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Comunicações e opiniões pessoais sobre o dia a dia da política e da sociedade. Partidos, demografia, envelhecimento, sociologia da família e dos costumes, migrações, desigualdades sociais e territoriais.
Descaramento não falta ao ex-primeiro-ministro. Segundo o Jornal de Notícias de 25/03/2014 Passos Coelho disse que é preciso elevar os rendimentos mais baixos dos portugueses e que tem como “objetivo a redução das desigualdades e das injustiças sociais, afirmando que "doravante" será possível "olhar para as políticas sociais" com um alcance que o "contexto de emergência" dos últimos três anos não permitiu”. Mas afinal não tínhamos todos que empobrecer!? E então não eram os cortes para serem definitivos? Entretanto abriu exceções para reposição de alguns por altura da campanha eleitoral.
As afirmações deste ex-primeiro-ministro que continua numa missão de espécie de político exilado apenas demonstram uma falta de caráter sem limites. Não olha a meios para atingir os fins. Tudo lhe serviu e continua a servir para os seus intentos de tomada do poder: a mentira, a deturpação de sentido, o engano, o ultrapassar dos limites do estado de direito constitucional, como várias vezes fez durante o seu mandato, enfim uma trapalhada. Apenas em alguns meses altera os seus pontos de vista caminhando cada vez mais para o deserto para onde está a colocar o partido. Mas a culpa não é só dele é também dos seus “adoradores”. Como é o PSD o elegeu (apenas 46% do militantes o fizeram) agora tem que aguentar um líder como este que, às segundas, terças, quartas, quintas e sextas é liberal radical e nos fins de semana é um socialista dos mais à esquerda. Para Passos Coelho era preferível baixar salários por questões de competitividade agora é preciso aumentá-los; evitava o aumento do salário mínimo, agora é preciso revê-lo. Como se os argumentos que então utilizava tivessem perdido a validade.
Era crítico acérrimo do Estado Social e da sua reformulação que agora é o seu melhor defensor ao defender que o Estado e o Governo "farão bem aquilo que lhes cabe se olharem para as políticas sociais como políticas de investimento social". Será que li bem ou será que a leitura é outra e estou enganado e o que ele diz é que as política sociais deverão ser um área de negócio para os privados com fins lucrativos, (não tenho nada contra o lucro nem investimento privado desde que não à custa da miséria de uns e dos impostos dos outros), para onde o Estado deve canalizar fundos dos impostos de todos. Se for este último caso nada mudou na sua política do passado.
Mas Passos Coelho não se fica por aí e vai a reboque das políticas da atual maioria parlamentar que Paulo Portas denominou de “geringonça” dizendo que "Para isso, teremos de apostar na qualificação do nosso capital humano e de dar oportunidades aos nossos jovens, sobretudo aos mais desfavorecidos. Teremos de proteger e elevar os rendimentos mais baixos dos portugueses que não podem dispensar os apoios sociais. Teremos de reduzir as desigualdades e as injustiças sociais". Então não era isto o que ele apelidava de as gorduras.
Plágios do programa do Partido Socialista.
Será esta viragem à esquerda desfaçatez ou nostalgia do poder?
As prioridades governativas são as de estabelecer cada vez mais desigualdades, de acordo com o seu princípio ainda vigente de que os portugueses continuam a viver acima das suas possibilidades. O Ministério da Economia no seu Boletim Estatístico, fonte mencionada pelo jornal i, refere a evolução das desigualdades nos últimos, verificando-se que os que mais tinham têm cada vez mais e os que menos tinham têm cada vez menos. Em 2009 os 20% mais ricos acumulavam 5,6% da riqueza dos 20% mais pobres. Em 2011 o valor subiu pra 5,8%. Parece pouco mas em valor absoluto corresponde a muitos milhões de euros. Em 2004 os 20% mais ricos acumulavam 4,9% vezes a riqueza dos 20% mais pobres.
Relativamente ao índice de Gini, verifica-se que entre 2009 e 2011 passou dos 33,7 para 34,5, o que revela um aumento da desigualdade no que respeita aos rendimentos. O índice de Gini pode estar compreendido entre 0 e 100 em que este último valor é a desigualdade absoluta e mostra-nos o afastamento ou aproximação da desigualdade.A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.