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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Quando Macron foi eleito o povo francês com a experiência que teve com François Holland não quis que o PCF voltasse ao poder e votou no centrista Emmanuel Macron, [República em Marcha, partido de Macron], alguém fora dos partidos convencionais, tendo sido eleito em 2017 com 66,10% dos votos, contra 33,90% da candidata de extrema direita Marine Le Pen, na segunda volta das eleições presidenciais francesas.
Os franceses quando votaram Macron não sabiam ao que iam? Um povo que se diz politizado, e é, foi engando por um político sem experiência governativa? Os franceses escolheram sem saber o que escolhiam, ou foi o desaire do período Holland que os levou a eleger um candidato liberal do centro direita sem saber o que faziam?
Direita é direita seja do centro, ou não, mas há diferenças com a extrema-direita a quem deram 33,9% dos votos e que agora, no Parlamento, incentiva e apoia manifestações violentas.
Esta espécie de rebelião dos autodenominados “coletes amarelos” agrada à extrema-direita e à extrema-esquerda, a cada um por razões diferentes. Para os franceses Macron terá salvo a França dos socialistas, e agora?...
No meio da rebelião de descontentamento generalizado aproveitado por movimentos inorgânicos de cariz caótico, sem liderança efetiva e onde surgem espontâneos representantes ad hoc para dialogar com o Governo, Marine Le Pen faz o seu caminho e apanha a boleia reivindicando eleições antecipadas. É a extrema-direita em oposição com a própria direita que governa o país!
Estas manifestações que se tornaram violentas, sem horizonte de responsabilidade, são uma ameaça democrática à democracia porque apoiadas pela imaturidade, debilidade, incerteza e impaciência de alguns cidadãos. É um paradoxo ter de proteger a democracia dos cidadãos. A democracia é demasiado importante para ser deixada nas mãos de um povo que se deixa conduzir por movimentos sem liderança e destituídos de qualquer ideologia. Uma espécie de anarquismo dos tempos modernos que reivindicam tudo o que lhes passe pela cabeça sem acautelar consequências.
Há quem faça comparações ao maio de 1968. Parece-me que não, o maio de 68 tinha na sua génese princípios e conteúdos ideológicos nos discursos e na liderança. Atualmente este tipo de movimentos, ditos espontâneos que se tornaram violentos, parecem-se mais com os movimentos juvenis que eram estimulados pela extrema-direita nazi na Alemanha no tempo do Hitler, mas, até nesses, existia uma base ideológica.
Uma das palavras de ordem dos manifestantes é a descrença nas elites e fazem reivindicações que pode ler aqui, muitas delas irrealistas e infantis parecendo redigidas por adolescentes em fase de revolta interior e plenas idealismo.
Para os franceses o palco de violência reivindicativa que se instalou em Paris, causador desta constante insegurança semanal, mostra ser mais importante do que o terrorismo vindo de fora que a França tem que enfrentar e combater, pois, parece que grande parte da população apoia estes distúrbios reivindicativos.
Hoje soube-se que o Governo francês recua e suspende aumento dos combustíveis e um tal Benjamim Cauchy dos coletes amarelos diz como se fosse um adolescente a despertar para a autonomia dos pais diz: "Não somos marionetas de políticos que querem continuar a dar-nos lições. E é isso que nos diz a linguagem dos deputados do República em Marcha [partido de Macron] nas declarações que têm feito aos media". Mas que sabem eles de gerir uma Nação, um Estado? E, claro, ontem, segunda-feira, os partidos da oposição foram dizer ao primeiro-ministro, Édouard Philippe, que é urgente satisfazer algumas exigências das pessoas que protestam nas ruas. A oposição aproveita sem esforço a deixa que lhes foi dada pelo movimento. Só que essa tarefa está a ser dificultada pela falta de uma frente unida de interlocutores no lado dos "coletes amarelos", o que faz com que este movimento se coloque numa posição de anarquia sem objetivos políticos bem definidos.
Como escreve Edgar Morin no jornal Le Monde de hoje:
"Nenhum líder, nenhum chefe, nenhuma estrutura, nenhuma ideologia, que reúna o descontentamento, deceções, frustrações, raiva heterogénea e diversa, do aposentado ao fazendeiro, o membro do Encontro Nacional aos jovens urbanos não subjugados.
Mas essa força inicial tornou-se uma desvantagem no momento em que era necessário anunciar um programa de outra forma, pelo menos, uma orientação para reformas, e não remoções fiscais ou a renúncia do presidente. Certamente, várias alegações formuladas por meio de diversas vozes incluem sugestões relevantes misturadas a ideias improvisadas. Mas carece totalmente de um pensamento orientador e tal pensamento levaria a uma divisão entre os componentes heterogéneos de um movimento onde a raiva unida contra o poder são, na verdade, antagónicas entre si. Portanto, qualquer coisa que poderia ser um movimento bem-sucedido pode levar a uma falha final”.
Veja-se abaixo as reivindicações exigidas do tipo caseiro e alguma difícil execução numa democracia liberal e até mesmo socialista. Que partido acham os ditos “coletes amarelos” poderão satisfazer todas estas reivindicações?
Ignorância a quanto obrigas!
De acordo com o jornal Le Monde estará marcada um nova manifestação dos “coletes amarelos” em França para sábado 1º de dezembro?
Marine Le Pen líder do partido União Nacional, ex FN, sob a capa da moderação, provoca implicitamente o confronto quando disse na Europe 1, segundo o jornal FranceSoir, "Se os Champs Elysees forem interdito aos “coletes amarelos” eles sentirão isso como um ato de mais humilhação, mais uma forma de desprezo", argumentou o Marine Le Pen. "Os Champs-Élysées é uma avenida que é o símbolo da França, ora os “coletes amarelos” são o povo francês…” Eles consideram isso como como sendo seu.”, afirmou Le Pen. Pode conferir aqui.
Segundo uma sondagem em França que pode ver aqui são cada vez mais os franceses que apoiam os “coletes amarelos” e os protestos pela redução de impostos e reposição do poder de compra: 84%,. Os eleitores da União Nacional de Le Pen, antiga FN, são os que mais apoiam a contestação com 92%. Os apoiantes de Macron dividen-se: 50% apoiam e 50% não.
Isto leva-nos a refletir sobre este tipo de movimentos. As manifestações são ações democráticas em que se pretende expressar coletiva e publicamente um sentimento ou uma opinião podendo ser
Saído do algarve viajo em direção ao norte. Acima da linha do rio Tejo os cheiros do mar substituem-se ao odor a esturro das florestas queimadas.
Os incêndios devastam serras, florestas, perigam povoações, casas, animais e pessoas que vivem nas redondezas por onde o fogo se propaga sem contemplações iniciado por mãos criminosa aliciadas por dinheiro fresco, ganho apenas com o trabalho de riscar um fósforo destruindo bens e vidas de quem se sustenta com trabalho duro.
Nesta época do ano, parca em acontecimentos políticos que não possibilitam a captação de audiências os órgãos de comunicação social televisivos não têm mãos a medir e as redações aproveitam este filão noticioso.
As notícias sobre a destruição de património florestal pelos incêndios substituem-se aos comentários especulativos e às notícias sobre política tendenciosamente desestabilizadoras.
Na época de incêndios, como se estes fossem uma época, como pomposamente os canais de televisão denominam os incêndios logo no início da primavera e do verão, na sua ânsia de informação, e de “serviço público como tão bem sabem fazer”, convidam toda a espécie de sumidades e personalidades entendidas sobre florestas, incêndios, ordenamentos, para entrevistas e debates sobre o tema. Todos os anos dizem o mesmo, especulam, peroram, defendem, atacam.
Ao longo de mais de trinta anos os incêndios passaram a ser a regra e não exceção. A partir de maio, assim que a meteorologia prevê aquecimento estão eles, os diligentes e atentos das redações dos canais de televisão antecipando notícia do que preveem irá ser notícia. Isto é, preveem aquilo que vai acontecer sem saberem se vai de facto acontecer. Há uma estranha sensação de que preparam, estimulam, aliciam para que aconteça, para que haja notícia.
No calor dos incêndios, as populações acodem, socorrem, apoiam quem acorreu em seu auxílio, os incansáveis bombeiros, quando podem. Os canais informativos primeiro, depois os generalistas, repetem até a exaustão notícias cada vez mais assustadoras e, para acalmar a raiva dos que por toda a parte clamam por justiça avançam com progressos efetuados pelas várias polícias na detenção de presumíveis incendiários. Falam em culpados, suspeitos, indiciados, fazem prisões preventivas, informam sobre números de suspeitos e que as polícias detiveram ou que se encontram em averiguação. Divulgam o perfil dos potenciais incendiários, inimputáveis, uns, outros são geralmente novos ou idosos, desempregados, alcoólicos oue toxicodependentes e, caso estranho, utilizam isqueiros ou fósforos para iniciar o incendio. Estranho seria que utilizassem lança-chamas!
Fazem-se petições para agravamento de penas para incendiários. Juízes sentenciam que os reincidentes pirómanos retornem à prisão durante a época estival. Mas não será isto apenas para acalmar a voz do povo que especula nas ruas, nos cafés, nos bairros que, sem compreender, atribui e aponta as mais diversas as causas para estes atos criminosos?
Na voz de alguns países, nossos parceiros da U.E., somos quase uma espécie de párias, não o dizem, mas de forma mais diplomática lá o vão dizendo de modo a ser politicamente correto. Agora somos um povo de perigosos de incendiários e, neste ponto, temos que lhes dar razão se nos chamarem PIF’s, povo de Perigosos de Incendiários Florestais. Custa-me dizê-lo mas a evidência confirma-o, diariamente, nas últimas três semanas.
Surgem notícias rebuscadas com imagens que mostram incêndios noutros países como em Espanha e em França. É como quem diz: veem não é só cá! E o povo reproduz. Funciona como uma espécie de purga para as consciências face aos desastres premeditadamente provocados por indivíduos ou grupos de incendiários. Não se queira comparar o que é incomparável. Uns, são casos pontuais, outros, os nossos, em Portugal, são sistemáticos, organizados e de cariz marcadamente criminoso. Especula-se sobre as causas que motivam estes atos criminosos que terminam quase sempre em culpados cujo perfil atrás referi.
Se pudéssemos ao longo dos últimos trinta anos, cartografar os dados de áreas ardidas, para um analisar e comparar as suas localizações, dias e horas do início das ignições e dos alertas, a importância económica e ecológica das áreas incendiadas, os locais de importância paisagística para o turismo, a proximidade de reservas naturais para uma análise temporal daquela informação cartografada provavelmente mostraria um padrão que indiciaria que não há aleatoriedade e ocasionalidade dos incêndios mas um planeamento prévio que pressupõe a existência de uma rede de terrorismo incendiário, cobarde e sem rosto, muito bem organizada com objetivos definidos a médio e longo prazo. A média e grande extensão dos incêndios incontroláveis, como o foram os deste verão, mostra exatidão nos locais, a utilização das previsões meteorológicas relevantes para a prática deste terrorismo, o conhecimento da impossibilidade da plena eficácia de meios no combate ao incêndio nas áreas escolhidas a que se junta a seleção de indivíduos que são facilmente aliciados com motivações que vão para além das aparências apontadas ou o maluquinho da aldeia ou o sujeito ou sujeita que resolveu fazer um fogacho para uma sardinhada e que não teve cuidado. Como ouvi dizer o presidente da Cáritas portuguesa, há forças ocultas que estarão por detrás disto.
Funcionam como máfias organizadas onde quem está no terreno desconhece quem é o mandatário do crime ou até a motivação para tal. Um desconhece o agente imediatamente anterior, Não é justificável qualquer que seja a motivação para que portugueses destruam o país onde vivem.
Na Europa temos a fama de sermos um povo que vive acima das suas possibilidades, gastador, acusação que é, como se sabe, falaciosa, agora de sermos considerados um povo perigosamente incendiário é que já não nos livramos.
Hoje é o dia em que o querido líder do PSD Passos Coelho vai dizer as balelas do costume no Pontal o que centrará as atenções dos órgãos de comunicação social que aproveitarão para o “puxar para cima”, e os incêndios passaram à história.
Após semanas de silêncio por ter andado por terras de Espanha e França do sudoeste volto aos comentários habituais sobre política já que a ausência da falta de imprensa e televisões nacionais foram um intervalo desintoxicante e porque o Euro 2016 parece ter-se sobreposto a tudo quanto é política. Mas a este ponto voltaremos no próximo comentário.
Em Espanha, antes das eleições, debates e mais debates televisivos entre os líderes dos quatro principais partidos encheram-me o papo com argumentos sem novidade.
Jajoy, do PP, defendendo uma direita desgastada, mantendo o mesmo estilo de velho conservador sem novidades e sem rumo, mas que fazia suspeitar ao que viria se ganhasse as eleições e que, de facto, veio a ganhar sem maioria absoluta.
O PSOE com Pedro Sanchez mais parecia uma balança desequilibrada cujo fiel da balança não conseguia encontrar. O PODEMOS é uma dose esquerda enfezada cujo receituário de algumas vitaminas que Jajoy lhe proporcionou e que lhe permitiu alcançar algum espaço desocupado pelo PSOE. Prometia referendos de independência para regiões que podem vir a ser caixas de Pandora. Pablo Iglésias apresentava propostas boas se não fossem desadequadas ao momento que a UE atravessa. Iglésias é um líder cujo carisma, postura e imagem foram criadas para ficar mais ajustado a um estereótipo da classe trabalhadora. Bem poderia ser um líder dum partido que poderia fazer história juntamente com o PSOE, mas a embriaguez do crescimento rápido conduziu-o a um certo radicalismo de esquerda que parece preferir que a direita esteja no poder a fazer cedência para mudança de rumo. É isto que tem prejudicado a esquerda em Espanha com sorrisos de contentamento da direita.
O PSOE lá conseguiu, afinal, o segundo lugar nas eleições, imediatamente à frente do PODEMOS. Em conjunto obtiveram nas cortes espanholas uma maioria de deputados superior ao PP. Porém para o PODEMOS a teoria do comportamento operante de Skinner parece não se aplicar, ao contrário dos ratinhos da investigação que, face a um reforço negativo encontram sempre a solução para sair do labirinto.
Em França na região onde me encontrava não se sentiu o efeito dos movimentos e greves da CGT contra a reforma da lei laboral. Aparentemente a política passa despercebida na azáfama dos enormes TIR que circulam sem parar fazendo filas imensas. Um trânsito intenso nas autoestradas, talvez devido ao Euro 2016, tornava as viagens cansativas para as quais o tempo também não ajudava, passando de violentas chuvadas que transmitiam insegurança para quem quisesse, mesmo a sol aberto, pôr o pé na praia de Biarritz onde surfistas faziam a rotina do vai e vem constante para tentarem apanhar a onda perfeita, à altura de cada um claro está, mas que nunca chegava. Era uma espécie de mito de Sísifo aplicado, sem desistência, até ao pôr-do-sol.
Finalmente, cheguei ao nosso Portugal. Com grande espanto ouço, sobre a questão das penalizações da UE por causa do não cumprimento dos dois décimos do défice, os disparatados argumentos de Passos Coelho e de alguns dos seus mais fiéis acólitos (ditos patriotas) que fazem parte do calhambeque que é hoje a oposição. Mas sobre isto irei escrever proximamente.
Quanto à saída do Reino Unido da UE como resultado do referendo outro espanto: a desresponsabilização e abandono de três influentes políticos como se nada tivesse acontecido por culpa deles e fogem como ratazanas dum navio que está prestes a afundar-se.
A apresentação de diferentes pontos de vista sobre veracidade de factos políticos e a crítica a políticas que estão a ser seguidas deve servir para reforçar a democracia e não para a destruir.
Durante as campanhas eleitorais e, não raras vezes, durante debates parlamentares, partidos políticos das diferentes áreas, à direita e à esquerda acusam-se mutuamente de intervenções populistas. Mas será o populismo algo que deva ser rejeitado mesmo quando vai de encontro ao que o povo sente e pensa?
A utilização corrente do termo populismo pretende defender e ir de encontro aos anseios do povo em contraste com as elites do poder. Combina ideias de direita e de esquerda e frequentemente é hostil aos partidos socialistas e ou trabalhistas. Todavia, também são bem conhecidos populismos exacerbados por partidos ditos socialistas e comunistas durante a revolução soviética e cultural chinesa.
Na França o partido de Marine Le Pen, Frente Nacional, tem sido o mais mediático, intitulado de populista, nacionalista e de extrema-direita.
Onde começa e acaba o populismo de Marine Le Pen parece ser um tema de reflexão para quem passou a desconfiar desde as últimas eleições duma direita que se instalou em Portugal, apoiada por liberais, neoliberais e conservadores de toda a espécie, e de um partido socialista atrofiado que tem vindo a demorar a brotar do terreno de desconforto onde se aninhou.
Marine Le Pen moderou o discurso radical e extremista do seu pai, Jean Marie Le Pen, e hoje não se identifica com sendo nem de direita radical, nem nacionalista quando diz "não me sinto como sendo da direita radical. No plano económico não me sinto mesmo nada da direita. Não sou por menos Estado, não sou por mais privatizações, não sou pelo ultraliberalismo, não sou por essas leis do mercado que eu considero deverem ser controladas porque, caso contrário, conduzem ao esclavagismo...".
São políticas de esquerda mas quando confrontada com esse rótulo responde que é de extrema-esquerda para Nicolas Sarkozy e de extrema-direita para o Partido Socialista e afirma-se como sendo nem de esquerda, nem de direita, mas que é de França.
À data em que publico este "post" a FN de Le Pen ficou em segundo lugar nas eleições departamentais em França, com 25,2% dos votos na primeira volta das eleições.
Na entrevista concedida e publicada na Revista do jornal Expresso Marine Le Pen apresenta-se como representando o patriotismo, a defesa da França e do seu povo. Cá está. O apelo ao povo e contra a União Europeia e a globalização. Não há quem não reconheça que a União Europeia está a atravessar uma crise grave e, como se sabe, com problemas económicos e políticos de vária ordem. A austeridade tem tornado descontentes e céticos relativamente à Europa, cidadãos de vários países, nomeadamente os países do sul e o caso muito especial da Grécia.
Le Pen não esconde que tem o apoio de portugueses imigrantes em França porque "são respeitadores das leis francesas e criticam os abusadores estrangeiros delinquentes, os fundamentalistas islâmicos e os que abusam do nosso generoso sistema social".
O multiculturalismo para ela não tem que existir e defende a assimilação dos estrangeiros e não a integração e o ensino de línguas e culturas dos países de origem. "A escola deve fabricar franceses de corpo inteiro e não remeter as crianças para as suas diferenças". Pensamento nacionalista exacerbado e xenófobo com laivos de violência assimilacionista que não é mais do que uma assimilação forçada pela cultura dominante das culturas de povos que emigraram para um país.
Toda a filosofia e princípios multiculturalistas que foram construídos há mais de trinta e cinco anos na Europa são postos em causa. Mas Le Pen vai mais longe ao defender que "as sociedades multiculturais são sociedades, a prazo, multiconflituosas" e dá como exemplo "o desenvolvimento do islamismo radical".
O aproveitamento das emoções pessoais multiplicadas na sociedade devido aos ataques terroristas que geram o descontentamento popular é a cama para arranjar causas que sustentem e validem a tese da existência de um fundamentalismo islâmico, rejeitando o comunitarismo que está centrado nas sociedades, nas comunidades e nas suas tradições e culturas. Argumenta que a justiça não as pode levar em conta. Neste campo é este o pensamento de Marine Le Pen. O Nacional-socialismo numa primeira fase também escolheu os judeus como a causa de todos os males que afligiam a Alemanha.
O multiculturalismo nasceu com o aprofundamento duma União Europeia multicultural e multifacetada.
A indignação do povo francês sobre o atentado de janeiro é aproveitada por Marine Le Pen para despertar sentimentos populares primários de racismo, xenofobia e punição de tudo o que seja imigrante em França o que se depreende quando diz que "As autoridades não atacam as causas, apenas atacam as consequências. Quer dizer: metem na prisão os que apanham e que podem estar ligados a atentados. Mas não atacam as raízes desse mal para que não continue a disseminar no país os frutos podres do terrorismo islamita. Contra essas causas nada se faz. Perante as múltiplas reivindicações político-religiosas, de vestuário, alimentares, contra o código do trabalho, etc., nada tem sido feito. Pelo contrário, essas reivindicações comunitaristas tem-se intensificado".
Estas afirmações vão ao encontro do sentimento de alguns setores descontentes do povo. O discurso de Le Pen é claro, incisivo e de fácil assimilação para quem a escuta, condição essencial para fazer passar a sua mensagem.
O tema União Europeia capta as atenções dos que se opõem a uma austeridade imposta à França que Marine Le Pen aproveita para fazer a apologia da saída do euro como condição necessária para se assegurarem os interesses dos povos e explica a existência de tensões entre os povos europeus e exemplifica com as relações atuais entre a Alemanha e a Grécia afirmando que os fortes tratam os países do sul como "parasitas, gastadores, preguiçosos".
Há uma guerra económica que está a decorrer na UE através de um dumping social. Quando Le Pen fala de dumping social está a referir-se ao preço do trabalho que está a ser comparado com a venda de produtos abaixo do praticado no mercado, isto é, as empresas procuram eliminar a concorrência à custa dos direitos básicos dos trabalhadores. Os empregadores violam os direitos dos trabalhadores com o objetivo de conseguirem vantagens comerciais e financeiras justificando a necessidade de competitividade.
É evidente a sua posição é coincidente com opiniões de muitos políticos ao dizer que, "Quanto mais se avança mais a UE se transforma num palco… onde também decorre uma guerra psicológica que não une os diferentes povos mas sim, ao contrário, os divide cada vez mais e os põe em confronto. Penso que as nações são a estrutura mais adequada para ao mesmo tempo assegurarem a defesa dos interesses dos seus povos sobretudo para criarem relações equilibradas entre as diferentes nações".
Para Le Pen, Angela Merkel é a "patroa de tudo" a "diretora da prisão" que é a União Europeia e Durão Barroso era "o chefe dos guardas da prisão".
A atitude quanto à questão grega é muito próxima das posições da esquerda, pelo menos em Portugal. O que é imposto à Grécia sobre o que deve e como deve, ou não, fazer nada tem a ver com a soberania do povo grego é devido ao que ela apelida de "ditadura europeia". A "eurosteridade" é a ligação indissolúvel entre o euro e a austeridade.
Sobre este ponto merece a pena registar o que Marine Le Pen disse sobre Junker quase defendendo uma teoria da conspiração baseada no livero Clube Bilderberg de Daniel Estulin: " É o chefe dos guardas prisionais que sucedeu ao antigo chefe da guarda prisional, que era Barroso. Faz exatamente a mesma coisa. Eis dois exemplos de pessoas que vão para Bruxelas precisamente com urna ideologia do mundialismo porque eles nem sequer defendem os interesses da Europa. Passaram a vida a assinar acordos de trocas livres com o mundo inteiro. 0 objetivo deles não é defender os interesses dos europeus é o de criar um mercado único mundial. Vemo-lo com o Tratado Transatlântico[1], no qual os mais fortes ganharão, as multinacionais ganharão, e os fracos morrerão. E isso está a ser feito pagando o preço de sofrimentos horríveis. No vejo onde está o progresso, por exemplo na situação em que se encontra a Grécia ou Portugal, com as perdas de direitos das pessoas, os recuos de vantagens sociais, as perdas salariais, as privatizações forçadas. Mesmo com muita imaginação não consigo encontrar um pingo de progresso nessa situação. Apenas vejo regressões e recuos".
A questão das nacionalizações da banca que, ao longo dos tempos tem sido uma das bandeiras das esquerdas mais ou menos radicais, é recuperada por Le Pen ao defender que "Se um banco tem problemas é preciso nacionalizá-lo, mesmo de forma temporária… Por muito liberal que seja a Grã-Bretanha compreendeu que o Estado-estratego deve defender o interesse dos seus compatriotas e não hesitou em nacionalizar bancos quando foi necessário".
A troika, é um organismo tripartido que "está a reenviar os países para a idade média económica" e "cujo único objetivo é defender os interesses dos bancos das grandes instituições financeiras, dos credores dos países e de modo algum defender os interesses dos povos".
Se não conhecêssemos a autora destas ideias poderíamos atribuí-las a um partido de esquerda radical.
Os milhões de euros transferidos para Grécia não chegaram à economia através do povo que nada recebeu, foi para salvar os bancos, especialmente franceses e alemães que transferiram os riscos para os estados. Aliás isto já foi confirmado por Philippe Legrain.
A saída do euro é uma hipótese que ela coloca, voltando não ao velho franco mas a uma moeda que será o novo franco. Concorda que não é fácil acabar com o euro de forma pacífica e afirma que tal é antidemocrático porque são os povos que decidem. Dá o exemplo do que se tem passado com a Grécia que demonstra que a europa diz que os povos devem votar mas que "o seu voto não tem qualquer importância nem influência, quer dizer que estamos numa ditadura" que ela denomina "euroditadura". Diz ainda que "não é o povo grego que é soberano na Grécia. É a ditadura europeia que impõe à Grécia o que deve ou deve fazer".
Aqui em Portugal a direita e a esquerda vão apelidando o pensamento de Le Pen de populista, de acordo o que lhes interessa ou não. A linguagem política de Marine Le Pen é direita e de esquerda tendo como objetivo agradar e captar votos à esquerda, à direita e ao centro. Tudo quanto vier à rede são votos.
Muitas pessoas podem ser tentadas a reverem-se nas posições tomadas por Marine Le Pen que muitos dizem ser populistas. Sê-lo-ão de facto ou serão realistas face ao atual contexto europeu? O problema não está em saber se o discurso e as mensagens que transmite são ou não populistas, se algumas são ou não aceitáveis sejam de direita ou de esquerda mas, antes de mais, tentar perceber onde tudo isso poderá levar. Experiências de discurso idêntico, divergindo o seu conteúdo apenas no contexto histórico em que foram pronunciados foram de má memória.
Poderemos ser levados a pensar que, se o populismo defende os interesses do povo dum país e segue os preceitos dos regimes democráticos em liberdade, então seremos também populista. Mas quem garante que para cumprir o prometido e sua execução não seja lançado o germe de pré ditadura a reboque de implementação das tais medidas populares. Tanto mais que afirmações do seu pai, Jean Marie Le Pen, foram demasiado graves para que isso não possa acontecer.
Se os 25,2% que o populismo de Marine Le Pen da Frente Nacional conseguiu são um facto inegável, então, deve tornar-se numa preocupação para os próprios franceses. Porque muito do que defende Marine Le Pen é o sentir de muitos, mas ditaduras também se geram aproveitando-se de regimes democráticos. Há oradores eloquentes e ardilosos que podem atrair um grande número de seguidores desesperados por mudanças.
Em 1932 os nazistas tiveram 33% dos votos, mais do que qualquer outro partido. Em janeiro de 1933, Hitler foi nomeado chanceler, o líder do governo alemão, e os alemães acreditaram que haviam encontrado o salvador de sua pátria.
Nós, por cá, ainda não nos preocupamos muito com partidos como a FN por que as direitas unem-se e as esquerdas dividem-se. Nunca se sabe quando poderá surgir alguém que se coloque entre as duas, não rigorosamente ao centro, mas aproveitando o que ambas possam ter de bom e poderemos ser levados por populismos.
Mas há sempre quem, em Portugal, com discursos desajustados à realidade venha dizer em público que "Polémicas político-partidárias não criam um único emprego". O debate político e o confronto partidário de ideias não servem para nada. É este tipo de pensamentos que revelam potenciais ideias de partido único. A apresentação e a discussão de diferentes pontos de vista sobre veracidade de factos políticos devem servir para reforçar a democracia e não para a destruir.
Um Presidente da República que se cola clara e descaradamente a um partido, neste caso que está no Governo, deve estar com uma qualquer pedra no sapato, esperando em troca uma proteção sabe-se lá sobre quê.
[1] O Acordo de Parceria Transatlântica (APT), negociado desde Julho de 2013 pelos Estados Unidos e pela União Europeia, é uma versão modificada do AMI. Prevê que as legislações em vigor dos dois lados do Atlântico se verguem às normas do comércio livre estabelecidas por e para as grandes empresas europeias e norte-americanas, sob pena de sanções comerciais para os países infractores ou de reparações de vários milhões de euros em benefícios dos queixosos.
Pétain foi o chefe do regime que executou as ordens de Hitler na França durante a ocupação militar da 2ª guerra, é o símbolo de uma humilhação, uma cicatriz na consciência nacional francesa. Philippe Pétain é condenado à morte por um tribunal de guerra francês, por colaboração com a Alemanha nazista, pena depois comutada em prisão perpétua. O colaboracionismo é assim uma política de colaboração com forças ocupantes.
O projeto da construção de uma união europeia teve como objetivo inicial criar uma relação forte entre a Alemanha e a França e reunir os restantes países europeus a fim de se construir uma comunidade com um destino comum. Isto foi o projeto que, a partir aproximadamente 2008, começou a ter um enviesamento que partiu do poder e dos interesses alemães na europa aos quais se associaram países do norte ricos e excedentários.
Após setenta anos encarregaram-se, alguns países, de fazer em paz o que não conseguiram fazer com a guerra. O colaboracionismo do tempo da guerra deu lugar ao seguidismo, procedimento daqueles que seguem uma ideia, teoria, autoridade ou um partido sem questionar ou fazer qualquer juízo crítico. O seguidismo pela solução política e financeira radical germânica para a gestão da crise veio da parte daqueles que cooperaram e cooperam por afinidade ideológica, simpatia, coincidência nos objetivos, medo ou, até, por coação de quem quer impor, com proveito próprio, políticas de quebra da soberania a países que devem ser livres e independentes.
O seguidismo é também traição porque tende a colaborar voluntariamente com quem impõe uma ordem, regras e normas contrários aos interesses de um país, seja por que forma for.
Por esta ótica e do ponto de vista político e social pode exemplificar-se em Portugal com o "grito" do primeiro-ministro, Passos Coelho, quando afirmou que queria "ir mais longe do que o imposto pela troika".
Este tipo de seguidismo político, ideológico e económico tornou-se mais evidente ao longo dos últimos anos. Basta recordarmos declarações do secretário de Estado dos Assuntos Europeus Bruno Maçães quando da visita deste germanista à Grécia em 30 de novembro de 2013 e lhe valeu o epíteto de "o alemão" na imprensa helénica. Isto é uma vergonha. É necessário que o povo deixe de ter a fama de memória curta.
No atual contexto da União Europeia, confrontada com uma quase declaração de guerra económica e financeira contra países que, encontrando-se numa situação de fragilidade financeira, foram, apesar disso, aceites na U.E. e na adesão ao Euro. As posições alemãs e dos seus aliados do norte eram mais do que evidentes: submeter à força da austeridade e de enormes sacrifícios sociais povos soberanos retirando-lhes força e vitalidade para os poderem subjugar à sua vontade. Os próprios tratados europeus são os contratos assinados da submissão. O caso português é um dos casos mais evidente de seguidismo, o caso da Grécia é outro caso especial porque a partir do momento em que em eleições livres laçaram um grito de libertação para contrariar as políticas seguidas pela Alemanha estão a ser cercados por um círculo de fogo lançado pelos seus parceiros europeus.
Pode sempre dizer-se que, no nosso caso, ninguém nos obrigou, nós é que, por força das circunstância, fomos pedir socorro e, daí, vir a troika tão desejada e elogiada pela direita. Isso é um facto, daí ao seguidismo de Governo subserviente como tem sido o atual foi um passo. Uma coisa é necessitarmos de ajuda numa emergência, outra é a intromissão abusiva sobre o que devemos fazer para podermos cumprir os compromissos assumidos. Obrigarem-nos a tomar medidas para, dizem, cumprir compromissos assumidos é a passagem de um certificado de desconfiança, incapacidade e incompetência de quem nos governa e nisso fomos iguais à Grécia.
Baseiam-se no cumprimento dos acordos e compromissos para a imposição de condições unilaterais. Quem conhece alguma coisa sobre as máfias e sobre os compromissos referentes a empréstimos sabe que o não pagamento de dívidas, sem ser nos termos e condições impostas inicialmente, corriam o risco de lhe partirem braços, pernas e não raras vezes ameaçavam com a morte os devedores.
A morte física é um processo irreversível num ser vivo quando finalizam as atividades biológicas que caracterizam a vida. Um morto não paga dívidas por isso há todo o interesse em não matar o devedor.
O que está a acontecer na europa é uma morte lenta das economias mais frágeis com dívidas a aumentar a cada mês que passa e sem crescimento económico devido à austeridade férrea e teimosa com a intervenção opressiva de uns, a cumplicidade ativa de outros e, ainda, a complacência de mais uns tantos, fazendo com que a recuperação seja difícil e o retorno a uma dinâmica económica de crescimento torne ainda mais difícil e tardio o cumprimento dos compromissos assumidos.
Alguns, "furiosos", outros, desorientados, outros ainda receosos pelo que se passou com as últimas eleições na Grécia desejam que falhe redondamente qualquer política que possibilite o crescimento da economia naquele país e acrescentam, repetidamente, que Portugal não é a Grécia. É a única verdade que dizem. De facto não somos a Grécia. Somos um povo medroso, oprimido, temeroso, encolhido e incapaz de tomar posições perante quem nos pretende impor a sua vontade sem atender mais nada. Se é difícil para a Alemanha recuar na sua política porque seria admitir, perante os seus eleitores, o seu falhanço da política de austeridade imposta até agora, em Portugal é satisfação do "ego" de quem nos governa que está em causa, o seguidismo acrítico e a intenção de demonstrar falaciosamente aos outros a eficácia da receita que matou o doente. Veja-se o último relatório do FMI que, apesar das contradições, insiste na aplicação da mesma receita, se possível agravada.
Há comentadores, destituídos de qualquer espírito crítico e seguidistas de algo que falhou, que tudo aquilo que fazem não é mais do que espalhar mensagens negativas sobre o processo grego com o intuito de, por cá, amedrontar o povo. Lá fora o processo é idêntico mas com as mais altas individualidades europeias no sentido de atemorizar o povo grego e boicotar quaisquer alternativas mesmo que tenham em vista possibilitar o cumprimento dos compromissos assumidos.
É uma espécie de vingança porque a Grécia não quis votar de acordo com que aqueles, os outros, queriam.
Nota: Em maio de 2013 era a seguinte posição de Schauble:
A europa atravessa tendências radicais nos países que vão a eleições este ano, daí a aflição de alguns setores europeus, nomeadamente da Alemanha de Merkel e do seu ministro das finanças Schäuble que inauguraram as pressões e a chantagem sobre a Grécia, face às previsões das próximas eleições de janeiro coadjuvados pelo assustado Holland e outros. Antecipam as maiores desgraças, anteveem a catástrofes, obrigam a condições, ameaçam com sanções, chantageiam e atemorizando os povos. Fazem reinar o medo. Aliás, parece ser esta a política seguida na União Europeia com a Alemanha a comandar o que, a nós, portugueses, já não é estranho porque Passos Coelho também utilizou e ainda utiliza o método da chantagem e do medo não apenas relativo ao passado com projeção no futuro.
A possibilidade do Syriza, partido da esquerda radical da Grécia, poder vir a ganhar as eleições assim como o Podemos em Espanha poder obter um grande votação põe a direita europeia nervosa. Esta é a grande preocupação da Alemanha e de outros países lacaios que vêm a democracia como válida apenas e só se os partidos que eles entendem ganharem as eleições. Caso isso não suceda apontam a povos soberanos a arma do medo.
A democracia passará a estar em perigo na Europa se aceitarmos que, em eleições livres, devam ganhar apenas os partidos que outros achem devam ganhar.
Veremos se a mesma atitude, face aos partidos extremistas da direita de Marine le Pen em França, se levantarão vozes ameaçadoras na Europa caso a tendência, em altura própria, seja a de poder vir a ganhar eleições.
A União Europeia com as políticas de austeridade que tem imposto, por força da Alemanha, tem andado distraída e está a dar lugar ao surgimento de e fortalecimento de movimentos populistas da extrema-direita cujos discursos anti Europa e anti-imigração tentam interpretar o sentimento dos povos, incentivando e fazendo apelo a sentimentos nacionalistas, xenófobos e racistas. Ao mesmo tempo, mascarando-se com roupagens e linguagens de falso apoio ao Estado social, apropriam-se de conceitos e ideias chaves utilizadas pelos partidos de esquerda.
Há dois exemplos que muito nos devem preocupar, a nós portugueses enquanto cidadão de Portugal e pertencentes, quer queiramos, quer não, a uma União Europeia mesmo que a muitos nada diga. O primeiro, na França, parece muito longe mas não é, onde o Partido da Frente Nacional de Marine Le Pen está à frente nas sondagens. É dada como a vencedora das europeias com cerca de 24%, seguida pela UMP (União para um Movimento Popular) partido de direita de Sarkozy com 22% e, em terceiro lugar, o Partidos Socialistas Francês com 18% a 20%. A FN atualmente com três eurodeputados está a prever chegar aos 20 eurodeputados nas próximas eleições do dia 25 de Maio.
Na Holanda, o partido da extrema-direita PVV, Partido da Liberdade holandês de Geert Wilders entre outros tais como Liga do Norte italiana, o FPOe Partido da Liberdade da Áustria, o flamengo Vlaams Belang, os Democratas da Suécia e o SNS Partido Nacional da Eslováquia -deverão eleger ao todo cerca de 40 eurodeputados.
É muito natural que, se uma maioria de direita e extrema-direita forem eleitas com maioria de eurodeputados, através de arranjos e combinações de conveniência possam cooperar em matérias vão contra os interesses das populações e da desvalorização do trabalho, direitos sociais e Estado social, o que, se sem dúvida se irá refletir em Portugal.
Atualmente a Frente Nacional encontra-se inscrita no grupo dos "Não Inscritos" no Parlamento Europeu, isto é, não está inserida em nenhum grupo. Todavia, é muito bem possível que as extremas-direitas se unam e forme um grupo próprio como a própria Le Pen já afirmou.
A história tem-nos dados exemplos do caminho a que conduzem os populismo de direita e de extrema-direita e os seus discursos falsamente apoiantes de sistema sociais prósperos, recuperar a liberdade, a segurança e a prosperidade, como a própria Le Pen tem afirmado em campanha eleitoral em França que acabam por desembocar, quase sempre, em ditaduras mais ou menos violentas mas, todas elas ditaduras.
Nós, por cá, parecemos estar longe com tudo isto a passar-se aqui ao nosso lado. Uma forte votação nas esquerdas poderá colocar um pouco de água na fervura das direitas radicais e extras-direitas que, passo a passo, começam a mandar e a comandar a Europa que vai ditar muito de tudo aquilo que não queremos ser e que, ao longo de 40 anos, ambicionámos.
Devemos apelar aos mais jovens, que desconhecem o que é viver com uma extrema-direita a governar o seu país, para estarem alerta para a falsidade dos símbolos verbalizados que lhes propõem, e tão do agrado da juventude, mas que não são mais do que armadilhas para a conquista de um poder que, rapidamente, limitará a democracia utilizando as desculpas do costume… Por exemplo, consensos que partidos de direita pretendem fazer com a esquerda mais moderada, são parte do seu projeto de desvalorização da esquerda afogando-a pelo comprometimento para de certo modo vir a ser limitada a democracia tal qual ela existe.
O que sustenta este tipo de cultura já não são os antigos medos incutidos pelo fascismo mas novos medos generalizados e propagandeados pelos órgãos do poder, e nos ambientes de trabalho, organizando inseguranças que alimentam novos medos como, por exemplo, medo do despedimento, insegurança no trabalho, - estes ao nível das empresas, - a bancarrota, novos programas de assistência financeira, acenar com hipotéticos cenários de despesismo, subida de taxas de juros dos empréstimos, avaliação pelas agências de rating, a insustentabilidade da segurança social e, consequentemente, as reformas atuais do no futuro, etc., etc..
Estar atento nunca é demais!...
Previsão para o Parlamento Europeu 2014
pela POLLWATCH
A intolerância, a perseguição e a discriminação de quaisquer grupos específicos seja por motivos rácicos, políticos ou outros entram no campo da ideologia neonazi. A estes movimentos neonazis são atribuídos crimes que, em certos casos, se podem classificar como genocídios. Apenas como curiosidade veja-se apenas um pequenino extrato da doutrina nazi: “… algumas culturas… eram vistas como parasitária ( Subhumans ), principalmente judeus, mas também ciganos, homossexuais, deficientes e os chamados antissociais, os quais foram considerados lebensunwertes Leben (indignos da Vida), devido à sua deficiência percebida e inferioridade.” A isto faltaria, talvez, acrescentar os idosos.
Há um aumento generalizado da extrema-direita na Europa ao qual as notícias em Portugal não têm dado muita relevância a não ser por altura de eleições ou quando há sondagens em alguns países europeus como, por exemplo, em França com o crescimento do partido Frente Nacional da extrema-direita. Nem sempre alguma direita radical estará conotada com os movimentos neonazismo mas, na sua maior parte, muitos destes grupos formados essencialmente por jovens têm vindo a infiltrar-se naqueles partidos mais à direita.
Uma eurodeputada holandesa do grupo dos Socialistas e Democratas afirmou à Euronews que “Estes grupos antigamente marginais estão a crescer cada vez mais. O que é assustador é o facto de os partidos de direita se apropriam desse discurso e o colocam em prática”.
Em Portugal, nos últimos meses, o Governos e os seus apoiantes têm fomentado uma animosidade relativamente ao vasto grupo de idosos reformados e pensionistas. As abordagens neonazis podem começar, por exemplo, com afirmações como as do deputado do PSD, Carlos Peixoto, (para quem não o conhecer basta clicar no nome), ao dizer ou escrever que: “A nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha." E acabou assim: "Se assim não for, envelhecemos e apodrecemos com o País.". É este o pensamento de um deputado do PSD. Digam-me se isto tem ou não contornos de um neonazismo que, com mais propriedade, qualifico com um novo léxico: geronto-nazismo.
A exaustão pela asfixia financeira dos idosos, obrigados a descontar, enquanto no ativo, durante dezenas de anos para terem direito a uma reforma proporcional aos seus rendimentos, não se verifica somente pela obrigação de descontos para o IRS (coisa nunca vista em nenhum país), taxas especiais de solidariedade (inversão dos fatores!), cortes nas reformas e outras que seguirão, levando ao empobrecimento progressivo. Acresce a tudo isto o aumento do IMI, das rendas de casa, da eletricidade, do gás, da água, dos transportes, dos bens de primeira necessidade que, para quem defende tudo isto, acham que são supérfluos, mesmo a alimentação. Até parece que se pretende que este grupo social já não precise de se alimentar convenientemente para morrem mais rápido. É este o pensamento de quem nos está a governar e que, por lapso, muitos colocaram no poder porque fizeram crer que iriam salvar os portugueses, sabe-se lá de quê, e cada vez mais os afundam sem retorno.
Pretendem os que nos governaram e governam, assim como certo capital financeiro, colocar a culpa do infortúnio da situação portuguesa sobre os reformados, isentando-se das causas que nos conduziram a esta situação.
São jovens (pelos quais tenho e sempre tive muita estima visto que também sou pai e professor) são agora a classe suprema e especial que se deve sobrepor a tudo e que se incentivam a culpabilizar os mais velhos por serem os causadores do desemprego dos jovens, entre outro disparates, como em tempo disse um senhor que, bem-vinda a hora, já saiu do Governo, para provocar divisões e rutura na coesão social.
Os senhores que defendem aquele tipo de ideias, não vão com certeza encontrar a fonte da eterna juventude, mas saberão na altura, quando chegar a vez deles, tomar medidas para se protegerem.
A tudo isto resta apenas acrescentar o que alguns poderão estar a pensar: Temos que arranjar para os velhos uma solução final, natural e subtil, através da exaustão por asfixia financeira até à morte, porque não polui o ambiente.
Gonçalo Bordalo Pinheiro na Revista Sábado de 11 de Outubro de 2012 na rubrica da semana voltou ao tema da TSU. Independentemente de termos opiniões de esquerda ou de direita, que valem o que valem, há uma questão ética que deve ser salvaguardada, que é a primazia da explicação quando se fazem comparações, especialmente quando se entra em conta com números.
Muito haveria a dizer sobre as opiniões acerca da TSU que o sr. Bordalo Pinheiro tece, não o do manguito, mas o da Revista Sábado que normalmente leio. Como cidadão comum vou localizar-me apenas num ponto que ele refere e que passo a transcrever: “Foi isso que a Alemanha e a Dinamarca fizeram ao baixar a TSU das empresas no passado e é isso que a França se prepara para fazer ao baixar a TSU das empresas agora…”. Pois diz muito bem, a Alemanha e a Dinamarca fizeram-no no passado, mas progressivamente e ajustado ao longo do tempo. Progressivamente digo e não atabalhoadamente e à pressa como em Portugal se queria fazer. Não, a desculpa da troika não serve! Por outro lado, o sr Bordalo Pinheiro não refere que, naqueles países, o aumento tenha sido efetuado através do aumento da taxa que cabe ao trabalho. Seria bom que se informasse que, na Dinamarca, as empresas não pagam uma taxa para segurança social, pagam-na sobre a forma de imposto na globalidade e a TSU do trabalho é idêntica à de Portugal (10,7%), apesar de ter um nível de vida superior ao nosso. Mas mais, não sei se sabe que a França tem uma TSU das empresas muito alta 41,6% e, sobre o trabalho, 13,7%, apenas 1,3% acima da portuguesa, e também neste país o nível de vida é muito superior ao nosso. Ao fazermos comparações temos que ter em conta várias variáveis sem as quais os números servem apenas para enganar incautos.
Quanto ao resto, com já disse, abstenho-me de comentar porque nem vale a pena.
Vamos ser claros, ter opções de direita ou de esquerda é uma coisa, enganar e confundir deliberadamente quem nos lê é outra.
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