes funcionários públicos no descongelamento de carreiras”. O certo é que este partido, quando no Governo, não fez nem alterou nada em prol dos professores.

As contestações dos sindicatos dos professores são aproveitadas partidariamente pela direita e, na prática, são alianças explicitas com os que denominava de esquerdas radicais. Parece que, por interesse partidário, agora já não o são.

A direita defende, hipocritamente, a justiça das reivindicações dos professores. Ela, a direita, sabe que tudo quanto seja prejudicar as finanças toca a seu favor para que, mais tarde, ou mais cedo, possa potencialmente tirar dividendos com um novo potencial descalabro das finanças que venha a interessar para a sua causa, mesmo que seja mau para o país e para todos.

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publicado às 19:19

Estamos fartos da ditadura professoral

por Manuel_AR, em 09.06.18

Professores em luta por mais dinheiro.png

Regressado duma viagem por Espanha e por França deparo-me mais uma vez com as reivindicações duma classe, dita de professores da função pública, manipulados pelo seu grande educador e líder sindical Mário Nogueira que já nem se recorda do que é dar aulas. É o exemplo do líder sindical, que leva os professores a serem uma espécie de mercenários da educação que querem trabalhar o mínimo por mais dinheiro. Lutam pela manutenção de alguns dos seus privilégios, mas têm aos poucos vindo a roubar à profissão o prestígio, a autoridade e a simpatia que ela deveria ter junto da comunidade que é suposto servir.

Temos ainda tantos setores sociais, como o da saúde, educação (salários dos professores não incluídos) carenciados que necessitam de verbas e exigem-se agora verbas astronómicas para manutenção de privilégios que poderia ser feita gradualmente.

Quantas famílias vivem neste país que trabalham com um ordenado mínimo e fazem os possíveis por manter o seu emprego trabalhando horas a fio observam, atónitos, aqueles que deveriam estar mais preocupados e centrados nas avaliações dos alunos em vez de reivindicações impossíveis de satisfazer de momento. para conseguirem ainda mais dinheiro obtido com a contagem integral do tempo de serviço desde há nove anos, que até poder ser legal e de justiça, mas esquecem-se, estes intitulados professores, de que estamos ainda a sair duma crise que sacrificou muitos trabalhadores e que, decerto, não foram eles, os do ensino público, os mais atingidos. Reconheço e dou valor ao trabalho dos professores, os que merecem esse epíteto e que são, felizmente, a grande maioria, cujo trabalho não é muitas vezes devidamente reconhecido por alunos e encarregados de educação.

Não discuto se a luta reivindicativa de reconhecer os 9 anos 4 meses e 2 dias é ou não legalmente justa. Naturalmente sê-lo-á.  Mas há nove anos estávamos em 2007 e no governo encontrava-se José Sócrates como primeiro-ministro, que continuou até 2011. De 2011 a 2015 esteve no poder o governo de coligação de direita PSD-CDS chefiado por Passos Coelho e Paulo Portas. O senhor Mário Nogueira, tirando uma escaramuça aqui e ali durante todo aquele tempo, não abriu a boca sobre o tempo de serviço que lhes foi retirado, mas agora reclama. Porque só agora esta luta desenfreada, com ameaças de greves a exames e prejuízo da abertura do próximo ano letivo que apenas prejudica alunos, encarregados de educação e famílias?

A classe dos professores é aquela que, quer em regalias, quer em remuneração média, é das mais elevadas na função pública e até do setor privado. O manipulador sindical Mário Nogueira faz mover os professores acenando-lhe com mais euros para os seus bolsos e arrasta agora outros para a sua luta de prestígio pessoal e sindical que o leva já ao culto da personalidade pelos ditos professores ululantes no que toca à obtenção de mais dinheiro.

A classe professoral sabe que tem um patrão, o Estado, que não os pode despedir por mais que prejudiquem a educação. O outro patrão, o da política, é o Nogueira, é a ele que prestam vassalagem para obterem o possível e o impossível. É uma espécie de ditadura professoral que não tem quem lhe faça frente. Quem poderá vir no futuro tirar vantagens com este tipo de movimentações?

Só alunos, pais e encarregados de educação poderão barrar atitudes de ditadura professoral colocando de lado opções políticas e partidárias e unindo-se numa grande manifestação nacional contra o boicote que Mário Nogueira e outros como ele pretendem fazer aos exames, às notas e à abertura do ano letivo levando consigo uma classe que deveria ser um prestígio para o país. Pais e encarregados de educação são os únicos que poderão travar este boicote e acabar de vez com atitudes ditatoriais de um líder sindical que desprestigia uma classe.

Embora esteja sempre, ou quase sempre, em desacordo com os pontos de vista e as ideias políticas de João Miguel Tavares vejo que, mais uma vez, estou de acordo com o que escreveu no jornal Público que podem ler aqui.

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publicado às 18:50

MN e JMT.png

Raramente leio os artigos de opinião que João Miguel Tavares escreve no jornal Público, e, quando o faço, é porque algum sentimento de indignação que me compele a isso. Talvez por ele ser um liberal incondicional, e eu não, ele ser de direita, e eu não. Talvez por ele ser um liberal convicto seja levado a fazer oposição ativa à esquerda através da escrita de opiniões, defendendo sectariamente apenas um lado, o “seu”, procurando algo e só o que possa criticar no “outro”, apenas e porque não é o seu.

Hoje li o artigo de João Miguel Tavares, há sempre um dia em que a nossa opinião pode, ocasionalmente, mudar face a algum acontecimento. Encontro-me hoje nessa circunstância. Ter que concordar na íntegra com o que Miguel Tavares escreve no Público.

Fui professor em dois momentos, no ensino profissional e, posteriormente, no ensino superior. A minha mulher também foi professora do ensino público durante as dezenas de anos e depois na área pedagógica do Ministério da Educação vários anos, conheço bem o que foi o ensino por fora e por dentro apesara das alterações que se verificaram no tempo do “chamado ensino do Crato”. Ao contrário dos filhos de JMT que andam no ensino público, os meus netos, por uma questão de opção, e não porque a qualidade seja superior no privado face ao ensino público, até porque, alguns colégios privados, em alguns casos, deixam bem a desejar, e não digo nomes.

Deste modo, e por coerência com o que escrevi em “posts” anteriores opondo-me à greve reivindicativa do sindicalismo egoísta e umbilical, que mais parece uma corporação de professores liderada por Mário Nogueira, tenho que concordar com o que JMT escreveu hoje e faço das palavras dele as minhas, objetivamente e apenas neste caso, não confundamos nem misturemos as coisas.   De qualquer modo recomendo a leitura do artigo que pode ver aqui.

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publicado às 21:02


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