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Mais uma vez a Mulher Maravilha

por Manuel_AR, em 08.05.17

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A Mulher Maravilha das finanças, Maria Luís Albuquerque, para além do mais, é descarada, e está a pretender esconder duas realidades: a do país que se tem vindo a firmar positiva, embora não tanto quanto seria preciso; e a sua própria realidade que é a mesma do líder do seu partido que governou quatro anos e meio que diz que tudo o que está a acontecer agora a ele é devido. Pois é, tudo o que está a acontecer a Portugal também foi devido a D. Sebastião se ter perdido lá por Marrocos e, passados quarenta anos, se ter dado a revolução de 1640.

Para a Mulher Maravilha de portuguesa “No crescimento, na consolidação e na confiança 2016 foi um ano perdido”. Ninguém duvide do que ela diz, é, por isso, que é uma super-heroína. Continuamos é a não saber o que faria para que tanto mal se transformasse num bem idealizado pela sua realidade.

A Mulher Maravilha, Maria Luís Albuquerque, anda por aí, com o seu esplendor, qual flor de girassol, a rodar consoante o movimento do sol, a dizer que alguma vez ela, ou o seu partido, quisessem a privatização da Caixa Geral dos Depósitos. Vejamos o que disse Passos em 27.03.2011 segundo um jornal da época, “O líder do PSD abriu, ontem, a porta para privatizar parte da Caixa Geral de Depósitos. É uma das medidas que deverão constar do pacote de privatizações a efetuar, caso o PSD vença as mais do que prováveis legislativas antecipadas.”

Em 21 de setembro de 2012 “Passos Coelho não excluiu hoje no Parlamento a hipótese do Governo vir a privatizar a Caixa Geral de Depósitos”, escrevia o jornal Diário de Notícias.

Passados cerca de dois anos, em maio de 2014, era noticiado que “O Governo pretende privatizar a Caixa Geral de Depósitos (CGD) até ao final de 2015. A denúncia foi feita ontem pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD através de um comunicado. "O Governo já terá deliberado que a privatização da Caixa Geral de Depósitos deverá estar consumada até final de 2015 e que esta matéria constará mesmo da carta de intenções já enviada, ou a enviar, ao FMI, na sequência da 12ª avaliação da troika".

Segundo a agência Lusa a 7 de maio de 2017 disse A Mulher Maravilha: “Acusam-nos de querermos a privatização da Caixa, mas lembro que estivemos quatro anos e meio no governo e não tomámos uma única iniciativa para o fazer.”. O que diz é verdade não tomaram “uma única iniciativa para o fazer”. Será porque deixaram de estar no poder? Ou, talvez, porque não tiveram tempo?

O meu subconsciente trouxe-me para a memória recente a segunda volta das eleições francesas e Marine Le Pen, quando alterou parcialmente o seu discurso radical de extrema direita, adoçando-o com alguns pacotes de açúcar mais liberais no que se refere, pelo menos, ao refendo sobre a saída da União Europeia e outras “bêtises” calamitosas para os franceses e não só…  

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publicado às 17:08

Ler nas entrelinhas

por Manuel_AR, em 24.01.17

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David Dinis, diretor do jornal Público, disse que a entrevista dada por Marcelo Rebelo de Sousa à SIC é para ler nas entrelinhas. Ler nas entrelinhas serve para tudo, é uma leitura subjetiva, é ler aquilo que gostaríamos que fosse escrito ou dito.

Ler nas entrelinhas é ler o que está implícito ou subtendido, é uma inferência, que deduz o que está implícito. Muitas vezes o que se dia ou escreve tem um significado escondido, o autor não transmite diretamente por motivos por causas estranhas, significa encontrar a mensagem escondida que está implícita e propositadamente não foi explicitada.

David Dinis encontra, ao seu modo e ao seu agrado, mensagens implícitas no que o Presidente da República disse na entrevista. Ler nas entrelinhas é uma arte praticada conforme os interesses ideológicos e partidários de cada um que comenta mensagens políticas. Pessoas diferentes farão “leituras entre linhas” também diferentes. Veja-se as diferentes leituras que cada partido faz de discursos, entrevistas, mensagens de políticos relevantes seja um Presidente da República ou um Primeiro-Ministro.

Parece ser objetivo de comentadores e produtores de notícias criar confusão mental e cognitiva aos leitores ou ouvintes fazendo com que, por um lado, as pessoas menos avisadas se sintam impossibilitadas de pensar com clareza ficando desorientadas sobre acontecimentos, e por outro lado, lançar dúvidas, por vezes inexistentes, nos recetores das mensagens.

Só o incompleto e pouco desenvolvido espírito crítico de cidadãos autónomos que capacite para a interpretação das mensagens políticas, raciocinando com lógica não se deixando influenciar é que se compreende os que querem ser os intérpretes oficiosos, de forma subjetiva, das mensagens de terceiros que denominam de “leitura das entre linhas”.

Se eles sabem ler nas entrelinhas nós também, escusamos interpretações.

 

 

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publicado às 17:08

Os trapalhões

por Manuel_AR, em 03.03.15

Com a coligação PSD/CDS que está no Governo já não sabemos onde acaba o PSD e começa o CDS/PP e vice-versa. O CDS/PP perdeu a sua identidade. De vez em quando Paulo Portas, para dar um ar da sua graça costumeira, como que a dizer olá, eu estou aqui, mostra em escassos pontos que tem opinião diferente estando sempre presente em eventos que lhe deem visibilidade.

Qual é o projeto político e de governo do CDS/PP? Não existe, é o mesmo do PSD. Se o CDS for a votos sem ser em coligação como saber qual o seu programa eleitoral? Atualmente, tirando as respetivas lideranças, são uma e a mesma coisa. Cada um deste partidos tornou-se albergue de várias direitas sem expressão que por aí proliferam onde se incluem apoiantes da sempre esperançada causa monárquica.

A manutenção duma coligação como esta que nos governa é possível apenas e só, por interesse onde conta, sobretudo, a distribuição de pastas e de outros lugares à mesa do orçamento e nada mais.

Passos Coelho e os seus “vuvuzelas” partidários e governamentais continuam, por aqui e por ali, a lançar para o ar e para as mentes menos atentas os benefícios da austeridade a mata-cavalos elogiando os sacrifícios dos portugueses (em calão significa passar a mão pelo lombo) que souberam ser meninos bem comportados durante estes anos de governação. Agora vai tudo mudar devido ao crescimento económico auxiliado pelo turismo, à descida de desemprego, blá, blá…

Para a maioria que sustenta o Governo qualquer variação para melhor de 0,1% nos índices macroeconómicos é uma festa como dizia a outra, a da educação.

Eu tive um professor na Universidade que costuma dizer e cito que mais vale ter mau hálito do que não ter hálito nenhum. É sinal de que estamos vivos. É isso que o Governo faz, tentar mostrar que está vivo. É o mesmo que dizer “Ouçam!... Ouçam!... Ouçam!...”, como aquela canção portuguesa que foi à eurovisão muito antes do 25 de abril, estamos no bom caminho. O único problema é que a realidade não alinha pelo mesmo diapasão.

Mas vejamos:

O que poderá está a acontecer aos portugueses que falam, por tudo quanto é sítio com algum receio, não lhes vá acontecer pior, sobre cortes nas pensões, nos salários, no grave problema na saúde, na educação, no aumento do custo de vida, apesar da deflação, nos despedimentos liberalizados de milhares de trabalhadores a meio da sua vida profissional que ficarão condenados para sempre ao desemprego?

O sinal da mentira e da mistificação dum falso sucesso está a pegar de novo como no passado mas com outras nuances. Mistificações que, tal como nas eleições em 2011, levaram os portugueses a acreditar em promessas e mentiras.

A direita pode pensar que os portugueses são ingénuos, sofrem de medo atávico e gostam de estar metidos no seu cantinho que lhes destinaram para sempre e que, portanto, serão um alvo fácil para a burla política. Mas podem desenganar-se porque o povo desesperado não se deixa mais enganar.

Surge agora um medo que se apossou desta direita hostil para com os portugueses, são os gregos sem medo que apostaram na subida ao poder do Syriza na Grécia e os espanhóis com a subida nas sondagens do Podemos em Espanha. Não admira pois que Portugal e Espanha tenham manifestado os mais radicais contra o apoio à Grécia. Passos e Maria Albuquerque que o acompanhou, quiseram mostrar que são germanistas por convicção política, arrastando com eles o nome de Portugal. Para os nacionalistas radicais, isto, seria uma traição lesa Pátria. Para os portugueses mais moderados que acham que não devemos perder a nossa soberania na íntegra foi também uma traição.

Vejamos então a imagem de sucesso que Passos e companheiros de partido e de Governo nos apregoam e o que nos reservam se ganharem as próximas eleições.

O ir para além da troika pressupunha atingir determinadas metas como a descida dos custos do trabalho para atrair investimento nacional e estrangeiro, o que dinamizaria as exportações, a poupança das famílias que levaria à descida da dívida equilibrando as contas públicas (como se cortes em salários e pensões, aumento de impostos e população desempregada sobrasse alguma coisa para poupar), a redução da despesa do Estado que iria travar a dívida pública criando excedentes orçamentais para controlar as contas do Estado. O milagre esperado por esta direita de incompetentes e incultos que nos governa (talvez até incompetência propositada, caso dos vários chumbos do T.C.) seria a descida dos impostos, e a economia atingiria o crescimento de 4% do PIB ao ano. Seria o país da direita de sucesso.

Após anos de sacrifícios vemos o realismo dos números do país virem à superfície, mas o das pessoas é muito pior e não é visível. As exportações abrandaram significativamente porque o investimento foi escasso; a economia está a ser puxada pela procura interna com o consequente aumento das importações; segundo as estatísticas os automóveis, nomeadamente vindos da Alemanha, estão novamente no seu auge (prova de algum germanismo subconsciente?) esvaindo-se pela porta grande tudo o que se poupou com os sacrifícios; a dívida externa aumentou; défice orçamental acima dos 3%, mas dizem que vai baixar; as rendas excessivas, tão apregoadas pela troika, não reduziram, são estrangeiros a usufruir delas.

Tudo está bem neste país, com Paulo Portas a fazer parte do coro como mandam as boas regras da convivência política. Todavia, relatórios atrás de relatórios vindo de Bruxelas e do FMI dizem o contrário, ao mesmo tempo que determinam completar a tarefa com o receituário das medidas atá aqui tomadas e, se possível, com mais uns pozinhos.

Dizem o primeiro-ministro e o seu vice, juntamente com o badaleiro ministro da cervejeira, que, graças a isto e mais àquilo, agora é que vai ser, 2015 a crescer. Rima como poesia mas, como ela, é romantismo ficcional a entrar pelos nossos ouvidos, infelizmente para mal da maior parte dos portugueses.

As reformas estruturais, as que atingem gravosamente os portugueses (leia-se cortes à moda PSD/CDS) tais como reformas, pensões, educação, saúde, segurança social, despedimentos, aumentos de imposto, continuação das rendas para a energia pararam ou abrandaram, por enquanto.

O orçamento geral do estado para 2015 conseguiu, miraculosamente, uma elasticidade orçamental para dar aqui e ali umas benesses tendo em vista as eleições legislativas.

Passos Coelho passa o mesmo filme de 2011 reconstruido, e desta vez com o “dolby system”, onde prolifera a imagem ficcional de que o pior já passou. “O país está a crescer, e vai crescer mais este ano, as marcas de um período recessivo existem e a mais visível são os quase 14% de desemprego” apregoa. E confirma que “não é possível ter uma receita radicalmente diferente”.

A economia precisava de uma mudança estrutural mas ela não se viu, antes pelo contrário, o crescimento volta a ser pela procura interna e a balança comercial voltou estar numa situação instável a esta questão o primeiro-ministro dá respostas evasivas sabendo ele que o grande causador deste descalabro está na insistência das políticas de direita neoliberais e radicais que aplicou.

À questão do projeto para um futuro Governo que nunca mais anuncia, diz que quer continuar o projeto que tem em mão e escusa-se a responder dizendo que não é uma prioridade porque este é o tempo de governar e de garantir a recuperação.

Como é que Passos e os seus acólitos acusam António Costa de não apresentar um projeto mais detalhado para o país, nem um programa de governo se está bem claro que ele também não o quer apresentar já? Portanto, não se percebe porque estão os seus arautos e apoiantes continuamente a pressionar António Costa para definir a sua estratégia de governo.

O que se pode concluir é que o programa de governo caso Passos Coelho ganhe as eleições será o mesmo que seguiu até aqui e agravado porque o que iria muito para além da troika ainda não está cumprido. Ele próprio o confirma quando diz que “…há muita coisa que precisa ser feita… Há reformas por completar que não cabem nem no memorando nem numa legislatura. As próximas eleições são muito importantes para que este projeto possa ser completado…”.  Fica então claro o que pretende.

Sobre o último relatório da troika que foi crítico e acusou o Governo de ter parado com as reformas Passos admite que “algumas foram ajustadas em termos de calendário” e conclui que “as reformas estão a prosseguir”. Claro que o ajustamento de calendário a que ele se refere tem a ver com a proximidade das eleições para conseguir captar todos aqueles incautos que apesar de terem sido enganados uma vez possam novamente cair na armadilha. Portanto, os portugueses das classes médias e, em suma, todos aqueles foram massacrados por não terem qualquer hipótese reivindicativa e sobre os quais ainda não conseguiu completar os seus intentos já sabem o que os espera.

Não duvido que o próximo governo que sair das eleições, seja ele qual for, tenha que manter algumas das medidas mas seguindo outras vias que não a sejam a destruição abrupta do país.     

Dar com uma mão e “surripiar” com a outra é uma das estratégias já bem conhecida por todos. Passos, agora, como gato escaldado, promete sem prometer, dá sem dizer que retirará.

 

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publicado às 20:08

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A sustentável leveza da entrevista a Passos Coelho de ontem foi conduzida por um jornalista que mais parecia um menino de coro bem comportado. João Adelino Faria não mostrou a mesma assertividade e agressividade para com Passo Coelho que estava ali como primeiro-ministro e não para dar a sua opinião política, Claramente ao mostrou duas posturas jornalísticas. Ontem fez uma entrevista parecer um programa de opinião, no espaço de opinião de Sócrates fazia parecer entrevistas, até de forma deselegante, para não dizer algo mais desagradável.

O pivô da RTP, cuja competência e experiência jornalística são discutíveis, (esteve em tempo na SIC Notícias de onde saiu) transformou a entrevista num programa de propaganda política do primeiro-ministro sem que fossem colocadas questões sobre projetos futuros para o país. Deixou brilhar o primeiro-ministro que, muito calmo, sabia com o que contava. Esteve na sua praia pois tinha pela frente um jornalista cujos tiques e sorrisos mostravam subserviência. Onde estiveram as questões contundentes e incómodas que deveriam ter sido ser colocadas? Não foi a "Entrevista" de Adelino da RTP, foi a possibilidade dada a Passo Coelho para debitar ideias soltas, números e estatísticas ténues e incertas, esquecendo as empresas e as pessoas do país que governa com a mão Presidente da República por baixo.

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publicado às 17:59

O piu-piu dos passarões

por Manuel_AR, em 18.04.14

São evidentes os sinais e os piu-piu destes passarões que governam Portugal que, mascarados de passarinhos indefesos, não são mais do que aves de rapina. A entrevista atabalhoada do primeiro-ministro atestou que quis fazer-se passar por passarinho. Aliás, Gomes Ferreira fez os possíveis por não lhe colocar questões incómodas entre as quais algumas tão importantes como a da política estratégica que tem para Portugal e a sobre sustentabilidade da dívida com o regresso aos mercados e o confronto com os cálculos apresentados no prefácio escrito por Cavaco Silva nos Roteiros VIII.

Hoje mesmo o Presidente da República num evento em que participou classificou de injusta e intolerável a situação dos portugueses. É lastimável que Cavaco Silva venha agora dizer isto quando foi ele um dos responsáveis pela situação já que, face aos factos, nada fez, pelo contrário colaborando e até apoiando o Governo.

Agora que umas eleições se aproximam os neoliberais do governo e seus apoiantes, que pululam pela comunicação social, voltaram ao discurso social de falinhas mansas negando agora o que pensam vir a pôr em prática depois, temos disso a experiência, e tudo indica que irá continuar a ser assim. Até Durão Barroso vem a Portugal fazer descaradamente campanha pelos partidos do Governo e por ele próprio, antecipando uma eventual candidatura à Presidência da República, falar de situações insustentáveis dos portugueses para os quais há um limite, mostrando-se muito social. Na entrevista que deu, ou que pediu ao Jornal Expresso, foi nítido o apoio ao Governo tentando lavar a imagem dos elementos do PSD pelo se passou no BPN. Toda a gente sabe que o BPN era o banco do PSD, ponto final.  

Miraculosamente, a baixa dos juros da dívida é todos os dias anunciada, com grande orgulho como se fosse mérito dos Governo, que não é, pois está a verificar-se para todos os países nomeadamente os que estão sujeitos a intervenção como a Grécia. Claro que esta baixa dos juros da dívida faz parte de uma estratégia pré-eleitoral para conseguirem pôr a mão por baixo dos partidos maioritários que ocupam atualmente o Parlamento Europeu. É por isso que o voto nas próximas eleições é importante para que seja alterada a correlação de forças.

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publicado às 00:00

A entrevista da confusão

por Manuel_AR, em 15.04.14

O governo é useiro e vezeiro em atirar para a praça pública cenários negros que relativiza posteriormente com qualquer outro cenário de tonalidade mais ou menos cinzentas que posteriormente venha a ser aplicado. É a verdade da mentira. Tem sido assim, e continua a ser assim. Aliás viu-se hoje com a entrevista que Passos Coelho deu à SIC, por sinal mal conduzida pelo jornalista Gomes Ferreira, tentando confundir e ludibriar os portugueses sempre que pode. A realidade é mais ou menos cinzenta é sempre a mesma e acaba por terminar na aplicação de cortes e mais cortes a que chamam reforma do estado, mas que o não é. A ideia pode ser exemplificada imaginando-se o seguinte diálogo entre membros do governo.

- Olhe, ó Dr. M, vamos fazer passar para a comunicação social o lançamento dum imposto especial sobre as pensões a partir dos 600 euros. De tal fica encarregue o Sr. Secretário de estado J.

Diz o ministro P.: - Se as reações forem negativas vamos dizer que é apenas a partir dos 650 euros. Se não houver reações fica como está.

- Muito bem. Amanhã já vamos conhecer as reações.

Passado semanas ou meses, como as reações foram negativas é dado a conhecer, através de um “briefing”, após o Conselho de Ministro, que o tal imposto vai ser a partir dos 650 euros e não dos 700 euros.  

Esta tem sido a fórmula preferida pelo governo e pelo primeiro-ministro para jogara com a vida de uma grande parte dos portugueses que, para eles são de segunda.

Na entrevista mais uma vez Passos Coelho revelou uma confusão, omissão e falta de clareza confrangedores. O entrevistador mais parecia um representante que o entrevistado tinha selecionado para lhe evitar constrangimentos. Ou seja, mais do mesmo e anúncios velados do agravamento da situação. O anúncio efetuado por Passo Coelho há algum tempo atrás de que o pior já passou caiu em saco roto com a entrevista de hoje, o pior ainda está para continuar.

Será que ainda haverá alguém ainda confia em Passos Coelho apesar de experiências anteriores?   

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publicado às 23:33

Ensino obrigatório: afinal em que ficamos?

por Manuel_AR, em 05.12.12

O senhor primeiro-ministro afirmou na TVI:

 "Temos uma Constituição que trata o esforço do lado da Educação de uma forma diferente do esforço do lado da Saúde. Na área da Educação, temos alguma margem de liberdade para poder ter um sistema de financiamento mais repartido entre os cidadãos e a parte fiscal direta que é assumida pelo Estado."

Posteriormente à entrevista veio fazer o desmentido dizendo que foi mal interpretado.

A questão do ensino gratuito obrigatório ou não tem muito que se lhe diga, e não é com uma linguagem confusa e pouco direta que se lançam para a opinião pública pontos de vista, opiniões e estado de espírito que geram confusão e, consequentemente, dão lugar a especulações e polémicas desnecessárias. E o senhor primeiro-ministro é useiro e vezeiro nesta arte muito pouco razoável.

Entenda-se que é necessário explicar muito bem porque é que o ensino público obrigatório não deve ser universal e gratuito e deve ser comparticipado e por quem. Se não é assim então qual é o ensino não obrigatório a que o senhor primeiro-ministro se referia na entrevista se, até ao 12º ano já é todo obrigatório.

O senhor primeiro-ministro ainda acha que a maioria dos portugueses ainda está a viver no tempo das vacas gordas e que o dinheiro abunda nas mãos todos. Ai! abunda, abunda, mas concentrado cada vez mais apenas em alguns!

Se bem me lembro, a opção da escolha entre o ensino público e o privado sempre existiu. O que se prendetende agora é que todos passemos a financiar o ensino público, o que já é feito através dos impostos, através de uma qualquer espécie de taxa moderadora, ou de cofinanciamento para os que quiserem manter os seus filhos no ensino público.

Será que quer isentar isto é, reduzir os impostos a todos aqueles que optem ter os seus filhos no ensino privado porque estes também contribuem, através dos impostos, para o público embora não o utilizem?

Não será que o que o primeiro-ministro pretende que a classe média-alta e a alta não contribuam com os seus impostos para um ensino público, porque já pagam mensalidades chorudas em colégios particulares, cuja qualidade educativa é cada vez mais posta em causa, salvo algumas exceções?

Será que pretende atribuir cheques-ensino com um valor padrão, sem seleção dos destinatários por escalões de rendimento, que apenas servirá os objetivos de uma classe média-alta que já atualmente opta pelo ensino privado, já que a classe média está, cada vez mais, a ser eliminada e as outras já apenas utilizam o serviço público obrigatório?

Ou será que pretende fazer uma espécie de parcerias público-privadas com os colégios, de modo a que o Estado, fique em desvantagem, como em outras situações já bem conhecidas, ficando o pagamento garantido aos privados, mesmo que o número de alunos fique abaixo dos mínimos contratados, e o Estado obrigado a contribuir com o dinheiro dos nossos impostos, quer haja ou não alunos?

Provavelmente dirá o senhor primeiro-ministro que não é nada disto, que o meu pensamento está totalmente deturpado e confuso. Muito bem, se não é nada disto, pois então diga-nos claramente o que é e o que pretende para ser possível compreendê-lo, coisa que até hoje tem sido muito difícil para nós, que somos lerdos, porque o senhor tem sido sempre muito claro. 

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publicado às 15:42


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