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O que alguns países da EU pretendem é transformar outros em colónias do século XXI

 

Alguns comentadores próximos da área do Governo têm vindo a afirmar que Portugal viveu nas últimas três décadas dos empréstimos e donativos dos vizinhos europeus o que deu lugar a uma espiral de prosperidade e dinheiro fácil. Os fundos que vieram para Portugal são uma prova disso e muito se fez em Portugal com eles embora, na sua grande parte, gastos em obras públicas então necessárias. Também não é menos verdade que também esses fundos deram lugar ao enriquecimento fácil de alguns através de procedimentos pouco claros.

Portugal quis entrar para a União Europeia, ao tempo ainda denominada CEE (Comunidade Económica Europeia). Para tal, pediu a sua adesão em 1977 que foi formalizada a 1 de janeiro de 1986. Ninguém nos forçou a entrar para a União Europeia e, posteriormente, para o Euro em janeiro de 2002. Fomos nós que pedimos. A Europa aceitou-nos. Na altura não foi efetuada qualquer consulta sobre a entrada de Portugal através de um referendo, coisa que não convinha a muitos, receosos do NÃO como resposta, pois estavam ansiosamente à espera dos fundos que esperavam gerar enriquecimento rápido.

Contudo verificou-se a concretização de justos direitos sociais como habitação, saúde, educação e outros. Deu-se o crescimento económico assim como o consumo interno do país, mas, ao nível das exportações, a situação piorou substancialmente, como se pode ser confirmado pelas estatísticas da época publicadas pelo INE. A Alemanha a Inglaterra e a França foram os países que mais contribuíram para aquela queda.

Com a entrada no euro o crédito tornou-se mais fácil e barato as importações começaram a aumentar, o PIB cresceu pelo que advieram grandes benefícios para Portugal. E uma melhoria das condições de vida da população.

Posto isto, não nos venham dizer que a responsabilidade do nosso endividamento e de viver acima das possibilidades foi culpa dos portugueses que, legitmamente, aproveitaram as condições que lhe ofereciam tendo como antecedente as promessas da prosperidade, dinheiro fácil e benefícios para Portugal quando, sem consulta popular, resolveram que devíamos entrar para a zona euro.

Não nos venham também dizer que os portugueses viveram de empréstimos e de donativos dos coitadinhos dos nossos vizinhos europeus, as vítimas. Os tais vizinhos europeus aceitaram-nos e aceitaram durante anos que nos mantivéssemos no euro porque isso lhes interessava e possibilitava o alargamento dos seus mercados. Agora, em momento de crise, vêm-nos obrigar a baixar o nosso nível de vida através da austeridade e do empobrecimento quando, na altura da nossa adesão, exigiam que aumentássemos os índices de desenvolvimento para nos equipararmos aos tais coitadinhos países europeus. Interessa a alguns países que outros como Portugal permaneçam no euro para serem mercado para as suas exportações e que sejamos meninos bem comportados para seremos paulatinamente colonizados pela Alemanha ao modelo século XXI.

Agora aguardam que, qual abutre rondando um cadáver, a Croácia em 1 de junho 2013 entre para uma zona em crise. Este pequeno e pobre país não sabe que o caminho que o espera dentro de poucos anos é o mesmo de outros países que caíram na esparrela. 

 

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publicado às 19:32

O Juízo Final da União Europeia

por Manuel_AR, em 29.03.13

 

Painel central do tríptico O Juízo Final de Hieronymus Bosch

 

 

"É uma infelicidade da época, que os doidos guiem os cegos."

Shakespear

 





Estamos na Semana Santa, momento de recolhimento, tempo propício para a contemplação de arte religiosa selecione uma obra de arte que me possibilitou uma reflexão política sobre a União Europeia e as políticas atualmente praticadas penalizadores para os sacrificados países do sul, entre os quais Portugal.

A Europa está a ser avassalada por um tornado económico e financeiro que a está a devastar e a encaminhar para uma espécie de Juízo Final, onde os maus, que são os países do sul, gastadores, perdulários, preguiçosos, que vivem acima das suas possibilidades, devem ser condenados ao inferno de uma austeridade sem fim mesmo que tenham passado pelo purgatório do bom comportamento.

Partindo do tríptico do pintor flamengo Hieronymus Bosch (1450-1516), “O Juízo Final”, podemos construir uma representação imagética e metafórica sobre o que hoje se passa na União Europeia. Para tal, basta fazermos, com alguma imaginação, uma leitura do quadro com alguma analogia com a atualidade.

O conteúdo daquela pintura retrata as condições do imaginário medieval, as quais podemos relacionar com os valores da política da União Europeia por via dos factos históricos ocorridos no passado que nos levam a condicionar uma construção comparativa do que se passa no tempo presente.

Prestemos atenção aos pormenores do painel central do tríptico. No plano superior evidencia-se o império celeste com os seus anjos santos e beatos seguidores adoram o senhor. Transpondo para o nível político europeu, ao primeiro nível, símbolo de poder, podemos associar um país dominante e ao segundo nível também ao nível simbólico associamos os que com ele se alinham e giram à sua volta.  

Na parte inferior, abaixo daquele plano mais elevado, uma espécie de vale com ausência de luz, cenário da condenação, onde se vive o quotidiano e onde se encontram todos os que irão ser julgados e condenados. Os castigados, figuras minúsculas preponderantes, que segundo a mitologia grega eram entregues às Erínias, deusas que estavam encarregadas de castigar os crimes e delitos, que eram supervisionadas por Hades, deus impiedoso e imune a preces e a sacrifícios. A analogia estabelece-se aqui com os países do sul, os condenados e o país ou países que supervisionam os castigos, a Alemanha e os seus aliados do euro em substituição de Hades.  

Uma das obsessões da igreja medieval era o Juízo Final, pelo que ensinava aos crentes o caminho a seguir para terem acesso à felicidade eterna, e alertava os pecadores para os castigos que os esperavam se não fizessem penitência. Mais uma vez podemos estabelecer uma associação com a União Europeia, onde a penitência para os países pecadores, são a austeridade, o empobrecimento e o confisco (veja-se o atualíssimo caso de Chipre), decididos por um deus impiedoso.

Se repararmos na faca ameaçadora do canto inferior direito do painel central, podemos fazer, com um pouco de imaginação, uma associação à ameaça dos cortes orçamentais a que são obrigados os condenados, países que viviam acima das suas possibilidades.

É bom recordarmos que, se tudo correr como está previsto, a formalização da adesão da Croácia à União Europeia far-se-á em 1 julho de 2013 se todas as etapas necessárias correrem sem imprevistos. Assim acontecendo, a Croácia vai entrar para o mesmo inferno onde nós estamos ficando, mais tarde ou mais cedo, sujeita aos mesmos castigos.

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publicado às 23:49


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