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Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal, que tem tomado ("boas"?) decisões sobre o caso BES, recupera, num fórum em Lisboa, um tema divisionista da sociedade que em fevereiro de 2013 Relvas lançou e que o primeiro-ministro apoiou, no qual acusavam os "instalados" do mercado de trabalho de serem os responsáveis pelo nível de desemprego jovem registado. Acrescentou ainda que "o mundo laboral não parece mais favorável”, porque há “oportunidades raras e instalados a travar todas as ambições”. O discurso de Relvas punha sobre os ombros das gerações mais velhas a responsabilidade da falta de emprego para os que agora tentam entrar no mercado de trabalho.

Acrescentou Carlos Costa que os mais velhos deveriam ser reformados para dar lugar aos mais novos acusando-os ainda de abuso de baixas médicas. Não admira que, lançando trabalhadores na reforma antecipada, a que ele chama "pré-pensionamento", venham depois bradar aos céus da insustentabilidade da segurança social e da caixa nacional de pensões.

Acrescentou ainda esta espécie de governador do BdP que são faltistas e estão sempre de baixa os "trabalhadores que, por razões ligadas à sua formação, à sua longa história de trabalho e até por razões ligadas à própria inadequação às novas condições [de trabalho]". Para Carlos Costa, são os trabalhadores menos qualificados que estão em causa, podendo depreender-se que jovens da geração mais qualificada de sempre poderiam bem preencher aqueles lugares ocupados pelos mais velhos com salário muito mais baixo, porventura até o salário mínimo.

Reformar tudo quanto mexa sem quaisquer critérios é o lema dos senhores do Governo e dos seus subservientes servidores. Aquele senhor não se enxerga porque, face a tamanha confusão criada com o caso BES, parece bem que era ele próprio que deveria pedir a reforma antecipada. Uma forma de desviar as atenções focadas sobre problemas criados é lançar temas polémicos que minimizem ou façam esquecer outros. Colocar portugueses contra portugueses para reinar e desviar atenções é um peditório para o qual não demos nem daremos.

 

Imagem obtida do site da TVI24

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publicado às 17:14

Geronto-nazismo

por Manuel_AR, em 24.05.13

 

A intolerância, a perseguição e a discriminação de quaisquer grupos específicos seja por motivos rácicos, políticos ou outros entram no campo da ideologia neonazi. A estes movimentos neonazis são atribuídos crimes que, em certos casos, se podem classificar como genocídios. Apenas como curiosidade veja-se apenas um pequenino extrato da doutrina nazi: “… algumas culturas… eram vistas como parasitária ( Subhumans ), principalmente judeus, mas também ciganos, homossexuais, deficientes e os chamados antissociais, os quais foram considerados lebensunwertes Leben (indignos da Vida), devido à sua deficiência percebida e inferioridade.” A isto faltaria, talvez, acrescentar os idosos.

 

Há um aumento generalizado da extrema-direita na Europa ao qual as notícias em Portugal não têm dado muita relevância a não ser por altura de eleições ou quando há sondagens em alguns países europeus como, por exemplo, em França com o crescimento do partido Frente Nacional da extrema-direita. Nem sempre alguma direita radical estará conotada com os movimentos neonazismo mas, na sua maior parte, muitos destes grupos formados essencialmente por jovens têm vindo a infiltrar-se naqueles partidos mais à direita. 

 

Uma eurodeputada holandesa do grupo dos Socialistas e Democratas afirmou à Euronews que “Estes grupos antigamente marginais estão a crescer cada vez mais. O que é assustador é o facto de os partidos de direita se apropriam desse discurso e o colocam em prática”.

 

Em Portugal, nos últimos meses, o Governos e os seus apoiantes têm fomentado uma animosidade relativamente ao vasto grupo de idosos reformados e pensionistas. As abordagens neonazis podem começar, por exemplo, com afirmações como as do deputado do PSD, Carlos Peixoto, (para quem não o conhecer basta clicar no nome), ao dizer ou escrever que: “A nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha." E acabou assim: "Se assim não for, envelhecemos e apodrecemos com o País.". É este o pensamento de um deputado do PSD. Digam-me se isto tem ou não contornos de um neonazismo que, com mais propriedade, qualifico com um novo léxico: geronto-nazismo.

 

A exaustão pela asfixia financeira dos idosos, obrigados a descontar, enquanto no ativo, durante dezenas de anos para terem direito a uma reforma proporcional aos seus rendimentos, não se verifica somente pela obrigação de descontos para o IRS (coisa nunca vista em nenhum país), taxas especiais de solidariedade (inversão dos fatores!), cortes nas reformas e outras que seguirão, levando ao empobrecimento progressivo. Acresce a tudo isto o aumento do IMI, das rendas de casa, da eletricidade, do gás, da água, dos transportes, dos bens de primeira necessidade que, para quem defende tudo isto, acham que são supérfluos, mesmo a alimentação. Até parece que se pretende que este grupo social já não precise de se alimentar convenientemente para morrem mais rápido. É este o pensamento de quem nos está a governar e que, por lapso, muitos colocaram no poder porque fizeram crer que iriam salvar os portugueses, sabe-se lá de quê, e cada vez mais os afundam sem retorno.

 

Pretendem os que nos governaram e governam, assim como certo capital financeiro, colocar a culpa do infortúnio da situação portuguesa sobre os reformados, isentando-se das causas que nos conduziram a esta situação.   

 

São jovens (pelos quais tenho e sempre tive muita estima visto que também sou pai e professor) são agora a classe suprema e especial que se deve sobrepor a tudo e que se incentivam a culpabilizar os mais velhos por serem os causadores do desemprego dos jovens, entre outro disparates, como em tempo disse um senhor que, bem-vinda a hora, já saiu do Governo, para provocar divisões e rutura na coesão social.

 

Os senhores que defendem aquele tipo de ideias, não vão com certeza encontrar a fonte da eterna juventude, mas saberão na altura, quando chegar a vez deles, tomar medidas para se protegerem.

 

A tudo isto resta apenas acrescentar o que alguns poderão estar a pensar: Temos que arranjar para os velhos uma solução final, natural e subtil, através da exaustão por asfixia financeira até à morte, porque não polui o ambiente.

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publicado às 22:23


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