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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
A europa atravessa tendências radicais nos países que vão a eleições este ano, daí a aflição de alguns setores europeus, nomeadamente da Alemanha de Merkel e do seu ministro das finanças Schäuble que inauguraram as pressões e a chantagem sobre a Grécia, face às previsões das próximas eleições de janeiro coadjuvados pelo assustado Holland e outros. Antecipam as maiores desgraças, anteveem a catástrofes, obrigam a condições, ameaçam com sanções, chantageiam e atemorizando os povos. Fazem reinar o medo. Aliás, parece ser esta a política seguida na União Europeia com a Alemanha a comandar o que, a nós, portugueses, já não é estranho porque Passos Coelho também utilizou e ainda utiliza o método da chantagem e do medo não apenas relativo ao passado com projeção no futuro.
A possibilidade do Syriza, partido da esquerda radical da Grécia, poder vir a ganhar as eleições assim como o Podemos em Espanha poder obter um grande votação põe a direita europeia nervosa. Esta é a grande preocupação da Alemanha e de outros países lacaios que vêm a democracia como válida apenas e só se os partidos que eles entendem ganharem as eleições. Caso isso não suceda apontam a povos soberanos a arma do medo.
A democracia passará a estar em perigo na Europa se aceitarmos que, em eleições livres, devam ganhar apenas os partidos que outros achem devam ganhar.
Veremos se a mesma atitude, face aos partidos extremistas da direita de Marine le Pen em França, se levantarão vozes ameaçadoras na Europa caso a tendência, em altura própria, seja a de poder vir a ganhar eleições.
A campanha de intoxicação pública tendo em vista a preparação das eleições para o Parlamento Europeu e a tomada de balanço para as eleições legislativas de 2015 já começou.
Em maio de 2011 no blog antinomias escrevi que José Sócrates vivia no país das maravilhas, e, por isso mesmo muitas vezes afirmei que ele estava a enganar os portugueses. Ao reler o que escrevi na altura considero hoje que, em muitos pontos, não terei tido razão nas críticas que fiz ao verificar a atual prática política quotidiana destes novos "turbo" neoliberais[i] que nos governam, muito dele oriundos das JSD e da JP. Estes senhores são muito piores do que aqueles que acusam de nos ter conduzido ao ponto em que nos encontramos esquecendo-se que agravaram com o seu proclamado ir muito para além da "troika"a situação de todos os portugueses, pelo menos a da grande maioria, enquanto outros tiraram vantagens.
Comentadores de política dos canais de televisão alinham pela comunicação do Governo sobre a saída da "troika". Assim sendo não é mais do que uma falsa saída porque, na realidade, é um terá condições que levará a que tudo fique na mesma ou eventualmente piorar. Lançam para a opinião pública a mensagem da falsa ideia de que a saída da "troika" é vermo-nos livres do programa de ajustamento e da recuperação da soberania. Com base em estatísticas ainda rudimentares, apuradas segundo critérios alguns deles discutíveis, gabam-se da recuperação da economia, do aumento da procura interna, no aumento do consumo, do clima de confiança e tudo o que lhes sirva para demonstrar aquilo que não se verifica no quotidiano das empresas e das famílias.
O equilibrista da política Paulo Portas tenta vender assim alguma coisa, qual propagandista de feira que, para atrair clientela para a sua banca, utiliza um megafone ao qual juntou um relógio digital para contar os segundo até à realização de um sorteio no final da feira, neste caso a saída da "troika". Daria também um bom técnico para agências de marketing e publicidade que o quisessem contratar. Todos nós desejaríamos que tudo terminasse, mas a realidade é que não vai acontecer da forma como querem fazer crer aos portugueses.
O Presidente da República fala de esperança e de confiança. A esperança e a confiança não criam emprego, não fazem investimento, nem colocam pão na mesa em muitas centenas de milhar de portugueses.
Com a mira nas próximas eleições, os partidos da coligação, assestam a sua comunicação intoxicante para obtenção dos votos dos portugueses. Neste movimento acelerado encontram-se diversas instituições internacionais e alguns dos seus responsáveis que alinham pelo mesmo diapasão de apoio a este Governo tendo em vista as eleições europeias. Penso que já tivemos todos a experiência ao longo destes quase três anos do que nos são capazes de oferecer se ganharem as eleições.
Os que dizem que a oposição não tem alternativas e que, portanto, o caminho é único, dão como exemplo as posições tomadas ultimamente pelo presidente francês François Hollande.
Pode ser possível que a oposição tenha que manter ou transformar no todo, ou em parte, algumas das medidas tomadas, o que sempre será preferível às doses massiva, cegas e sem rumo que atingiram apenas alguns setores da sociedade com a austeridade mais excessiva. Sê-lo-ão feitas de forma diferente e escalonada.
O que esta gente promete a partir de maio é de facto um país como o de Alice no País das Maravilhas onde tudo é irreal e ao mesmo tempo absurdo. É uma espécie de engodo com açúcar para apanhar moscas incautas.
Devemos estar atentos e de olhos bem abertos às armadilhas que esta direita nos está a lançar.
[i] Neoliberalismo é um sistema económico que se baseia numa intervenção mínima do estado na economia. Será o mercado que se autorregula com total liberdade e sem qualquer intervenção. É a instituição de um sistema de governo onde se atribui à iniciativa privada mais importância do que o Estado, pelo que, quanto menor a participação do Estado na economia, mais rapidamente a sociedade pode desenvolver-se e progredir, buscando um Bem-Estar Social. Esse tipo de pensamento pode ser representado pela privatização e pelo livre comércio.
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