Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
A imprensa diária de hoje dá relevo de primeira-página e saúda a eleição de António Guterres para Secretário Geral da ONU. A exceção é do Correio da Manhã que faz apenas uma pequena referência em cabeçalho. Para este tabloide os títulos em letras gordas onde se anunciam meias verdades ou verdades tendenciosamente adulteradas são sinónimos de venda. Neste caso não interessa a importância do facto, não é escândalo, não é acidente, não é pânico, não é catástrofe, não é notícia má para Portugal, não provoca instabilidade, não descredibiliza, não é Sócrates. Se não é nada disto, logo, não merece destaque em cacha (notícias mais importantes com direito a um grande título, na primeira página).
Não contesto a importância para Portugal do facto de Guterres ter conseguido por mérito próprio o lugar de Secretário Geral da ONU, nem o prestígio de estar um português naquele lugar e posso até não lhe atribuir a importância que, de facto, tem. No entanto, há por aí luminárias de comentadores que são conhecidos como adoradores do neoliberalismo a qualquer preço, como João Miguel Tavares, ex-colunista do Correio da Manhã e atualmente do jornal Público, que pretendem ser originais nos artigos de opinião que escrevem por aí e que, por tortuosas prosas, procuram desacreditar pessoas apenas e só porque não são da mesma fação.
Não interessa para o caso se a coluna de opinião que hoje publicou, onde descreve com frieza, indiferença e disfarçado regozijo o facto de Guterres ter obtido o lugar relevante da ONU com alguns senãos pelo caminho. Mas não é por aí que o estala o verniz. Tavares pode ter a opinião que quiser, o que é extraordinário é o título “Tão bons lá fora, tão maus cá dentro” que dá ao artigo tendencioso e despropositado, pretendendo abranger não apenas Guterres, mas também outros da mesma área política e ideológica.
Mais comentários sobre esta lamparina da opinião são escusados a não ser que seria interessante saber o que escreveu sobre o sombrio caso de Durão Barroso.
Paulo Rangel é um militante e deputado europeu do PSD que pertence ao grupo de direita PP. Quando é questionado num qualquer debate em que participe começa as suas respostas por "bem… vamos lá ver…".
Os seus argumentos são confusos, baralhados, intelectualizados e construídos de modo a confundir opiniões. Até ponho em dúvida que ele próprio os perceba.
"Confesso que Paulo Rangel é uma criatura que me causa irritação. Faz lembrar aqueles meninos com manifestas dificuldades de socialização, que, em consequência disso, se desforram nos serões de família, nos quais encantam as tias velhotas com as mais variadas aptidões não reconhecidas fora de portas." (Miguel Abrantes, 2015)
Declaro que a mim também me causa irritação, coisa que, se ele soubesse, o encheria de orgulho pelos resultados obtidos.
Rangel parece ser um indivíduo sem convicções e, como tal, não serve para líder do partido. Sobre este assunto e a sua posição no Parlamento Europeu prefiro citar Sebastião Bugalho que escreve no jornal i cujas opiniões leio com algum cuidado e muitas reservas.
Diz Bugalho: "Cinco anos de austeridade, em que Portugal serviu como cartaz de defesa de Berlim e ataque à Grécia, em que ministros portugueses eram aprovados previamente pelo governo alemão, em que políticas defeituosas eram impostas sem escrúpulo, e não se ouviu uma palavra contra Bruxelas. Uma palavra. Cinco anos depois, o patriotismo de Montenegro ressuscita milagrosamente para defender José Manuel Durão Barroso que, como se sabe, é outro apogeu do patriotismo em política.".
Continua dizendo mais à frente: "O patriotismo de Rangel caiu do céu para “defender Durão Barroso”. E o euroceticismo de Rangel nasceu para denunciar uma conspiração “contra António Guterres”. Mas nada disso foi verdadeiro. Foram populismos.
Rangel disse o que disse porque sabe que defender Guterres e fazer voz grossa aos alemães cai bem junto dos portugueses e faz dele uma exceção dentro do PSD. Quer, portanto, ser presidente do partido."
Podem ler o artigo completo em http://ionline.sapo.pt/artigo/523932/a-europa-contra-passos-coelho?seccao=Opiniao_i
Passos Coelho continua na senda da política patética e da parvoíce. Ganhou eleições sem maioria absoluta e formou um Governo minoritário instável que foi derrubado na Assembleia da República. Agora vem dizer numa entrevista que lhe roubaram o poder. Deixe-se de brincar à política do disparate. Demita-se com a sua trupe da liderança do PSD a quem causaram males que chegue.
Pacheco Pereira diz que há um neo PSD. Até concordo. É um PSD de características neoliberais que se desvirtuou. O PSD necessita duma reconstrução correndo o risco de ficar sempre a ser considerado como um partido fora do centro radicalizando-se para o lado da direita donde até o CDS, mimeticamente, se esforça por afastar embora nem sempre o conseguindo.
Será que procura uma carreira profissional como Durão Barroso. Desengane-se Passos porque mesmo na arte do engano, da patranhice e do mimetismo Passos não consegue igualá-lo.
A tragédia de Nice, perpetrada seja lá por que for está no grupo das patologias sociopatas não genéticas, induzidas por influência do ambiente social e exploradas por extremismos religiosos, e o golpe na Turquia, ainda com contornos desconhecidos, vieram abafar o caso Durão Barroso.
O ex-presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso enfrentou uma onda de críticas após conhecimento de que irá ser conselheiro o banco de investimento norte-americano Goldman Sachs sobre o Brexit.
Barroso um videirinho, (classificação interessante de Pedro Marque Lopes), foi primeiro-ministro de Portugal que, depois de assustar o país com o célebre “o país está de tanga”, (não está em causa o facto mas a forma) colabora com a falcatrua de G. W. Bush que deu lugar à guerra no Iraque, abandona o barco, qual ratazana, seguindo célere para ocupar o lugar de Presidente da Comissão Europeia entre 2004-2014 que lhe foi oferecido de bandeja fosse lá porque motivo fosse. Agora vai tornar-se um presidente não-executivo da Goldman Sachs International (GSI), braço internacional do banco, com sede em Londres.
A Goldman Sachs esteve fortemente envolvida na venda de produtos financeiros complexos, incluindo hipotecas de alto risco que contribuíram para a crise financeira mundial em 2008.
A conversa promocional costumeira surge: "José Manuel traz imensos conhecimentos e experiência para Goldman Sachs, incluindo uma compreensão profunda da Europa," disseram num comunicado os executivos, Michael Sherwood e Richard Gnodde Resta saber conhecimentos e experiência de quê?…
Durão Barroso não hesitou mas sua nomeação atraiu críticas de todo o espectro político, exceto do PSD em Portugal.
Pedro Filipe Soares, líder em Bloco de Esquerda disse: "Esta nomeação mostra que a elite europeia de que Barroso faz parte não conhece a vergonha."
O ministro de comércio exterior da França Matthias Fekl escreveu no Twitter que "Servir o povo mal, servindo-se do Goldman Sachs. Barroso é uma representação obscena de uma velha Europa que o nosso representante diz mudar".
Colegas de Fekl no Parlamento Europeu também condenaram a chamada de Durão Barroso denominando-a de "escandalosa".
É um “Boom para euro-fóbicos” dizem outros.
Ao mesmo tempo, franceses, membros socialistas do parlamento europeu pediram mudanças legais para bloquear a possibilidade de utilizar os cargos como "porta giratória" para se lançarem para empregos lucrativos no setor privado depois de os deixarem. Num comunicado conjunto afirmaram: "Fazemos um apelo para as regras serem alteradas para impedir a nomeação do ex-comissário europeu," e acrescentam que "no sistema de porta giratória parece haver muito de conflito de interesses".
Durão Barroso, disse ao jornal Expresso que "Depois de ter passado mais de 30 anos na política e na administração pública, é um desafio interessante e estimulante que me permite usar as minhas competências para uma instituição financeira global".
O jornal de esquerda francês Libération descreveu a nomeação de Barroso como "o pior momento para a União e uma benção para os euro-fóbicos”.
Até Marine Le Pen, líder do partido francês da extrema-direita Frente Nacional (FN), aproveita o caso para atacar a Europa, escreveu no Twitter que a nomeação não era "nada de surpreendente para as pessoas que sabem que a UE não serve as pessoas, mas a alta finança".
São sujeitos como este que se infiltram na vida política e dizem defender os interesses do seu país mas que apenas se servem dele para construir a sua carreira. São os videirinhos. E ainda há quem não quer abrir o olhos apoiando este tipo de gente.
Faltam menos de 48 horas para o refendo na Grécia e as direitas europeias e portuguesa que, infelizmente, procuram deturpar os factos à sua maneira, interferem nos assuntos internos dum país soberano (?).
A democracia na União Europeia começa a estar em perigo. Através da miragem da adesão ao euro cuja permanência é vitalícia porque após entrar não há como sair e dos apetecíveis fundos países soberanos estão a ser "conquistados e ocupados" não pela força das armas mas por processos ínvios conducentes à passagem a protetorados passando pela perda de soberania e logo depois pela submissão mais vigorosa. Este é o que pretendem com o caso da Grécia como experiência exploratória para posterior alargamento a países mais frágeis como Portugal.
A interferência das instituições europeias nas eleições de países como a Grécia e Portugal direta tem sido uma evidência. Recorde-se o caso das eleições para o Parlamento Europeu em Portugal onde por várias vezes dirigentes europeus interferiram com conselhos, ameaças como as efetuadas por Durão Barroso.
Ter votado num partido diferente daqueles que a "democrática" União Europeia pretendia tem contribuiu para que fosse exercido um terrorismo, uma tortura psicológica e, sobretudo a criação de uma insegurança que os solidários governantes europeus exercem como castigo pelo atrevimento que tiveram em escolher quem pretendiam para o seu Governo.
Para os países que controla a União Europeia, nomeadamente a Alemanha e os países seus mandatários aos quais se juntam os subservientes, a democracia é só uma, a deles, a do poder alemão, e a do poder financeiro e mais nenhuma. O princípio para onde a Europa está a ser conduzida é a de manutenção no poder de partidos de ideologia única para o exercício de uma de forma de poder com forte controlo ditatorial disfarçado por laivos de democracia.
A democracia nos países mais frágeis da U.E., como a nossa em Portugal, está também em perigo porque o seu exercício está sujeito a influências e interferências exteriores em países supostamente soberanos que não teriam receber quaisquer recomendações, boas ou más, por parte das instituições europeias ou internacionais sobre os seus atos de escolha política e partidária.
A vossa democracia tem que ser aquela como nós a entendemos e queremos que seja e, quanto isso, não há como escapar, é a mensagem que transparece e nos chega da europa alemã.
Uma coisa são manifestações de a favor ou contra, levadas a cabo por organizações e povos de outros países sobre acontecimentos (a nível estritamente político e não interferentes), outra são os responsáveis máximos e líderes políticos de instituições da U. E. que deveriam ficar distanciadas, o que não é o caso.
A questão da Grécia sempre foi financeira e económica mas deixou de o ser a partir do momento em que um partido como o Syriza ganhou democraticamente as eleições. O referendo que se vai realizar deveria ser um assunto deveria ser discutido internamente e a decisão, fosse qual fosse, democraticamente aceite.
O que se vê são as interferências descaradas das instituições europeias ora com ameaças, ora com ofertas de cenoura à frente do burro para o levar para onde queremos, ora através do medo e do terror propagado através dos media. É um terrorismo político.
O media, nomeadamente em Portugal dão notícias veiculando mensagens de voto no SIM na Grécia como esta em que se diz que "líderes europeus, mas também os media gregos, continuam a pressionar pelo voto no “sim”. Varoufakis diz que "há demasiado em jogo" para que a Grécia saia do euro e que a União Europeia quer fazer do país um exemplo para Portugal e Espanha".
A pergunta que é efetuada ao povo grego para responder no dia 5 de julho, ao contrário do que as direitas por essa Europa querem fazer crer não é a saída ou não do Euro mas é simplesmente responder se SIM ou NÃO "Aceitam um documento projeto apresentado pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, na reunião do Eurogrupo realizada em 25 de junho?". Se vai haver ou não consequências para a Grécia sair do Euro isso depende exclusivamente da União Europeia.
A liberdade de expressão e de opinião são um dos pilares básicos de qualquer democracia. Quanto a isso estamos entendidos. Mas, independentemente das opiniões de cada um, sejam de direita ou de esquerda, há um mínimo de honestidade que deveria prevalecer nos comentários e análises.
O mesmo poderá verifica-se no mundo dos "blogs" e das redes sociais mas aí as emoções e os radicalismos por vezes sobrepõem-se à clareza de espírito.
Ao longo dos últimos anos, surgiram nos meios de comunicação social umas espécies preconceituosas sobre tudo quanto sejam soluções diferentes daquelas que, com insucesso, têm sido seguidas. Tornar-se-ia enfadonho fazer aqui uma classificação taxinómica destas espécies que, calorosamente, apregoam as vantagens de soluções liberais e austeras e de quanto mais radicais melhor para debelar crises e criticam afincadamente as decisões democráticas do povo grego sugerindo ser ignorante e estúpido como muito subtilmente já o fez Schäuble.
Muitas daquelas espécies, quais predadores, atacam tudo o que mexa a defender a manutenção ou melhoramento do estado social ou que proponha acesso a serviços de saúde e de educação dignos para toda a população, como o deveria ser em qualquer estado de direito[i] que tanto proclamam quando lhes convém. Tudo quanto seja Estado é um fantasma que os persegue em todas as circunstâncias. Não há meio-termo.
São espécies predadoras que vivem às claras nos órgãos de comunicação escrita e audiovisual e se dizem democráticas mas que, sempre que espreitam uma oportunidade lançam-se sobre as suas vítimas, através de editoriais, opiniões e comentários a tudo quanto seja conotado com a esquerda. Defendem o seu território quando se sentem em perigo.
Fazem também parte daquela espécie aves que vagueiam a sobrevoar o território dos media para captar tudo quanto seja alimento para o seu voraz apetite pela deturpação da realidade, e ao mesmo tempo omitindo tudo o que possa beliscar a realidade que defendem a todo o custo.
O germanismo parece ser uma doença viral que se apoderou destas espécies, não apenas em Portugal mas também na Europa. São adeptos fervorosos e reproduzem uma visão única e unilateral: a dos germânicos.
Até Obama serve para justificarem os seus intuitos predadores. Lançam-se com uma visão político-umbilical e deturpada dos factos sobre o que envolva propostas diferentes daquelas que acham ser únicas, sejam elas na Grécia, França, Itália ou Espanha e, claro, sempre com os olhos postos no elogio daquilo que, para elas, tem sido a governação em Portugal, país que pretendiam fosse o seu território de caça para todo o sempre.
Referindo-se às ilusões da esquerda para a resolução da crise política, económica e financeira da Europa uma das espécies a que me refiro escreveu, esta semana, no editorial dum jornal diário, que "Barack Obama era apresentado como um salvador que tudo mudaria com a força e o messianismo das suas palavras. Prometeu mudar o mundo… O mundo está hoje muito mais perigoso do que quando ele chegou ao poder." Conclusão a tirar, Obama é do partido democrata dos EUA e não Conservador Republicano (como se sabe nos EUA existem dois partidos onde estão aglutinadas várias tendências), logo o mundo está pior. Por esquecimento ou omissão premeditada não teve a honestidade de referir que foi George W. Bush quem abriu a caixa de pandora que era o Iraque ao iniciar em 2003, com a complacência da Durão Barroso, Tony Blair e José Maria Aznar, uma guerra naquele país com base em falsidades que custou centenas de milhares de mortos e biliões de dólares e que resultou no que agora se está a passar no mundo. Estes predadores só referem o que lhes convém.
Mas vai mais longe, critica tudo quanto sejam obras públicas como uma medida para a resolução da crise mencionando proposta de Hollande e Renzi .
Numa economia de mercado como é a da Europa a iniciativa privada é um fator fundamental e essencial para que haja investimento e consequente criação de emprego, é um facto. Tomando como exemplo o caso português as medidas tomadas até agora não funcionaram para dinamizar e incentivar o investimento empresarial. O INE aponta para uma taxa de variação negativa de -2,2% para 2015 da Formação Bruta do Capital Fixo, investimento empresarial. Outro facto.
Colocadas estas premissas, a pergunta que ocorre fazer às espécies que endeusam esta direita é: o que fazer? Esperar que o investimento caia do céu? Parece-me bem que é isso que tem estado a acontecer. Pedem às esquerdas que apresentem alternativas às políticas e austeridade seguidas. Pergunto eu, continuando com as mesmas práticas quais são as deles?
[1] Um «Estado de direito» é um «Estado democrático», o que significa que o exercício do poder baseia‑se na participação popular. Tal participação não se limita aos momentos eleitorais, mediante «sufrágio universal, igual, direto e secreto», mas implica também a participação ativa dos cidadãos na resolução dos problemas nacionais, o permanente controlo/escrutínio do exercício do poder por cidadãos atentos e bem informados, o exercício descentralizado do poder e o desenvolvimento da democracia económica, social e cultural — ou seja, a responsabilidade pública pela promoção do chamado Estado social: a satisfação de níveis básicos de prestações sociais e correção das desigualdades sociais.
As vuvuzelas dos políticos instalados no poder, Cavaco Silva, Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e Pires de Lima entrte muitos outros já atormentam suficientemente os ouvidos dos portugueses com a sua propaganda em uníssono, faltava agora, a reboque da situação grega, a intromissão dum agente alemão a contribuir para a propaganda partidária interna. Os vuvuzelas fazem de Portugal uma espécie de cãozinho amestrado que, quando lhe esfregam o lombo, abana a cauda.
A falta de autoestima dos portugueses leva a uma necessidade de procura desesperada de elogios de outros como própria realização enquanto povo. Isto é verdade em todas as manifestações que vão desde o futebol à política. A inveja é outro dos pecados dos portugueses que é de nos congratularmos com o mal dos outros como forma de nos distinguirmos e distanciarmos.
O provincianismo bacoco de quem nos governa vão desde o Presidente da Republica ao primeiro-ministro e afins é evidente nas declarações que fazem sobre Portugal e sobre países que fazem parte do grupo a que nos obrigaram pertencer.
Os recentes elogios feitos a Portugal pelo ministro das finanças germânico, Schäuble, são uma dessas evidências do oportunismo do governo alemão face aos acontecimentos na Grécia. Para o ministro germânico das finanças "Portugal é aprova de que os programas de assistência funcionam" que, por outras palavras, quer dizer Portugal passou a ser um caso de sucesso da intervenção externa. O sabe aquele senhor sobre a realidade portugueses a não ser o que lhe "transportam" Passo Coelho e Maria Albuquerque.
Uma análise sócio económica breve mostra-nos que Portugal devido à intervenção externa aumentou o desemprego de forma assustadora, embora o decréscimo artificioso apresentado pelas estatísticas, aumento do número de pobres, cidadãos em desemprego de longa duração e sem subsídios de desemprego, diretores clínicos que se demitem por falta de condições nos hospitais, dezenas de horas de espera nas urgências dos hospitais, doentes que morrem nas urgências por falta de assistência atempada, cortes em salários e em pensões, falta de condições nas escolas públicas, verbas dos impostos entregues a escolas privadas, aumento do número de crianças em estado de pobreza estrema, diminuição do investimento privado, redução do poder de compra das famílias, PME's sem crédito, empresas em situação de falência, milhares de famílias obrigadas sem possibilidades de pagamento de créditos à habitação, trabalhadores da função pública obrigados a entrar num corredor de despedimento que denominaram de requalificação, idosos sem possibilidades de aquisição de medicamentos, destruição de milhares de postos de trabalho, aumento em quantidade de instituições de apoio social que se transformou num negócio rentável que dizem sem fins lucrativos, desvio para bancos de dinheiro cobrado pelos impostos, privatização de empresas públicas rentáveis, venda de património nacional ao estrangeiro, rendas da energia elevadas a pesar nas faturas dos cidadãos, aumento de preços dos transportes e da energia sem que a inflação o justifique e em tempo de congelação de salários e pensões, previsões de crescimento anémico, dívida impagável pelo menos durante os próximos vinte anos, etc.,etc.. Estes são algumas das provas de que o programa de assistência funcionou em Portugal.
Portugal atualmente já não tem nem património económico nem dignidade que lhe foram retirados com a cumplicidade dos vuvuzelas alojados no governo e na presidência da república. Segundo o jornal Público Jean Claude Juncker o atual presidente da Comissão Europeia e ex-presidente do Eurogrupo aponta o dedo a Durão Barroso e reconheceu na quarta-feira à noite que “falta legitimidade democrática" à troika e que a Europa atentou “contra a dignidade” dos países que pediram resgates. “Pecámos contra a dignidade dos povos, especialmente na Grécia, em Portugal e também na Irlanda. Eu era presidente do Eurogrupo e pareço estúpido em dizer isto, mas há que retirar lições da história e não repetir os erros”, disse Jean-Claude Juncker, em declarações no Comité Económico e Social Europeu, em Bruxelas.
Pressurosamente veio o ministro Marques Guedes a dizer que "Jean Claude Juncker foi “infeliz”. O ministro da Presidência falou no Conselho de Ministros, esta tarde, e considerou que "em momento algum a dignidade dos portugueses foi posta em causa pela troika acolitado também pela ministra Teixeira da Cunha. Mas o que entendem estes sujeitos por dignidade que fizeram perder aos portugueses, não apenas no que se refere à pessoa humana enquanto tal mas também ao país como um todo. Que interesses está esta gente a defender? Os de Portugal não serão com certeza.
A chanceler Merkel para salvar a face perante o que está a acontecer na Grécia encarregou o seu número um das finanças de se bater a todo o custo pela passagem da mensagem de "sucesso" do programa por eles implementado em países como Portugal e a Irlanda, os mais frágeis. Seria um desastre político tremendo para o governo e a opinião pública alemães a demonstração do insucesso do programa, e a Grécia agudizou-lhes esse receio.
Há um quarto vuvuzela que é o ministro Pires de Lima, mas desse falaremos mais tarde.
O beijo de judas?
Um artigo de opinião escrito por Alexander Hagelüken, publicado no jornal alemão Süddeutsche Zeitung em junho de 2014 página 17, aborda a presidência de Durão Barroso na Comissão Europeia terminando da seguinte forma: "Há dez anos, a última vez que os chefes de governo conferenciaram para encontrar um chefe para a Comissão, afastaram todos os candidatos fortes e chegaram a acordo quanto ao menor denominador comum: chamava-se Durão Barroso. Mas, Barroso, não tinha competência para lidar com a crise. E um candidato do mesmo género também não teria competência para poupar a Europa a uma noiva crise."
É assim que os alemães veem em Durão Barroso, a incompetência personalizada para lidar com a crise escolhido como um mal menor que seguisse, com subserviência, os ditames que a Alemanha e os países do norte como a Holanda e a Finlândia exigissem. Mas parece que não foi suficiente.
O autor do artigo admite que os países da Europa atravessaram a crise de formas diferentes e aponta muitos países, especialmente os do Sul, que "se deixaram enganar pela taxas de juro excecionalmente baixas" ficando embriagados pelo artificialismo do crescimento da construção sem prestarem atenção à concorrência internacional derivada da globalização.
Como mau exemplo aponta os países do sul porque os bons exemplos encontram-os na Alemanha, Finlândia e Holanda onde se passa exatamente o contrário porque "reformaram os seus mercados de trabalho e os seus sistemas sociais em função da realidade da globalização".
Tanto quanto se sabe as reformas que se praticaram nestes países foram lentas e sem ou com pouca dor ao contrário do que impuseram aos países do sul como Portugal, neste caso também por culpa do atual governo que, aliado a Durão Barroso e aos seus chefes europeus do norte, quis ser mais papista do que o papa, mas parece que não o foi suficientemente.
Por outro lado, Hagelünken, no seu artigo alinha pela visão da severidade da disciplina orçamental apontando como bom exemplo os países do norte e critica os erros e o mau exemplo do sul e acrescenta que "chegou o momento de trabalhar em equipa, seguindo uma viagem comum".
As críticas apontadas são o "déja vue" que incidem sempre sobre os mesmos trabalhadores, e reformados. Os cidadãos (ele evita o termo trabalhador, e refere-se apenas "a alguns países") reformam-se tão cedo que os sistemas de pensões serão em breve impossíveis de financiar. Faço um parêntesis para recordar que, em Portugal, a antecipação das reformas foi fomentada pelo atual governo durante os três últimos anos. Os que estão empregados, esses bandidos, digo eu, gozam de tantos privilégios que as empresas não contratam jovens profissionais e o desemprego juvenil explode. A burocracia sufoca as iniciativas empresariais que poderiam criar prosperidade. Estas asserções são aquelas que temos ouvido nos últimos anos por Passos Coelho seus apaniguados e arautos do governo, seguidores exemplares de subserviência aos países do norte.
As advertências de Van Rompuy são salientadas pelo autor do artigo ao afirmar que "as perspetivas conjunturais da Europa são demasiado negativas para, a prazo, conseguir continuar a financiar os benefícios do Estado social, tão importantes para os cidadãos". Pode inferir-se que o problema está nos cidadãos que conquistaram os Estado social e o querem manter e, por isso, há que destruí-lo. Contudo não refere a questão da especulação financeira, dos offshore, das negociatas destruidoras da economia por alguma banca. O problema está sempre nos mesmos, portanto devido à competitividade e à globalização tem que se proceder a reformas que conduzam a prazo, reformas, para nos colocar a par de alguns países asiáticos em que o trabalho é pago a troco de umas moedas e uma tijela de arroz e sem direitos sociais. Isto apenas para alguns, os do sul, para que os do norte possam continuar a viver bem.
Portugal é o único país do sul que apoia as políticas que os do norte querem impor através de acordos sobre as reformas (apoiadas pela chanceler Merkel) já que, em França, na Itália e na Espanha não encontra aliados.
Considerando Durão Barroso fraco e um "menor denominador comum" que não foi um motor nem teve a dureza para impor uma política de reformas, termina aquele pregoeiro da austeridade para os países do sul dizendo que "Merkel tem todo o interesse em deixar as rédeas da Comissão a um homem forte, alguém como Jean-Claude Juncker, (eleito já depois da publicação do artigo). Só um homem com esta têmpera pode impor as reformas necessárias no sei da EU.
Se assim for estamos bem servidos com este e com futuros governos. Entretanto cá estamos para pagar com os nossos impostos os desvarios oportunistas e as trafulhices da banca como está a ser paradigmático o caso do Grupo Espírito Santo no qual se inclui o BES.
Não podemos deixar que esta direita marque pontos a seu favor. Estar atento ao que se passa é uma missão de cidadania, portuguesa e europeia.
Os portugueses vão às urnas dentro de duas semanas para eleger o Parlamento Europeu pela quinta vez desde que é membro de facto da União Europeia.
A participação em eleições anteriores tem sido muito caracterizada pelo abstencionismo. Apenas em 1987 foi a mais baixa, apenas com 27,5%, a partir daí tem vindo sempre a crescer rondando em média os 62%. Isto significa que o que há um pensamento em que prevalece a ideia de que União Europeia está muito longe e em nada influencia a vida em Portugal. Nada mais enganador. Tivemos ao longo dos três últimos anos a prova disso.
Este ano todos devemos ir votar contribuindo assim para que a abstenção diminua o que pode vir a beneficiar este Governo. Como sabemos e temos vindo a sentir por experiência própria a União Europeia não é uma coisa que está muito longe e que em nada interfere connosco. A crise que atravessamos em Portugal tem sido gerida e, não raras vezes agravada, pelo domínio de uma direita neoliberal à qual pertence Durão Barroso e segue tudo quanto lhe é imposto.
A família da direita neoliberal detém uma maioria no Parlamento Europeu que requer, sem demora, seja substituída. Só desta forma alguma coisa poderá mudar na europa e, consequentemente, em países como Portugal.
Os presidentes da Comissão Europeia, com o fim do mandato de Durão Barroso, serão selecionados pelos partidos políticos.
A direita europeia cerra fileiras em todas as frentes para fazer acreditar no sucesso da austeridade nos países do sul e que ela conduziu ao sucesso da recuperação económica nesses países. Basta estarmos atentos aos números estatísticos, às vezes até contraditórios, e às declarações que nos chegam de todos os lados da U.E. e que pretendem demonstrar o sucesso do ajustamento. Até na Grécia passou a estar tudo bem.
Segundo o Le Monde, na abertura da campanha eleitoral do seu partido CDU, Angela Merkel congratulou-se pela saída progressiva da crise na zona euro dizendo que "Estou feliz por termos decidido que a Grécia devia permanecer no euro. A Grécia tomou um caminho difícil, mas nós estavam ao seu lado.". Não é de admirar que, após as eleições, tudo volte ao passado e já nada seja outra vez como é gora.
Por outro lado, há que ter em vista que os partidos da extrema-direita como o de Marine Le Pen da França com o seu discurso social-populista e Geert Wilders da Holanda com o discurso autocrata e xenófobo, pretendem também ganhar o maior número de lugares no Parlamento Europeu.
Faz falta a Portugal e à Europa um novo despertar de modo a bloquear as tentativas que têm vindo ser feitas para a manutenção e reforço no Parlamento Europeu das direitas liberais e neoliberais, alguns com traços autocráticos, com prejuízo, em especial, para os países do sul.
A todos cabe a missão de defender a Europa e fazer soar os toques de rebate. São os jovens e os que agora têm entre quarenta e cinquenta anos e mais que beneficiaram de tudo quanto a Europa ajudou a trazer, desde infraestruturas, passando pelo Estado social até ao elevado nível de escolaridade obtido, e que julgam, erradamente, que são dados como adquiridos. Os últimos anos de governação em Portugal têm demonstrado o contrário pondo tudo em causa e querendo fazer-nos recuar quase aos níveis da pré-adesão.
Não podemos deixar que esta direita marque pontos a seu favor. Estar atento ao que se passa é uma missão de cidadania, portuguesa e europeia. Abstermo-nos é deixar que outros decidam por nós.
Composição atual do Parlamento Europeu
Não é por coincidência que se organiza na mesma altura das eleições uma conferência subordinada ao tema "Política Monetária num Contexto Financeiro em Evolução" em que estão presentes Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), e Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia. Porquê e só agora no período de 25 e 27 de maio, sendo o dia 25 em que os portugueses estão precisamente a exercer o seu direito de voto? Porque não antes ou depois? Está bem de ver. Veja-se só a coincidência, inicia-se exatamente no dia do ato eleitoral. Sabendo-se quem está presente podemos inferir de apoio orquestrado à campanha pró-governo.
Isto revela intromissão, provocação sem limites, sem pudor e um desrespeito total pelo direito à independência dos portugueses. Isto é uma forma de pressão do exterior sobre a decisão dos portugueses. E daí ter que concordar com a tomada de posição do Bloco de Esquerda sobre a queixa do Bloco de Esquerda à Comissão Nacional de Eleições.
São evidentes os sinais e os piu-piu destes passarões que governam Portugal que, mascarados de passarinhos indefesos, não são mais do que aves de rapina. A entrevista atabalhoada do primeiro-ministro atestou que quis fazer-se passar por passarinho. Aliás, Gomes Ferreira fez os possíveis por não lhe colocar questões incómodas entre as quais algumas tão importantes como a da política estratégica que tem para Portugal e a sobre sustentabilidade da dívida com o regresso aos mercados e o confronto com os cálculos apresentados no prefácio escrito por Cavaco Silva nos Roteiros VIII.
Hoje mesmo o Presidente da República num evento em que participou classificou de injusta e intolerável a situação dos portugueses. É lastimável que Cavaco Silva venha agora dizer isto quando foi ele um dos responsáveis pela situação já que, face aos factos, nada fez, pelo contrário colaborando e até apoiando o Governo.
Agora que umas eleições se aproximam os neoliberais do governo e seus apoiantes, que pululam pela comunicação social, voltaram ao discurso social de falinhas mansas negando agora o que pensam vir a pôr em prática depois, temos disso a experiência, e tudo indica que irá continuar a ser assim. Até Durão Barroso vem a Portugal fazer descaradamente campanha pelos partidos do Governo e por ele próprio, antecipando uma eventual candidatura à Presidência da República, falar de situações insustentáveis dos portugueses para os quais há um limite, mostrando-se muito social. Na entrevista que deu, ou que pediu ao Jornal Expresso, foi nítido o apoio ao Governo tentando lavar a imagem dos elementos do PSD pelo se passou no BPN. Toda a gente sabe que o BPN era o banco do PSD, ponto final.
Miraculosamente, a baixa dos juros da dívida é todos os dias anunciada, com grande orgulho como se fosse mérito dos Governo, que não é, pois está a verificar-se para todos os países nomeadamente os que estão sujeitos a intervenção como a Grécia. Claro que esta baixa dos juros da dívida faz parte de uma estratégia pré-eleitoral para conseguirem pôr a mão por baixo dos partidos maioritários que ocupam atualmente o Parlamento Europeu. É por isso que o voto nas próximas eleições é importante para que seja alterada a correlação de forças.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.