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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Os 29 Estados membros ficaram nos 50,5% de abstenção, a melhor votação dos últimos 29 anos, Portugal distinguiu-se pela negativa, sendo o país com o segundo pior registo de participação.
Responsabilizar os eleitores criticando-os pelo défice democrático ou pelos maus resultados é o mesmo que bater no cão que não fez o que o dono lhe pediu. Se a abstenção foi desesperadamente elevada e uma vergonha em comparação com a Europa quem deve ser responsabilizado são os próprios partido, todos, sem exceção, alguns com responsabilização acrescida.
Se há desinteresse dos eleitores pelas eleições para o Parlamento Europeu é porque durante os últimos cinco anos sobre política europeia e seus reflexos no país pouco se discutiu e falou. A comunicação social que se apressa a dar relevo às notícias da ascensão das extremas-direitas e agora à abstenção elevada em Portugal, fazendo dela o seu cavalo de batalha, levando à indução de que os ganhos ou perdas eleitorais dos partidos são a ela devidos. Mas abstêm-se a divulgar o quer que seja sobre o que se passa na Europa que diga respeito ao nosso país. O que nós defendemos o que votámos e quem e sobre o quê. Isso são temas de segunda ou terceira linha que não vende, nem rende! As televisões não dão relevância a questões tratadas no Parlamento Europeu com importância para o país. Aos partidos também não lhes interessa terem de prestar contas do trabalho dos seus deputados europeus devido a poderem ser postas em causa decisões tomadas, ficam-se por uma espécie de descomprometimento.
A RTP3 apresenta um programa com deputados dos diferentes partidos políticos representados no Parlamento Europeu, a partir da sede em Estrasburgo, mas cujo interesse para o comum dos cidadãos é irrelevante. Não se interessam porque são abordados os temas dirigidos a um segmento de população que se interesse sobre política.
O que sabemos, aqui em Portugal, sobre o que os deputados eleitos apresentados pelos partidos e que nos representam na U.E. fazem ou não fazem? E o que defendem ou não defendem?
Se alguma coisa se conhece é quando há a recomendações emanadas do Parlamento Europeu que tenham de ser aplicadas em Portugal e, mesmo essas, pouco divulgadas a não ser as de pendor negativo.
Quando no Governo, os partidos que o apoiam preocupam-se mais em mostrar o contributo que deram para medidas que consideram positivas e que lhes possam dar créditos eleitorais. A oposição procura aqui e ali questões, por vezes irrelevantes, sem qualquer interesse para os cidadãos, chamadas de “lana caprina”, seja a que preço for.
Sobre o que se passa na Europa com o trabalho dos deputados, as decisões políticas tomadas que possam ter reflexo na nossa sociedade, os problemas importantes que lá se levantam para debater não é prestado esclarecimento satisfatório nem com clareza suficiente.
Ao longo dos cinco anos do mandato dos deputados europeus no media entram num silêncio quase absoluto. Os partidos, quer os de que apoiam o Governo quer os da oposição, salvo raras exceções, nem falam sobre tal assunto. Uns porque talvez não encarem isso como um investimento para obtenção de votos em futuras eleições, outros, os do Governo, porque pode prejudicar os votos futuros devido às leis que, por imposição de U.E., podem criar sentimentos adversos por serem desfavoráveis.
Os partidos mais à esquerda, PCP, BE e Verdes, arrastam-se em intervenções contra a U.E. para a qual, no entanto, estão dispostos a eleger deputados dizendo que a pretendem modificar por dentro. Esse discurso parece ser idêntico ao da extremas-direita.
Aqueles partidos esfalfam-se a dizer que vão fazer e defender na Europa os mesmos pontos de vista que defendem cá dentro, como se tal fosse irrealista face à composição do Parlamento Europeu. Os partidos europeístas, como o CDS, o PSD e o PS digladiam-se com questões sem importância sobre a Europa não apresentando aos potenciais eleitores propostas credíveis para defender Portugal junto do Parlamento Europeu. Viu-se como a direita PSD e CDS orientaram a sua campanha eleitoral, difamando, ofendendo, inventando, distorcendo factos, recorrendo a um passado cada vez mais distante, passeando-se lançando para o ar frases bacocas, sem impacto significativo, por vezes até agressivas, frases sem substância no seu conteúdo.
Os deputados andam por lá cerca de cinco anos sem prestarem contas aos seus eleitores do que fizeram ou do que não conseguiram fazer para que eles possam votar em consciência. Estabelece-se um vazio completo. Não há condições para que se escolham os deputados europeus em futuras listas. Os partidos apresentam aos eleitores os cabeças de lista que a maior parte dos portugueses desconhece o que vão fazer fizeram durante o seu mandato. São apresentados do mesmo modo que são apresentados os deputados nos circos eleitorais para as legislativas.
Sobre a U.E. os media dedicaram-se nos últimos meses à questão do Brexit porque tinha impacto, logo eram notícias vendáveis, se assim não fosse, seria também um vazio sobre o assunto.
Quando chegam as próximas europeias voltam ao mesmo: os partidos debatem tudo menos o que se fizeram, o que não fizeram e o que irão fazer no Parlamento Europeu.
Estas eleições talvez tenham servido de lição para futuras campanhas eleitorais dos partidos da direita. Os eleitores já não apreciam a chamada conversa da treta, preferem saber com o que contam no futuro, porque o passado já eles conhecem.
O que se vem passando neste país nos últimos quatro anos, os acontecimentos dos últimos seis meses, nomeadamente na Grécia, e as sondagens que por aí se divulgam fizeram-me recordar uma passagem do Novo Testamento que passo a resumir.
Na antiga Judeia por ocasião da festa Pilatos o governador romano na região costumava conceder a liberdade a um prisioneiro à escolha do povo. Nessa altura havia um afamado criminoso e assaltante chamado Barrabás que tinha sido preso por causa de uma insurreição desencadeada na cidade, e por homicídio.
Jesus Cristo na altura era invejado e punha em causa o poder dos sacerdotes do templo e a organização social que então se vivia sob o poder romano que ocupava a cidade, isto é, Jesus apresentava outras alternativas para a época que tinha por base a construção de uma sociedade mais humanizada.
Então chegada a altura da condenação Pilatos perguntou à multidão que se encontrava reunido e perguntou: "Qual quereis que seja libertado: Barrabás ou Jesus Cristo?".
Os sumos-sacerdotes receosos da perda do poder e aqueles que pretendiam que nada fosse alterado naquela sociedade persuadiram a multidão a pedir que soltassem Barrabás e a exigir a morte de Jesus. Então Pilatos inquiriu: "Qual dos dois quereis que vos solte?". A populaça respondeu: "Barrabás, Barrabás!". "Que hei de fazer, então, de Jesus?". "Seja crucificado!".
Esta história bíblica é bem demostrativa do comportamento das populações quando condicionadas e alimentadas por ideias que lhes são induzidas previamente.
As sondagens eleitorais têm vindo a demonstrar o medo e o receio de alternativas diferentes das que lhe impuseram durante anos. Pensamento típico do português que acha que mais vale ficar neste cantinho do que mudar para outro que pode ainda ser pior. Não pondera se pode ser melhor, mas aceita logo de imediato que pode pior. A quem pode interessar este tipo de atitude?
É a consequência da ordem lógica das coisas criada pelos princípios da política salazarista que tem persistido que é bem explorada por uma direita que gostava que tudo continuasse na mesma ainda que sob a capa duma democracia onde se pode dizer e a escrever umas coisas, a que chamam liberdade de expressão, e a eleições de quatro em quatro anos e, se possível, apenas em partidos a que chamam do arco da governação.
O que faria a União Europeia se houvesse outros Syrizas a ganhar eleições? Tudo mudaria. É mais por isso que a UE pretende servir-se do exemplo da Grécia para evitar que volte a acontecer o mesmo noutro qualquer país. Esta é democracia da europa do euro.
Rejeitar partidos eleitos pelos povos impondo uma falsa democracia de com regimes de partidos únicos.
Jesus Cristo colocou em causa a sociedade da época e apresentava uma alternativa humanista, por isso, a populaça gritava "Barrabás, libertem Barrabás e crucifiquem Jesus" num ímpeto de vingança e com o medo da mudança.
Não me tenho pronunciado frequentemente neste local sobre o problema grego mas começa a ser grave o que está acontecer naquela que, apenas de nome, se apelida de União Europeia.
Sempre pensei que a U.E. está a forçar a todo o custo a cedência da Grécia apenas, e só, porque um partido de esquerda que não é do seu agrado foi eleito democraticamente pelo povo grego.
Não sou simpatizante deste tipo de partidos mas aceito que, se foi a escolha dos gregos e se quiser ser minimamente coerente com os princípios democráticos que adoto, tenho que aceitar tal decisão. A questão que coloco é: e se fosse um partido de direita, a europa estaria a tomar a mesma posição? Vários partidos já estiveram no poder na Grécia, nomeadamente de direita e em coligação e nada fizeram, mas a U.E. e o FMI não se tiveram posições tão radicais. Como explicar então este facto?
Alexis Tsipras escreveu um artigo sobre o sistema de pensões grego que foi publicado no jornal alemão Der Tagesspiegel , para tentar dissipar o mito de que os contribuintes alemães estão a pagar as pensões gregas. Neste seu artigo argumenta que o " mito popular de que o contribuinte médio alemão tem sido levado a acreditar [...] que ele está a pagar para os salários e pensões do povo grego [...] é absolutamente falso".
Em baixo transcrevo o artigo na íntegra que vale a pena ler e comparar como o caso português:
"Durante uma negociação, uma troca de argumentos é legítima, desde que haja sinceridade e boa-fé entre as partes. Caso contrário, quando o diálogo está em curso sem fim à vista a consequência é que os métodos utilizados são semelhantes aos descritos pelo grande filósofo alemão Schopenhauer em "A Arte de estar sempre certo"!
Por exemplo, é injusto para utilizar seletivamente índices estatísticos - mesmo se eles são dotados com o prestígio de economistas de renome, tais como Olivier Blanchard - para produzir generalizações infundadas de que a realidade obscura.
Como tal, gostaria de desconstruir um mito popular de que o contribuinte médio alemão tem sido levado a acreditar. Ou seja, que ele está a pagar os salários e pensões do povo grego. Isso é absolutamente falso.
Eu não nego que o nosso sistema de segurança social tem problemas. Mas é importante ressaltar a raiz do problema e como ele pode ser resolvido. Houve muitos cortes nos últimos anos, que só serviram para aprofundar a recessão e tornar o problema ainda pior.
Pode parecer um pouco suspeito que 75% da despesa primária é usada para pagar salários e pensões. Se isso soa inacreditável-isso é porque ele é: apenas 30% das despesas primárias das pensões. Além disso, é importante notar que os salários e as pensões não são a mesma coisa, e avaliá-los juntos é um erro metodológico grave.
A comparação com as pensões da Alemanha também é um pouco enganadora. De acordo com o Relatório de Envelhecimento (2009, 2015), as despesas com pensões na Grécia subiram de 11,7% do PIB em 2007 (um pouco maior do que a de 10,4% na Alemanha) e chegou a 16,2% em 2013 (enquanto na Alemanha os números mantiveram-se praticamente estável).
O que causou esse aumento? Foi devido a um aumento dos pensionistas ou um aumento no montante das pensões? A resposta é: Não. O número de pensionistas permaneceu essencialmente inalterado e as pensões têm diminuído drasticamente devido às políticas implementadas.
Aritmética simples é suficiente para chegar à conclusão de que o aumento das despesas com pensões em percentagem do PIB é inteiramente devido a um declínio no PIB (denominador), e não a um aumento das despesas (o numerador). Em outras palavras, o PIB declinou mais rapidamente do que as pensões.
No que diz respeito a idade de reforma, pode ser que em funcionários da Grécia se aposentem muito mais jovem?
A verdade é que a idade da reforma na Grécia é de 67 anos para os homens e mulheres, ou seja, dois anos mais do que na Alemanha.
A idade média de saída do mercado de trabalho para os homens na Grécia é 64,4 anos, ou seja, oito meses mais cedo do que os 65,1 anos na Alemanha, enquanto as mulheres gregas se aposentam aos 64,5 anos, cerca de 3,5 meses mais tarde do que as mulheres alemãs que se aposentam em 64,2 anos.
Eu quis destacar a -novamente acima, para não negar os males de nosso sistema- segurança social, mas para provar que o problema não é das supostas pensões generosas.
A rutura mais significativa para os fundos de pensão é devido a receitas mais baixas dramaticamente nos últimos anos. Estes foram causados pela perda de bens devido à PSI (haircut de títulos gregos detidos pelos Fundos de Pensão, totalmente cerca de 25 milhões de euros), bem como - e mais importante - pela forte queda nas contribuições que resultou de aumento do desemprego, e a redução dos salários.
Em particular, durante o período 2010 - 2014, cerca de € 13.000.000.000 foram removidos do nosso sistema de segurança social por meio de uma série de medidas com uma redução correspondente em pensões e subsídios a uma taxa de cerca de 50%, o que esgotou qualquer margem para novas reduções sem prejudicar o núcleo operacional do sistema.
Além disso, temos de compreender que o sistema está sendo pressionado principalmente do lado da receita e menos em despesas, como é muitas vezes implícito.
Gostaria também de chamar a atenção de um assunto que é exclusivo da crise grega. O sistema de segurança social é o mecanismo institucionalizado de solidariedade entre as gerações, e a sua sustentabilidade é uma preocupação principal para a sociedade como um todo. Tradicionalmente, esta solidariedade tem significado que os jovens, através das suas contribuições, financiam as pensões dos seus pais. Mas durante a crise grega, temos testemunhado esta solidariedade está sendo revertida como pensões dos pais financiar a sobrevivência de seus filhos. As pensões dos idosos são muitas vezes o último refúgio para famílias inteiras que têm apenas um ou nenhum membro trabalha em um país com desemprego de 25% na população em geral, e 50% entre os jovens.
Diante de tal situação, não podemos adotar a lógica de cortes cegos e horizontais, como alguns no têm pedido para fazer, o que resultaria em consequências sociais dramáticas.
Por outro lado, não somos indiferentes à condição atual do nosso sistema de segurança social, e estamos determinados a garantir a sua sustentabilidade.
O governo grego apresentou propostas específicas em matéria de reorganização do sistema de segurança social. Nós concordamos com a abolição imediata da opção de reforma antecipada que aumenta a idade média de aposentação, e estamos comprometidos em avançar imediatamente com a consolidação dos fundos de pensão, reduzindo as suas despesas de funcionamento e restringindo o regime especial.
Como analisámos em detalhe durante as nossas discussões com as instituições, estas reformas funcionar de forma decisiva em favor da sustentabilidade do sistema. E como todas as reformas, os seus resultados não serão aparentes de um dia para o outro. A sustentabilidade requer uma perspetiva de longo prazo e não podem estar sujeitos a critérios fiscais estreito, curto prazo (por exemplo, a redução das despesas de 1% do PIB em 2016).
Benjamin Disraeli costumava dizer que existem três tipos de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas. Não permitamos que um uso obsessivo-compulsivo de índices para destruir o acordo abrangente que nós preparamos durante o período anterior de negociações intensivas. O dever recai sobre todos os nossos ombros."
A conferência de imprensa de Passos Coelho após a reunião do Eurogrupo, provavelmente encomendada, foi mais uma manobra sem vergonha de manipulação da opinião pública portuguesa. Num olhar distanciado a conferência de imprensa foi fastidiosa por ser extensa e repetitiva. Foi mais uma forma de propaganda e de autoelogios ao Governo.
Quem se der ao trabalho de a rever com cuidado encontra-se perante uma confusão e repetição de argumentos e auto elogios, onde se misturam uma mesquinhez política e uma falta de sentido de Estado sem precedentes.
Explorando os sentimentos mesquinhos duma população pouco informada sobre o tema da Grécia, solta o que ele sabe fazer de melhor, explorar a mesquinhez e acicatar o divisionismo latente contra um país em dificuldades que é tão membro da U.E. como o é, e está Portugal. A redundância discursiva sobre a ajuda de Portugal à Grécia em mil milhões de euros aproxima-o das raias do ridículo.
Repetiu várias vezes que os portugueses já contribuíram com os seus bolsos para ajudar a Grécia, mas o que ele não completou é que a Grécia também contribuiu quando entrámos em situação de resgate em 2010, pois foi neste ano que Portugal contribuiu assim como outros países para ajuda à Grécia.
O que Passos e Cavaco Silva não explicam é porque Portugal, necessitando ele mesmo de ajuda, se propôs a ajudar a Grécia como dizem. Solidariedade? Não, não foi!
Mas ainda o mais evidente da manipulação engendrada foi que as perguntas colocadas por três dos jornalistas foram na prática cópias umas das outras dando a possibilidade a Passos Coelho de poder repetir e de salientar até à exaustão o que já tinha dito por várias vezes (terá sido combinado?).
Portugal participou no passado em empréstimos à Grécia e à Irlanda, com uma quota calculada de acordo com a sua participação no capital do Banco Central Europeu. Com a assinatura do seu próprio acordo de empréstimo, Portugal já não participa nesses programas de ajuda.
Passo Coelho e Paulo Portas com a ajuda de Cavaco Silva têm vindo a repetir que Portugal vai pagar antecipadamente parte da dívida para mostrar que Portugal não é a Grécia, mas apenas dizem metade da verdade e escondem a outra parte da realidade, valendo-se da falta de informação de muitos portugueses sobre este assunto.
O que acontece é que foram colocados no mercado títulos de dívida pública a um juro mais baixo do que aquele que estamos a pagar pelo empréstimo da troika. A dívida não diminuiu, o que acontece é estarmos a pagar juros mais baixos.
Se pedirmos a alguém, por exemplo, 10 milhões e nos cobram juros de 3,5% temos uma dívida de 10 milhões mais os juros. Se conseguirmos que alguém empreste 10 milhões a juros de 2,3% podemos pagar ao primeiro credor os 10 milhões que pedimos emprestados mas ficamos na mesma com uma dívida de 10 milhões a outro credor apenas com juros mais baixos, mas a dívida mantem-se no mesmo montante. Claro que se tira sempre a vantagem de juros mais baixos, mas apenas isso.
Foi isto que aconteceu, portanto, enganam os portugueses premeditadamente fazendo-lhes passar mensagens deturpadas da realidade.
Pétain foi o chefe do regime que executou as ordens de Hitler na França durante a ocupação militar da 2ª guerra, é o símbolo de uma humilhação, uma cicatriz na consciência nacional francesa. Philippe Pétain é condenado à morte por um tribunal de guerra francês, por colaboração com a Alemanha nazista, pena depois comutada em prisão perpétua. O colaboracionismo é assim uma política de colaboração com forças ocupantes.
O projeto da construção de uma união europeia teve como objetivo inicial criar uma relação forte entre a Alemanha e a França e reunir os restantes países europeus a fim de se construir uma comunidade com um destino comum. Isto foi o projeto que, a partir aproximadamente 2008, começou a ter um enviesamento que partiu do poder e dos interesses alemães na europa aos quais se associaram países do norte ricos e excedentários.
Após setenta anos encarregaram-se, alguns países, de fazer em paz o que não conseguiram fazer com a guerra. O colaboracionismo do tempo da guerra deu lugar ao seguidismo, procedimento daqueles que seguem uma ideia, teoria, autoridade ou um partido sem questionar ou fazer qualquer juízo crítico. O seguidismo pela solução política e financeira radical germânica para a gestão da crise veio da parte daqueles que cooperaram e cooperam por afinidade ideológica, simpatia, coincidência nos objetivos, medo ou, até, por coação de quem quer impor, com proveito próprio, políticas de quebra da soberania a países que devem ser livres e independentes.
O seguidismo é também traição porque tende a colaborar voluntariamente com quem impõe uma ordem, regras e normas contrários aos interesses de um país, seja por que forma for.
Por esta ótica e do ponto de vista político e social pode exemplificar-se em Portugal com o "grito" do primeiro-ministro, Passos Coelho, quando afirmou que queria "ir mais longe do que o imposto pela troika".
Este tipo de seguidismo político, ideológico e económico tornou-se mais evidente ao longo dos últimos anos. Basta recordarmos declarações do secretário de Estado dos Assuntos Europeus Bruno Maçães quando da visita deste germanista à Grécia em 30 de novembro de 2013 e lhe valeu o epíteto de "o alemão" na imprensa helénica. Isto é uma vergonha. É necessário que o povo deixe de ter a fama de memória curta.
No atual contexto da União Europeia, confrontada com uma quase declaração de guerra económica e financeira contra países que, encontrando-se numa situação de fragilidade financeira, foram, apesar disso, aceites na U.E. e na adesão ao Euro. As posições alemãs e dos seus aliados do norte eram mais do que evidentes: submeter à força da austeridade e de enormes sacrifícios sociais povos soberanos retirando-lhes força e vitalidade para os poderem subjugar à sua vontade. Os próprios tratados europeus são os contratos assinados da submissão. O caso português é um dos casos mais evidente de seguidismo, o caso da Grécia é outro caso especial porque a partir do momento em que em eleições livres laçaram um grito de libertação para contrariar as políticas seguidas pela Alemanha estão a ser cercados por um círculo de fogo lançado pelos seus parceiros europeus.
Pode sempre dizer-se que, no nosso caso, ninguém nos obrigou, nós é que, por força das circunstância, fomos pedir socorro e, daí, vir a troika tão desejada e elogiada pela direita. Isso é um facto, daí ao seguidismo de Governo subserviente como tem sido o atual foi um passo. Uma coisa é necessitarmos de ajuda numa emergência, outra é a intromissão abusiva sobre o que devemos fazer para podermos cumprir os compromissos assumidos. Obrigarem-nos a tomar medidas para, dizem, cumprir compromissos assumidos é a passagem de um certificado de desconfiança, incapacidade e incompetência de quem nos governa e nisso fomos iguais à Grécia.
Baseiam-se no cumprimento dos acordos e compromissos para a imposição de condições unilaterais. Quem conhece alguma coisa sobre as máfias e sobre os compromissos referentes a empréstimos sabe que o não pagamento de dívidas, sem ser nos termos e condições impostas inicialmente, corriam o risco de lhe partirem braços, pernas e não raras vezes ameaçavam com a morte os devedores.
A morte física é um processo irreversível num ser vivo quando finalizam as atividades biológicas que caracterizam a vida. Um morto não paga dívidas por isso há todo o interesse em não matar o devedor.
O que está a acontecer na europa é uma morte lenta das economias mais frágeis com dívidas a aumentar a cada mês que passa e sem crescimento económico devido à austeridade férrea e teimosa com a intervenção opressiva de uns, a cumplicidade ativa de outros e, ainda, a complacência de mais uns tantos, fazendo com que a recuperação seja difícil e o retorno a uma dinâmica económica de crescimento torne ainda mais difícil e tardio o cumprimento dos compromissos assumidos.
Alguns, "furiosos", outros, desorientados, outros ainda receosos pelo que se passou com as últimas eleições na Grécia desejam que falhe redondamente qualquer política que possibilite o crescimento da economia naquele país e acrescentam, repetidamente, que Portugal não é a Grécia. É a única verdade que dizem. De facto não somos a Grécia. Somos um povo medroso, oprimido, temeroso, encolhido e incapaz de tomar posições perante quem nos pretende impor a sua vontade sem atender mais nada. Se é difícil para a Alemanha recuar na sua política porque seria admitir, perante os seus eleitores, o seu falhanço da política de austeridade imposta até agora, em Portugal é satisfação do "ego" de quem nos governa que está em causa, o seguidismo acrítico e a intenção de demonstrar falaciosamente aos outros a eficácia da receita que matou o doente. Veja-se o último relatório do FMI que, apesar das contradições, insiste na aplicação da mesma receita, se possível agravada.
Há comentadores, destituídos de qualquer espírito crítico e seguidistas de algo que falhou, que tudo aquilo que fazem não é mais do que espalhar mensagens negativas sobre o processo grego com o intuito de, por cá, amedrontar o povo. Lá fora o processo é idêntico mas com as mais altas individualidades europeias no sentido de atemorizar o povo grego e boicotar quaisquer alternativas mesmo que tenham em vista possibilitar o cumprimento dos compromissos assumidos.
É uma espécie de vingança porque a Grécia não quis votar de acordo com que aqueles, os outros, queriam.
Nota: Em maio de 2013 era a seguinte posição de Schauble:
Lendo a entrevista de Alberto Martins (PS) ao jornal i podemos verificar que se centra em algumas palavras-chave de conceito vago, difuso e, em alguns casos, utópicos na sua concretização a curto e a médio prazo.
A promiscuidade entre política e negócios é uma questão sentida pelos portugueses à qual tecem críticas pois veem a ineficácia e lentidão da justiça quando estão em causa pessoas com ligações a governos atuais e passados. Estão bem presentes na memória os casos do BPP, do BCP, do BPN e agora o BES, embora este último tenha características muito diferentes dos anteriores. No caso do BPN estão a andar por aí os autores e os causadores das burlas. O caso do BCP foi bem evidente a prescrição que, no meu entender não foi ocasional, foi muito bem planeada. Já agora, quanto ao caso do BPN, dizem que nada ficou provado sobre eventuais vantagens tiradas pelo cidadão Cavaco Silva no caso. Se quiséssemos elaborar uma teoria da conspiração poderíamos considerar que ele, enquanto presidente, está nas mãos de alguns, ficando assim atado de pés e mãos para tomadas decisões independentes e, daí, a sua colagem ao Governo.
Ana Sá Lopes, no Jornal i, abordou na entrevista ao líder da bancada socialistas, Alberto Martins, a promiscuidade entre o poder e o mundo dos negócios ao mais alto nível, confrontou-o da seguinte forma: "A promiscuidade entre política e negócios e a corrupção é em Portugal uma evidência e não me lembro de os socialistas fazerem um grande combate a isso..."
Sobre este problema Alberto Martins traça um conjunto de intenções muito vagas na sua concretização que qualquer outro partido poderia traçar. O problema é, quando no poder, raramente ou nunca se concretizam na prática essas intenções. A questão de personalidades que, segundo ele diz, passam da política e das negociações diretas em nome do Estado para as empresas objeto da negociação, caso das privatizações, é, segundo ele, inaceitável. Mas, quando o PS esteve no Governo, não foram acauteladas situações deste tipo nem foram tomadas quaisquer medidas. Diz Alberto Martins " vamos acentuar um conjunto de medidas de incompatibilidades entre certas funções que se exercem e os lugares para onde se transita no fim dessas funções". São apenas intenções, porque sabemos que as pressões em sentido contrário dentro dos partidos raramente se traduzem na passagem das intenções aos atos.
Mais adiante afirma que a zona central da corrupção entre política e negócios são os paraísos fiscais e os offshores. Ele sabe bem que os casos graves em Portugal não são esses, mas os outros, e é aí que ele se desvia para os apontar como sendo os mais graves.
Em toda a entrevista nada é concretizado embora se saiba que não é o momento de o poder fazer. Diria mais, no atual contexto europeu, nada do que ele propõe é concretizável. São considerações sobre como a política deverá ser, o regresso ao passado dos valores da política, uma "reconstrução" e um "redesenho" da europa que se vê impossível com a correlação de forças existente. Os sucessivos apelos à solidariedade europeia, à qual se refere oito vezes na entrevista, fez-me lembrar os apelos feitos na nossa sociedade para os mais ricos ajudarem os mais pobres o que cai, na maior parte das vezes, em saco roto. Um idealismo que deve ser valorizado mas que em nada responde aos reais e legítimos anseios dos portugueses.
Sobre a reestruturação da dívida a que ele chama renegociação que é diferente pois não passa pelo perdão nada acrescenta de novo ao que tem sido dito e à qual Seguro se referia num estilo de sim mas também não.
Quanto ao tratado orçamental para Alberto Martins é possível abrir negociações. Mas o problema é que é necessário que haja abertura dos países que nos têm sido mais hostis. Negociar na UE não é o mesmo que negociar internamente onde tudo é mais fácil.
Desdramatiza, quanto a mim bem, as discussões internas no PS pois elas prendem-se com estratégias, debates de ideias e valores.
No meu ponto de vista a perda de valores que se tem vindo a verificar na política, nos partidos e na sociedade portuguesa tiveram a sua causa nos partidos do Governo que sempre têm feito uma política de destruição da coesão social e através de políticas divisionistas entre instituições, entre os diversos estratos sociais e profissionais, numa ótica de dividir para reinar.
Passos Coelho está agora mais exposto do que nunca à crítica. A partir de 17 de maio deixa de ter o álibi da troika, mesmo que saibamos que a vigilância dos credores vai continuar, mesmo que mitigada. Uma das batalhas mais importantes é controlar e saldar da dívida. Parece absolutamente claro que, a prazo, a Europa no seu conjunto vai ter de encontrar uma solução, entre as que estão em cima da mesa, para permitir um maior desafogo no pagamento das dívidas dos Estados membros. E pelo que consta na imprensa internacional a Grécia está a ficar bem vista. É a euforia total nesta Europa da austeridade e castigo para os países do sul.
Com a aproximação das eleições europeias a U.E. parece ter entrado numa euforia de promessas ilusórias e ritmos duma gestão política inverosímil comandados pelos países do norte, nomeadamente a Alemanha. Os países do sul estão agora a ser vistos, por aqueles e pela própria Comissão Europeia com outros olhos e lançando para as opiniões públicas vãs ilusões de recuperação. Tudo artificial. Até a própria Grécia já está a ser apontada como um caso prestes a ser resolvido, assim como Portugal.
Todos nos recordamos que a Grécia era o mau aluno e o mau exemplo que, o bom aluno, nós, não devíamos acompanhar mas antes afastarmo-nos dele. Tal como na escola onde pais muito cuidadosos e atentos dizem ao seu filho, cuidado não te dês com aquele aluno, porque ficas mal visto.
O que se passa hoje é que a própria europa considera hoje que também a Grécia está no bom caminho. Em 23 de abril do corrente ano o Wall Street Journal publicou um artigo cujo título é "UE confirma que a Grécia bateu conseguiu bater os seus objetivos orçamentais em 2013". Fantástico! O pior aluno passou a muito bom aluno em ano de eleições europeias.
Esta informação parte da Agência Estatística Europeia (Eurostat) que confirma uma reviravolta muito positiva das finanças públicas. Segundo naquele jornal "a Grécia abre caminho para novas medidas de redução da dívida por parte dos parceiros da zona do euro da Grécia nos próximos meses. De acordo com os dados, a Grécia alcançou um excedente orçamental primário-antes de contar-pagamentos de dívida € 1,5 mil milhões 2013 (2,08 mil milhões de dólares americanos); um ano antes das expectativas e maior do que a meta estabelecida pelos credores internacionais do país que estipularam que Atenas apontou para um orçamento preliminar equilibrado no ano passado. Os dados são um "reflexo do progresso notável que a Grécia fez em consertar as suas finanças públicas desde 2010, "Simon O'Connor, porta-voz da Comissão Europeia disse numa conferência de imprensa em Bruxelas. No ano passado, o superávit primário é o primeiro conseguido pela Grécia numa década, e a confirmação pelo Eurostat na quarta-feira vem quase exatamente quatro anos depois de a Grécia ter pedido dois resgates internacionais sucessivos para corrigir seus problemas de orçamento e reformar sua economia.".
Tudo isto para provarem antes das eleições que o desastre que provocaram nos países do sul foi o caminho certo e, portanto deu resultados que esperam se reflita nas eleições.
Está tudo bem nesta frente Merkeliana Europa!
A persistência da Memória (Salvador Dali - 1931)
Se as eleições europeias forem ganhas por uma maioria de direita neoliberal como a que ocupa este momento o Parlamento Europeu bem podemos esperar sentados pelo referido "pé de igualdade". Isso apenas se verificará se houver, de facto, uma alteração na composição parlamentar da U.E. que passe por uma votação em massa num sentido diferentes do atual, nomeadamente em Portugal. Recorde-se que a extrema-direita europeia está em força a tentar ocupar o maior número possível de lugares.
A comunicação de Passos Coelho que anunciou que Portugal vai sair do atual programa de resgate financeiro sem recorrer a qualquer programa cautelar não foi mais do que um discurso surreal e eleitoralista.Surreal tem o significado de algo estranho, absurdo, que não corresponde à realidade. Dizer que este acontecimento foi surreal significa que foge à realidade, que é bizarro ou absurdo.
O surrealismo foi uma consequência da psicanálise e da indefinição do contexto político do início do século XX, década de 20 mais propriamente, que fez emergir um movimento artístico e literário que questionava as crenças culturais da Europa da época, assim como a vulnerabilidade humana face a uma realidade difícil de compreender e de controlar. O surrealismo desliza "pelas águas mágicas da irrealidade, desprezando a realidade concreta" mergulhando na esfera da absoluta liberdade de expressão libertando-se dos cânones das conceções artísticas vigentes desde o Renascimento. A forma como Passo Coelho fala de um país em vias de prosperidade próxima e como é de facto navegar pelas águas mágicas da realidade.
Na comunicação ao país o primeiro-ministro continua a fazer dos portugueses mentecaptos e destituídos de memória recente. Sou de opinião de que em política, ao dizer-se que os portugueses têm memória curta, refere-se acontecimentos ou situações ou factos que perderam, através do tempo, os efeitos sociopolíticos que foram substituídos por outros mais recentes. Não é o caso. Todos temos bem presentes na memória tudo quanto foram estes três últimos anos de governação e que, por isso, não se esquecem facilmente. Não é possível esquecer as promessas feitas no passado antes da sua estratégia ansiosa para a tomada do poder.
O surrealismo do discurso leva-o a fazer comparações absurdas com o 25 de abril passando depois ao regresso ao passado com os argumentos do "dejá vu" do medo da bancarrota. Passos Coelho e os seus apoiantes do partido estimularam a vinda para Portugal das instâncias internacionais (troika) e até a elogiaram fazendo do memorando assinado o seu programa de governo mas levado ao mais alto grau neoliberal.
As estrofes vitoriosas que compõem a narrativa lírica da comunicação ao país são sorriais e cheias de contradições. Ter uma proteção dada pelas reservas financeiras para um ano é bom mas tem custos em juros que temos que pagar, embora mais baixos, para além do pagamento dos juros da restante dívida. A almofada do Estado custa 1,2 milhões por dia. Além disso, se tivermos que utilizar a tal almofada em caso de alarme esta vai-se num ápice e lá voltamos nós ao mesmo.
Claro que o regresso aos mercados em moletes é bom para o país, o problema é que, devido à instabilidade e especulação financeira que ainda se vive pode ter um volte-face e lá estaremos nós a braços com aumento dos juros da dívida e sem para-quedas.
Passos Coelho disse ainda que "Os sacrifícios feitos não foram um fim em si mesmo e pudemos alcançar os resultados que ambicionamos", não sabemos é quais, porque, ao mesmo tempo diz "estamos no caminho certo". Será que é continuando este caminho certo dos últimos três anos que vamos alcançar resultados? Resultados em quê e para quem?
Sublinha também que "A nossa escolha está alicerçada no apoio dos nossos parceiros europeus" e sublinha que, "Com a reconquista da nossa autonomia, Portugal poderá estar em pé de igualdade com os restantes Estados-membros".
Parece que, afinal, a escolha que se fez e que intitularam de "limpa" teria sempre o apoio dos nossos parceiros europeus porque, não sabendo o que poderá ainda acontecer, não se querem comprometer com nada, nomeadamente num eventual segundo resgate, que Passos e Portas dizem que não vai existir.
Coloca-se-me uma questão: a que pé de igualdade com os restantes Estados-membros se refere o primeiro-ministro? Irão os nossos parceiros na U.E. olhar-nos com outros olhos e deixarmos de ser um dos "PIIGS"?
Se as eleições europeias forem ganhas por uma maioria de direita neoliberal como a que ocupa este momento o Parlamento Europeu bem podemos esperar sentados pelo referido "pé de igualdade". Isso apenas se verificará se houver, de facto, uma alteração na composição parlamentar da U.E. que passe por uma votação em massa num sentido diferentes do atual, nomeadamente em Portugal. Recorde-se que a extrema-direita europeia está em força a tenter ocupar o maior número possível de lugares.
Agora, até o Banco Morgan Stanley que, tanto quanto eu saiba, ainda não tinha sido referido pelos canais de televisão e jornais generalistas, vem fazer previsões sobre a economia e o crescimento de Portugal mais positivas do que as do FMI.
Divulgou o referido banco que prevê em alta as suas estimativas de crescimento económico em Portugal, para 1,4 por cento este ano e 1,6 por cento em 2015.
O curioso é que os noticiários apenas alinharam esta última parte do que foi divulgado por aquele banco, descurando outros pontos do comunicado que são mais importantes do que este que é apenas um possibilidade.
Para captar votos surgem, a cada dia que passa, mais promessas do atual governo apregoando melhorias que ninguém sente, promessas confusas, vagas e elegias aos amanhãs que cantam (frase utilizada por Constança Cunha e Sá). Até se podem estar a verificar, apenas em números estatísticos, algumas melhorias ténues, mas tudo o resto não passa de pura ficção.
Sendo eleições para o Parlamento Europeu há que aproveitar para mudar a correlação de forças dentro da UE e, se assim for, a orientação poderá passar a ser diferente.
Atualmente, com o aproximar das eleições para o Parlamento Europeu, muita coisa se está a passar com medidas a serem prometidas, nomeadamente estratégias expansionistas e de menos austeridade para que o eleitorado europeu vote no sentido dos conservadores neoliberais que, a par da crise internacional, contribuíram para colocar a Europa no estado em que se encontra.
Após eleições se não houver uma derrota significativas dos partidos do Governo arriscamo-nos a que tudo fique ainda pior.
Enquanto os países da UE quiserem, e parece que querem, a Alemanha e os seus aliados continuarão a dominar a parte mais fragilizada. A UE foi construída para ser uma economia forte e ainda é uma das maiores do mundo. No meio desta construção a Alemanha aproveitou a oportunidade para se tornar hegemónica o que, desde logo, os alemães aprovam e gostam, encontrando em Ângela Merkel o seu porta-voz e, para isso tem trabalhado ao longo dos últimos anos.
Face às críticas que advém de vários setores, nomeadamente dos EUA, sobre as políticas de austeridade na Europa, Angela Merkel, a partir de um fórum em Berlim tenta agora substituir a palavra austeridade que, segundo ela, “é realmente algo que soa completamente mal”, então passa a ser “chamada economia ou consolidação ou orçamento equilibrados”, como pode ser confirmado num artigo do jornal The New York Times. Apenas joga com as palavras. Também ela é uma das que acha que todos quanto a escutam são tontos.
Por sua vez, também na semana passada em Bruxelas, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse que a Europa esteve no caminho certo no que respeita ao apertar dos cintos, mas agora precisava suavizar a sua abordagem para reconquistar um público irritado. Disse então Barroso, e cito a partir do The New York Times, "Embora esta política esteja fundamentalmente certa, eu penso que atingiu os seus limites, em muitos aspetos" e continuou dizendo que estas políticas "Têm que ter o mínimo de apoio político e social.".
Após estas declarações o porta-voz da senhora Merkel para as questões orçamentais veio quase de imediato contrariar o comissário europeu dizendo que “Fiquei muito irritado”. "Um abandono do percurso rigoroso de consolidação orçamental na Europa seria um sinal fatal de que não estamos a ser verdadeiramente sérios quando falamos de reformar os nossos países".
Ninguém se entende nesta U. E., o que demonstra que Durão Barroso no meio é apenas uma marioneta que quando pretende mostrar o seu pensamento é logo desautorizado e leva “tautau” da sua perceptora alemã.
Sobre a austeridade na Europa, segundo o mesmo jornal, uma nova abordagem na Europa tende a ser saudada como uma boa notícia pela administração Obama, que pediu economias europeias saudáveis para estimular o crescimento, com aumento de despesa e uma política monetária mais atenuadas. A economia norte-americana, onde a despesa do governo não foi reduzido tão drasticamente, parece relativamente robusta em comparação com a Europa.
Em Portugal temos dois que nem se atrevem a desmentir ou a alterar as receitas, são eles Passos Coelho e seus apaniguados da ultradireita do PSD e Vítor Gaspar que aguarda lhe seja entregue, algures na Europa, quiçá no FMI, um lugar ao Sol à semelhança de outros que, foram premiados pela sua incompetência, como Barroso e Vítor Constâncio.
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