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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Vivemos numa democracia onde o direito à greve, ao exercício dos direitos de expressão, reunião, manifestação e associação estão garantidos na Constituição da República. E é aqui que nos confrontamos com a hipocrisia de direita que se torna evidente quando não está no poder.
Durante o anterior Governo que trucidava a eito as populações, manifestações, contestações e greves eram letra morta (exceção o caso da TSU). Para Passos Coelho as greves e manifestações eram publicamente criticadas como sendo prejudiciais ao país e à economia e classificavam-nas como sendo meras manipulações do PCP, através da CGTP.
Sem pôr em causa os problemas que algumas greves geravam vejam-se no entanto alguns casos de comentários vindos da direita:
14/DEZ/2014
O eurodeputado Nuno Melo criticava o “timing” das greves na TAP, por “não achar normal que num momento difícil em que Portugal atravessa, a precisar tanto de receitas, com 120 mil reservas de voos e com tantos portugueses que precisam de deslocar-se, o caso dos emigrantes e dos cidadãos dos Açores e da Madeira, se decidam tais greves”.
18/DEZ/2015
No jantar de Natal do CDS, o líder centrista Paulo Portas acusava do Governo PS de fazer demasiadas concessões aos sindicatos.
30/ABR/2015
Passos Coelho fazia último apelo e critica."Greve dos pilotos é exercício pouco digno e pedagógico"
06/JUN/2013
O Presidente da República (Cavaco Silva) criticava a greve que os professores se preparavam para encetar, afirmando que “os estudantes não podem ser meios para atingir fins”.
MAIO/2016
Vemos colégios privados a manipular estudantes como meio para atingir os fins, isto é, fazem aquilo que Cavaco criticava e que hoje a direita não critica.
Ontem, 23 DE MAIO DE 2016, Passos Coelho criticou a greve dos estivadores e acusava o Governo de nada fazer. A sua memória é muito curta porque esqueceu-se que, no porto de Lisboa, andam em luta e greves há quatro anos, ainda ele era primeiro-ministro. Agora reclama que se faça aquilo que ele, na altura, não fez. Mais hipocrisia do que isto só por encomenda.
Há polémicas em que há uma inter-incomprensão com regras, isto é, quando o discurso de um distorce o discurso do outro. Se António Costa, em vez de governar, não quiser passar o tempo a sustentar diálogos mas que, embora politicamente corretos, a partir de certo momento passam a “ser de surdos”, o melhor, na minha opinião, é considerar que o ótimo é inimigo do bom e fazer como Passos Coelho quando esteve no poder: seguir sempre o seu caminho “passando por cima” de contestações e greves e fechar a porta ao diálogo. Problemas com ministros e secretários de estado do anterior Governo foram mais do que muitos. Demitiram-se? Não! Foram demitidos? Não!
Quando o que se passa com pais, professores e alunos de alguns dos colégios privados que reclamam o "dízimo" do Estado são manipulados por clérigos da igreja católica e outros, que tentam mostrar a pretensão dum diálogo que conduza a um financiamento ad eternum, coisa com que o Estado nunca se comprometeu, isso, não é mais do que um simulacro que se transforma numa inter-incompreensão que parte da compreensão unilateral, (a deles), e não da posição dos enunciados legais do discurso do outro, o melhor é fechar a porta e ponto final.
Atualmente a direita não estando no poder e esquecendo-se do que retirou a uns para transferir para outros concorda agora com um Estado despesista e vai ainda mais longe utilizando a militância de alguns dos seus órgãos pró-extremistas e radicais que vivem no passado para tecer argumentos disparatados utilizando a ofensa soez e argumentos falaciosos, à falta de outros cujas cabeças não conseguem discernir de tão enquistadas que estão. São os interesses de alguns, poucos, em prejuízo da maioria.
Posso não concordar com o ministro da educação em muitas coisas, mas com o que se passa nesta matéria é certo que concordo, e não me venham com a conversa de sindicatos para aqui e para ali, e das esquerdas radicais para acolá!
É muito curioso que Passos Coelho e a sua coligação de direita, PSD e CDS, venham agora em momento de aflitos de perda de poder incluir algumas das 23 medidas propostas ao Partido Socialista no documento facilitador apresentado durante as negociações com António Costa. Isto é, fazem uma cópia refundada e falsificada do programa do Partido Socialista no seu próprio programa.
A confirmar-se o que diz o Diário Económico Passos Coelho e Paulo Portas acordaram incluir uma “aceleração na remoção da sobretaxa de IRS” e a atualização do Salário Mínimo Nacional. Caiu ainda o plafonamento das pensões para se admitir uma reforma da Segurança Social. A reavaliação das condições de recursos em algumas prestações sociais e outras medidas nas áreas da cultura, saúde, educação e “defesa do Estado Social” estarão também incluídas.
Parece que face à perda do poder vergonha não lhes falta…
Mas há mais, o descaramento da despesa do Estado com a aquisição de automóveis referente ao ano passado. Segundo uma auditoria do Tribunal de Contas, a central de compras do Estado, a ESPAP, permitiu o aumento de custos de manutenção de 160 veículos e em 62 casos a transformação das viaturas ultrapassou o valor base do automóvel. Fantástico! Querem continuar no poder para isto…
Mas há mais, um outro sem vergonha que foi protagonizou há menos de um ano e que levou a vários pedidos de demissão, depois de ter reagido a uma reportagem sobre o caos vivido nas urgências hospitalares do último Inverno dizendo que “os serviços de urgência em Portugal funcionam muito bem” e que nas imagens se viam “pessoas bem instaladas, bem deitadas, em macas com proteção anti queda”. Trata-se duma espécie de carniceiro que foi promovido a Ministro da Saúde e vai tomar conta do Serviço Nacional de saúde. Trata-se de Leal da Costa.
Leal da Costa coloca em primeiro o seu partido em lugar dos doentes e do serviço nacional de saúde. Médico humanista ou médico economicista que mente descaradamente e desconhece o dia-a-dia das pessoas que, para ele, devem ser apenas carne humana.
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